Biografia de Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914 em Sacramento, Minas Gerais. Carolina estudou apenas até a segunda série, e aprendeu a ler e escrever, atividades que praticaria muito nos anos a seguir.

Com a morte da mãe, mudou-se para São Paulo e foi morar no que viria a se tornar a favela de Canindé, na zona norte de São Paulo. Lá, teve 3 filhos e passou a ser catadora de papel. Quando encontrava papéis bons, guardava para escrever. A literatura passou a ser sua válvula de escape dos problemas que enfrentava, como a fome, a desigualdade e as dificuldade de ser negra, pobre e favelada.

Certo dia, o jornalista Audálio Dantas foi fazer uma reportagem sobre a favela de Canindé e acabou conhecendo Carolina, que mostrou seus diários ao jornalista. Ele, então, aproveitou os escritos para fazer uma reportagem. A repercussão positiva resultou na publicação do livro "Quarto de despejo", em 1960, que reunia textos de vários diários de Carolina. Em 1 semana, o livro vendeu 10 mil exemplares e foi posteriormente traduzido para 14 idiomas. Mais tarde, lançou outros livros usando o próprio dinheiro, mas eles não fizeram sucesso.

Carolina é considerada uma precursora entre as autoras negras do país. Conseguiu se mudar da favela, mas, apesar do sucesso, morreu pobre em 1977, vítima de uma insuficiência respiratória.

Acervo: 59 frases e pensamentos de Carolina Maria de Jesus.

Frases e Pensamentos de Carolina Maria de Jesus

Poeta, por que choras?
Que triste melancolia.
É que minh’alma ignora
O esplendor da alegria.
Este sorriso que em mim emana,
A minha própria alma engana

A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago.

Antigamente o que oprimia o homem era a palavra calvário; hoje é salário.

A democracia está perdendo os seus adeptos. No nosso país, tudo está enfraquecendo. O dinheiro é fraco. A democracia é fraca e os políticos, fraquíssimos. E tudo o que está fraco, morre um dia.

Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade.