WV Fochetto Junior

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Há livros meus que deveriam ter sido escrito muitos anos antes. Livros que deveriam ser reescritos. E... livros que eu não deveria ter escrito. Para que essa ausência tivesse, em relação inversa, mais significação que sua presença no mundo. Tenho leitores que ainda não nasceram – e, via de regra, é para eles a quem escrevo. Meus livros, publicados, já não me pertencem mais, mas a quem os lê e algum proveito tira disso, seja qual for.

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A muitos escritores (dentre eles Autores e Poetas, se não todos) deve ser considerada a necessidade de se passar algum tempo sem escrever. Sem falar. Sem nada dizer. Apenas a produzir silêncio – do melhor e mais intenso tipo. Ou em diferentes níveis (não lineares, por falar nisso). Saber que o Silêncio é elemento essencial à sua obra é um sinal de maturidade.

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Há algumas pessoas cuja alma oscila quase tanto quanto a bolsa de valores.

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Conheço autores que, mesmo já estando em seu enésimo texto (levando em conta o tempo de prática e a nada modesta quantidade de publicações suas), sentem-se como se ainda estivessem aprendendo a escrever. Consideram-se semianalfabetos, ignorantes e com a vida pela frente para aprender. Desejariam voltar aos anos iniciais da escrita. Porém, se assim os fosse permitido fazer, sofreriam por desejar avançarem etapas cruciais de aprendizagem. É uma relação complexa, se não complicadíssima, de ser/estar consigo mesmo. E sabe o que é pior? Faço parte dessa turma (sendo, talvez, o primeiro da sala...)

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Um diário com páginas em branco pode trazer muitas coisas escritas nele – no futuro do passado. Mas não são legíveis por todos os leitores. Alguns leitores leem livros que ainda não foram escritos. O branco das páginas e o silêncio de muitos discursos simplesmente é um testemunho documental de parte significativa de nossa existência. "A ausência de evidências", já o dissera Carl Sagan (em "O Mundo Assombrado Pelos Demônios: A Ciência Vista Como Uma Vela No Escuro"), a aparente falta de documentação escrita, de um discurso verbal, não implica, "não significa a evidência de ausência."

Talvez não se possa falar em uma "Literatura do Silêncio" pensando-se em leitores mudos, escritores ausentes e obras marginais. O conceito ainda é obscuro, dada sua subjetividade. Transita pelo incógnito e pelo insólito (note-se uma não-casual rima que se aproxima/faz ver). Todavia, a locução adjetiva "do Silêncio" não é nada silente. Se faz ouvir. Por poucos. E ali cria sua morada. Nicho, ghetto, comunidade marginalizada. Estradinha paralela. Ponto de resistência.

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Qualquer dia gostaria de enviar qualquer livro meu a qualquer leitor e alertá-lo acerca do seguinte: "Caríssimo(a) Leitor(a)", este livro NÃO te servirá para nada que não seja lê-lo e doá-lo a alguém. Se tirar algum proveito dessa leitura, sabei-o: é mérito inteiramente teu." Assim o faria – e teria me sentido um pouco mais aliviado.

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Seria interessante que todo escritor conhecesse o conceito de 'Aura', conforme Walter Benjamin. Ele é profícuo, sob os pontos de vista da crítica da arte e da Teoria da Literatura. Compreendê-lo pode auxiliar muito na criação de enredos de romances, por exemplo.

Tens de encontrar-te a ti mesmo, Autor. Vagas ora por florestas verbais, selvas de pedra, desertos urbanos. Persegues sonhos inacessíveis – poderás torná-los reais? Quiçá... Os livros escritos, a quantidade de textos publicados, nada disso garante êxito em novas empreitadas. Há, sim, muito o que se fazer. Continue.

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Quão breve é o Agora?

Somente o Agora é Agora; o Agora é Fundamento contínuo (dada a efemeridade do Presente, que cadaveriza-se em Passado em relativa questão de minutos, horas, quiçá): está a eternamente construir-se.

Somente o Agora é Agora. Somente o Agora presentifica o Tempo (do) Presente.

Somente o Agora é Agora. Tão somente e, até agora, Sempre.

Somente – e por ora.

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Outros mundos dentro de nós – ? Sim. As coisas que há fora de nós possuem um paralelo nas coisas que há dentro de nós – como nós também somos mundos e coisas...

Somos música – ou, de certa forma, os pais da música
que toca e amamos, que toca nossos corações e alma. Ela
– essa música – começa em nós, sim.

Somos geografia de nós mesmos – sim. Podeis apostar, Senhores. Podeis apostar e vereis o quanto há de verdadeiro nisso, Senhores. Apostai e constatai. Sim. [...]

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Há pessoas que não se dão ao trabalho de julgar as outras. Elas simplesmente jogam. E ponto.

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Subjetidades à parte, vejo no idioma espanhol a mais adequada forma de estabelecer uma conversa com o Infinito. Com os imortais da literatura universal. Com El Senõr Tiempo, hacia la Eternidad. (¡Viva Borges! Viva Servantes! Goya! Octavio Paz! Y más allá...)

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Na impossibilidade de ter um Mestre, toma bons livros e com eles aprenda. Na impossibilidade de ter bons livros, toma a tua própria mão e vai-te calmamente trilhando as veredas que lhe cabem seguir.

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Um escritor escrevive do que faz.

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O "cimento" contido na palavra "conhecimento" não é garantia de sua solidez. Esta depende da aplicação do conhecimento que se adquiriu. Ou antes, como dizia Borges: "todas as teorias são legítimas e nenhuma tem importância. O que importa é o que se faz com elas."

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– Estamos dentro do Baú, Aninha. Como os Jovens de A Caverna do Dragão ao ingressar na Caixa de Zandora. Camila caminha conosco, de mãos dadas. Mas do lado de fora. Em pensamento. O Aqui e o Agora, Aninha, é absolutamente relativo. E O Silêncio-Que-Vem-Mais é a construção das paredes internas do Baú. Uma Viagem no Tempo sem tempo para perder. Vem, Aninha, vamos embora. Que esperar não é saber. Quem sabe sabe agora -- não espera para ver.

– Wellington! Wellington! É deveras um local estranhíssimo esse Baú. Teu amigo Didi deve estar doido para encontrá-lo e compreender o que esses vinte e seis anos ocultaram no Plano das Ideias. Foram expectativas sem fim.

– As quais compartilho até hoje, Aninha. Vem.

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As crianças já nascem conhecendo o mundo com particular intimidade. Elas apenas procuram, ao tatear as coisas à sua volta, ora engantinhando, ora mal se pondo em pé. Ocorre, por uma infelicidade da natureza humana, que elas têm contato com os adultos e... sua inocência se perde.

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⁠O que a escola realmente me ensinou de útil foi a necessidade de estudar.

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Andar à velocidade da luz implica perda completa de massa – algo inconcebível a quem deseja manter suas moléculas unidas e sua integridade física intactas. Dito de outra maneira, de modo um tanto conciso (se eu dissesse "reducionista" assumiria minha incapacidade em fazer uso adequado da questão semântica), pode-se verter esse pensamento em um outro, com aspecto mais budista/objetivo possível:

⁠Se você for muito rápido, perderá a oportunidade de conhecer melhor o caminho.

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⁠Creio que, pela direção que as escritas ocidental e oriental tomam, um dia encontrar-se-ão. Junto com ambas as Civilizações. Para nós nos olharmos por alguns segundos com um ar de curiosidade e reconhecimento tardio. Apertarmos as mãos. E vivermos todos numa Paz Duradoura. Ad infinitum. Oxalá.

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⁠Seria sensato e até justo a um povo trocar de "governantes" como quem troca de professores.

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Se a gente trocasse de políticos com a mesma intenção e frequência que troca de professores... A Educação, no Brasil, deixaria de ser um sonho antigo. Passaria a ser algo concreto. Válido. Útil.

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⁠Dizemos que as crianças têm atitudes infantis: brigam por qualquer coisa, viram a cara etc.
Nós, adultos, somos diferentes. Puxamos tapetes dos outros, fazemos fofoca, elegemos corruptos, apoiamos guerras...
Ah, Papai do Céu! Abençoai as Crianças do Mundo, Papai do Céu!

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⁠A Compreensão é sempre o exercício mais difícil. E eu vou vos dizer o porquê.

Compreender algo significa vê-lo em sua essência (enxergar seu âmago, sua alma), conhecer sua função, sua aplicação na vida. O motivo de algo ser o que é pelo tempo em que precisar sê-lo. Compreender, no entanto, não implica aceitar. Apenas conhecer algo (um conceito, uma ideia, um assunto etc.) em sua essência.

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