Jean la bruyère

O poeta é uma mentira que diz sempre a verdade.

Mantenha-se forte diante do fracasso e livre diante do sucesso.

Entrego-me cegamente ao impulso que me arrasta.

É com as mentiras da manhã que as mulheres constroém as verdades da noite.

O discernimento consiste em saber até onde se pode ir.

Refletir é desarrumar os pensamentos.

O desespero é o suicídio do coração.

Certas rudezas de estilo são garantias da integridade do pensamento. Existe só uma forma de dizer o que pensamos, e por que razão teria que ser agradável?

Uma vez declarada a guerra, é impossível deter os poetas. A rima ainda é o melhor tambor.

Ela flutua, ela hesita: em suma, ela é mulher.

Os jovens adoram desobedecer. Mas, actualmente, não há mais ninguém para lhes dar ordens.

Os sonhos são a literatura do sono.

Aqueles que falam das alegrias do amor, por certo, nunca amaram. Amar um ser é senti-lo necessário, portanto, sentirmo-nos nós próprios numa incessante precariedade.

A ciência serve apenas para se verificarem as descobertas do instinto.

Um belo livro é aquele que semeia em redor os pontos de interrogação.

A minha única esperança está no meu desespero.

Tudo o que peço aos políticos é que se contentem em mudar o mundo sem começar por mudar a verdade.

A nascente desaprova quase sempre o itinerário do rio.

O homem em tempo de guerra chama-se herói. Pode não ser mais corajoso e fugir a toda pressa. Mas, ao menos, é um herói que bate em retirada.

Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre.