Bolo
Tem Bolo Cremoso de Puba
fresquinho na mesa que você
vai adorar com toda certeza
e há de chamar até de poema.
Um Bolo de Leite
a qualquer hora
para o deleite
do meu amor bonito
é algo que faço
com muito carinho
e com um bom cafezinho.
Utopia é como fermento no bolo. Demais enfraquece, de menos decresce.
Na dose certa e com fé, a esperança se enriquece
Hoje mamãe fez um bolo de chocolate. Acordou cedo, foi ao mercado, comprou todos os ingredientes e voltou disposta a depositar todo seu amor naquela prazerosa tarefa.
Sempre gostei quando mamãe fazia bolos. Ficava plantado ao lado dela do começo ao fim, observando-a adicionar cada ingrediente na batedeira.
Hoje foi diferente. Decidi ficar em meu quarto deitado na cama. Estava triste. Talvez mamãe tenha percebido isso. Talvez ela até soubesse que o motivo de minha melancolia fosse a ausência da minha irmã.
Nós sempre brigávamos para ver quem iria lamber a bacia e quem ficaria com os garfos da batedeira.
- A bacia é minha! - Eu gritava antes mesmo de minha mãe começar a fazer o bolo.
- Não! É minha! Desde ontem eu pedi a mamãe - Retrucava minha irmã para minha decepção. Ela sempre se antecipava.
Hoje eu nem preciso mais dizer isso. A bacia e os garfos da batedeira serão meus mesmo sem eu pedir. Porque minha irmã não está mais entre nós. Apesar de saber disso, de saber que tudo será meu, me sinto triste. Decidi ficar no quarto.
Mamãe ficou na cozinha fazendo o bolo.
Acho que ela acaba de colocá-lo no forno. Daqui do meu quarto, sinto o cheiro da massa de chocolate vindo da cozinha.
Recusei a bacia e os garfos. Isso não me traz mais prazer.
Mamãe agora tira o bolo do forno. Deixa esfriando.
Antes, nem deixava esfriar. Eu e Carol exigíamos que mamãe partisse o bolo assim que ele saísse do forno. Não importava o quanto ele estava quente. Queríamos a nossa fatia. E mamãe sempre cedia a nossa vontade.
Hoje eu não pedi. Mamãe foi quem perguntou se eu queria comer do bolo que ela fez.
Quando ela me entregou o pedaço de bolo, lembrei novamente de Carol. Brigávamos também nessa hora. Sempre achávamos que a fatia do outro estava maior. Mamãe ficava louca. Não sabia em que lado da história ficar e sempre dizia que as fatias estavam do mesmo tamanho.
Certa vez chegamos a medir as fatias com a régua.
Hoje, com o pedaço de bolo na mão, desejaria que minha irmã estivesse aqui.
Dessa vez não brigaríamos. Pelo menos eu não. Também não iria medir nossas fatias com a régua escolar. Eu só queria que ela estivesse aqui.
Eu daria a minha fatia de bolo a ela.
O Bolo de Coco e os Dias da Semana
Por Diane Leite
Ainda deitada, com o corpo entregue ao travesseiro e a mente girando devagar,
ouvi a cena como quem assiste a um filme sussurrado pela casa.
Era manhã de domingo.
E por coincidência — ou delicadeza do destino —,
também era dia primeiro.
O bolo era meu.
Mas deixei meu filho de sete anos pegar.
Ele queria dividir com o irmão de vinte e um.
Só que o mais velho já tinha comido outro doce,
e eu disse:
“Come sozinho, meu amor. Esse é todo seu.”
E foi aí que a vida virou roteiro.
“Eu acho que eu não gosto tanto assim de bolo de coco…”
disse ele, pensativo, como quem descobre que cresceu um centímetro por dentro.
O irmão, curioso, perguntou:
“Mas que nota você deu?”
“Sete.”
“Por quê?”
“Porque hoje eu não tô gostando muito de coco.”
E o mais velho, com aquela sabedoria prática que só os irmãos mais velhos têm:
“Ah… é que você gosta de bolo de coco de segunda a quarta.
De quinta a domingo, você já não gosta tanto.”
Era domingo.
E eu sorri.
Porque entre uma mordida e uma conversa,
eles me deram a melhor metáfora para começar o mês:
— Tudo que é nosso pode ser ofertado.
— Tudo que sentimos pode mudar.
— E tudo que muda pode ser recomeço.
Na simplicidade de um bolo dividido,
aprendi de novo que o amor mora nos detalhes.
Que a escuta silenciosa é presença.
E que ser mãe é isso:
testemunhar o mundo sendo redesenhado todos os dias pelas palavras dos nossos filhos.
Às vezes, o bolo de coco é só bolo.
Mas às vezes,
ele é tudo que precisamos para lembrar
que até o amor tem gosto diferente dependendo do dia —
e tá tudo bem.
Porque amar também é isso:
respeitar o paladar emocional do outro,
e ainda assim, continuar oferecendo o melhor pedaço.
Não importa se é filho, ou se é bolo, a gente só acerta a mão lá pela terceira ou quarta tentativa.
Estar na puba
é estar bem vestido,
Bolo de Puba
é bolo de aipim,
Eu prefiro os dois
para você e para mim.
Um café da tarde com bolo de fubá quentinho. Um filme daqueles que dá uma lição de vida. Umas lágrimas de vez em quando, e uma leveza na alma.
Deus não nos dá o bolo. Ele nos dá o leite, a farinha, o fermento, os ovos.
Cabe a nós colocar a mão na massa,
Porque Deus não nos dá bolo. Ele cumpre o que promete, mas cabe a nós executar!
SAUDADE TEM NOME
Se chama infância
Bolo de milho assando
Naquela cozinha grande
Cheiro de café coando.
Fogo aceso crepitando
A espera do leite vindo do curral
Frutas frescas arruma a mesa
Colhidas ali no quintal.
E tudo se chama saudade
Ainda sinto dentro de mim
Aquele delicioso sabor
Saindo do forno quentinho
Bolo puba e de aipim.
Autora- Irá Rodrigues
