Ceu Estrela Saudade
Tenho sonhado com a lua em todas as suas fases, um céu estrelado estrelas cadentes riscando os momentos fazendo imaginar-se os mais belos desejos, fantasia é uma nave tripulada pelas imaginações mais férteis; então eu me vejo sob um céu bem próximo, estrelas de todas as grandezas; tem uma dançarina que se exibe num balé e de vez em quando roda nas pétalas de alguma estrela... nesse mundo eu procuro as esquinas, os horizontes, mas parece que há um deslimite; a bailarina ensaia uma valsa na fase cheia da lua sobre uma praia de luz uma plateia surge não se sabe de onde e aplaude efusivamente; a bailarina é carregada por um raio de luz e os meninos representam “Amoramora, este tango é meu...” então a bailarina surge do meu lado com uma roupa de plumas e paetês, declama a última estrofe e some ante o meu deslumbramento diante os primeiros raios de um alvorecer...
O CÉU DE MACAPÁ
Ela era tão bela quanto o mar
E tinha os olhos tão azuis
Como o céu de Macapá
Solitária como Piripirí,
Pobre como o Piauí
E tinha o rosto de anjos
Como quando os anjos tinham rosto,
E falava manso
Como quando os anjos falavam com o Senhor
E fazia-nos pensar no amor
Como quando conseguíamos pensar
E era triste como a Aldeota
Como uma jangada sem rota
Na imensidão do mar,
Só tendo o norte como referência,
Como quando tínhamos norte...
Agora na imensidão do tempo
Ela não é mais bela,
Não temos mais céu como o de Macapá
Não temos mais janela pra Piripiri,
Não temos a nobreza do Piauí,
Não temos mais rosto...
Ela era tão bela...
Não tenho medo de grandes estrelas
De uma forma ou de outra
Eu ajudo a construir o céu e o inferno
Sou passageiro como um cometa
E como as desilusões sou eterno
DE NINGUÉM
Porque a lua era bela,
porque a flor era rosa,
porque o céu era azul,
ela se entregava...
porque a noite chegava,
porque a noite se ia,
porque chegava a manhã,
ela se entregava...
porque o mar era imenso,
porque o mundo era penso,
porque o dia era tenso,
ela se entregava...
porque o vento soprava,
porque o sol aquecia,
porque a chuva molhava,
ela se entregava...
porque o coração batia,
porque o pulso pulsava,
porque a alma gemia,
ela se entregava...
e por se entregar a todos,
todos lhe possuiam,
mas não era de ninguém,
porque a todos se entregava,
mas não se dava a ninguém...
Eu ainda tenho uma certeza: azul é o céu
e a certeza de que estou bem perto
do que é perto de felicidade...
COISAS INGÊNUAS
O que fizemos ontem
O céu azul, o vinho, o blue e a caatinga
A arder a seca, a derramar carências
Santa demência,
Poeira branca do que foi o Jaguaribe
Deus me livre daquele olhar
A inquirir os meus desejos
Chama ardente a queimar na alma
Que quanto mais olhava mais incendiava o meu olhar
Sempre acreditei no amor das coisas ingenuas
Sempre declamei a grandeza das coisas pequenas
Mas se desvirtuei foi por paixão,
Foi por paixão que derramei o meu querer
Foi por querer que perfurei seu coração
O que fizemos ontem nunca mais se fez
A caatinga ainda rasteja, arde esparsa
Parca, incendeia, mas se chove, floresce e viceja
Porque vicejar é da flor...
Andar em uma floresta roxa o lugar é todo mágico,é surreal as flores são violeta, o céu é vestido de roxo e branco,as flores das árvores em tons lilás, o córrego delicado reflete as cores caprichosas de uma paisagem de um sonho..
Olhe para o céu, preste atenção às estrelas, elas são flores incandescentes
Que demonstram a paixão de um ser divino...
No espelho o reflexo às vezes me assusta
O que riscou tanto o meu rosto?
PASSARINHOS
Os poetas não vão para o céu
Eles perambulam pelas esquinas
Fascinados pelos crepúsculos
Seduzidos pelas meninas
Os poetas cantam enquanto
Espalham sementes que frutificam no inverno
Mas se alimentam de olhares , sorrisos e lagrimas
Realizam-se nas incertezas
Estabilizam-se nas inseguranças
E amam nas ausências
Poeta é todo mundo e ninguém
É um ponto de vista
Sem ponto e sem vista
Poetas se transformam em e árvores
Ou encarnam animais de estimação
Para sentir o contato
Para ficar com aquele perfume
Que lhe encanta
Poeta não ama apenas, ele ama amar
Poetas não vão para o céu
Para o purgatório ou para o inferno
Eles transitam por esses lugares
Durante as paixões... até que Deus os chamem
E eles se transformam em passarinhos...
“Eu sigo meu caminho e você segue o seu, se não se encontrarmos no céu é porque fui para o paraíso.”
Se a vida lhe der uma corda, faça um balanço.
Se a vida lhe colocar em um arranha-céu, aproveite a vista, sinta o vento, e veja o quanto é grande o mundo, é impossível não ser feliz do outro lado.
Se a vida lhe der uma arma, aprenda a atirar o mais perto do alvo.
Se a vida lhe der uma faca, deixe-a bem afiada e aprenda a preparar alimentos.
Se a vida lhe der veneno, enterre, nenhum ser merece morrer.
Há quem lhe deseja a morte, deseje vida eterna.
