Chega de Correr Atras
Carta ao passado
Nesta carta que nunca irás ler, coloco palavras que nunca disse, hei-de correr o risco de perder-me entre tantos pensamentos e sentimentos absolutamente distintos. Irás nela perceber minhas inúmeras mudanças de humor, assim como uma mudança não menos que radical da minha percepção dos fatos.
Após longa e frustrada espera, sem receber nenhuma linha tua, penso eu que seja a hora de escrever-te.
Quero que percebas que não ponho nessa carta amargura, nem quero que te sintas culpado muito menos que tenhas arrependimento. Não estou intencionado a pôr angústia em teu coração, mas sim tirar do meu.
Minha vaidade é grande e impede-me de admitir que o tempo de nada serviu-me, se não para aumentar ainda mais as dúvidas que em mim profundam desde o dia em que me deixaste. Por ser orgulhoso eu nego; se ainda penso nas coisas que fazíamos e na forma que tratavas-me. Eu minto quando questionado se procuro em outros amantes tuas qualidades e se faço avaliações dos futuros pretendentes de acordo com os teus juízos.
Sou orgulhoso demais para assumir que sentia tua falta mas por necessidade aceitar-te ia caso quisesses voltar.
Durante esses anos eu esperei, naturalmente, para ouvir tuas desculpas, e para ver de que forma ias apresentá-las, mesmo sabendo que invariavelmente, fazendo tu o que fizesses, perdoar-te ia.Nada aconteceu, se não minha infrutífera espera…
E, então a dor tomou-me por completo, dor de pensar que talvez quem tenha se afastado tenha sido eu, por uma escolha errada, em defesa de uma certeza equivocada, que talvez eu tenha fugido e que tu apenas respeitaste minha fuga, a me deixares fugir.
Acreditava que a vaidade era uma flor graciosa que podia adornar-me, sendo assim não te procurei, não sofri, não chorei, nem ao menos pedi a intervenção dos teus amigos para que tu voltasses, pois acreditava que nada disso seria necessário, pois no tempo certo tu perceberias que nada daquilo fazia sentido e voltarias.
Não voltou e sinceramente não desejo que um dia voltes. As vezes imagino como seria se voltasses hoje, crio incontáveis histórias na minha cabeça e chego a conclusão que seria um estrago tamanho, só serviria para fazer-me acreditar que tudo havia sido um engano e que essas duas pessoas, jamais se conheceram.
Hoje contento-me apenas em ser nostálgico e, percebo que tu foste e continuas sendo minha referência afetiva mais sincera e profunda, mas não quero e nem vou viver esse amor sozinho, de platônicos já me bastam os sonhos.
Neste momento coloco o ponto final em minha fracassada espera, já não quero saber de reticências, elas me fazem acreditar num futuro que está preso ao passado e me fazem deixar de viver o hoje.
Saudades é o que deixaste.
Espero que essa saudade um dia se canse de mim, da mesma forma que eu me cansei dela.
Com amor,
Lucas.
De Você
Não busco algo que me complete,
Nem aqui, há quem me faça correr insanamente
Nem quem me faça sofrer ardentemente
Pois meu amor é para quem me ama.
Correr com paciência é muito difícil. Correr sugere imediatamente ausência de paciência, desejo de alcançar rapidamente o alvo. Comumente associamos paciência com estar deitado. Pensamos nela como o anjo que guarda o leito do inválido. Entretanto, não penso que a paciência do inválido seja a mais difícil de obter.
Há uma paciência que eu creio ser mais difícil — a paciência capaz de correr. Deitar-se no tempo da dor, estar quieto sob o golpe da hora difícil, exige grande força; mas eu sei de uma coisa que exige uma força ainda maior: é o poder de trabalhar debaixo de um golpe; ter um grande peso sobre o coração, e ainda correr; ter uma profunda angústia no espírito, e ainda executar a tarefa diária. É uma semelhança a Cristo.
Muitos de nós seriamos capazes de nutrir uma dor sem chorar, se lhes fosse permitido nutri-la. A coisa difícil é que a maioria de nós é chamada a exercitar a paciência não na cama, mas na rua. Somos chamados a sepultar as nossas tristezas, não em plácida quietude, mas no serviço ativo — nos negócios, na oficina, na hora social, no contribuir para a alegria de outro. Nunca é tão difícil enterrar as tristezas como no meio dessas situações; é correr com paciência.
As rugas que surgem no correr dos anos, devem ser distribuídas, por isso a necessidade da dor, da tristeza e do choro.
As rugas que surgem no correr dos anos, devem ser distribuídas, por isso vivo de alegria mas com uma pitada de dor!
Ir, ganhar, vir, constituir, correr, rir, dançar, descansar, voltar, fugir, ter, deixar, acordar, negar, mentir, chorar, trabalhar, caminhar, lutar, construir, lavar, interpretar, ler, procurar, perder, refazer, cozinhar, envaidecer, tentar, desconstruir, repensar, passar, sair, brigar, dormir, mudar, chegar, ser feliz e não ser... Nossa vida tem muito verbo e poucos provérbios.
Quero correr para quem possa vim me encontrar, pois assim terei a certeza de que saudade e distância podem então se acabar.
É só deixar o barquinho correr conforme a maré. É melhor se deixar levar. Deixe-se levar que eu estou me deixando. Vai que um dia, a gente se encontra. Vai que um dia, tudo possa ser mais claro, mais limpo e mais amplo. Deixe-se levar. E se puder, me leve com você.
Trabalhar pela Educação é como correr numa subida sem fim.
Cansa, coração explode, pulmão queima, e a subida não acaba...
Não há linha de chegada.
A forma como percorremos o trajeto é que nos traz a vitória.
[ Eu Até esperei ]
O tempo abrir, o sol brilhar,
a tarde chegar, nuvem sorrir.
Relógio correr, pessoa do ônibus descer,
Barco seguir.
Homem correr, Mulher chorar,
Quem não ama, amar... Trem partir.
Senhora andar, criança engatinhar,
Grávida parir.
Coruja voar, cílio pestanejar,
Bebum beber, parede ceder, saliva engolir.
Dorminhoco sonhar, brigão brigar
Ladrão escapar, escola abrir.
Cego enxergar, coração dilacerar
Fé se abalar, perdedor admitir.
Mulambo se limpar, calçado esfrangalhar,
calado: gritar, dor na coluna sentir.
Estrela do mar, cometa passar
Galinha cacarejar, flor... florir.
Corpo padecer, lua aparecer,
Pôr do sol chegar, noite triunfar
... Você não vir.
Sobre Hoje
Atropelamos nossos próprios passos
quando achamos que correr pra viver o agora
é resposta pra lacuna do cotidiano.
Ninguém começa a correr antes de aprender a andar. É a ordem natural dos fatos, é o ciclo orgânico da vida.
Restos
O que dizer?
Se não há para onde correr
Não há saídas
O que fazer?
Solidão, sua velha e única companhia
Perdida no próprio mar
Onde é que se viu?
Na própria tempestade.
Onde é que essa tal de vida, levou?
Contradição, não?
Quando a morte, se ocasiona com a vida.
Paz ou prisão?
Sentimentos são reprimidos, então?
O que é este lugar afinal
Morte ou vida?
Quando a dor, entra em harmonia
Escuridão, ou refugio?
Eis a grande dúvida .
Que bagunça!
Por isso, há do poeta
A poetar?
E da poetiza, há poetizar?
No silêncio da noite, a decifrar
Ou apenas, se calar
conscientizar?
O vazio, o único que parece
Restar.
Você é corajoso o suficiente para voar sem medo de cair, para correr sem medo de tropeçar e nadar sem medo de afundar, só não sabe disso porque tem medo de tentar. Você precisa sonhar, realizar e não deixar ninguém tirar essa riqueza de dentro de você, porque é isso que nos torna únicos e especiais. Coragem, meu caro. Coragem.
