Bolero de Ravel Carlos Dummond de Andrade

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Uma pessoa acaba se transformando naquilo que vê nos olhos de quem deseja.

Não existem línguas mortas, mas cérebros letárgicos.

Carlos Ruiz Zafón
in A Sombra do Vento

A fé é uma resposta instintiva a certos aspectos da existência que não podemos explicar de outra forma, seja isso o vazio moral que percebemos no universo, a certeza da morte, o mistério da origem das coisas ou o sentido de nossa própria vida, ou ainda a completa ausência dele. São aspectos elementares e de extraordinária simplicidade, mas nossas próprias limitações nos impedem de responder de modo compreensível a tais perguntas e por isso criamos, como defesa, uma resposta emocional.

Quando a razão é capaz de entender o ocorrido, as feridas no coração já são profundas demais.

Diante daquela inesperada e abominável reviravolta dos acontecimentos, Vidal ainda tentava me animar, mas eu começava a suspeitar que meus dias na redação estavam contados. - A inveja é a religião dos medíocres. Ela os reconforta, responde às angústias que os devoram por dentro. Em última análise, apodrece suas almas, permitindo que justifiquem sua própria mesquinhez e cobiça, até o ponto de pensarem que são virtudes e que as portas do céu se abrirão para os infelizes como eles, que passam pela vida sem deixar outro rastro senão suas toscas tentativas de depreciar os demais, de excluir e, se possível, destruir quem, pelo mero fato de existir, coloca em evidência sua pobreza de espírito, de mente e de valores. Bem-aventurado aquele para quem os cretinos ladram, pos sua alma nunca lhes pertencerá.

A vida longe das privações é lastimável justamente porque nos dá uma perspectiva para julgá-la. Cada vez que lavo as mãos penso nisso. E me absolvo.

Toda oportunidade de negócio tem seu ponto de partida na incapacidade de uma outra pessoa para resolver um problema simples e inevitável.

Embora me desse a impressão de que era dessas pessoas que não podiam ser feliz em lugar algum. Era um homem muito reservado e às vezes eu achava que o mundo e as pessoas tinham deixado de lhe interessar.Eu tive a impressão de que Julián vivia no passado, fechado com as suas lembranças. Julián vivia dentro de casa, para seus livros e dentro deles, como um prisioneiro de luxo.

Carlos Ruiz Zafón
In A Sombra do Vento

Não dá para viver sem um truque. Eu me declarei morto. É uma sensação tranquila essa da gente se saber morto. Clandestino morto. Insuspeitado morto. Na tripulação do mundo já não me sinto comprometido com nada, mas continuo como testemunha do espetáculo. Não mais como cúmplice e nem vítima. Este é o meu truque.

- Meu pai costumava dizer que a vida não nos dá segundas oportunidades.
- Dá, mas somente para aqueles a quem não deu uma primeira. Na realidade, são oportunidades de segunda mão que alguém não soube aproveitar, mas são melhores que nada.

E nada tem tanta força quanto uma promessa.

Carlos Ruiz Zafón
O Príncipe da Névoa - página 105

Para Fazer um Soneto


Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,
e espere um instante ocasional
neste curto intervalo Deus prepara
e lhe oferta a palavra inicial
Ai, adote uma atitude avara
se você preferir a cor local
não use mais que o sol da sua cara
e um pedaço de fundo de quintal

Se não procure o cinza e esta vagueza
das lembranças da infância, e não se apresse
antes, deixe levá-lo a correnteza

Mas ao chegar ao ponto em que se tece
dentro da escuridão a vã certeza
ponha tudo de lado e então comece.

Refrão De Bolero

Eu que falei nem pensar
Agora me arrependo roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão

Mas eu falei nem pensar
Coração na mão
Como um refrão de um bolero
Eu fui sincero como não se pode ser

E um erro assim, tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E quando acaba a bebedeira
Ele consegue nos achar

Num bar,
Com um vinho barato
Um cigarro no cinzeiro
E uma cara embriagada
No espelho do banheiro

Teus lábios são labirintos
Que atraem os meus instintos mais sacanas
E o teu olhar sempre distante sempre me engana
Eu entro sempre na tua dança de cigana.

Eu que falei nem pensar
Agora me arrependo roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão

Mas eu falei sem pensar
Coração na mão
Como o refrão de um bolero
Eu fui sincero
Eu fui sincero

Ana, teus lábios são labirintos
Ana, que atraem os meus instintos mais sacanas
E o teu olhar sempre me engana
É o fim do mundo todo dia da semana.

Ana, teus lábios são labirintos
Ana, que atraem os meus instintos mais sacanas
E o teu olhar sempre me engana
É o fim do mundo todo dia da semana.

Eu fui sincero como não se pode ser. (Refrão de Bolero)

A minha motivação de todos os dias é você.

POEMA

A minha vida é o mar o abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita

Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará

Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento

A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto

Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento

E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e tecto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até fechar o homem: na capela útero, com confortos de matriz, outra vez feto.

Por trás do que lembro,
ouvi de uma terra desertada,
vaziada, não vazia,
mais que seca, calcinada.
De onde tudo fugia,
onde só pedra é que ficava,
pedras e poucos homens
com raízes de pedra, ou de cabra.
Lá o céu perdia as nuvens,
derradeiras de suas aves;
as árvores, a sombra,
que nelas já não pousava.
Tudo o que não fugia,
gaviões, urubus, plantas bravas,
a terra devastada
ainda mais fundo devastava.

Rasas na altura da água
começam a chegar as ilhas.
Muitas a maré cobre
e horas mais tarde ressuscita
(sempre depois que afloram
outra vez à luz do dia
voltam com chão mais duro
do que o que dantes havia).
Rasas na altura da água
vê-se brotar outras ilhas:
ilhas ainda sem nome,
ilhas ainda não de todo paridas.
Ilha Joana Bezerra,
do Leite, do Retiro, do Maruim:
o touro da maré
a estas já não precisa cobrir.

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