Carolina Maria de Jesus

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Carolina Maria de Jesus (1914-1977) foi uma escritora, compositora e poetisa brasileira, considerada uma importante percursora entre as autoras negras do país. Periférica, viveu parte da sua vida na favela do Canindé, em São Paulo, período durante o qual escreveu seus diários, publicados na obra "Quarto de Despejo" (1960).

⁠Nas prisões os negros eram os bodes expiatórios. Mas os brancos agora são mais cultos. E não nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz.

Carolina Maria de Jesus
Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.
Inserida por pensador

⁠"A comida no estômago é como o combustível nas máquinas. Comecei a sorrir como se estivesse presenciando um lindo espetáculo. E haverá espetáculo mais lindo do que ter o que comer?"

Inserida por isadoranutrichagas

⁠Neste quarto de despejo é horrível de se morar
Coisas absurdas acontecem neste lugar
5h da manhã tenho que acordar
Para meus filhos alimentar.

Saio para dinheiro arrumar
E quando pelas ruas tenho que passar
Pessoas fecham as janelas e saem do lugar
Acham que isso vai me magoar?
Que nada! Faço é gostar
Pois, não preciso parar e as pessoas "cumprimentar".

Da onde que já se viu?
Um homem de 48 anos desafiar uma criança para brigar
Além de quando um favelado falece
Malandros tentam lhe enganar
Dizendo que o dinheiro é para o falecido sepultar
Que nada, eles usam a esmola para se embriagar.

Me denigrem por ser preta
Porém...
Adoro minha força, meu suor
Adoro minha cor, é quem eu sou.

Quem disse que sou inferior?
Bebo que nem vocês brancos
Adoeço que nem vocês brancos
Sinto fome que nem vocês brancos.

Pena de ser negra?
Pena tenho dessa sociedade!
Que só liga para notoriedade
Que esquecem o que é racional
E ainda pratica o darwinismo social.

Me julgam por ser favelada
Mas também não me ajudam a não ser
Com um governo corrupto
E uma inflação abrupta
Que não me deixa escolher
Entre ser ou não ser.

Corro por bicos, me mato por alimento
Vivo por sobrevivência, com resiliência
E, ainda sim, roubam-me com anuência
E com bastante frequência.

E incrível como as pessoas reclamam do que faço, e até do que não faço
Dizem-me que quero ser muita coisa
Porque não bebo pinga
Mando mentalmente
Eles irem cuidar de suas vidas

Sou sozinha, tenho 3 filhos
Tenho que educá-los
E ser exemplo
Para se tornarem alguém que contemplo.

Prefiro um livro do que álcool
Prefiro o conhecimento, do que o mundão
Sou assertiva e agnitiva
E tenho um bom coração.

De cabeça erguida
Seguiu sua vida
Venceu a escuridão
Com pé no chão
Atualmente aplaudida
E muito bem reconhecida
Por isso digo:
"Muito bem, Carolina!"

Deus não muda, é sempre verdade é sempre justiça, seu amor é perfeito e não acaba.. jamais.

Inserida por anacarolinarsa