Bebida e Cigarro
O calor fazia com que as pessoas saíssem de suas casas, como formigas do formigueiro. Se reuniam em bares. Eu andava sobre a calçada, pois precisava, senão nunca escolheria fazer isso.
Os beijos, os abraços, as conversas e os sorrisos me incomodavam.
E eu continuava com os olhos do inverno. Cabisbaixo e com o olhar esquivo. Andando pelo canto da calçada, beirando os muros. Procurando o frio da minha casa e me acalentando ao encher o peito de fumaça, em me embriagar sozinho.
O que mais me deixava infeliz era perceber que acendi o último cigarro ao contrário... E também que a vida continuava.
Diante de meios caminhos, meias verdades e choques de realidade.
Quão incerto e certo uma coisa pode ser? Talvez um cigarro ajude a esclarecer.
Não há como negar que a cada passo, estamos um pouco mais ligados.
Mas porque há tamanha dificuldade em se entregar? Por minha parte, eu já aguento mais sufocar.
Talvez tudo esteja rápido demais, mas eu nunca gostei de coisas lentas.
Estranho, achar algo sem ao menos procurar.
Não há mais meio termo, meio acerto e tão pouco meio declínio.
Talvez as coisas estejam acontecendo por um grande motivo, mas qual seria este que outra hora sempre me puxa para o abismo?
Entregar ou segurar, se arrepender ou tentar?
Talvez seja melhor desligar a consciência desta frequência que nos importuna e seguir a diante.
Ah, ela é tão linda...
Até parece uma princesa...
Pena que a maquiagem não tira o fedor de cigarro e cerveja...
O quão longe você estaria disposto a seguir, neste caminho árduo e obscuro?
Quantos cigarros você já tragou na esperança de um futuro, salvação daquilo que você acredita que não faz parte de sua vida?
Ou até mesmo as pílulas e atos que você achou que seriam incrivelmente descolados, para que você conseguisse acompanhar todos aqueles malditos retardados?
Você realmente precisava de todos aqueles em que você depositou sua confiança e esperança?
Repousar a cabeça em seu travesseiro, quando você sabe que tudo aquilo que você faz e diz, não condizem com você ou sua personificação.
Apenas uma tentativa indestrutível de se arrebatar em grupos cujos os quais você nem sequer queria participar.
Uma mente tão poderosa, sendo destruída por todo efeito do álcool correndo em seu sistema sanguíneo.
E agora? Onde eles estão e onde você está?
Da solidao
Um vício
A cada trago
Uma lagrima (?)
Da noite
Um sorriso na fumaça
Leve degustação
Uma distração
Uma fuga
Um refúgio
Um cigarro.
Hoje eu sonhei com você. Nesse sonho, você me dava um abraço tão gostoso que eu lembrei de quando você estava aqui e fiquei com uma sensação boa o dia todo. Olhando essa foto, lembro de você, suas histórias, suas risadas e seus xingamentos. O cheiro do cigarro, inconfundível, que, mesmo depois de 8 anos, eu ainda sinto.
NÃO, EU NÃO VEJO
Você pensa que eu não vejo, mas eu vejo. Não, eu não vejo...
que seus cabelos já denotam fios brancos; que você tem olhar caído e frio, talvez traços do seu próprio caráter transfigurado; que você não é o tipo de pessoa que se adequa às minhas normas de homem ideal; que tu mentes com a mesma facilidade que respira e a mesma frequência que fumas teu cigarro (que por sinal é muito desagradável ao meu olfato); que você não cumpre com prazos e muito menos com as suas promessas; e você pensa que não vejo e não sei que seus defeitos são tão vastos que daria para eu escrever um capítulo inteiro dum livro qualquer, que sem dúvida ficaria empoeirado, esquecido e que por mim poderia ser devorado por traças. E eu não vejo porque tudo o que os meus olhos embaraçados conseguem perceber está no jeito com que você fala comigo; a maneira como esses seus braços macios e saturados de veias envolvem meu corpo, unindo ao teu; esse seu olhar que mesmo cínico e desalentado é meu porto seguro; esse modo com que você diz "adeus" soando como um simples "volto já"; ah, e se por acaso eu poderia escrever um capítulo com os teus defeitos, conseguiria fazer um acervo com suas virtudes que certamente apenas meus olhos, cegos por esse amor tão fanático, seriam capazes de ler.
Eu trago, saboreio do gosto amargo
Pois sei que tu nada me tragás
Contigo nada será tragado, trazido
Somente o trago gerador da fumaça perdida e solitária já me bastas
Neblina dos meus pensamentos
A fumaça perdida se dissipa
Sem rumo, sem rua
Sem trilha, tampouco avenida
Uma dor insalubre
Me deixa rude
E que não faz bem pra mim
Por culpa condeno o pulmão, fígado e o rim
Me faz bem, me faz mal, me faz viver
Sincero e que não mente
Nao sei se é a cura ou o remédio
Apenas que preenche o vazio existencial carente do meu ser.
E depois de tudo eu te filmava com meus olhos, cada detalhe, cada gesto na aquele momento em que voce se abria completamente, seus medos, inseguranças, teus sonhos e teus desejos mais profundos. Eu te via de uma forma que você nunca se viu, perfeito quase uma estátua intocável de um deus encostado na janela com seu cigarro entre os dedos, esculpida em seus mínimos detalhes para deixar inebriado qualquer um naquele momento.
E você me olhava e não sabia porque eu ainda estava ali.
E eu só queria estar ali.
Agora só lembranças.
04:04 19/12/15
nunca tive uma lareira
um sol caçula ou céu com lenhas.
um só cônsul no azul de Izabela
nunca estive numa cadeia, preso em presidir presunção.como todos presunçosos.
invento ventos que não voam nem velejam
quero um cigarro ou um café, prazeres ainda aleijam.
hu! doí-me isto
doí-me o risco
o cisco e o etceterras
sou super zé, zas-trás.
ET SEM TERRAS.
"Não sei se vivo da forma certa ou errada ou se sou um homem bom ou ruim, sei apenas que as tragadas dadas no cigarro aliviam a falta daquilo que ainda não sei."
"Tem coisas que apenas não consigo parar, como aquela unha que arranha internamente toda vez que me entrego aos pensamentos diluídos na fumaça do cigarro."
Amar o amor perdido
Deixou ele confundido
Grande ilusão.
Ficou frio
Com esse descaso
Só sente desapego
Só sabe dizer Não.
O bonito é invisível
A felicidade parece impossível
O copo de vinho vive junto com um cigarro
Na palma da mão.
Mas tudo acaba
Um dia ele se acha
E essa solidão no peito
Como experiencias ficarão.
Tive uma evolução emocional. Fiquei triste ao perceber que se faz ausente. Tão triste, mas tão triste, que lembrei disso quando meu cigarro chegava ao fim. Doeu igualmente.
Óbito barato.
Em quantos cigarros te trago?
Enquanto eu trago, me mato.
Se apago, propago o acaso
e caso com o descaso.
A brasa atrapalha o olfato,
e em casa o anonimato
permite o ato insensato
de parcelar e pagar a prazo
o assassinato abstrato,
impulsionado pelo medo de perder o contrato
com o sentimento.
O contato é imediato, olhos fechados,
assim como o pulmão, cansado.
Inevitável.
As pessoas têm tratados as outras exatamente como tratam os cigarros: as acendem com ilusões; tragam tudo o que as interessa; e depois as descartam, como um filtro...
