Jean la bruyère

O bem que recebemos de alguém exige que respeitemos o mal que ele nos fez.

Nada nos impede mais de ser naturais do que o desejo de o parecermos.

Embora a preguiça e a timidez nos façam cumprir os deveres, a virtude é que fica com as honras.

A inveja é mais irreconciliável do que o ódio.

A felicidade de um amigo deleita-nos. Enriquece-nos. Não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é porque não existe.

Um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido.

No amor somos injustos, porque supomos que o outro é perfeito.

Um amigo é a pessoa a quem mais se dá crédito quando fala mal de nós.

Os fenômenos humanos são biológicos em suas raízes, sociais em seus fins e mentais em seus meios.

Devemos prometer somente o que podemos entregar e entregar mais do que prometemos.

A vida é em geral alegre. O que nos torna injustos em relação a ela é que a alegria não é recordada. Ao contrário, a inquietude, essa, permanece.

Se eu prefiro os gatos aos cães é porque não existem gatos policiais.

O estilo é uma maneira muito simples de dizer coisas complicadas.

O teatro é o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença da angústia.

Se alguém mata um homem, é um assassino. Se mata milhões de homens, é um conquistador. Se mata todos, é um Deus.

Há na sensualidade uma espécie de alegria cósmica.

A alegria é para o corpo humano o mesmo que o sol é para as plantas.

A juventude é uma conquista da maturidade.

Beijo o meu rival, mas é para o sufocar.

É durante a noite que é belo acreditar na luz.