Sandro Paschoal Nogueira

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Dizem que o #seresteiro chora...

Por um tempo que passou...

Sem pedir nada...

Ele canta histórias de amor....


Seus acordes atravessam madrugadas frias...

Vagueia pelas ruas e em todas esquinas...

Sobe aos céus em suaves melodias...

E convida aos anjos...

Para nos fazer companhia...


A escuridão então acaba...

Eis que surge a senhora da noite prateada...

Estrelas brilham muito mais...

E no frio da noite que se faz...

Nossos corações se aquecem em sorrisos...

Lembrando de tudo que vivemos...

E do que já quase foi esquecido...


Viajamos no tempo...

E até choramos....

Mais forte bate o coração...

Seguindo o toque do violão...


Eis que sobre as pedras azuis...

O nosso caminhar não é em vão...

Viver...

Sonhar...

Amar...

Isso é verdadeiro...


Cante então para nós #seresteiro...


Sandro Paschoal Nogueira

#Por #que #saímos #tão #depressa...

Sem ao menos uma xícara de café?



Abraço caloroso...

Momentos saudosos...

Agradáveis companhias...



Abraço que deixou de ser dado...

Não poderá ser resgatado...



Para mim, a mais dura prova...

Hoje é cena comum...

É ver tanta gente querida...

Virar saudade...

Ir embora da vida...



Por favor...

Não seja mais um...



Sandro Paschoal Nogueira

#Não #é #a #Branca #de #Neve...

Nem a Dona Baratinha...

Muito menos o Malvado Favorito...

Ou um lobisomem albino...



Digo eu...

De todos os contos de fadas...

Gosto mais do Chapeuzinho...

Não da garota boba...

Prefiro o lobo mau faminto...



De tocaia na estrada...

Vai saber o que lá pensava...

Quando viu a garotinha...



Vestidinho vermelho...😘😘😘

Sozinha na estrada...

Cantando despreocupada...



Na cesta de guloseimas bem farta...

Muitas flores e frutas...

Doces e marmelada...



O lobo danado...

Com a boca já cheia d'água...

Enganou a menininha...

Que naquele tempo...

De outrora...

Donzela ainda tinha...



Correu para a casa da vovó...

Que há muito estava na seca...

Sem perda de tempo...

Pulou a cerca...



Comeu a velinha...

Bem rapidinho...

Sem piscar...sem carinho...

Deixando para sobremesa...

A gostosa da netinha...



O lobo só errou em uma coisa...

Acho eu, com licença, vou opinar:



Se fosse eu o lobo...

Pegava antes a menininha...

Comeria também todos seus doces...

Sem pestanejar...



Como sou guloso...

Bem sei e é fato...

Logo após, com certeza...

Comeria em segredo a velinha...

Sem reclamar...



E que fique registrado...

Em cartório assinado...

Falo bem esclarecedor...



Pegava também...

No machado do lenhador...



E assim termino essa estória...

Contada por esse lobo...

Sua tocaia ?

Nem de longe é a estrada...😂😂😂

Lobo esperto....

Tem pousada...



Sandro Paschoal Nogueira

#Tocando #violino #para #o #diabo #dançar...

É assim que se sente...

Comendo e bebendo com quem vive por amaldiçoar...

A festa vai começar...



Olhares cruéis...

Disfarçados em ironias...

Palavras dúbias...

Frias...



Deita com bêbados e drogados...

Companhia vazia...

Gente que não lhe ama...

Alguns nem lhe tem cortesia...



Monotonia ? ...Duvido muito...

Falta de amor? Quem sabe?

Coração cego, surdo e mudo...



Faz tudo errado...

Ansiando pelo certo...

Em espinhos caminha...

Enquanto a vida definha...



Será que vale a pena de fato ?

Olhar por esse prisma...

Deixar de ser sensato?



Tanto sonhos jogados no lixo...

Tanto sonhos hoje esquecido...

Tanta vontade de viver...

De fazer por merecer...

Por quê?...



Tanto caminhos trilhado errado...

Tanta esquina vazia...

Única companhia...

Uma lamparina...



Na madrugada segue a lua...

Tão longe o uivo de um lobo...

Vultos lhe acompanham...

Terror noturno...



Consigo mesmo fala...

Mas não ouve...

Quem vem lá?

É o seu medo?

Sua sina...



Mau agouro...

Viver afoito...

Sorrir sem ter vontade...

Amar por engano...

Deixar se enganar...

Uma vida...

Um ano...



Ah quem lhe dera...

Poder no espelho realmente se ver...

Não só uma casca dourada...

Tempo corrói...

Está a perecer...



Ir além do reflexo...

Deixar de ter nexo...

Beijar a loucura...

Transceder...



Espírito que não quer sofrer...

Alma ao céu subir...

Tocar estrelas...

Aos pés de Deus dormir...



Em seu lugar...

Nada combina com nada...

Pura fantasia...

Mundo suspeito...

Tudo é tão esquisito...



Feche os olhos...

Sinta a verdade...

Qualquer uma...

A sua...

Pode ser...



Olhar triste...

De um tempo outrora...

Agora só lembrança...

Lá fora...



Talvez o futuro que se vislumbra...

Não seja só o vazio de uma sepultura...

Sempre tem um recomeço...

Do destino seu apreço...



Sandro Paschoal Nogueira

#Defendo #o #que #sou...

E você?

Que fará com a lembrança...

De sonhos perdidos de criança?

Seu futuro será em preto e branco?

O tempo correrá noite e dia ?

Passará por madrugadas frias?

Seu choro será contido?

Amargamente escondido?

O sangue ficará frio ?

Terá um irônico sorriso?

Enfrentará com coragem o seu medo?

A pureza apagará...

E no fundo do olhar...

Algum brilho terá?

Se eu lhe digo essas coisas...

Embora me odeie...

Falo da ternura que você não sabe...

Custa encontrar o amor...

A você entrego esta mensagem...



Sandro Paschoal Nogueira

"-Viva eu ignorante e ignorado..."


Dizia assim o ogro...

Que não era amado...



Corpulento e desajeitado, de maus bofes e mal apresentado...

Vivia, diziam, em pântano assombrado...

Sonhar ele não sonhava...

Tinha, nas madrugadas e em horas dos dias...

Única companhia...

Eterna agonia...



Todos os olhares desviavam de sua face...

Nenhuma mão lhe era estendida...

E em total desenlace...

O ogro sofria...



Seu espírito tal qual criança perdida...

Tinha na solidão o abrigo...

Grande coração não compreendia...

O porquê daquele castigo...



Tantos belos rapazes de almas vazias...

De vidas abastadas, luxuosas e perdidas...

E ele fadado pela aparência...

Ter nessa existência...

Condenado a resiliência...



Sua única alegria...

A qual foi talhado...

Era do pântano em que morava...

Retirar do lodo em que chafurdava...

As mais belas flores que colhia...



Mas não se engane meus amigos...

O ogro também amava...

Linda donzela de aldeia vizinha...

E nas madrugadas....

Em surdina...

Sob a cumplicidade da senhora da madrugada...

A lua se escondia...

Favorecia assim...

Ao ogro do pântano...

Colher de seu jardim...

A mais bela flor...

E na escuridão que o cercava....

Cantava as mais lindas melodias...

Ofertava desse modo, junto com as flores, todo o seu amor.



A linda donzela não sabia...

Que seu pretendente era o ogro enjeitado...

Que para ela o ogro colheria...

Não só as mais belas flores da terra...

Mas que também lhe daria...

As estrelas para lhe fazer companhia...



Um dia...

Em desejo...

A donzela se escondeu...

Queria descobrir quem era seu amado...

Que no manto da escuridão...

Se apresentava...



Enfim...

Naquela noite fria...

Pela estrada prateada...

O ogro ia...

E como sempre levava em seu bojo...

Do seu amor o encanto...



As estrelas brilhavam mais que tudo...

E quando o ogro começou a cantar...

Desceram do céu para festejar...

A mais bela melodia...



A donzela pode então ver...

Que seu amado não era belo...

Mas seu coração singelo...

A encantou....


E assim termino minha história.

Acreditando no que digo....

Podemos não ser belos por fora...

Mas é na alma...

Que Deus mora...



Sandro Paschoal Nogueira

O amor chega sem avisar...



É um desejo ardente...


Que não se admite...



Não se faz por esperar...

É uma magia...

Que abre a concha da vida...

Faz a vida ser mais sentida...



Toma conta de nosso coração...

E repousa em nossa alma...

De forma que não se imagina...



Em insistência permanece....

E nos joga em redemoinho...

Faz de cada nascer do dia...

Caleidoscópio de sedução...

Um convite a viver...

Loucura, alegria...


— em Conservatória Pousada Chic Chic Casa do

Terra encantada...

Sem fadas...

Onde a magia acabou...

Sem fronteiras na beira da estrada...

Onde aqui estou...

Silêncio que grita bem alto...

Sem pudor...

Vivendo em uma era de anonimato...

Sob a tirania de algum coronel...

Maldade cruel...

Pessoas inúteis e fúteis...

Achando-se ser tal...

Valores invertidos...

Em nome da liberdade amoral...

Dias...meses...de nada...

Lá fora o perfume morreu...

O tempo passa...

Nada muda...

Lamento de alguém, que esqueceu de crescer...

Optei assim por viver...

E com poucas palavras...

Vindo lá do fundo...

Abro minhas asas...

E retorno para o meu mundo...

Houve um tempo em que minha janela se abria....

Sem horas e sem dores...


Com sorrisos, flores...

Desejando amores...

Em dias quentes e em madrugadas frias...



O tempo não é nosso tempo...


E passou...

Tudo passa um dia...

Esperança já tardia...



O que é torto, o que é direito...


Que é tido como certo...

Duvido...

Vira e mexe me complico...

E por mim já descarrilho...

Só me rendo pelo brilho de quem vai fundo...

E nenhum predicado será prejudicado...






Sandro Paschoal Nogueira

— em Conservatória, Rio De Janeiro, Brazil.

Caminhei pelas ruas e calçadas...

Entre dias e madrugadas...


Lua em companhia...

Noites quentes...

Noites enluaradas...

Estradas prateadas...

Conheci salões cinzentos...

De muitos risos...

Poucos alentos...

Muitas loucuras...

Tantas tolas fantasias...

E no espanto do menino...

Em que tudo descortinava ...

Pude ver algumas monstruosidades...

De mentes inacabadas...

Almas vazias...

Grandes gargalhadas...

Bocas úmidas...

Que taças e copos tudo absorvia...

Perdi querendo encontrar...

O que nunca esteve por lá...

Nada contava nem tinha nome...

Eras de breu...

E o réu era eu...

Era tão fácil ser feliz ...

Mentirosas propostas ouvi...

E no sabor do vinho me corrompi ...

Hoje ainda não sei como caminhar nas ruas...

Sem estar...

Em ruas que ficaram para trás no tempo...

Sem estar ...

Esperança que aprendi com as ruínas...

Triste e lamentável fado...

Hoje...

Paz cultuo...

Na lembrança desse banco...

Aqui sentado...



Sandro Paschoal Nogueira

Sinto-me longe...

Pretendo recolher da vida...

Algo mais que apenas ser só vivida...


Não quero ser só um simples espectador...

E perder a noção do essencial...

Sem mais nada para contar...

Perspectiva que me assusta...

Lanço então um olhar para fora de mim...

Flagrante de esquina...

São tantas as esquinas...

Por todas quero passar...

pensamento viaja...

Segue por trilhas...

Ruas e jornadas...

Ao horizonte alcançar...

A vida de tão grande

fica pequena...

para tantas vontades...

Para tantos sonhos construir...

Para tantos a realizar ...



Sandro Paschoal Nogueira

— em Rodoviária de Conservatória.

Um dia fui criança sonhadora...
Muito amado pelos meus pais.
Com irmãos, grandes aprendizados...
Tive mimos e cuidados especiais.

Adolescente aguardando amor...
Invejado, desprezado...
Sem nenhum cuidado...
Enganei e fui enganado.

Fui atendente, pasteleiro, cozinheiro, faxineiro,
cabeleireiro, leão cobrador...
Vaguei nas ruas, madrugadas...
Troquei dias por noitadas...
Estrapolei, fumei... bebi...
Passei fome...
Não roubei, nem me prostituí.

Quis ser padre e templos frequentei...
Conheci párocos, pastores, pais de santo, babalorixás...
Adorei santos católicos...
Muitos oráculos consultei...
Médium, adivinho...
Invoquei demônios...
Servi a deuses esquecidos...
Tornei-me bruxo, feiticeiro, necromante...
Sempre buscando algo...
Ali, lá e acolá.

Cansei de tudo isso...
E resolvi só trabalhar...
Carreguei muito peso...
E de ninguém quis mais ser empregado.

Fui dono de empresa, proprietário de casa noturna,
lanchonete, restaurante, casa de jogo e de bar...
Artista plástico, pintor...
Tudo isso também fui.

Como sátiro insaciável...
Excelente amante...
Com muitos me deitei...
Conta perdi...
Com nenhum adormeci.

Enterrei muitos amigos...
Poucos inimigos...
Deixei família também por lá...
Tão triste ver o cal cair...
Triste ao pó retornar.

Fiz tanta coisa...
Muitas outras ainda por contar...
Algumas...
Muitas...
Melhor esquecer...
Não convém contar...
Nem mesmo lembrar...
Trazem arrependimentos...
Tristezas grandes...
Fazem lágrimas rolar.

Engoli muitos sapos...
Andei em farrapos...
Trabalhei...
Suei...
Me estressei.

Tudo foi minha vida...
Muitos caminhos...
Veredas...
Estradas que engatinhei...
Andei... passei... parei...
Tomei rasteiras...
Caí...
Não desisti nunca...
Não desisto nunca...
Nem é bom nisso pensar.

Hoje dizem que sou...
Hoteleiro... dono de pousada...
Bem vestido, bonito, cheiroso...
Elegante cavalheiro...
Grosso ou fino...
O que importa?

Alguns me chamam de poeta...
Só porque traço algumas linhas...
Poucos rabiscos.

Sem nenhuma ambição...
Por mais um dia vou vivendo...
Para Deus agradecendo...
Até onde Ele queira me levar.

O que pode acontecer comigo?

Que já não tenha me acontecido?


Amar o Vento...

Indolente ou encontrar o equilíbrio?

Navegar em mar de raios que se revela...

Sem razão aparente...

Sem dor...

Tocar o lume acendendo as manhãs...

Ter na mente, no coração, no silêncio...

Uma força, um sentido...

Transborda-me em doçura...

Minha maneira de enlouquecer...

Única e intensa...

Mãos trêmulas de tanto querer...


Se o que me resta ainda sonhar...

Me cabe mudar em mim a sorte...

Mostrar o meu o rosto no crepúsculo...

Antes da dança da morte...


Sem asas ...

Preso ao chão...

Quero alto poder sonhar...

Me encantar com a vida...

Em cada olhar...


Sandro Paschoal Nogueira

Sempre singular comigo...

Eis que ressurge...


Saindo de mim feito enxurrada...

Tanto erro passado...


O que nunca foi perdido...

Mas que sempre é reencontrado...

A vida não explica...

Nem sob medida...


Queria não ser um perigo...

Fazer nada escondido...

Do pecado que cometi...

Ser o alvo escolhido...


Quem não me conhece...

Que me procure...

Que me encontre...

Que me espere...


Talvez não tenha acabado...

Talvez esteja só começando...

As coisas lá do céu...


Sandro Paschoal Nogueira

Há muitos mistérios no mundo...

Que não nos cabe revelar...


Tormentas que vagam nas ruas...

Sombras frias que pairam no ar...

Espaços sem estrelas...

Ares pesados a girar...

O que vi...

Nessa madrugada fria...

Hoje...

Me é permitido contar...

Sobre casas ...

Sobre coroas de pessoas...

Nos ventos...

No silêncio tenebroso...

Vi chegar...

Sem rosto...

Veio buscar...

Algo estranho...

Muito estranho...

Sem palavras para explicar...

Sei apenas...

O que vi...

Sei apenas que esse pouco posso dizer...

Do pouco que vejo...

O que está para acontecer...

Toda vez que eu vi...

Toda vez que senti...

Toda vez me calei...

Toda vez respeitei...

Toda vez olhos fechei...

Toda vez orei...

Sempre a Deus recorri...

Para alguns pude avisar...

Não quiseram me ouvir...

De nada adiantaria também...

A hora era aquela...

Que estava a chegar...

Alguns olhares tristes...

Vi se despedir...

Alguns cães a sentem...

Quando se põe a uivar...

Lamento triste...

Nessas ruas...

Madrugadas frias...

Espaços vazios...

Quem vem buscar?

Nada mais posso dizer...

Nada mais posso contar...



Sandro Paschoal Nogueira

Dias nublados de inverno...

O coração parece ficar vazio...

As ruas ficam desertas...


Sem alma por elas...

A vida fica singela...

De poucas cores a aquarela...

Parece que tudo está quieto...

Tudo dormindo...

Sol cochilando...

As nuvens cinzentas completam...

O tempo vagaroso...

Passando...


Dias nublados tem a cor da minha saudade...

E navego em minhas lembranças...

No silêncio que se faz...

As canções dos pássaros não se calam...

Poucos trinados que duelam...


Nem todo silêncio é eterno...

Acredito que ainda tudo possa ser belo...

Dia nublado que parece não ter fim...

A nuvem vai passar...

A Noite vai chegar...

Nova aurora a surgir...

Sol resplandecer...

Tudo voltará a brilhar...

A saudade, em meu peito...

Terminará...

Deus continuará a sussurrar...

Nunca deixou de fazer...

Hoje o dia chora...

Amanhã será sorriso...




Sandro Paschoal Nogueira

Se você não consegue entender meu silêncio...

De nada irá adiantar as palavras que aqui escrevo...


Todo esse tempo que eu passei...

Andando por aí...

Verdades, minhas, contei...


A razão, talvez, não me assistia...

Porém eu não desisti...

O meu coração ainda insiste...

Felicidade existe...


Quem te quer bem, não desiste...

Num dia como outro qualquer...

Decide...


Um mistério a resolver...

Deixar fracassos passados...

Colher a semente boa ...

Saber melhor o que fazer...


Serei eu o romântico?

O ingênuo?

Serei o que quiseres...

Assim me entendo...

Em seu pensamento...

Preciso acontecer...


Sandro Paschoal Nogueira

Sem sair de casa...

Sem passar pela porta...


É possível ver o mundo...

Pelas portas entram o mal...


Pelas portas também entram o bem...

Quem decide é você...


Em suas soleiras...

Aguardam ansiosas a preguiça, a miséria, o mal estar...


Dádivas querem lhe visitar...

Tocam em suas portas porém esperam convites para entrar...

Felicidade dá bom dia...

Amor quer sua companhia...

Fartura quer contigo cear....

Paz lhe coroar....

Anjos bem dizer...

Deus abençoar...

Escolha você quem entrar...




Sandro Paschoal Nogueira

Para o pintor, uma parede branca, suja e esburacada...

Transforma-se em tela e fantasia...

Horizonte e linhas do céu...

Um pouco de tinta...

Um pincel...

Para o poeta...

Um momento...

Palavras ganham novos sentidos...

Em pedaços de papel...

O poeta tece em palavras...

Como o pintor retrata em cores...

A arte vai imitando a vida...

e a vida inspirando a arte...



Sandro Paschoal Nogueira

Amanheceu...

Frio intenso...


Árvores chorando em sereno...

Nem brisa sussurrando...


Em meu jardim só ?

Pensava ele = o poeta triste =


Rumor dos mortos...

Nunca esquecidos...

Caminhando....

E no silêncio presente...

Doce perfume inebriante pairava...

Nem uma abelha zumbia...


"De onde vem esse perfume?"

Indagava para si, tal qual sino silencioso,sem receber afago merecido...


Enquanto no frio agonizava...

Seus chinelos no chão arrastava...

Em penosa caminhada tremida...


Olhos lhe aguardavam...

Todo seus movimentos sentidos...


"O que será que o poeta vai fazer?"

Perguntam os pássaros uns aos outros...

Sussuravam baixinho...

A hora e o momento não pediam...

Alegres gorjeios...


E na aurora que o dia bebia em taças...

Pelo mel no ar ele se guiou...

Cada pétala...

Cada flor ele encontrou...

Estrelas deixadas na madrugada...

Com as quais se enamorou...


Eis que setembro chegou...

Olho-de-boneca floresceu...

O quanto Deus é generoso...

Só para fazer o poeta sorrir...

Plantou orquídeas em seu jardim...




Sandro Paschoal Nogueira

Em olhar perdido...

Distante de mim mesmo...


No tempo que me é devido...

Encontrei aqueles que não me viram...


Cortejando a insanidade...

Encontrei possibilidades...

Condenado e livre das cercas...

Que penso em ser total e total será...


Ilimitado que se limita...

Proibido que se liberta...

Ilusões de desventura...

Desisto do que gosto...

E persigo o que desejo...


Respirando como flor ferida...

Durmo o tempo que me sobra...

Engulo a lágrima que escorre...

Meu destino, meu delírio...


Afogo com cuidado os sonhos...

Nada vale o tesouro de tantas recordações...

São minhas...de mais ninguém...


Satisfaço um aperto amargo...

Não sei onde estou indo...

Sei que não estou perdido...

Nada estará perdido enquanto estiver em busca...

Perder apenas aquilo que tem que ser perdido...


Quem sou eu além daquele que fui?

Quem sou além daquele que quero ser?

Quem sou eu além daquele que aqui está?


Há quem me julgue porque sigo as estrelas...

Há quem me julgue porque sigo a lua...

Há quem me julgue porque exponho minha alma nua...


Sempre existe um caminho...

Sempre existe uma luz...

Esperança do recomeçar...




Sandro Paschoal Nogueira

Não...

Eu não sou uma árvore velha e seca...


Cuja morte me ronda...

Cerca e cumprimenta...


Posso não ter mais a beleza de outrora ...

Posso não mais ter o vigor de antigamente...


Porém, tenho comigo a vitória dos anos vividos...

Felizes...

Sofridos...

Histórias para contar...

Tanto para compartilhar...

Se assim desejar...


Muito disse sim...

Sem vontade de dizer...

Foi quando mais sofri...

Mais me anulei...

Em favor de alguém...


Quando aprendi a dizer não...

Incompreendido me tornei...

Desprezado...

Odiado...

Me calei...

Porém assim tem que ser...


Amar é doar...

Mas também é negar...


Tantas lágrimas caíram...

Tantas outras escondi...

Tantas, e muitas, ainda escondo...

Nem contigo...

Nem com ninguém...

Posso dividir...


Não me julgue...

Se pouco, ou nada, me compreende...

Aceite...

Meu jeito de ser...

Um pouco diferente...

De muita gente...

Que se vê por aí...




Sandro Paschoal Nogueira

Um dia fomos sementes....

E voltaremos a ser novamente....

Em nova manhãs das horas...

Sou um gira-sol...

Nesse mundo afora...

Aquilo que nunca antes eu tinha visto...

Ou vivido...

Quero experimentar agora...

Torna-se o que mais desejo...

O mais querido...

Nascido a cada momento...

Conquistando meu espaço...

Nesse curto tempo...

Vivendo e agradecendo...

Vou seguindo...

Como a flor segue o sol...

Sigo a vida da aurora ao arrebol...

Ando pelas estradas...

Caminhos, veredas, calçadas...

Em pedras azuis com cuidado...

Bom dia...

Boa tarde...

Boa noite...

Com licença...

Por gentileza...

Tô ou não podendo...

Obrigado ...

Sombras fazem -se presentes...

Atrás, ao lado e até pela frente...

Fazem parte da vida perene...

Buscar a Sabedoria e a felicidade...

Minha idéia...

Ah mundo...

Cheio de iniquidade...

Um campo florido...

Uma luz que me guia...

Somente Deus...

Verdadeiramente...

Sou palavras...

Sou lembranças....

Sou verbo para sentir...

Sei ser bonança...

Maresia...

Sou mais trovoada...

Tempestade...

Ventania...

Alma de gira-sol...

Não enxergo a maldade deste mundo...

Na verdade...

Não quero ver afinal...

Sempre, nas nuvens dos silêncios...

Sento...

E em paz ...

Semeio o vento...





Sandro Paschoal Nogueira

Perguntei ao sereno pela manhã....

De onde eu vim?

E tão tranquilo, vindo do céu, sobre o meu jardim, mesmo em silêncio, me respondeu:

-Como as ondas do mar que vão e vem,

eu também já estive aqui várias vezes...

Vim do céu, pequeno fio d'água, me transformei em riacho, virei um rio, fui lagos, mares e oceanos.

Subi aos céus e hoje volto à terra.

Venho trazer mais brilho ao seu jardim e fazer você ver a continuidade da criação.


Então perguntei à brisa fria, que tocando meu rosto, em beijos gélidos, me estremecia...

-Para onde eu devo seguir?

Em abraço, sussurrando em meus ouvidos, respondeu...

-Siga sempre em frente...

O passado já foi, o futuro, logo ali, viva o presente...

Avisou que durante o meu caminho obstáculos irei encontrar...

-Transponha que ao seu destino irá chegar...

E assim, sorrindo, a brisa partiu...

Perguntei ao beija-flor que se eu seguisse o conselho da brisa eu poderia ser feliz...

Ele me respondeu que eu deveria ser como o dia de hoje...

Lembrou-me que o amanhã pode não chegar...

Que na viagem, que faço todos os dias, sem me dar conta, já sou feliz...


Então voltei meus olhos para o céu, de onde descia o sereno e vinha a brisa, que sustentava o vôo do beija-flor...

- Em meus caminhos, no fim, o que encontrarei?...

Perguntei...

E o céu me respondeu, com um pequeno raio de sol...

- O recomeço...

Vida curta e vã...

De uma breve manhã...
Aconteceu...

Em espinhos tantos...

Flor aventureira...

Brotou deste meu coração...


Assim é a vida...

Ora doçura...

Ora fel...

A ventura irmã da desilusão...


A flor que um dia...

Tão amada floresceu...

Jaz pisoteada...

Pelo falso amor que você me prometeu...



Sandro Paschoal Nogueira