Carta do Marido da Aeromoca Tam
”Perdão aos Anjos”
Invejável inveja do invejoso
Que inveja minha inveja
Me vendo sob o destino irônico da sorte
Peço licença apenas ao poeta da morte
Livremente preso a isso
Ganho vantagem a tudo que temo
Se inevitavelmente serei invejoso
Que seja da obra prima da mente de um gênio
Tuas migalhas transcendem a cova, poeta
Tu és cirúrgico, triste e fatal
Ironias invejam teu velho cadáver
Morrestes pra nascer um imortal
Uma cópia mal feita de um lapso singular
Um desastre achado no fundo do poço
Tão pobre quanto quem só veste Prada
Apenas isso e mais nada…
“Sorrisos, cachaças e traições”
Um bom dia! amargo, meu café
Desespero, não! Ainda tenho tempo
Agradeço em dia a falha que plano
Afinal, quem eu seria
Se não fossem meus demônios?
Uma parede, apenas beijos
Embriago brigas e sermões
Desatento, entre espasmos aceito
Sorrisos, cachaças e traições
Também penso sobre isso
Na cama, quando o tempo dá voltas
Achei meu jeito de ser fútil
É tão intrigante quanto inútil
Um delírio lúcido sem respostas
”Sobre ela e eu”
Inútil seja meu paladar vazio
Hoje pensei ter certeza de tudo
Perguntas, cavavam o próprio abismo
Beiravam a ira de um absurdo
Acena com calma, respira
Fecha o olho, ainda é dia
Não me respondo como antes
Meus dedos frios são poesias quente
Já nem entendo meus sujeitos mortos
Agarro um álcool e um inconsequente
Um sonho lúcido e um precipício
Salto de peito e espero meu guia
Sorrindo com frio na barriga, caía
Armado ao amargo fato, dizia
O sorriso é uma falha no caminho
A vida, consciência de uma faixa
O choro é a verdade de um sorriso
E a morte, é um gato numa caixa
”O paradoxo dos olhos abertos”
Sobre vida, interceda o mar que me deu
Ainda há quem diga que o vendaval sou eu?
Prepotente perante a todos
Impotente a mim mesmo
Escondo, odeio, exalto e amo
De minha verdade ser um quarto sozinho
E outras 3 perdidas por aí
Simplesmente complexo
No paradoxo dos olhos abertos
Um conto de fadas que termina em tragédia
Também é tragédia que termina em conto de fadas
MONÓLOGO DA FOME
Eu estou com fome, meu senhor.
Perdi meu emprego, fiquei doente
E hoje moro na rua.
A covid matou metade da minha família.
De onde eu sou?
Não sou da Disneylândia, já morei na Ceilândia, na Estrutural,
No lago Azul, em vários lugares, nesses lugares em que as pessoas não desejam morar.
É hoje eu moro aruá, lugar em que muitos desejariam morar, para ter a liberdade que eu tenho, mas para morar na rua a pessoa precisa passar por onde eu passei, viver o que eu vivi.
Meu senhor, por piedade, diga-me, o senhor vai ou não me dar um prato de comida?
BEM COMUM
Pobre do homem que se faz instrutor
que anula o instinto em nome do amor
não quero com isso lhe ensinar o que sou
cairia no erro que sempre me enlaçou.
Doravante só direi não
não para tudo que é tese de alienação
não para todo sistema e esquema de dominação.
Até hoje disse sim, a fim de concordar
para sempre aceitar o melhor bem comum
de estranhos e amigo, que andavam comigo
me chamando de irmão.
Hoje fui despertado para outra razão
e voltei ao domínio da minha natureza
na sublime beleza que existe no não.
O maior erro humano reside na conclusão.
Quantas teses já perderam sua validade e importância? Mas no campo das relações humanas isso é mais notório. Erramos quando concluímos um assunto, um julgamento sobre outro. Somos falhos, quando afirmamos saber algo fora de nós, o ponto de vista é uma ilusão, um vago parecer sobre o que observamos.
SOBRE O AMOR
Sobre o amor, dizem que quem ama cuida, quem ama perdoar, quem ama aceita, quem ama não limita, quem ama acredita, dá segunda chance.
Tudo mentira. Quem ama escraviza, domina, ignora o desejo do outro, quer sempre ser visto e aceito em primeiro lugar, acredita firmemente no direito de posse, esta é de fato a forma humana de amar.
A forma perfeita de amar não é possível aos seres humanos, pois no amor perfeito não há cobrança, nem exigências, o amor perfeito não limita nem condiciona o objeto amado.
O amor que desejo amar é livre, perfeito, sem hipocrisia ou condição, este amor que idealizo é uma utopia. Nem mesmo Deus, no contexto teológico cristão ama dessa forma, pois há uma condição. Os que não se curvam às suas leis, no final, no dia do juízo, serão desprezados, condenados, esquecidos, banidos de sua filiação.
Talvez a definição de Paulo, em sua primeira carta aos coríntios, cap. 13:4-8 se aproxime desse amor perfeito, contudo o resto da doutrina esqueceu esta parte, mas foi um bom começo para iluminar esta forma de amor que almejo.
ÓPERA DO SILÊNCIO
Na solidão sem fim que ora vivo
por desgaste social outrora ativo
busco a performance perfeita
da minha mão direita criativa
que embora senil e lenta,
e às veze débil, continua viva.
Afasto-me do mundo, de engano
e retórica.Levado pela mão
da minha redenção simbólica.
Uma vez sozinho,
sem o sabor da carne
sem abraço-amigo
sem o pão do Cristo
sem o prazer do vinho,
como Handel espero compor
a ópera do silêncio
na ilusão sagrada de construir
o meu próprio ninho.
Evan do Carmo 21/11/21
Pensamentos não tem hora nem momento. Fluem livremente. Não implicam necessariamente em um destinatário ou em algum recado. Não atingem pessoas ou objetos reservados. Não contam uma história específica e sim traduzem muitas situações semelhantes entre os diversos amantes. Seja em Paris, Roma ou Veneza, imaginar o amor é como um doce sobre a mesa. Esperando ser degustado, primeiro deve ser contemplado. Pensamentos
apenas vêem à pena do poeta e são declamados sobre o papel. Aqueles que sentem estar dentro do fato narrado já viveram na pele a sensação de ser amado.
PRESSÁGIO
Quando você anda
Eu penso no mar
Na esquina da rua
À espera da lua
Eu me pego a sonhar.
A noite esfriou
A lua não veio
O mar me avisou
Que virá tempestade
A luz da cidade se apagou.
Um canto ofegante
Soprou minha sorte
Presságio de morte
Num passado distante.
Quando você acordar
Se lembre de mim
Na esquina da rua
À espera da lua
Eu me pego a sonha
O LADRÃO E O FILÓSOFO
De João Batista do Lago
Se perceberes teu quintal invadido
e nele um ladrão afoito a furtar,
não o abatas ao chão com um tiro,
convide-o para contigo jantar.
Oferece o teu melhor vinho (e)
faze-o comer da melhor iguaria
deixa-o perceber todo o teu carinho
e fá-lo um amante da sabedoria.
Aconchega-o e fala-lhe da democracia, (e)
diz-lhe das vidas que a ditadura furtou
mas, sempre moribunda, nada logrou.
E depois de deixá-lo saciado, enfim,
convida-o para dançar sob a chuva, (e)
com a noite saudar o novo dia assim.
CANTO LIBERDADE
Letra: João Batista do Lago
Do quilombo dos Palmares
a voz de Zumbi ecoou
lutando por liberdade
a todos nós encantou
Não é fácil, não,
calar nossa voz,
somos uma só nação
temos um só coração
peito pulsando emoção
um só grito de libertação.
Saibam todos vocês,
senhores donos do mundo,
temos orgulho de nossa grês.
Somos madeira nobre (e)
reluzimos como ébano
nascidos do barro e do cobre.
Somos filhos da paz (e)
de liberdade contumaz,
nossa tez é nosso ouro.
Nenhuma insensatez
há de calar nossa voz
somos liberdade, não o algoz.
Do quilombo dos Palmares
a voz de Zumbi ecoou
lutando por liberdade
a todos nós encantou
Crianças no lixão é vontade do homem, é permissão de Deus, ou é livre o arbítrio delas mesmas?
A humanidade precisa ir além do conforto da espiritualidade e da virtualidade dos deuses. É preciso ir além da compaixão incondicional diante dos candelabros de ouros, é preciso sair da zona de conforto das orações e do comércio santificado de medalhinhas, é preciso menos demagogia e discursos doutrinários. A humanidade jamais chegará a igualdade, porém a prática do altruísmo seria uma forma de regrar os instintos naturais do egoísmo humano. Deus? Deus continua sendo Deus olhando para as crianças.
A. V.
Saudade do tempo que eram apenas "300 picaretas com anel de doutor."
Hoje são 513.
Nunca fez tanto sentido a frase: "Num assalto, jamais reaja."
Pois é, eles assaltam todos os dias e o povo inerte não reage nunca.
"Até quando esperar? a plebe ajoelhar? Esperando a ajuda de Deus."
Quero voltar a ser criança
à inocência da infância
eu preciso recordar.
Encontrar este menino
Que escreveu o meu destino
Eu desejo lhe abraçar.
Lhe contar as alegrias
que vivi No seu roteiro,
como até cheguei primeiro
onde ele imaginou.
Lhe falar do sofrimento
De deixar coisas pra trás
Do lamento da derrota
Mas o amor seguiu a rota
Que me trouxe muita paz.
SOL
Sol que me aquece
Sol que me guarnece
Sol que é calor
Sol que é vida
Sol que é amor
Assim, consciente da sua grandeza sinto o pulsar do meu coração ao te ver nascer no horizonte e o quanto à medida que vai subindo ou eu com a terra vou rodando, parecendo mais distante, mas ao novo dia está ali a apenas um instante. Quase posso tocá-lo. E onde houver sol, lá é meu lugar. É prá lá que vou. É lá que sou! O Sol é meu amor!
Socorro Mendonca
PARA MANTER VIVA A HISTÓRIA
SAUDADES DO MEU CABOCLO DOS OLHOS AZUIS!
E daqui a pouco será 6 de janeiro! Era no início de janeiro que os moradores de Olivença mantinham a tradição de ir à mata, escolher a árvore que seria derrubada para no dia 06 de janeiro serem dois mastros, arrastados por cordas, pelos índios e moradores (adultos e crianças) do lugar que foi integrado ao município de Ilhéus em 1912 (Aldeia dos índios dos padres) e que é Distrito Rural de Ilhéus.
Já morando no Pontal desde os sete anos de idade, vindo do Acuípe, meu pai em nenhum ano deixou de cumprir o seu dever, participando da “Puxada do mastro de São Sebastião”.
Nas noites dos dias anteriores, ele sempre saía embaixo do “Boi estrela” como chamávamos o bumba meu boi, acompanhado pelos zabumbeiros, os quais tocavam tambor, flauta, pandeiro e zabumba, indo de casa em casa. Era momento de arrecadar alimentos ou outra ajuda para o alimento e bebida a ser consumido na cepa(derrubada da árvore) que era recheada de mosquitos. Ir para a cepa era uma aventura. A hora que a árvore caía era de festejo.
Hoje, me lembro e sinto uma grande honra de lembrar do meu “caboclo dos olhos azuis” e sua fidelidade à essa festa, que infelizmente foi institucionalizada. Era tão natural!
Alteraram o dia, a nossa Olivença é invadida e a festa desrespeitada. Graças aos Machadeiros, a tradição não foi totalmente descaracterizada. VIDA LONGA AOS MACHADEIROS!
E lá vinha ele tocando o sino para anunciar a chegada do mastro. Atrás vinham os valorosos e corajosos homens, enfrentando a areia mole e desatolando o mastro, ao longo da jornada de 3km aproximadamente, que ficavam mais longos, pois tomados pelo cansaço paravam. Aos gritos de incentivo, retomavam a lida e avançavam. E todos cantavam alegremente
“Ajuê Dão, Ajuê Dan Dão, puxa puxa leva leva o mastro de São Sebastião. Ajuê Dão, Ajuê Dan Dão, Ajuê Dan Dão virou e Ajuê Dan Dão virá Ajuê Dão, Ajuê Dan Dão...”
O “Ajuê” tem a pronúncia de “Arruê”
Entre um e outro refrão, Neguinha de Geísa e outras mulheres, tiravam os versos.
Os homens levavam o mastro até a porta da Igreja de N.Sra. da Escada e avançavam com as cordas até o altar. Essa prática deixou de existir quando foi iniciada a institucionalização por causa do desrespeito daqueles que vinham de fora e transformaram a festa religiosa em profana.
Lembro do meu pai, Everaldo Mendonça, indignado com essa alteração da tradição, relembrava o quanto antigamente era diferente, que a Praça era livre e só tinha os caboclos. Acrescentava dizendo que depois vinha muita gente fazer bagunça e fazer paródias desrespeitosas.
Agora, a festa acontece todo segundo domingo do mês de janeiro e este ano, será no dia 14 de janeiro de 2018.
AVANTE MACHADEIROS! Vamos manter vivas nossas tradições
Nasce uma estrela
Assim acontece nas nossas vidas e sempre ouvimos de nossos avós e pais "Depois da tempestade vem a bonança". Assim, é... reformas são necessárias e elas acontecem primeiro dentro de nós! Deixemos a explosão acontecer e a estrela que será nossa guia, a luz do caminho, sem dúvida, surgirá.
A frase que me inspirou foi de um ateu... E o caos ao qual me refiro é esse que está dentro de nós. O caos geral é estabelecido a partir das desestabilizações individuais. O meu desejo é que ele seja canalizado para uma luz ou como queiram denominar... quem sabe, um caminho?
Eu me renovo a cada novo momento, renascendo nova criatura.
SOU ALGUÉM QUE QUER SER DESENXERGADA!
Quero ser desenxergada, desouvida e dessentida, por todo aquele que enxerga um fim. O fim é descomeço e nada descomeça. Tudo continua com novos recomeços. Eu sou e estou continuidade. Não existe início e fim.
E assim, falando comigo e sendo ouvida por mim, estou acontecendo: desvivendo o já vivido; aprendendo o desaprendido; sentindo o nunca dantes sentido.
Vejo luz na escuridão; ouço minha voz no silêncio; desnudo-me e descubro-me; sinto-me... Serena... é a paz!
Quanto sentido agora esta palavra faz... Paz! Estou em paz. Sou agora menos despreparada para: perceber melhor as situações; não repetir padrões; ser menos; ouvir o não dito; falar em silêncio; enxergar a outra verdade; desenxergar o que não se quer fazer visto; esperar o que acredito; dispensar o que desacredito; continuar caminhando na certeza de que continuarei recomeçada e, no trajeto, desinventar a solução, dando asas à imaginação e descomeçando o fim.
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