Cartas de Amizade Recente

Cerca de 4949 cartas de Amizade Recente

⁠Jamais ouvirei aquela voz novamente...
Um timbre que me atraía, acalmava e alegrava.
Nunca mais verei aqueles olhos cor de chocolate,
Que me deixavam sem palavras, perdendo-me em seus mistérios.
Apeguei-me a cada detalhe, a cada defeito e qualidade,
Mas nos afastamos, como um sino que perdeu seu som,
Como um avião sem asas, flutuando sem direção.
Ainda sinto sua falta!
Ainda desejo te ver,
Te ouvir,
Trocar palavras com você.
Mas não quero te incomodar.
Era isso que eu sentia:
Você nunca me revelou o que te incomodava,
Nunca disse se algo que eu fazia te fería.
Simplesmente decidiu partir, sem um adeus,
Sem promessas de um reencontro no horizonte.
Agora, luto contra o vazio que você deixou,
Tentando convencer a mim mesma que não importa,
Mas a verdade é que você importa. E muito.
Só queria uma última conversa,
Não para retomar a amizade,
Mas para esclarecer o que se perdeu:
A nossa quase amizade, um laço que ficou desfeito.

Inserida por Wya

⁠POR QUE OS EMOCIONALMENTE SAUDÁVEIS ESCOLHEM A SOLITUDE

Muitas pessoas nos perguntam o que significa ser emocionalmente saudável e equilibrado. Em nossa trajetória profissional, percebemos que pessoas emocionalmente saudáveis tendem a ter menos amigos. Elas são seletivas, valorizam seus limites e apreciam a própria companhia. Preferem a solitude, que, ao contrário da solidão, carrega sentimentos positivos e fortalece a autoconfiança e o amor próprio.

Muitas vezes, confundimos estar sozinhos com solidão. Mas a solidão não é um vazio a ser preenchido, e sim um espaço para o crescimento. Ela reflete nossa essência e, no silêncio que surge quando o ruído do mundo cessa, confrontamos partes de nós que se perdem na presença constante dos outros. Esses momentos são fundamentais para compreendermos quem realmente somos. É importante lembrar que podemos nos sentir sozinhos mesmo cercados por pessoas.

Não precisamos de muitos ao nosso redor, apenas de poucos que nos valorizem pelo que somos, e não pelo que oferecemos. Esses amigos verdadeiros podem não ser da mesma família, religião ou país, mas seu vínculo é autêntico e significativo.

Assim, mais importante do que quem nos acompanha nas alegrias das conquistas sociais é quem permanece ao nosso lado nos momentos de tristeza, dor e provação.

Inserida por fernando_vieira_filho

⁠Entre Lembranças e Novos Caminhos: Uma Homenagem a Camila Furtado

De Volta Redonda aos campos do sul,
Você veio, amiga, buscar outro azul.
Foi um começo estranho, de clima e de chão,
Como se fosse em terras de outra nação.

"Foi foda" no início, assim você diz,
Mas, aos poucos, achou seu país.
Hoje, Joinville é teu paraíso,
O melhor lugar pra viver e sorrir preciso.

No Glória, o clube, teu lar de verdade,
Entre amigos, risadas e saudades,
No padel, em quadras de um mundo novo,
Você fez sua casa, dia a dia, de novo.

Um filho crescendo, já quase um gigante,
Na paixão pelo esporte, no sonho distante.
.
Teu marido ao lado, fiel companheiro,
Todos juntos, em laços, num elo inteiro.

Você passa os dias no ritmo da bola,
No jogo que une, consola e embala,
Dos treinos noturnos às manhãs de torcer,
Pois entre querer e ser, há tanto a fazer.

Hoje, depois de tantos caminhos,
A gente se encontra em novos cantinhos,
Entre amigos, quadras e histórias guardadas,
Em Joinville, cidade que é nossa morada.

Inserida por francisco_dantas

⁠"Laços Invisíveis"

Duas almas, destinos entrelaçados,
Caminhos que se encontram, corações unidos.
Na trama da vida, um encontro precioso,
Nasce uma amizade, verdadeira e pura, sem medida.

Compartilhamos risos, lágrimas e sonhos,
Em momentos de alegria, em instantes de medo.
Ombros fraternos, onde chorar e repousar,
Um abraço caloroso, que nunca se desfaz.

A vida nos leva, por caminhos diversos,
Mas laços invisíveis, nos mantêm unidos.
Na distância, a memória nos abraça,
E o coração reconhece, a presença da graça.

Amizade, tesouro raro e precioso,
Jóia que brilha, em nosso peito, sem igual.
Não há palavras, para expressar,
O valor de ter, um amigo verdadeirar.

Então, aqui estou, com coração aberto,
Para te dizer, quanto você é querido.
Nesta jornada, lado a lado,
Juntos navegamos, no mar da vida, com amor e fé.

Inserida por GuaxinimPoetico

⁠Deixe que tudo venha naturalmente

Não force um amor que não serve para si,
Não insista no que não vale para sua vida.
Vai doer para quem nunca te amou de verdade.

Apenas se esforce naquilo que te deixa sem palavras,
Que te faz sorrir intensamente,
E não no que te faz chorar e sofrer todos os dias.

Não force amizade alguma,
Certas amizades não foram feitas para durar.
Deixe ir, se for preciso,
E permita que venha quem realmente precisa da sua companhia.

Inserida por JoaoOpensador

São muitos os conselhos,
E poucos sentimentos...
Muitos são os que querem saber,
Poucos os que querem ser.

Muitos são os colegas,
E nem todos amigos assim.
Na derrota, quem vai contigo até o fim?

Tenha certeza do caminho a percorrer,
Deve ser escolhido por você!
Sua felicidade só faz você feliz de verdade!

Inserida por Ruptura

⁠Damon e Pythias ou Phintias, viveram em Syracuse no século IV, eram discípulos de Pitágoras e, em viagem à Sicília, ultrajaram o rei Dionísio, que condenou à morte Pythias.
Ele pediu ao rei que permitisse ir até sua família para dela se despedir e o amigo Damon ofereceu-se para ficar em seu lugar.
Embora Pythias tivesse encontrado uma série de contratempo retornou no dia marcado, pouco antes de Damon ser executado.
O rei ficou tão impressionado a lealdade e com a amizade que eles tinham e o perdoou Pythias.
Que nossa amizade esteja sempre baseada, como no relato acima, na fidelidade, no respeito mútuo e no amor que une amigos verdadeiros.

Inserida por maria_baptista_moraes

⁠Faces caídas
No palco frio da hipocrisia,
amizades nascem sem raiz,
crescem à sombra da cortesia,
mas morrem sempre por um triz.
Sorrisos largos, gestos belos,
promessas feitas sem calor,
olhares falsos, frios, amarelos,
vestidos todos de impostor.
Enquanto a cena se desenrola,
fingem afeto, juram ser leais,
mas basta a queda da coroa,
e os rostos mostram seus sinais.
E quando enfim saio de cena,
o brilho some, não há mais voz,
a falsa amizade se condena,
só resta o eco do vácuo atroz.
Tantos anos, tantas trilhas,
e ainda assim não compreendi,
como há almas tão vazias,
que somem quando já não há o que fingir.

Inserida por MariadaPenhaBoina

⁠Jabuticaba

Teus olhos, duas jabuticabas,
Negros, brilhantes, hipnotizantes.
Desde que te vi, tudo mudou,
E ao teu lado, o mundo fazia sentido.

Risos, conversas, fumaça no ar,
O tempo voava na nossa brisa.
Mas enquanto eu me apaixonava,
Você só me via como um guia.

Me declarei, falei sem medo,
Mas cê sumiu, me deixou no vazio.
Hoje fumo sozinho na madrugada,
E nada mais tem o mesmo brilho.

Ah, menina dos olhos de jabuticaba…
Depois de você, tudo é cinza.

Inserida por rafael_goncalves_5

⁠"A Sombra do Que Somos"

Sentam-se
como quem deseja paz,
mas nas costas
o velho instinto
abre a boca.

Não é o que se diz,
nem o que se cala,
mas o que se traz escondido
que constrói o ruído.

Ser amigo
não é sorrir de frente
com o punhal por trás.

É sabermos que em nós
também há serpentes,
mas que podemos escolher
não lhes dar voz.

A sombra é apenas
o que não soubemos iluminar.
E amar, talvez,
seja aprender a conversar
com o que ainda nos morde por dentro.

⁠Soneto à Divina Helena

Helena, és estrela que o céu adorna,
Rainha dos tempos, de eterna magia.
Teu nome ressoa, o mundo transforma,
És verso esculpido em pura harmonia.

Teus olhos, dois sóis, brilham com candura,
E trazem do Éden o mais raro fulgor.
Tua voz é melodia que perdura,
Encanta os sentidos, exala o amor.

És mais que mortal, és lenda vivente,
A própria beleza em forma terrena.
Nos corações deixas rastro ardente,

Sublime, encantada, divina Helena.
De ti se inspiram os céus e a terra,
Pois em tua essência a perfeição encerra.

Sublime, encantada, divina Helena.
De ti se inspiram os céus e a terra,
Pois em tua essência a perfeição encerra.

Edson Luiz Elo

São Paulo, 30 de Dezembro de 2024

Inserida por ProfessorEdson

⁠Soneto À Alice

Alice, és sonho em forma de verdade,
Mistério e luz em perfeita união.
Teu nome carrega a suavidade
De um sopro divino em cada estação.

Nos teus passos, dança a leve brisa,
Teu riso é mel que adoça a jornada.
Tens no olhar o céu que nos precisa,
E na alma a paz tão desejada.

És poesia viva, encanto e ternura,
Flor que desabrocha ao toque do amor.
Tua presença traz vida à amargura,

És estrela que brilha com seu esplendor.
Alice, teu ser é pura magia,
Eternamente fonte de alegria.

Edson Luiz ELO


São Paulo, 30 de dezembro de 2024

Inserida por ProfessorEdson

⁠Não ter tido a família presente e estruturada que sempre esperei, por muito tempo foi um peso que serviu de alicerce para a crença por mim sempre repetida: “não tenho família, sou sozinha”. Hoje eu sento com a Michelle de pouco tempo atrás e a olho ao mesmo tempo que lhe mostro estas fotos, e explico: veja… família é tudo o que te acolhe.
Família é quando seu amigo te faz cafuné depois de um término, é quando ele dorme mal por causa do seu próprio luto, família é quando a mãe dele te chama de filha e ressalta “pode contar comigo”, família é quando você vibra com os planos como se fossem seus, é quando se emociona com algo que o outro escreveu de si. Família é a paciência de ensinar sobre assuntos que pela milésima vez o outro desconhece, é quando você entende a dor, é quando se tem história símile, quando relembra o outro do valor que ele tem. É aquele exato momento em que você não abre mão de se encontrar com a pessoa porque vai se mudar no dia seguinte. Família é quando o tempo não é capaz de dissipar o elo.
Neste dia que marca o início de um novo ciclo pra você, eu quero agradecer por todas as vezes em que vivemos e manifestamos família um ao outro.
Voe alto, xuxu!

Inserida por MichelleRamos

⁠Amigo Fiel

Amigo leal, fiel companheiro,
Um irmão guerreiro, firme e inteiro,
Camarada de risos e tempestades,
Poeta da vida, em tantas verdades.

Na porta do dia, sempre presente,
Seja em BH ou num simples ambiente,
Do supermercado às ruas da cidade,
Tua amizade é luz e liberdade.

Resoluto, enfrenta o que vier,
Com galhardia, faz o que é certo e quer.
Resiliente, não se deixa abalar,
Sincero no olhar, pronto a escutar.

Conhecer-te é privilégio e sorte,
És bússola em tempos de sul e norte.
Amigo fiel, meu eterno parceiro,
Caminhemos juntos — sempre por inteiro.

Inserida por JBP2023

⁠às vezes nos basta um abraço
que por si só diz tudo
embora silencioso e calado
às vezes nos é suficiente um abraço
do tipo abraço-ninho
urgente e apertado
às vezes tudo o que se quer
é um abraço
de alguém desconhecido ou amado necessário e encaixado
um abraço sem dor e sem pressa
abraço do tipo agora
sem pensar no futuro
ou no passado
às vezes ou sempre
mas um abraço
que nos alivie o medo
e nos faça encorajados
(Livro Apenas uma possibilidade)

Inserida por renatosq



Eu e minha amiga Nina

E lá estávamos nós, pedalando nossas bicicletas, deixando os cabelos dançarem ao sabor do vento. A estrada à nossa frente, a vida passando rápido, mas nossos olhares se cruzavam, e cada sorriso seu era como uma centelha que me impulsionava a ir mais longe. Meu coração batia forte, ansioso por descobrir algo novo, algo que só o desconhecido poderia nos oferecer.

Nina, com seu jeito único, misturava meiguice com uma pitada de loucura. Como não se encantar por ela? A menina das histórias mais fascinantes, dos momentos mais inesperados. Cada palavra que ela pronunciava era como uma página de um livro que eu nunca quisesse terminar.

Chegamos à beira da barragem, e seus olhos brilhavam como estrelas refletidas na água. Era como se o sol inteiro estivesse contido neles, iluminando tudo ao redor. Naquele momento, o mundo parecia se resumir à maravilha que era vê-la admirar a paisagem. Era a pureza de uma criança, a profundidade de uma mulher e a doçura de uma menina, tudo em um único olhar.

Inserida por matador777

⁠Reciprocidade

Reciprocidade... Algo que eu nunca vou poder experimentar. Ando me doando tanto por um "nós" que nunca existiu... Quer dizer, pelo menos para você, não. Cresci carregando fardos alheios, me culpando por coisas que não eram minha culpa, pedindo desculpas por coisas que eu não deveria pedir e, por fim, sendo deixada. Até que você chegou na minha vida, com tantas falsas promessas, dizendo que nunca iria me deixar, fazendo com que eu me sentisse suficiente, especial e genuinamente amada.
Eu sou tão burra! Como pude pensar que eu seria, pela primeira vez, suficiente pra alguém? Isso nunca vai acontecer, mesmo que eu dê o meu máximo. Afinal, olha pra mim. Eu não sou o tipo de pessoa que as pessoas querem ter por perto, mesmo que eu me esforçasse ao máximo (como eu fazia por você). Agora que você já tem tudo o que queria e que está confortável... vai me deixar mais uma vez. Me sinto enganada, burra, inútil... Uma vez pensei que as coisas negativas que eram ditas sobre mim não eram verdade... Mas acho que são e sempre foram, e eu não queria aceitar.
Assim que você chegou na minha vida, eu soube que seria a melhor coisa ou a minha maior dor. E adivinha?

Inserida por AnnaXavier

⁠Café com Leite
Por Diane Leite.

Por muito tempo, acreditei que felicidade era ter muitos rostos ao redor, muitas vozes preenchendo os vazios da minha existência. Eu buscava pertencimento como quem busca abrigo em dia de tempestade — desesperada por calor, por acolhimento, por uma certeza de que eu fazia parte de algo.

Mas eu não fazia.

Lembro-me do incômodo sutil ao estar entre minhas primas. Elas riam, brincavam e se entendiam como se falassem um idioma ao qual eu nunca tive acesso. Eu sorria por educação, mas havia um silêncio interno em mim que não se dissipava. Talvez fosse a falta de espontaneidade, talvez fosse algo maior — um desencontro entre quem eu era e o que o mundo esperava de mim.

Então veio Ana Cecília.

Nos conhecemos no pré-escola, e, sem precisar de palavras, soubemos que éramos iguais. Ela era uma das poucas meninas afrodescendentes da escola; eu, uma criança que sempre sentia que não se encaixava. Não fomos unidas pelo acaso, mas pelo instinto de sobrevivência. De alguma forma, sabíamos que estar juntas tornava a solidão menos afiada.

Sob a sombra generosa de um pé de manga, criamos nosso refúgio. Choramos as dores que ainda não sabíamos nomear e sonhamos mundos que ainda não existiam. Quando alguém ria de nós, nos olhávamos em cumplicidade e repetíamos nosso mantra secreto: "Café com leite." Um apelido que nasceu de uma piada alheia, mas que transformamos em escudo. Se éramos diferentes do resto, que assim fosse.

Ana era minha fortaleza; eu era sua guardiã.

Eu não permitia que ninguém a ferisse. Defendia sua honra como quem defende o próprio coração, porque era isso que ela se tornou para mim: um pedaço do meu mundo que ninguém tinha o direito de tocar.

E havia Camila — popular, cercada de gente, luz e barulho. Ela me estendeu a mão, me incluiu em um mundo onde pertencimento parecia fácil. Mas aprendi, com o tempo, que amizade não se mede em números. Camila era festa; Ana era lar. Com Camila, eu ria. Com Ana, eu existia.

A vida seguiu. Cada uma tomou seu caminho, como as folhas que caem da mesma árvore, mas voam para direções opostas. Ainda assim, o que criamos sob aquele pé de manga nunca nos abandonou.

Hoje, aos 40 anos, sei que pertencimento não é sobre caber. É sobre encontrar alguém que te veja por inteiro e ainda assim escolha ficar. Ana me ensinou que laços verdadeiros não precisam de multidões, nem de aprovações externas — só de dois corações que se reconhecem.

Eu não trocaria nossas tardes de manga com sal por nenhuma festa lotada.

Se pudesse dizer algo à criança que fui, diria: não tente caber onde sua luz é diminuída para que os outros brilhem. Amor não é barganha, pertencimento não é concessão. As pessoas certas não preenchem vazios — elas lembram que você já era inteira o tempo todo.

E Ana, em algum lugar, sabe disso. Assim como eu.

Inserida por dianeleite

⁠A Alquimia do Encontro: Raízes que Florescem no Silêncio das Estrelas

(por Diane Leite)

O tempo nos ensina que algumas histórias não são lineares. Elas não obedecem ao relógio, nem seguem a lógica previsível da vida. Algumas histórias são sementes lançadas ao acaso, brotando onde não deveriam, florescendo no impossível.

Jamile e eu fomos assim: duas raízes fincadas em solo árido, crescendo contra as previsões, sustentadas apenas pela força do que nos unia. No início, não havia teoria, não havia análise — só a intuição de que, de alguma forma, éramos feitas da mesma matéria invisível.

Mas o tempo passou. E hoje, olhando para trás, vejo o que não sabia nomear naquela época. O que nos uniu não foi apenas a amizade — foi a alquimia silenciosa que transforma dor em cura, que tece laços onde o mundo só vê desencontros.


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1. O Encontro Antes da Consciência

A maternidade nos reuniu. Mas não da forma convencional, onde se romantiza o milagre da vida. Nos reconhecemos no não dito, na exaustão, na solidão de sermos mães fora do roteiro esperado.

Jamile, com sua filha Bia — a menina que desafiou diagnósticos e estatísticas, que existia com a ousadia de quem ignora limites. Eu, com meu filho superdotado, que carregava uma mente à frente do tempo, mas sentia o peso de um mundo que não sabia acolher sua diferença.

Nós nunca dissemos "está tudo bem". Porque não estava. Mas havia algo maior entre nós: a liberdade de não precisar fingir.


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2. Entre o Silêncio e o Abraço: O Que Só o Tempo Revela

Na época, eu não entendia a profundidade do que vivíamos. Só sabia que, quando Jamile sorria, algo em mim respirava aliviado. Que, quando Bia ria, mesmo sem entender tudo ao seu redor, ela me ensinava que felicidade não precisa de autorização.

Hoje, sei que a nossa amizade era mais do que um encontro de afinidades. Era um espelho. Winnicott chamaria de objeto transicional — aquilo que nos permite existir entre o desespero e a esperança. Mas, para nós, era só um café compartilhado em meio ao caos, um olhar que dizia: "Eu vejo você".


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3. Quando a Vida Ensina o Que os Livros Não Contam

Prosperidade nunca foi sobre dinheiro para nós. Era sobre rituais pequenos: dividir o silêncio sem precisar preencher o vazio com palavras. Sobre saber que podíamos reclamar, chorar, dizer que estávamos cansadas, sem medo de sermos julgadas.

Bia, com seus 20 anos e o desejo de um namorado, nos ensinava algo que nenhum manual de psicologia poderia: a vida não pede permissão para existir. Ela amava, queria ser amada, ria com a mesma intensidade com que desafiava a medicina.

Na época, eu via isso como um milagre. Hoje, entendo que era muito mais: era a materialização do que Freud chamaria de pulsão de vida. Era a prova de que a existência não se resume a estatísticas, mas ao desejo inquebrável de viver.


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4. Opostos que Dançam: Eu, Nuvem. Ela, Chão.

Eu, a sonhadora. A nuvem sem direção, movida pelo vento da curiosidade infinita. Jamile, o chão. A mulher prática, que transformava sonhos em planos concretos.

No início, eu achava que éramos opostas. Mas o tempo me mostrou que éramos complementares. Jung falaria sobre animus e anima — a fusão entre o impulso e a estrutura, entre o voo e a raiz.

Ela me ensinou a construir pontes onde eu via abismos. Eu a lembrava de que até as pontes precisam de espaços vazios para existir.

E nessa dança dos opostos, descobrimos que coragem não é a ausência do medo. Coragem é a arte de caminhar com ele.


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5. O Futuro que Já Nasceu Dentro de Nós

Hoje, Jamile criou três filhas em um mundo que ainda hesita em aceitar o diferente. Eu sigo voando, mas agora sei que até os pássaros precisam de um lugar para pousar.

E Bia?
Bia continua rindo.
Bia continua amando.
Bia continua desafiando o destino, provando que algumas almas não seguem regras. Elas simplesmente existem.


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Epílogo: Para Jamile, Minha Irmã de Alma

Se eu pudesse voltar no tempo e falar com a mulher que éramos há 20 anos, eu diria:

Resiliência não é virtude. É verbo.

Amor não é posse. É ato revolucionário.

Prosperidade não está em números. Está no som das risadas de Bia, ecoando além do tempo que lhe foi roubado.


Porque agora eu sei.

Não foram 20 anos de amizade.
Foram 20 anos de constelação.

Duas estrelas que se encontraram no caos cósmico e decidiram iluminar juntas a escuridão.

Porque algumas histórias não cabem em diagnósticos.
Elas simplesmente acontecem.
E isso já é toda a teoria que precisamos.

Inserida por dianeleite

⁠O samba tem dessas coisas… Ele acolhe, abraça, embala e cura. Foi no batuque do pandeiro e no lamento do cavaquinho que encontrei refúgio quando a saudade apertou, quando minha irmã faleceu . Foi aqui, no Miss Favela, que a dor virou melodia, que a ausência virou roda e que o Brasil coube em um abraço apertado.
Entre goles de cerveja e versos de partido-alto, fiz amigos que viraram família, cantei histórias que jamais serão esquecidas. Aqui, cada batida do surdo foi um passo na minha caminhada, cada sorriso, um reencontro com a minha essência.
Hoje, esse samba se despede, mas seu eco continua. Nas esquinas do Brooklyn, nas lembranças de quem dançou até o chão, nas palmas que nunca vão parar de marcar o compasso. O Miss Favela pode fechar suas portas, mas jamais fechará seu samba.
Obrigado Turma do samba, obrigado Miss favela!

Inserida por leonardo_lyra

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