Cartas e Prosa de Fernando Pessoa

Cerca de 11963 cartas e Prosa de Fernando Pessoa

⁠...
Me agarro na metamorfose
Duas pernas me levam bem longe
Degusto meu café, minha dose
Não espere que eu te desaponte

Distante da resignação
Desperto e adormeço tentando
Bem longe da acomodação
Avalizo minha fé, vou lutando

Tem dias que entorpeço feliz
Tem dias que adormeço doído
Escapei da expiação por um triz
No mais estou sempre sorrindo

Valente, me tornei imigrante
Carreguei minha bagagem, família
Do caos, virei itinerante
Meu jargão, minha filosofia

Na estrada vi muitos espinhos
Ferrões, e eles não são meus
Nem fui, nem sou Zé-Povinho
Sou grande, acredito em Deus

O triunfo em verso e prosa

Inserida por andre_villasboas

⁠ACASOS

Saberia você,
de meus pensamentos ?
Nunca falo...
Mas sinto,
que é pesado,
comprimido...
Então vazam,
e se condensam em versos assim...
Como os teus...
Tão intensos...
Como se a mim,
fossem...
Expressos,
ditos e dirigidos,
e não me envergonho,
mas me espanto...
Ou me encanto,
sei lá, pois leio-os tão expressivos..

Inserida por lucasalinearte

⁠QUE TE AMO TENHO A CERTEZA

Porque te amo nem sei…
Que te amo tenho a certeza!
No teu amor encontrei
Uma enorme singeleza!
E foi na simplicidade
Que amor em ti descobri,
Relembrando, com saudade,
Quando eu te conheci!
Desde sempre a simpatia
Foi marca da tua imagem,
Bem como a tua alegria
E também tua coragem!
Entre tantos predicados
Eu consigo encontrar,
Com olhos apaixonados
Mil formas de te amar!
E das certezas que insisto,
Talvez até a maior…
Querida, eu não desisto
De esperar por esse amor!

Inserida por lucasalinearte

⁠Querida Rebeca
.
Querida Rebeca, queria te dizer que quando você foi embora não foi nenhuma surpresa pra mim, eu sabia que isso ia acontecer desde o primeiro dia em que coloquei os olhos em você, e desde aquele dia que eu venho ensaiando como me despedir de ti, mas nunca encontrei a maneira certa.
.
Eu caí por você, como o fogo que queima em uma fogueira, que começa com uma faísca provinda de dois corpos em fricção e depois se torna umas labaredas flamejantes e descontrolável.
.
Eu amava tudo em você, as fotos de gatinhos que enchiam minha galeria, as histórias que você me contava. Tu falaste sobre mim até pra tua mãe, que eu nunca cheguei a conhecer, mas ela me conhecia muito bem através de você. Queria eu poder me ver através dos teus olhos claros.
.
Sabe, Rebeca, desde aquele dia que você me falou sobre seus sonhos, eu sabia que a vida te tiraria de mim em algum momento, que andaríamos juntos até cada um seguir o seu próprio caminho, você sempre quis ser veterinária, porque amava os animais e amava cuidar deles, já eu, queria viajar o mundo, conhecer gente nova e fazer loucuras, você sempre adorou o meu espírito livre, mal sabendo que iríamos nos separar por culpa dele.
.
Mas eu já sabia de tudo, e por Deus, como eu queria que fosse diferente, mas nosso amor não era pra vida inteira, era mais uma daquelas histórias com data de validade, um amor daqueles que só te levam até a esquina, mesmo assim eu quis sua companhia, porque era a melhor do mundo, e por mais que a gente saiba que o destino de alguns relacionamentos são os términos, não significa que não podemos aproveitar o caminho, e eu te agradeço, Rebeca, pela melhor vista de todas.

Inserida por h4yllon

Dia sim, dia não
Prosador nato que a brisa levou
Nas asas da nova paixão
Contista no primeiro capítulo naufragou
Foi salvo na segunda canção
Na terceira modinha mergulhou
Na quarta valsa, um esbarrão
Lá pelas quintas, no samba, tropeçou
Na sexta adernou e a abraçou
No sábado, ela se inclinou
E no domingo o poeta se aprofundou
No alfabeto caleidoscópico
Da mulher amada.

(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

Inserida por Superjujar

Arco-Iris

-Arco-Iris não quero teu pote de ouro, de dinheiro não preciso, não quero tua beleza, ela já não me encanta, não quero tuas cores, las já esculpem a maioria dos lugares.
- O que queres de mim ousado humano?
-Que responda onde está aquilo que desejo?
- Ora, sou um arco-iris, apenas venho depois da chuva, não sei responder tais perguntas, o que pensas conseguir comigo?
- Não sei, talvez ela esteja olhando para ti e se fazendo a mesma pergunta...
- E eu jamais te responderia, esse é o teu pote de ouro que tens que buscar.
- És sábio como sempre arco iris, ao final, todos temos nosso pote de ouro, é disso que trata tua lenda.
- O que esperas para ir buscar o teu?
- O mundo parece mais fácil ai de cima arco-iris, os humanos não seguem as leis da natureza, são senhores do seu próprio destino!
- Quousque Tandem?

Inserida por lucasfelipe

Esvai-se o tempo paralelo aos precipícios
seus passos ressoam pelas paredes e correm para longe
ouve-se nada

De olhos escancarados e pernas bambas
cai
fita o esvoaçar das areias no céu crepusculoso
esfria

A noite vem chegando aos poucos
sua anunciação provoca espanto
medo

A possibilidade cada vez mais real daquela garganta vir a tornar-se
a sua tumba
seu eterno descanso
repouso
sem lamúria
de um cadáver que aos poucos derrete
calmamente
sendo apreciado com elegância pelos vermes
de outrora
e sempre

A noite
sem os ventos
traz o ensurdecedor silêncio
que até conforta
O céu
super estrelado
surge na fenda
que se estende por cima dos olhos

Como se estivesse frente a frente com um rasgo na imensidão única do espaço, numa brecha para as estrelas, distantes luzes a vagarem violentamente pelo negro esplendor entre as galáxias emaranhadas nas teias do cosmo. Leve, separa-o do chão flutuando hipnotizado pelo infinito espaço celeste conduzindo seu espírito elevado para além do cânion , para além do vale, percebe-se afastando de si seu mundo deixado para traz, pronto para abandoná-lo à própria condenação. Vai para o eterno abismo escuro onde o mundo ainda está a cair, cercado por distantes pontos de luz flutuando no vazio.
Torna-se ausência...
some
Enquanto seu corpo o perde de vista mergulhando entre os astros, deixa de sentir, morre o tato, olfato e paladar. Como uma pedra qualquer, ignora sua dureza e passa a afundar na areia levando consigo a insensibilidade fria para o passeio petrificado de quem nunca sai do lugar. A partir de agora é vaga lembrança de si, aos muitos esquecida e mil vezes fragmentada em poeira de olvidamento.

Inserida por crislambrecht

Meu Ernesto Azul...


Voltava eu daquelas paragens de Pirapora, dirigindo meu possante Gordini Delfini, carinhosamente tratado por Ernesto, já de cor não muito definida, trazia uns leves amassados em ambas as portas, umas ferrugens no piso, faltava-lhe o retrovisor esquerdo e o para-choque traseiro... nada demais!




Mas aquele Gordini era meu xodó, até carreto o “bravo Ernesto” fazia: meio metro de brita ou de areia pra ele não era nada. Só não se dava bem com subidas, em compensação, nas descidas, ninguém e nem nada o segurava. Um detalhe que não podia de esquecer, no momento de passar a marcha, tinha de ir da primeira pra terceira... em algum momento ou lugar, ele perdeu a segunda marcha, porém, uma certeza eu tinha: um dia, mesmo que não parecesse, sua já havia sido cor foi azul, mas, não um azul qualquer, um de respeito, admirável e solenemente azul. Bem, mas isso se deu em tempos que eu ainda não havia vindo ao mundo.




Dona Orsina, mãe de “Zé Goiaba”, me encomendou um carreto: levar 14 frangos até o sítio de João da Grelha. Em troca de “dois dedos” de pinga, Juvenal aceitou a incumbência de me ajudar nessa empreitada, mas, não deu muito certo, numa curva de chão batido, entre a porteira da Fazenda Craviola e a ponte do Manguezal, meu amigo Ernesto foi, literalmente, atropelado por um boi. Mas, não um boi qualquer! Foi um desses de grande porte, de passos firmes, grandes orelhas caídas, negro focinho, peitoral extenso, parecia ter sido “construído” de concreto e músculos, coberto por uma pele negra, com algumas manchas brancas e outras, em leves tons marrons, reluzentes. Estava selado o destino de Ernesto: faleceu ali, naquela curva e o boi, seguiu em frente... sequer olhou pra trás. Seguiu seu caminho, me deixando apenas com o que sobrou de meu companheiro, dores pelo corpo e vendo os frangos entrando no manguezal.




Pensei até em fazer o velório e o enterro de Ernesto, mas o Padre Policarpo me aconselhou a não fazer, segundo palavras dele, “seria uma sandice”, na hora, entendi sanduiche, e rebati: “Não sô padre, vô fazê é o enterramento do Ernesto, num é um lanche não”, e o Padre nem respondeu, virou as costas e saiu resmungando: “é cada uma que parecem duas...”.




Voltando àquela curva, onde jazia Ernesto, me deparei com Bento Carroceiro e, entre uma prosa e outra, contei a ele de meu luto e que não ia conseguir enterrar Ernesto. Foi quando Bento me disse: “mas ocê é bobo demais, sô! Hoje, ninguém enterra mais ninguém não, só toca fogo e pronto. Depois, pega as cinzas e joga no rio. Isso é que é coisa chique”.




Pensei, matutei e decidi seguir o conselho de Bento. Toquei fogo em Ernesto ali mesmo e fiquei olhando ele queimar. Chorei muito, doeu fazer aquilo, mas o que mais me intrigou foi o caminhão de feno de Tião Matadô passar ali exatamente na hora que Ernesto queimava. Senti cheiro de mato queimando e, logo que olhei pro fim da curva, vi que o feno que o caminhão de Tião Matadô levava, queimava e a chama já subia pra mais de 10 metros...

Inserida por mucio_bruck

O que cabe no peito
De maneira indireita
Com sabor contente
Com cheiro de arco-íris
Desejo colorido
Confissões inesperadas
Dados quase revelados
Latente não se afasta
Arquétipo que deflagra
Um tipo recorrente
Vem de repente
Esporadicamente
Não busca por razão
Quer vivência
E também ilusão

Apenas mais um texto de amor ...
Tocados pela mutabilidade da vida repentinamente se perguntaram :
_ Onde será que estaremos num futuro próximo à hora em que o crepúsculo nos toca ?
Breve silêncio .
Nada disseram . Sabiam . Uniram-se então as mãos, os corações céleres bateram e permaneceram assim , quietos olhando para o horizonte , onde o sol timidamente se escondia , mas sua luz permanecia visível aos olhos de quem conhece o amor.

Inserida por elisangelabankersen

Era uma vez um sentimento. Era puro, bonito, mas muito exagerado.
E não é que com o tempo o danado alugou todo o coração ? Não havia espaço para mais nada . Só esse constante sentir . Mas era tamanho o barulho que fazia e tanto atentava quem ao lado morava que sem perdão ele teve que ser despejado . Sua bagagem toda pelos olhos foi derramada e só assim o coração pode então respirar aliviado ...

Inserida por elisangelabankersen

A seca

Uma solitária cigarra, desesperada, chama chuva no Planalto Central. A secura invade os poros dos seres, fazendo de tudo o que tem vida, sem vida. Folhas secas despencam das árvores moribundas, caindo na terra ressequida, já sem nenhum verde, nenhum inseto. Os pássaros voaram para longe em busca do frescor que aqui não tem. O João de Barro que anuncia a chuva, foi para longe. O sol a pino despenca raios matadouros, que há muito deixaram de ser benfazejos. Saudade da chuva caindo e molhando o chão. Saudade das rosas em seu frescor matinal. Saudade de água caindo do céu, mansa, suave, fresquinha.
Ah! Meu chão! Meu torpor!

Inserida por PaolaRhoden

Vinho

A cada beijo fica mais transparente
Mesmo fria sinto seu doce sabor
Sendo seca me das mais vigor
De todas és a mais atraente

Minha melhor amiga
Minha melhor amante
Venha deixar-me fumegante
Sem rodeios ou intriga

Contigo tenho mais chance
De ser o que sempre quis
Boêmio e sempre aprendiz

Viverei este eterno romance
Só tu entende este semblante
Que em minha vida és constante

Inserida por Mattenhauer

Segunda Garrafa

Você altera meus sentidos
Bani meu discernimento
Aflora o velho ressentimento
Com sentimentos feridos

No doce sabor você me trai
Ao mesmo tempo que atrai
Através do que já sabia
Vide a bela agonia

De estar mais um dia
onde posso ver
e posso ser

Apenas na segunda rodada
é que se vê a magoa
de forma incessante

Inserida por Mattenhauer

Brilho Eterno

Em um dourado luar
Da qual já não tenho ciência
Cheios da inocência
De pejos à beira mar

Fez então em um olhar
Todo o brilho que este pode lhe dar
Inundando de luz
Aquilo que seduz

Será que és um anjo
E essa são suas auréolas
Ou és o rearranjo

De certas pétalas
Que não ouso falar
Para tais olhos prontos para amar

Inserida por Mattenhauer

Margarida

Bem me quer uma hora
Mal me quer em despedida
Bem me quer em sua vida
Mal me quer agora

Bem me quer Pandora
Mal me quer arrependida
Bem me quer a contrapartida
Mal me quer a que implora

Bem me quer senhora
Mal me quer na aurora
Bem me quer na ida

Mal me quer de saída
Bem me quer sonhadora
Mal me quer outrora

Inserida por Mattenhauer

Segunda Via

Quero viver no sonhar
Pois lá você é minha
Onde toda fantasia obtinha
Sem medo de acabar

Realidade imaginada aclarar
Regada a doce molinha
Das lágrimas infinitas nessa linha
Dominado pelo desejo de amar

No véu e imaculado de um olhar
Enclausurado pela sede que tinha
Da venusta companhia

Que venho abonar
E nesse reino que quero morar
É onde a realidade vira poesia

Inserida por Mattenhauer

Anjo Negro

Eu filho da crença e esperança
Dono de luz e paz
Acalanto mordaz
Escondido nessa temperança

Eu que sou de fala mansa
E discípulo de um solarengo
Mudo palavras de realengo
Do senhor da Hamsá

Recôndito nessa ânsia
Em suma instância
Envolto ao impossível

Como tudo que é invisível
Anjo resoluto e voraz
Da luz que não possuo mais

Inserida por Mattenhauer

Você

Sinto falta de nossas conversas
Falta dos teus verdes olhos
Esperando meus conselhos
Com pedidos à expensas

De uma nova trama
Sem se importar com a minha má fama
Se ao menos pudesse velos
Quais são seus pesadelos

Se ao menos soubesse
O motivo disso tudo
O que vive lá no fundo

Se pudesse tocar tudo o que disse
E assim extraísse
Toda a dor do seu mundo...

Inserida por Mattenhauer

Introdução ao réquiem

Venham todos e prestem atenção
Vou falar sobre uma maldição
Alguns a chamam de vida
E outros de causa perdida

Sim é sobre os amores
E tudo o que ele traz
Nobre capataz
Que floresce todas as cores

Sentido do viver
Em fim sem sentido
Devora tudo que é detido
Pelo sentimento sem querer

Constante errante
Constantemente irritante
Irreversível atroz
Comumente a nós

Inserida por Mattenhauer

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