Casamento Mar de Rosas

A felicidade é tão oposta à vida, que estando nela, a gente esquece que vive.

A perfeição no amor consiste no sacrifício dos desejos do amante que deseja somente agradar à pessoa amada.

Misturo poesia com cachaça e acabo discutindo futebol...

Não é mau este costume de escrever o que se pensa e o que se vê, e dizer isso mesmo quando não se vê nem pensa nada.

Só o que manda com amor é servido com fidelidade

Onde há música não pode haver maldade.

Era homem como os outros; outros Aquiles andam por aí que são da cabeça aos pés um imenso calcanhar.

Até a morte, tudo é vida.

Os homens igualam-se na dor e diversificam-se na alegria.

O vício é muitas vezes o estrume da virtude.

Bem diz o Eclesiastes: Algumas vezes tem o homem domínio sobre outro homem para desgraça sua. O melhor de tudo, acrescento eu, é possuir-se a gente a si mesmo.

Há uma grandeza, há uma glória, há uma intrepidez em ser simplesmente bom, sem aparato, nem interesse, nem cálculo; e sobretudo sem arrependimento.

Importuna coisa é a felicidade alheia quando somos vítima de algum infortúnio!

O tempo corre, e as nossas sensações com ele se modificam.

Eu não sei onde mora a raiz da mágoa.
O que sinto é sua ardência na alma.

O maior espetáculo para o homem será sempre o próprio homem.

É dos sábios mudar de opinião.

Eu que meditava ir ter com a morte, não ousei fitá-la quando ela veio ter comigo.

Soneto de devoção

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez... — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

"Entendo que a poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem SE entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo um ser a mercê de inspirações fáceis, dóceis às modas e compromissos'".

Carlos Drumond de Andrade