Cartas de Aniversario para Afilhada

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Eu sei que tudo isso serão apenas histórias algum dia. E nossas fotos se tornarão velhas fotografias. E todos nós nos tornaremos mãe ou pai de alguém. Mas agora, exatamente agora, esses momentos não são histórias. Está acontecendo. Eu posso ver. E nesse momento, eu juro, nós somos infinitos.

Amor, o que é o amor? Não creio que se possa realmente pôr em palavras. Amor é entender alguém, se importar, compartilhar as alegrias e tristezas. Isso pode incluir o amor físico. Você compartilha alguma coisa, dá alguma coisa e recebe algo em troca, seja ou não casada, tenha ou não um filho. Perder a virtude não importa, desde que você saiba que, enquanto viver, terá ao lado alguém que a compreenda e que não precisa ser dividido com ninguém mais!

Dentro do cartão, eu dizia a Sam que o presente que eu estava dando havia sido dado a mim por minha tia Helen. Era uma velha gravação em 45 rpm com "Something", dos Beatles. Eu costumava ouvir todo o tempo quando era pequeno e pensava em coisas de gente grande. Eu ia para a janela do meu quarto e olhava meu reflexo no vidro, e as árvores por trás, e ouvia a música por horas. Decidi na época que, quando conhecesse alguém que eu achasse tão bonita quanto a canção, eu daria o disco de presente a essa pessoa. E não quis dizer bonita por fora. Eu quis dizer bonita de todas as formas. E assim, eu estava dando para Sam.

O caso é que algumas garotas acham que podem mudar os caras. E o engraçado é que, se elas realmente os mudassem, ficariam entediadas. Não teriam desafio nenhum. Você deve dar às garotas algum tempo para pensar em uma nova forma de fazer as coisas, é isso. Algumas resolvem isso rapidamente. Algumas mais tarde. Outras nunca.

Acho que, se um dia eu tiver filhos e eles ficarem perturbados, não vou dizer a eles que as pessoas passam fome na China nem nada assim, porque isso não mudaria o fato de que eles estão transtornados. E mesmo que alguém esteja muito pior, isso não muda em nada o fato de que você tem o que você tem. É bom e mau

Enquanto ainda há disto, pensei, um Sol tão brilhante, um céu sem nuvens e tão azul, e enquanto me é dado ver e viver tamanha beleza, não devo estar triste. Para qualquer pessoa que se sinta só ou infeliz, ou que esteja preocupada, o melhor remédio é sair para o ar livre, ir para qualquer parte, onde possa estar só com o céu e com a natureza, e com Deus. Então compreende que tudo é como deve ser e que Deus quer ver os homens felizes no meio da natureza, simples e bela. Enquanto assim for - e julgo que será sempre assim - sei que há uma consolação para todas as dores e em todas as circunstâncias. Creio que a natureza alivia os sofrimentos.

Por vezes penso que Deus quer pôr-me à prova. Tenho de me aperfeiçoar sozinha, sem exemplo e sem ajuda, só assim hei-de ser um dia forte e resistente. Quem, além de mim, lerá estas coisas? Quem pode ajudar-me? Necessito de ajuda e de consolo! Sou muitas vezes fraca e incapaz de ser aquilo que gostava de ser.

É como se ele tirasse uma foto da Sam e a foto saísse linda. E ele pensasse que o motivo para a foto sair bonita fosse ele fotografar bem. Se eu fizesse a foto, saberia que o único motivo da beleza é a própria Sam. Eu acho que é ruim quando um cara olha para uma garota e pensa que a forma como ele a vê é melhor do que a garota realmente é. E acho ruim quando a forma mais sincera de um cara olhar uma garota é através de uma câmera.

Ainda que me derrubem por meio de decepções, traições, inveja,... eu sempre vou encontrar forças nos momentos menos oportunos; e estas serão a mola propulsora para me reerguer. Agradeço aos que um dia me proporcionaram a possibilidade de constatar minha capacidade de superação, a eles resta apenas o tempo e o questionamento se farão o mesmo.

Gosto de imaginar que o mundo é uma grande máquina. Você sabe, máquinas nunca tem partes extras. Elas têm o número e tipo exato das partes que precisam. Então imagino que se o mundo é uma grande máquina, eu também estou nele por algum motivo. E isso significa que você também está aqui por alguma razão.

"- Porque influenciar uma pessoa é dar a ela a propria alma. Ela passa a não pensar com os pensamentos naturais. As virtudes que possui deixam de ser; para elas, reais. Os pecados que comete, se é que existem pecados, são todos tomados por empréstimo. Ela se torna eco da música de outrem, ator um de papel nao escrito para ela."

Não percebi a chegada do outono. Mas eu sentia que estava embarcando numa nova estação: todas as árvores que (não) plantei, de repente, estavam nuas. E eu caminhava num tapete de folhas e flores. Os caminhos também se estreitaram e tive uma sucessão de perdas, ou melhor, tive uma sucessão de trocas. E assim, como toda pessoa que tem um coração pulsando, fiquei assustada demais com as mudanças. Mas agora já consigo perceber beleza na nudez de cada uma das minhas árvores prediletas. Elas apenas estão trocando de roupa enquanto eu troco de pele, tamanha cumplicidade.

Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos. Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria.

Parabéns, amigo. Nas voltas que a vida dá, nos encontros casuais, conheci você. Mesmo caminhando para outras voltas e distante de novos encontros casuais, dei uma desacelerada nos passos só para te dizer que, mesmo casualmente, encontrar você pelo caminho me mostrou que não precisamos marcar data ou hora para ter junto das pessoas momentos inesquecíveis. Agora, deixa eu continuar andando e dar mais uma volta na vida, porque com certeza te encontrarei novamente... Feliz vida toda.

O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora. Ele apazigua o meu peito com uma lista breve de prós e contras. Mas me dá escolhas. Eu me percebo transformada pelo que o amor tirou de mim por precisar de espaço amplo e bem cuidado para se instalar. O amor tira de mim a armadura, pois não consigo controlar a vulnerabilidade que vem com ele; tira também a intransigência. O amor me ensina a negociar os prazos, a superar etapas, a confiar nos fatos. O amor tira de mim a vontade de desistir com facilidade, de ir embora antes de sentir vontade, de abandonar sem saber por quê. E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia. Porque não posso virar as costas pra uma mania quando ela vem de uma pessoa inteira. Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha quando o meu ser transborda companhia. O amor me tira coisas que eu não gosto, coisas que eu talvez gostasse, mas me dá em dobro o que nunca tive: um namoramento por ele mesmo. O amor me tira aquilo que não serve mais e que me compunha antes. O amor tirou de mim tudo que era falta.

Quantas palavras foram gastas para falar do silêncio. Quantos abraços foram aceitos impregnando o meu campo energético com um peso denso, e quantas vezes me protegi de uma carícia sincera. Quantas vezes suguei e fui sugada chamando isto de bondade. Quanto mais adequada eu tentava ser, mas eu me perdia do que eu era. E abafei minha loucura no peito comprimido para ser socialmente agradável. E escrevi coisas otimistas quando estava sofrendo de tanto medo. E ninguém sabia que aqui do outro lado eu estava chorando. E deixei que me julgassem sábia quando sou apenas mais uma buscadora tateando no escuro à procura da luz que pretendo beber a grandes goles.

Há na cultura mundial de hoje toda uma mitologia, toda uma idealização das revoluções, como se não fossem acontecimentos separados, mas sim etapas de uma caminhada em direção à liberdade crescente. Pode-se discernir, de fato, um sentido geral e unitário na sucessão de revoluções — mas ele não aponta na direção da liberdade crescente e sim no do crescimento do poder, no do aumento da distância entre o poderoso e o homem comum.

O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou tempo, ficar longe, ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem como pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros os gastos da formatura. Esse é um desgraçado, que manda, para outro, o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida.

Querida Lolla,
“Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem muita importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado”.
Recorda-se, Lolla, daquela noite quando eu, você, Audrey, Richard e Ben estávamos reunidos na pequena sala de minha casa — oh, saudosa casinha — e líamos “Sonho de uma Noite de Verão”, de Shakespeare? Eu e você teimávamos sobre quem interpretaria Hérmia, a moça teimosa que fugia de casa para ficar com seu amado Lisandro e não se casar contra sua vontade com Demétrio, um homem que ela não amava. Oh, lembra-se? Eu e você queríamos ser a mesma personagem, e então acabei perdendo o papel, pois você foi muito mais obstinada e tão teimosa que acabou convencendo a todos… Realmente, eu nunca poderia ser Hérmia…
Pobre de mim, que nem de meu próprio destino soube me defender. A infelicidade se abateu sobre mim desde que meu casamento com Elmer Thompson foi acertado. Mamãe dizia que era para o meu bem e que essa seria a vontade de papai, se ele ainda estivesse entre nós. Sofri tanto, você sabe, pois mal o conhecia, mas imaginei que, depois de casada, quem sabe eu pudesse amá-lo. Elmer é jovem e belo, não seria impossível me afeiçoar a ele. Imaginei que com o tempo qualquer coisa parecida com uma aceitação acalentaria meu coração ao menos um pouco e, se ele fosse bom para mim, quem sabe meu amor fosse dele para sempre. Como me enganei… Quando pensei que não havia como sofrer mais, logo a vida me mostrou que sempre é possível cair mais fundo na dor.
Por que digo tudo isso, escrevendo estas linhas para você, quando sei que este ato, além de não me ajudar com o meu pesar, ainda pode promover seu desespero e preocupação por mim, sem também poder fazer nada? Não tenho essa resposta, então peço que me perdoe pela angústia que por ventura eu venha lhe causar, mas escrever esta carta parece ser uma forma de gritar.
Se os primeiros meses do meu casamento foram de tristeza e solidão, hoje posso dizer que são de medo e dor. Não vou narrar cada cena de humilhação a qual fui submetida, nem as inúmeras vezes que pensei em fugir, mas apenas pedir que voltemos em pensamento para aquela noite feliz… Fecho meus olhos e nos vejo sorrindo, sentados no tapete fofinho de pele branca de ovelha. Vejo sobre a mesinha as xícaras de chá fumegantes que Audrey nos serviu e, ao meu lado, Richard nos fazendo dar gargalhadas ao imitar a voz de Lisandro quando propõe à Hérmia uma fuga para a floresta. Hérmia foi mais feliz, ao menos lhe foi dada a permissão de decidir entre casar-se com Demétrio, morrer e converter-se à adoração da deusa Diana e se afastar do convívio com os demais. Eu, Lolla, teria preferido a morte ou o convento. Ah, teria, sim!
Não me culpe por desejar isso, pois já não tenho mais esperanças de voltar a sentir meu coração bater feliz como antes. Então, já cheguei a desejar que os braços da morte viessem como um beijo suave, que enfim meus olhos descansassem e minha mente pudesse ter sua libertação, já que meu próprio corpo tornou-se cativo. Talvez meu desejo não demore a ser atendido, pois ouvi dizer que a tristeza definha e mata como se também fosse uma praga.
Amanhã, Elmer viajará para Londres… Na verdade, está apenas esperando que minha mãe e Richard voltem para Bincombe para partir. Ficarei meses sem sua presença opressora, então estarei bem. Os dias em que ele não está aqui são os mais felizes do meu ano…
Lolla, quando puder, me escreva. Faça isso logo, entre os meses de junho e setembro ainda estarei sozinha.
Com carinho, Helen Thompson.

Inserida por amanda_bonatti

Lá fora um grilo grita a sua despreocupação e tudo é calmo, ameno dentro
dessa casa. Parece que tudo está fechado e protegido por uma redoma de vidro finíssimo
e o calor torna os movimentos ainda mais pesados; mas não há calma dentro de mim. É
como se um rato estivesse roendo a minha alma, e de uma maneira tão imperceptível
que até parece suave. Não estou mal e também não estou bem, a coisa preocupante é
que "não estou". Mas sei me reencontrar: basta levantar os olhos e cruzá-los com o olhar
refletido no espelho para que uma calma e uma felicidade tranqüila tomem conta de
mim.