Carlos Drumond de Andrade Contagem do Tempo

⁠Nem sempre uma poesia faz sentido com o embaralhar das palavras, mas em se tratando de você, as palavras fazem sentido de uma poesia.

⁠Minha mente pula e dança de pensamento em pensamento como pedra saltitando por uma lagoa.

⁠Devo dar cordas aos meus sentimentos por mais que eu tenha que guarda-los para sempre.

⁠As palavras existem não apenas para serem ditas ou escritas, mas sim para senti-las quando em pensamentos voltamos no tempo, para que possamos recordar momentos vividos, tanto alegres quanto tristes.

⁠– Procure andar com as melhores pessoas.
– E se não me quiserem?
– Procure pessoas melhores
do que elas.

⁠O talento pode ser uma bênção ou uma maldição.

⁠Quanto mais se aprofunda uma questão, mais discutível ela se torna, e mais fortes se tornam os argumentos contrários.

⁠O instante é maior que o Universo.

⁠Penso,
logo não desisto.
Se desistir,
desexisto.

⁠O destino está traçado. Será, inevitavelmente, o que você escolher.

⁠Empatia era algo que tínhamos e não sabíamos o nome. Agora é algo de que sabemos o nome e não temos.

⁠Cada um de nós é o mestre da arte de ser o que é.

⁠Não diga o que as pessoas precisam ouvir. Antes, ouça o que elas precisam dizer.

⁠Pode ser que você tenha se perdido do seu destino.

⁠Não é verdade que amigos verdadeiros não precisam de explicações. Somente as amizades rasas não se ressentem da falta de zelo. Amigos verdadeiros podem ser fiéis e dedicados como cães de guarda, mas sensíveis e carentes de cuidados na mesma proporção. Um mal-entendido pode magoar sutil e irremediavelmente, e quando se vê, não existe mais a presença, não existe o calor, a substância. Somente a forma, vazia e fria, ainda chamada de amizade.

⁠O sentido da vida é plantar jabuticabas.

⁠A vida sempre trará o que você quer; não do jeito que você pediu. Saiba ver.

⁠Na política, faça como no futebol: chute a bola, não o adversário.

Existem muitas pessoas no mundo ligadas a você de alguma forma. Ao longo da vida, você terá a oportunidade de encontrá-las, por um breve momento.

O Homem e o Abismo


Um homem tinha sua casa à beira de um abismo. E, por temer o abismo, um dia pensou em se atirar nele. O homem saiu de sua casa e caminhou serenamente até a beira do abismo, e olhou para dentro do abismo, pretendendo se atirar no abismo, o que ele julgava ser a solução para os seus problemas. E os seus problemas eram, em sua totalidade, o medo do abismo. Após um longo tempo à beira do abismo, olhando para dentro do abismo, pretendendo se atirar no abismo, o homem decidiu não se atirar no abismo, e voltou para sua casa.

A casa, bem construída em terreno firme, tinha uma horta e um cercado para as galinhas, tinha água para a plantação e pasto para o gado; o tipo de lugar onde nada de ruim tinha como acontecer. Mas tinha o abismo. E tinha o medo do abismo. E, desde então, inúmeras vezes, o homem caminhou até a beira do abismo, e olhou para dentro do abismo, pretendendo se atirar no abismo. Todas as vezes, porém, o homem decidiu não se atirar no abismo, e voltou para sua casa. Todas as vezes, ele decidiu, sabiamente, viver. Todas as vezes, menos uma. Uma única vez, o homem se atirou no abismo.