Camila heloíse
Ela se recuperaria a tempo de ver tudo que ainda existia em volta dela porque a tristeza era uma coisa muito grande, mas ainda era apenas uma das coisas.
Fingia que tudo acontecia em volta dela e perto dela e em cima e embaixo dela, mas que nada disso a atingia, porque logo tudo terminaria e a ideia era voltar a viver a vida a partir de um momento zero – não a mesma vida, isso ela sabia –, mas uma vida diferente.
O bom era o cheiro da mãe, um cheiro puro conforto e refúgio e não existia lugar mais seguro e confortável no mundo do o que o colo da mãe, com o cheiro doce da mãe, que era um cheiro que acalmava tudo.
Discordava com veemência disso, de o cinza ser a cor da tristeza, ao menos daquela tristeza, porque isso seria nomeável, se fosse cinza, era facilmente possível definir uma cor e uma densidade, e cinza eram todos os dias triste sobre todas as coisas tristes que existiam no mundo para ela.
Lugar de fala é apenas mais uma narrativa para calar uma opinião contrária. Se reparar, ninguém cobra lugar de fala de quem converge na mesma ideia, mesmo sem ter passado pela mesma experiência…
EFEITO MANADA E O VERDADEIRO COLETIVO
Somos um coletivo. Porém também temos um caminho único, com bagagens únicas, caminhando para um mesmo destino.
Ao olharmos para nós mesmos, nos vemos destacados e é um processo necessário, de autoconhecimento do próprio processo, mas quanto mais nos auto observamos, mas podemos nos ver nos outros.
Quando não o fazemos nos deixamos guiar por forças externas. Uma delas que me chama a atenção é a onda “efeito manada”.
Já percebeu o quanto somos influenciáveis por essa?
“Mas se todo mundo diz ou percebe isso, logo é verdade”.
E se a manada está se deixando influenciar por forças que ela não vê?
É como se fosse uma epidemia de informações que nós decidimos nos deixar adentrar.
Ás vezes as forças não são nem magnéticas ou invisíveis, mas só alguém ou alguns tentando manipular uma situação para obter um certo controle.
E por falar em controle, perante à isso, percebe que não temos nem o controle de nós mesmos?
Percebe como podemos ser influenciáveis quando tentamos usar a razão?
Percebe como podemos cometer absurdos em um efeito manada e nos prender ainda mais na roda cármica de encarnações da vida e da morte, a roda de samsara?
Talvez nos sentimos atraídos pelo efeito manada justamente por termos intrínseco em nós essas lembrança de um estado de ser coletivo, integrado?
Tarefa difícil de discernir quando estamos voltados para fora, quero dizer, quando estamos tentando racionalizar.
Efeitos manadas criam linchamentos, extermínios, ideologias que irão sempre marginalizar alguns ou muitos para fora dos seus centros ideológicos.
Mas se somos um coletivo, como podemos excluir alguns?
Então, logo percebemos que a motivação deste efeito manada há um princípio egocêntrico.
Quando geramos um grupo, nos separamos do todo e criamos nós e os outros, alguém ou alguns diferentes de nós e isso pode despertar um sentimento bélico. Um espaço a defender, uma nação à defender, uma raça à defender, um time de futebol, uma religião, uma ideologia política… etc.
Sentimentos bélicos geram guerras e guerras geram destruição.
Destruir algo, alguém, alguns ou vários para defender nossos ideais, proteger um espaço delimitado.
Se pararmos em um momento para refletir e nos questionar, seriam essas as ações que podem nos libertar da roda da vida e da morte?
O que mesmo estamos tentando defender?
Estou defendendo ou atacando?
Qual a necessidade disso?
E se nos voltássemos para nossos corações e nos perguntássemos: Por que estou fazendo isso?
Ao nos voltarmos sinceramente para nossos corações talvez haveria um desatar de nós. Uma dissolução destas estruturas mentais que nos deixamos adentrar ou que nós mesmos criamos e que nos separam dos outros.
Veremos que não há oponente,não há separação, não há competição e sim a cooperação, o verdadeiro coletivo.
(C.F.S)
O TEMPO
O algoz e o herói
Nos prende até nos preencher do necessário
Ou talvez nos comprime até nos esvaziar
Para assim estreitos, sermos a própria chave que adentrará a fechadura
Deixando para trás a prisão
Na liberdade, agora sem porta, paredes, fechaduras...
Sem barreiras
Sendo o Nada e o Tudo
(C.F.S)
Ei você, parei um tempo para te dizer, cada detalhe que eu gravei de você.
O seu sorriso, seu jeito de olhar, cada detalhe que me fazem suspirar.
Ei você, parei um tempo para te dizer, que meu amor, você é tudo que eu quero ter!
Meu amor, hoje eu acordei com uma vontade louca de te abraçar, de de aninhar em meus lençóis, de estar contigo...
Meu amor, esse sentimento está transbordando, meu coração está te esperando, aflito e com saudades.
Hoje eu escrevi no tempo,
Escrevi nossos momentos,
Escrevi nossas memorias,
Eu pedi um pouco mais de tempo,
Para te amar e te viver!
Novamente uma noite sem dormir
Sem nenhuma luz para me cobrir
Mas com muita dor pra não querer sentir.
Se não for assim, com quem mais será.
Tão horrível essa sensação que estou sentindo, é ansiedade batendo o tempo todo, queria tirar essa dor de mim essa sensação que as coisas não vão voltar como antes, não vão ter o mesmo cheiro, as mesmas carícias, os mesmos olhares e pensam nisso só me sufoca, me sufoca o fato do meu amor não ser mais correspondido, sabendo que não terei nem seus boa noite mais e se vou superar? Não sei, nem com tempo saberei dizer.
Não utilize as pessoas como meio de aliviar sua dor, apenas para abandoná-las quando encontrar algo que lhe traga conforto temporário, sem realmente promover sua cura.
“Olhando pela janela do meu quarto me bateu uma sensação de um ciclo que se fechou e de repente uma tristeza toma conta do meu ser fazendo com que meus olhos se enchessem de lágrimas… Estranha sensação de sentir que você nunca mais irá pertencer a um lugar que um dia tanto pertenceu… Estranha e difícil sensação de que alguém guiou e guia seus passos para que você estivesse exatamente aonde você está e por quê?
- Para que pudéssemos nos encontrar. Mas aonde você está que meus olhos não conseguem te enxergar? Será um delírio meu? Ou um amor que ainda está para chegar ou que já chegou, porém, os meus olhos ainda não te encontrou?
Respostas de infinitas perguntas que, talvez, um dia será respondida. Por agora o que me resta é levantar de mais uma noite de sono e ir tomar o meu café.”
“Estou a olhar pela janela, parece que um infinito surge diante dos meus olhos. Infinito daquilo que eu já vivi em contraste daquilo que ainda vou viver. Infinito que parece estar tão distante, mas que ao mesmo tempo está tão perto, cujo, é o mesmo infinito que às vezes traz você até mim em sonho e às vezes tira você de mim todo dia ao amanhecer… ah infinito…
Quantos infinitos mais será preciso para eu te ter sem ser em sonho? Um infinito de cores e amores? Ou um infinito de aromas e sabores?
… Ah infinito, por que trazes ela sem avisar e a leva sem pedir?”
“Sempre contemplamos a beleza de uma borboleta toda vez em que nos deparamos com uma. Porém, o que ninguém vê e fala é do processo de tornar-se-á borboleta.
E parando para pensar nisso, nosso processo é muito semelhante também… As pessoas só nos enxergam quando já nos tornamos borboletas, mas o que ninguém vê é que já fomos lagartas um dia. O processo é longo e entre a lagarta e a borboleta há a fase do casulo e cada borboleta irá passar por ela.
Nessa fase tudo é confortável e seguro, nada pode te atingir ou te machucar, mas nada pode acontecer também, nem de bom e nem de ruim, damos a essa fase o nome de zona de conforto. E assim como a borboleta só sai do casulo quando estão prontas, nós também só saímos da nossa zona de conforto quando estamos prontos. Mas não é tão fácil quanto parece, requer muita disciplina, autoconhecimento e tempo, afinal de contas, estar na zona de conforto é maravilhoso, até que chega um dia em que percebemos que estamos perdendo...
Perdendo de se conhecer, de sonhar, de amar, de construir novos desafios. Desafios que nos movem, nos motiva e nos fazem acreditar que podemos sim ser casulo ao anoitecer e borboleta ao nascer do sol de um novo dia.”
"Várias chaves podem adentrar a fechadura, mesmo à força, mas apenas uma abre a porta. E quem vai ousar abrir-lhe e adentrar seus umbrais?"
Caixa de Pandora
Quem te vê assim sempre morno,
Deveras não imagina
Que se esconde aí dentro um louco
Guardião de fantasias;
Quisera ter a chave do teu corpo.
Desvendar seus mistérios algum dia;
Libertá-lo e mantê-lo solto
Oh! Quão grande alegria!
Deixa eu fazer de ti um pouco
Minha eterna moradia.
“Nossa vida é uma verdadeira inconstância e nós também somos uma verdadeira inconstância.
Já imaginou se fossemos o mesmo todos os dias?
Já imaginou se as estações do ano não mudassem?
Que chato seria...
Ainda bem que podemos ser múltiplos e mudar. Mudar como as estações mudam.
Podemos ser o verão, onde tudo fica quente, tão quente quanto ao nosso coração. Ou podemos ser como a primavera, onde as flores nascem em abundância e nos alegra com o seu florir e colorir. Ou podemos ser como o outono, onde as cores das flores já não são mais tão vivas, mas que ainda estão vivas. Ou podemos ser o inverno, onde os nossos dias são mais cinzas, mas que sem eles a primavera não existiria.
Cinza, quente, florir ou colorir, não importa. O que importa é podermos ter a arte de mudar dentro do nosso coração. Afinal de contas, se até as estações do ano mudam por que continuar sempre a mesma?!"