Carta do Marido da Aeromoca Tam

Cerca de 15345 frases e pensamentos: Carta do Marido da Aeromoca Tam

BREU PROFUNDO (soneto)

Em cada estrela no céu a palpitar
Na imensidão do breu profundo
Me sinto agora em outro mundo
Quase sem ruído, tudo a silenciar

Noite. De um negror moribundo
O veto proceloso na greta a uivar
E o sonho sem ter como sonhar
As horas mais lentas no segundo

E a voz da solidão no abandono
Que nas sombras se escondem
Azoado, sinto o hálito do sono

Minha alma tal como um refém
Devaneia na saudade sem abono
Na escureza velando por alguém

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01/04/2020, 19’29” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Obrigado

Pelos dons oferecidos, poeto
(o meu poetar é no cerrado)
Pela inspiração sou inquieto
Obrigado!

Pelos devaneios, as venturas
Em sua formosura e pecado
Pelos versos com aventuras
Obrigado!

Pelo afeto com suas rimas
Horas más, as sem agrado
Também, pelas com estimas
Obrigado!

Pelo ipê no sertão em flor
Nos versos não ter faltado
Ó singelo trovas de amor
Obrigado!

E tu, que és alento constante
No estro o desejo acordado
Ai! sempre do sonho diante
Poesia.... Obrigado! Obrigado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/04/2020, 07’50” - Cerrado goiano
Paráfrase Pedro Homem de Melo

Inserida por LucianoSpagnol

Brás

No centrão da terra da garoa
De janelas para a rua
Velhos na praça, atoa
Casarões no tempo tatua
Desta ou aquela pessoa
A história... e a vida continua
Os moleques descalço o pé
De juventude nua
O boteco de seu Josepe
De outrora, tão fugaz!
O ambulante vende leque
A italianada em cartaz
Nas cantinas, nos bares
Aqui é o Brás!
Terra de todos os lugares...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/04/2020, 12’58” – Brás, São Paulo

Inserida por LucianoSpagnol

AMOR & POESIA (soneto)

Cuidei que o afeto voasse
Pelo céu do cerrado afora
E para versar então agora
Inundei o senso de enlace

Perdido no diluvio da hora
E para que tudo não passe
De uma ilusão sem classe
Trovei paixão para aurora

Porém, insoniava, malfada
A vil opressão que só trazia
Incerteza no peito sufocada

E, assim, que alvorou o dia
Afago embalou a madrugada:
E aninei com amor a poesia!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/04/2020, 04’15” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Revinda

Vim morrer em Araguari
Cidade sorriso, eterna
Que a mocidade é daqui
E o meu berço governa

Em uma banda a revinda
Na outra a fonte fraterna
Entre ambas a falta ainda
De a história que hiberna

E sinto, sinto: ganas nuas
O sentimento na berlinda
A ternura vagar pelas ruas
E rir. Antes que tudo finda

Vim morrer, no aceitar vim
Cá para as bandas das gerais
Vim. Outrora chama por mim
E, e por fim, não chama mais...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 08’01” – Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

ESTÁ A AMAR (soneto)

O amor não é somente
Uma poesia a se compor
São versos dum sedutor
No coração em semente

Cresce no desejo, é sabor
Mais que o simplesmente
Que o propósito da gente
Mais que ser um rimador

Tem na trova algo maior
Que a rima nunca mente
E o cheiro de prosa no ar

Na inspiração cortês vetor
Uma composição diferente
Ao poeta que está a amar...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 16’24” – Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO OCULTO

Tua poesia veio a mim. Donde viera?
Que canto? Que harmonia? Encanto
Rima doce: - tão sossegada quimera
De leve compasso verso sacrossanto

Inspiração de furiosa paixão sincera
Magnetizando os meus olhos, tanto
Em cada estrofe, que o ledor espera
A todo a leitura, e a todo o recanto

Ai! eu nunca mais consegui esquecer
A fleuma das trovas que ali exalava
E em cada linha o sentimento eleito

E a emoção subiu ao peito sem conter
Os suspiros, que cada verso provocava
Ah! versar: terno, amoroso e perfeito!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 22’32” – Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

Encontro

Inspiração, agarrei-te
Pelo cangote da poesia
E, contigo, nesse deleite
Ri, chorei, e na ousadia
Dei ao meu eu devaneio
Que a imaginação fantasia
E os versos, dela recheio...
Delirei passo a passo
E tão pouco sabia
Que ali seria laço
Que a alma quisera
Ter como compasso
E a cada trova, nova era
De colher cada meu pedaço
Que vivia em espera
Em segredo no coração
Assim, então, achei-te
Ó poesia, Divina criação
E para cada afeite
Uma emotiva razão!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/04/2020, 07’37” – Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

Embate

À volta de incerta inspiração
Ocupei as minhas mãos.
.... e foi a poesia sua combinação!

Brinquei de poetar a vida
Só por tê-la.
Ai! como é incontida
Misteriosa e bela
Cheia de medida!

Em rima discreta, branda
Fui poetando, fui poetando
O que a emoção manda...

E, o que o fado me foi dando
Talvez fiquei devendo à poesia
Um canto de delírio, trovando
Ou talvez mais alegria!
Quiçá! Uns versos amando.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/04/2020, 17’52” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO INDOMÁVEL

Ó pranto! À dor, quando, entranho
Fico sem rumo certo pelo cerrado
O anoitecer, quando, chega calado
Tudo é solidão, e em nada é ganho

Tristura, fria, que pesa no passado
O vento é poeira de ardor estranho
E a hora lenta e tão sem tamanho
Que o olhar vazio, alheia, fissurado

No meu alvo silêncio, rude insônia
Clamo por todo o arrimo, em vão
Nada escuta, indigente cerimonia

Invento um verso, tento, e tento
E rasgo-o, continuas sem demão
Tudo é indomável no sentimento

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 de março de 2020 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

COBRA CEGA (soneto)

Era a saudade, saudade crua que vela
A solidão. Com a impostura do pranto
Que sente falta, partida em um canto
Do coração, que se veste da dor dela

Era a lembrança! Curvada na janela
A esperar que se quebre o encanto
E no horizonte desanuvie do manto
Da noite vazia, e se torne leve e bela

Era a angústia com a sua tristura cada
Era o seu silêncio e o seu tempo lasso
O desespero na negrura da madrugada

Que brincam, com o desanimo crasso
De olhos vendados, e a ventura atada
De cobra cega com o prazer escasso...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/04/2020, 15’11” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DESABITADO

Ao poema que roga, desesperadamente
De saudade, separado de sua rima ideal
Onde o coração sofre o afeto ali ausente
Nas desventuras em que se vê sem o qual

Não lhe basta um amador simplesmente
Nem só o gozo duma trova que seja a tal
Nem o simples desejo, deseja vorazmente
O compasso do beijo, num versar musical

E as poéticas inspirações que lhes somem
As quais quisera... paixão cheia de pureza
A esperança de quere-las lhes consomem

E os vazios do sentimento no seu cantar
Compõe solidão, em uma maior baixeza
Escrevendo dor, sem o amor para poetar

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/02/2020, 18´12” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Destino

Nas linhas da minha poesia
leio o teu olhar
com rimas cruzadas, luzidia
sinuosas a poetar.
Interferindo no meu destino.
E assim, eu pus a cantar
tal o badalar de um sino
o coração a anunciar.
E neste som divino
a vida nos seus caminhos
o meu e o seu num continuo
Desejar... íamos sozinhos
até nossas mãos entrelaçar.
E, neste poema marcado
de versos ao nosso dispor
desde então, o fado
juntos, passamos a compor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/02/2020, 23´21” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Amar você é versar em minutos…

Amar-te é escrever poesia de amor
Os versos são como o teu beijo
De rimas saborosas de alegria
Valeria, tão bom este desejo
Nestas trovas derramadas
Aos teus pés, assim me vejo!
Palavras enramadas
Num poético bafejo
Um poeta da emoção
Cântico de doces frutos
Infinita inspiração...
Amar você é versar em minutos...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

FRANCAMENTE

Não te amo por apenas querer amar
Como se fosses um olhar do desejo
Amo-te como se ama com o ensejo
De amar-te, assim, em qualquer lugar

Amo-te e neste amor eu te almejo
Dentro do meu peito a lhe poetar
O sentimento que vive a sussurrar
Na alma, e no doce ardente beijo

Me vejo, te vejo neste amor denso
Sem saber quando, como nem onde
Pois, o quero em mim por extenso

Francamente, aqui venho a lhe falar
Deste amor que não mais se esconde
E, que na prosa não quer mais se calar

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/ 02/ 2020, 13’04” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DE MARÇO

Março, das findas águas de verão
Do até mais ao carnaval de fevereiro
Em ti o refresco do calor de janeiro
O mês da poesia em comemoração

Das férias a labuta é o mês fronteiro
Do Jobim atar em chuvas a estação
É pau, é pedra, caminhos e canção
Do calendário gregoriano o terceiro

Mês dos piscianos na constelação
Rebento do outono caírem no terreiro
Tapetando de secas folhas o chão

Do dia oitavo a mulher é palavreio
Exaltada pelos poetas na inspiração
De devoção a José, do mês padroeiro...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Março de 2017 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO DESEJO

Quero-te no desejo sem fim
Um beijo que poete o amor
Aos sons dum anjo querubim
Assim.... no coração amador!

Que o olhar feche ao rumor
Da desdita, e vire-se pra mim
E beije-me com todo ardor
No meu amor que está afim

Viva só para a minha vida
Num esterno doce querer
Sem você ela é repartida

Quero-te no meu peito, ser
Prazer, e aos teus pés caída
A minha paixão, o meu viver!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01/03/2020 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Becos do Cerrado

Becos do meu cerrado
Amo a tua melancolia, seca e tortuosa
Teus ipês breves. Teu devaneio encantado
De recantos de chão árido, e flora andrajosa
Teu cascalho roliço, céu cinza e enfumaçado
Deixando a alma da gente, comovida e chorosa
Do pôr do sol nos tordos galhos, luzidio, encarnado

Amo o silencioso horizonte, cheios de tal quimera
Que em polmes dourados e os olhos cheios d’água
Suspiram em poemas de rogo, tal a rudeza, quisera
O vento, em açoites nos buritis, aturando a frágua
Nas frinchas de suas folhas, e que ali então esmera
Que se defende, peleja, viceja e na imensidão vivace
Desenhando o sertão do planalto de intrigante biosfera
Como se a todos nós um canto de resistência declamasse.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de março de 2020 – Cerrado goiano
paráfrase Cora Coralina

Inserida por LucianoSpagnol

ALTERAÇÃO (soneto)

Como se a sorte, tirar-me, assim quer
Como a névoa no cerrado embaça o ipê
Você, assim na sina tornou-se por quê?
E o destino passou outra trova escrever

Como se as promessas não mais a mercê
Não mais se lê na vã inspiração a sofrer
Você, agora figura numa dor para valer
E os sonhos se fazem de simples clichê

Um céu tão cinza matizou-se lá fora
Sem arco íris e um ar tão tenebroso
Na alma, é sofrência que sinto agora

Como se pudesse não ser malditoso
Nesta poesia, em que o verso chora
O que um dia no cantar foi mavioso...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 de março de 2020 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Luciano, quem você é?

Sou um gajo que de ilusão me trajo.
Do século passado
como um sonhador, ajo

Trago comigo o chão do cerrado
entre currais e fogão de lenha
longe do presente e do passado
perto do devaneio, sem resenha
numa quimera que aqui eu caibo...

Cá chorei, ri, tive vario saibo
do fado!

E neste mundo diverso
adentro do sertão
nasci em fevereiro, do universo
sou das águas, da criação
e na razão, um tanto disperso...

Tive asas na inspiração
Confesso!
E no possível, muita emoção.

Aos anseios pouca meta
padeço a uma geração
quase nada me completa
quase tudo a minha admiração
sou planalto numa reta
porém, altos e baixos na imensidão
coração ferido pela seta...

Pelo menos penso
na minha opinião
se não, ah! sou intenso
eterno na paixão
e nos versos, denso.
Um poeta? amador... sei não!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de março de 2020 – Cerrado goiano
paráfrase Cora Coralina

Inserida por LucianoSpagnol

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