Sandro Paschoal Nogueira

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#LEMBRANÇAS

Já fui consolo dos tristes...
Agora ando perdido entre gente...
Ir pelo mundo é um bem...
Vence quem se vence...

Muito diz quem pouco fala...
Que aplaca minha sede...
Corro muitas terras...
E não tenho me encontrado...

Quando sem alma fiquei...
Foi quando fui traído...
Tirana sorte...
Oh desgraça...
Se estava escrito...
Não gostei desse destino...

Lembranças....
Triste qual minha ventura...
Que me sustenta...
No correr dos dias...

Que os anjos do céu me guardem...
De males profundos...
O muito sem Deus é nada...
O pouco com Deus é tudo...

Correntes ainda me prendem...
Às asas da vaidade...
Ai de mim que não vi...
Caminhos errados que outrora segui...
Mas foi errando...
Que, sofrendo, aprendi...

Quem inventou a partida...
Talvez não soube amar...
Quando não mais aqui estiver...
Será que de mim alguém lembrará?

Cheguei...
Venci...
Nada!
Ninguém me ajudou...
Tive muitos amigos...
Que meu tapete puxou...

Triste sou...
Triste me vejo...
Fui mais alegre em outros dias...
Se mil corações eu tivesse...
Mil vezes poderia amar...
Hoje já temo...
Em me entregar...

Nada mais simples e profundo...
Tenho a dizer...
Sou sombra...
Mas também sou luz...
Em Deus espero...
Só ele me conduz...


Sandro Paschoal Nogueira

#MELANCOLIA

O dia e a noite são iguais por dentro...
Campo florido de saudades...
Estranha taça de venenos...

Despede o sol em último clarão...
Entre sombras, vagamente...
Na amplidão do eterno...
Minha alma voa livremente...

Surge o vento e me pergunta...
Aonde me levará minha jornada...
Um olhar triste nada responde...
Na melancolia...
Uma alma fadada...

Desde o sinal das auroras...
Se há dias maus, também há os felizes...
A vida é uma bela jornada...
A taça em minha mão ainda é cheia...

Num olhar profundo e ardente...
O espírito se cala, se aquieta...
O horizonte é o futuro...
Tal é na hora o presente...

Uma estrela tremula no firmamento...
E eu...
Em minha paz alcançada...
Aos pés do Criador me deito...
Sorrindo...
Sonolento...

Sandro Paschoal Nogueira

#OFERECIDO

Tal ditado é um conselho...
Não te mostres desolado...
Ha sempre um chinelo velho
Pra um pé doente e cansado...

Se quem você quer...
Não lhe quer...
E quem lhe quer...
Você manda embora...

Encoste no balcão de um boteco...
Tome uma dose de cachaça...
E esqueça das horas...

Não fique se lamentando ...
Se achando rejeitado...
Mas vale beijar um sapo...
Quem sabe, não é mesmo?
Ele vira príncipe encantado...

Só não faça desse vida...
Uma arte de viver...
Ficar só às vezes é bom...
Melhor do que sempre padecer...

Comece se amando mais...
Fazendo mais por você...
Quando a gente mais se ama...
Mais a gente deixa de sofrer...

Tome um banho ...
Se arrume...
Se enfeite...
Se perfume...

Sempre alguém vai te ver...
Quem sabe te querer...
É tão bom flertar...
Sem ninguém perceber...

Se não pegar ninguém...
Ninguém eu perdôo...
Vai querer?
Estou aqui disposto...
Todinho prá você...

Sandro Paschoal Nogueira

#SERÁ #QUE #PODE?

Nada de mais, nem de menos...
Se eu fosse o que você pensa...
Eu não seria o que sou...

Se não sou você...
Você não é eu...
Você sente, pensa e sabe...
Mas pensa que sabe quem sou eu...

Pode ser e pode não ser...
Sei que é diferente apenas...
Tanto posso dizer que sou...
Mas você não pode dizer...
O que penso...

Não sabe a diferença que encontra...
Não sabe de mim nada...
Só deixo você saber o que quero...
Como tem que ser...
A mentira ou o verdadeiro...

Assim eu me dou por satisfeito...
No que pensa não me diz nada...
Simples assim...
Eu que penso por mim...

Sandro Paschoal Nogueira

#ESPIRAL

Nadando no tempo...
Procurei nos espaços...
Descobrir meu futuro...

Inventando cenas e andando nas ruas
Procurarando alegrias...
Em espiral...
Me encontrei no final...

Qualquer fosse o caminho...
Sentia eu...
Que encontraria...
Seu olhar...

Na distância entre os instantes...
Nada mais volta a ser como antes...

E como previ...
Por tudo aquilo que importa...
Descobri...
No colo encontrado...
Pedaços de mim...


Sandro Paschoal Nogueira

#BORBOLETA

A primeira estrela no céu se revela...
Caminha pela rua a brisa fria...
Finda já a tarde...
Tão bela...

No mundo bordado...
Cheio de maravilhas...
Tão longe...
De mim distante...
Num ondulante respingo de melancolia...
Uma borboleta me faz companhia...

Tranquilos e tristemente...
Caminham pelas ruas...
Um pingo de gente...
E vão... E vem...
E voltam... E passam...
Em tão poucas companhias...

Mudam-se as coisas...
Muda-se a vida...
E os sonhos,
Um dia perdidos...
Não voltam mais...

Não sei se penso em tudo...
Ou se de tudo me esqueço...
O que na alma vai...
Às vezes penso que enlouqueço...

Levo os meus sonhos para sempre...
Mesmo com as lembranças roubadas...
Levando num sorriso...
Indeciso...
Os restos de mim...

A vida é este palco...
Sem que se entenda o sentido...
Uma órbita suspeita...

Borboleta...
Obrigado pelo carinho de sua visita...




Sandro Paschoal Nogueira

#MEUS #ESPINHOS

Ao longe, o vento vai falando de mim...
No império da vontade...
A alegria não está nas coisas...
Está dentro de nós...

Ninguém vive num jardim sem espinhos...
E nas auroras Deus enche minha taça com seu vinho...

Dos cegos do castelo me despeço...
Eu não mais quero dormir...
Ando por aí...

E se você puder me olhar...
E se você quiser me achar...
Você sabe onde me encontrar...

Diga-me quem você mais perdoou na vida...
E eu, então, saberei dizer quem você mais amou...

Se eu perdesse os sonhos dentro de mim...
E vivesse na escuridão...
Não lhe amaria tanto assim...

Eu possuía e não sabia...
Desconhecia...
Os jardins da vida...

Ainda que ferido e dilacerado...
No meio do caminho aprendi a caminhar...
Desistir nunca foi uma opção...

Sendo sempre fiel e verdadeiro...
Sou eu...
Ser diferente é atrair olhares e pensamentos...
Que me acolham...
Com minhas flores...
Com minhas dores...
E todos os meus defeitos...


Sandro Paschoal Nogueira

#DORMIR

Coisas mansas como o luar...
Águas de um lago adormecido...
Abandono de um jardim sem flores...
Lamento de uma vida...
Sem amores...

Antes da morte por vir...
Nascendo de vez para a vida...
Deixo os desejos sem rumo...
Me entrego, por completo...
Ao mundo...

No barco sem ninguém...
Anônimo e vazio...
Aonde irei ter?
Tudo passa...passa...
Sem perceber...

Com meus cansados olhos...
Do mesmo modo, a vida é sempre a mesma...
Quero a mim próprio embalar...
Não ver mais nada...

O sono que desce sobre mim...
É o sono de todas as desilusões...
E os anos vão passando...
Deixarei que morra em mim....
Vivendo na sombra de seu encanto...

Porque o melhor enfim...
É não ouvir e nem ver...
Tudo aquilo que um dia...
Deixei de ser para você...

No fim de tudo, dormir...
Para já não mais...
Poder sentir...

Sandro Paschoal Nogueira

#SAÍDA

O que nada é e nem contém...
De tudo o que vi...
São as brumas que sobem aos céus...
Me fazendo tudo sentir...

O desejo de qualquer bem...
De repente de calma faz o vento...
E na grande estrela que brilha...
Encontro ali um alento...

A vida uma aventura errante...
Oceano de sentimentos...
O pensamento vai sem querer...
Muito além do tempo...

Não julgue uma estrela...
Pela distância de seus dedos...
Não faca de sua existência...
Uma canção de lamentos...

E sob o firmamento...
De estrelas cadentes...
Vale sempre lembrar...
De tudo que vivemos...

Quando o vento vier...
Fazendo as flores bailar...
Saberei eu aqui...
Que a saudade está lá...

Lembrarei do passado...
Cá dentro da gente...
De tudo já ido...
Que hoje é bem diferente…

Hoje não sou mais nada...
Nem mesmo uma vontade...
Apenas um dia...
Com hora de saída...


Sandro Paschoal Nogueira

NO #ENTARDECER #DAS #HORAS

Ainda que não haja brisa nenhuma...
E os nossos sentidos criarem uma ilusão...
Bastaria sentir com clareza a vida...
Para já hoje não querer partir...
Tamanha emoção...

Quando chega o entardecer...
Há um silêncio profundo a orar...
No céu voam em bando as andorinhas a bailar...

Uma estrela vai nascer...
Nunca lhe esqueço...
Vou lhe dizer...
Sempre estou a lembrar...
Sempre irei amar você...

Quem determina o belo e o feio?
Quem determina o que há de ser?
Quero me enfeitar de miríades...
Quero dançar sob a lua...
E assim, minha alma, também será sua...

Tudo isso deixa meu coração feliz...
E da magia...
Já não sou só um aprendiz...

Uma coisa te peço; de mim nunca se esqueças...
Diga que guardará em segredos meus sussurros...
E que eles lhe deram doces sentido...
Junto aos seus ouvidos...

Se minha alma criar asas e se arrebatar...
Para bem longe, minha jornada...
Que um dia se fará...
Levarei também comigo...
Lembranças de seus sorrisos...

De minha parte, hoje o que mais quero...
Ao dormir, lhe ter junto aos meus sonhos...
Nem me dar conta das horas de carinhos...
Desse amor por ti...
Tão puro...
Contigo.

⁠#TÃO #LONGE #DE #MIM #DISTANTE

Deixa em paz os passarinhos...
Deixa em paz a mim...
Deixe que eu trace meus caminhos...
Por esse mundo sem fim...

Ah , quem me dera alagar meu coração de esperanças...
Ter a alma leve...
Em todas minhas andanças...

O tempo é algo que não volta atrás...
Existe gente que precisa da ausência..
Para querer a presença...
Do perdido que já não tem mais...

Vai, minha tristeza...
Chega de saudade...
Porque eu não posso mais sofrer...
Um sorriso sincero...
É toda minha vontade...

O vento vem vindo de longe...
O dia está perfeito...
Olho para cima...
Felicidade se faz presente...
Em meu peito...

Quem me dera, ao menos uma vez...
Ter de volta minha aurora...
E assim eu sonhar...
Junto ao que nunca se alcança...

⁠#TUDO #DENTRO #DE #MIM

Como sair de um erro sem cometer outro?
Possa, talvez você, me dizer...

Lidar com o pensamento profundo...
Na mão, um copo de um belo vinho...

Esperando o próximo minuto...

Somente os meus pés marcam essa estrada...
E mais uma noite, mais um pouco...
O silêncio chama por mim para me acalmar...
E o medo que eu tenho, faz-me pensar...

Não demores muito pra chegar...
Quem, mais do que eu, pronto a essa loucura me entregar?

Tardei em maldar a vida...
Hoje os sonhos não me satisfazem...
Tentei negar os sentimentos...
Em acreditar que não era o fim...

Me machuquei tanto...
Com tanto medo do vazio e da ausência...

A vida ganha sentido diferente...

Ah, esse tempo...
Apronta cada uma com a gente...

⁠#E #LÁ #VOU #EU

Ouvi, por vezes, em meio ao azul infinito...
Que as coisas profundas devem ser ditas em poucas palavras...
E com o coração sentido...

Sinto o dia todo aqui e ali...
Todo esse sentimento...
E escrevo meus poemas...
Para dizer que estou aqui...

Posto que nunca estou só...
Nem mesmo quando me abraça o silêncio...
Tudo é na eternidade um pequeno momento...

Sou verso de começos...
Sem princípio, sem fim, sem medida...
Escrevo o que sinto...
Coisas simples, da vida...

Porém, nunca a verdade me deixou...
Simplesmente fantasiar...
Bordando minhas letras...
Sempre posso mais sonhar...

Esse instante existe...
E minha vida por si mesmo se completa...
Não sou alegre...
Não sou triste...
Sou um solitário poeta...

Não tenho vergonha de dizer que estou triste...
Não tenho vergonha de dizer que estou alegre...
Apenas sinto dentro de mim...
E sigo fazendo assim...

Me deixo perder...
Para me procurar...
Pois é me perdendo...
Que sei que vou me encontrar...

E quando necessário...
Enlouqueço como for...
É o meu jeito...
Assim eu sou...

Dizem que os sonhos estão fora de moda...
Cavaram um buraco bem fundo e entraram...
Mas lá vou eu...
Nunca vou deixar de sonhar...
Nunca vou deixar de amar...

Se no meu amanhã o que eu sonhei...
Não acontecer...
Tiro um arco-íris da cartola...
Sem nada temer...

E nisso, sim, acredito...
Maior que todos os ventos contrários...
Diante das dificuldades...
Saberei sempre encontrar...
Minha felicidade...

⁠#O #GAMBÁ

Armei armadilha...
E peguei um gambá...
Toda noite era festa em meu forro...
Sempre a me atormentar...

Botei linguiça para ser a isca...
Se tivesse posto cachaça...
Tinha pego político seria outra bisca...

Quando que essa praga vai acabar ?
Se não é um gambá...
É uma "autoridade" para mentir e roubar...

Bicho feio, esquisito...
Igual a político...

Só anda aprontando...
Se eu reclamo...
Sai rosnando...

Hoje fica na gaiola...
Amanhã dou sumiço...
Levo para bem longe...
Solto com um sorriso...

Esse mamífero...
Posso até soltar sem perigo...
Mas o político...
Desconfio...

Sei que aqui ...
Não mais há de voltar...
Mas o diplomático...
Que de 4 em 4 anos se mostra simpático...
Tenho medo e lido com cuidado...

O bicho feio...
Com medo fede...
O oficial público me dá medo...
E até me estremece...

É tanta falsidade...
Minha gente , vou dizer...
As vezes prefiro o gambá...
Do que outros safados...
Que a gente tem que também prender...

Amanhã eu solto...
Lá perto do ribeirão...
Enquanto do outro passo longe...
Bem de largo...
Não aperto a mão...

Tenho certeza...
Vou dizer...
Amanhã à noite...
Armo outra armadilha...
Pego mais gambá ordinário...

Mas de político safado...
Passo longe...
Não sou otário...

Sandro Paschoal Nogueira

⁠#GERAÇÃO #SEM #MÚSICA, #GERAÇÃO #PERDIDA

As músicas acabaram...
O tempo se foi...
Como me causa pesar...
Como isso me dói...

Os dias já são tão chatos...
Tudo tão maçante...
Somente sendo saudosista...
Para me levar adiante...

Tive Bee Gees...
John Lennon...
Fred Mercury...
Michael Jackson...
Tina Turner...
Madona...
Carpenters...
Abba...
Que saudade...

Tantos outros...
Mas não esquecidos...
Ainda amo a todos...
E carrego comigo...

E os bailinhos?
De passos coreografados...
Dançar juntinho...
Ou como um pião desordenado...

Quem se lembra do primeiro amor?
Duvido alguém ter esquecido...
Dizem que o primeiro e o último...
São os mais fortes...
Os mais sentidos...

No meu primeiro porre...
Engoli tudo em um só gole...
O mundo girou...
E vomitando...
O chão me amou...

A ressaca...
Nossa um horror...
Pior era lembrar...
Do que tinha feito...
Na noite anterior...

Me lembro ainda...
Da fumaça do baseado...
De quem fumou ao meu lado...
Só o cheiro já me deixou dopado...
Desmaiei em minha cama...
E só me recordo...
De minha mãe arrancando meus sapatos...

Não era por ser jovem...
Que foi a era dourada...
Tudo era mais inocente...
Não tinha tanta maldade entre a gente...

Hoje o que vejo...
Fico abismado...
Já tantas vidas perdidas...
Sem mesmo ter começado...

Não ouço mais as músicas...
Que me faziam viajar...
Me embalavam...
Faziam-me sonhar...

Geração sem música...
Geração perdida...
Quais lembranças levarão...
Por toda sua vida?

Aonde isso se perdeu?
Serei eu o culpado?
Aonde tive o azar...
De ser tão descuidado?

Às vezes bailo aqui sozinho...
Junto às minhas flores e passarinhos...
Segurando nas mãos do vento...
Abandonando-me a esse sentimento...

Sei que nada mais retornará...
Passou...
E aqui estou...
Mas também sei....
Que continuo a sonhar...

Sonhar com o que de bom vivi...
Com quanto fui tão feliz...
Como o tempo passa rápido...
E dele fui aprendiz...



Sandro Paschoal Nogueira

http://conservatoriapoeta.blogspot.com

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⁠Antes de sair de casa aprendi a ladainha...
Se em Deus confio...
A ele entrego minha vida...

Enquanto na rua saio...
Querendo viver...
Fique você em casa...
Esperando sua hora de morrer...

Vou beber...
Jogar conversa fora...
Somente Deus sabe de minha hora...

Quero muito divertir..
Beber...
Conversar ...
Sorrir...
Enquanto você fica aí...

Por favor não me critique...
Esse é meu modo de saber...
Enquanto eu saio ..
Me divirto...
Fique em casa você...

A vida é só uma...
Para ela dou valor...
Deus que me abençoe...
Assim que sou...

Não sou homem...
De me dizerem o que tenho que fazer...
Não sou asno para me montar...
Eterno não vou ser...

Lhe respeito seu modo de pensar...
Afirmo...
Fique em casa você...
Meu coração é bem grande...
Vou amar....
Enquanto puder...

Sandro Paschoal Nogueira

⁠#CREPÚSCULO

Tarde vem...
Céu escurece...
Cai...

Sol escondendo...
Frio chegando...
Alguém passando...

Lua diz que virá...
Quer na noite brilhar...
Mas somente depois...
Que a primeira estrela se apresentar...

Não tem seresta...
Não tem serenata...
Tempo estranho...
De paixões mal contadas...

As pessoas se recolhem...
Trancam-se em suas casas...
Na rua quem caminha...
É o vazio...
O nada...

Será uma cólera divina ?
Fado...
Triste sina...

Me recuso a aceitar...
Quero ser como a lua...
Pelo menos por essa noite...
Brilhar...


Sandro Paschoal Nogueira

⁠#MINHA #RUA

Moro em uma rua esquecida...
Abandonada, a mais escura...
Cachorros cagam nela...
Há 1/2 século vejo pela minha janela...

Em minha esquina ...
Começam as serestas...
Mas logo sai de minha rua...
Só deixando a solidão nela...

Tem uma calçada de estrelas...
Muita calma nessa hora...
Apenas uma homenagem...
Aos grandes menestréis das serenatas...

Lindos sonhos sonhei...
De ver muita alegria...
Sempre contando os dias...
De tudo que existe...

Que tristeza...
Pura quimera...
Rua tão triste...

Horas mortas...
Do amanhecer ao anoitecer...
Que me faz sofrer...

Última a ser enfeitada...
Em festas, pouco iluminada...
Até o padroeiro Santo Antônio...
Hoje não passou por ela...

Acesso para a cidade...
De casarões coloniais...
Resistência de antigos moradores...
Poucos, quasem não se encontram mais...

O comércio é escasso...
Poucas lojas de fato...
Uma igrejinha presbiteriana...
Pouco aberta na semana...

É a rua que mais árvores tem...
Entre duas praças...
A da matriz que um dia teve um lago...
E a da feirinha com artesanatos...

Rua do hospital...
De farmácias...
Se passar mal...
Ali você se acha...

Tem pousadas...
Uma delas é rosa...
Namoradeiras sonhadoras...
Sempre alguém querendo prosa...

Linda cidade de Conservatória...
Quando no céu a lua aparece...
Um violão solitário chora...
Eis que é a hora...
Das pedras contar suas histórias...

Nessa rua eu cresci...
Nessa rua eu brinquei...
Nessa rua eu vivo...
E se Deus me permitir...
Daqui partirei...

Mas agora eu só queria mais ver...
Mais alegria e muitas flores...
A florescer...

Durante o dia pouca gente...
Na madrugada só gambá...
De viralatas muita bosta...
Cuidado quando andar...

Sandro Paschoal Nogueira

⁠#ELE...

Acordou...
Mais um dia qualquer...
Em sua senda...
De viver...

Banhou-se com a luz do dia...
Disfarçou sua tristeza em alegria...
Foi caminhar...
Queria pensar...

Aqui, ali...
Lá, acolá...
Um bom dia...
Bom lhe ver...
Estou bem...
Como vai você...

Nas pedras suas sandálias faziam barulho...
Em seu peito...
Um silêncio mudo...

Perto das águas sentou...
Com uma flor entre os dedos...
Brincou...

Quem assim o visse...
Podia supor...
Diria o quanto era feliz...
Aquele sujeito...
Sem nenhum pudor...

Ele em sua solitude...
De certa forma era feliz...
Não somos as escolhas...
Que fazemos?
Não é isso que se diz?

A felicidade é apenas um momento...
Encontrado no tempo...
Às vezes chorar é bom...
Lava nosso coração...
Nem sempre ostentar sorriso...
Mostra a realidade...
Soa como falsidade...

Para ele os dias passam rápido...
Mesmo diante da rotina...
Massacrante...

Ele bem sente...
A grande maravilha...
No insistir...
Da vida...

Quando uma pequena semente...
Luta por viver...
Quando uma flor abre...
Quando um pássaro voa...
Quando o sono vem...
Quando sonha...

Sua filosofia...
Seu modo de viver...
É bem simples...
Isso posso dizer...

Tudo o que está em cima...
É igual ao que está embaixo...
Sempre perseverando...
Enquanto os anos vão passando...

Há tantos mistérios...
Esconderijos na alma...
Algumas verdades incertas...
Enquanto outras nos liberta...

Suas verdades nem sempre são certas...
Mas fala o que pensa...
Porém nem todo mundo aceita...

Assim, segue em rumo ao indefinido...
Procurando nas estrelas...
O que mais de puro...
Guarda consigo...

Inocência ainda...
De um menino...

Sandro Paschoal Nogueira

⁠#QUASE #UMA #PRECE

Para alguns falta o pão na mesa...
Para outros, a alegria de viver...
Alguns são ricos e abastados...
Outros tantos nada fazem por merecer...

Não há mentiras...
Não há mistérios...
No escondido...
Aonde nascem as preces...

Nossas vidas precisam recomeçar enquanto há tempo...
Enquanto ainda existir horizonte...
Sempre sonhando...
Adiante...

Mas se você não acredita nisso...
Lamento...
Assim eu creio...
Posso e quero...

Mude seu destino e tenha fé...
Se cair...
Ponha-se de pé...

Veja no amor a chance da luz aflorar...
Em tudo...
Que está no ar...

Onde os minutos fazem toda a diferença...
Possa Deus, meus pensamentos, silenciar...
Encher-me de paz...
Preparando minha jornada...
Colorindo...
Com muitas flores...
Minha estrada...

Sandro Paschoal Nogueira

⁠#GERALDO

Era ainda madrugada...
Cobertas frias...
Abandonou o leito...
Contra gosto...

Não tinha jeito...
Era pra ser feito...

Esposa ainda dormia...
Grávida sonhava...
Que em algum dia...
Sua vida melhorava...

Casa pequena...
De dois cômodos apenas...
Dividida por cortinas...
Surradas chitas...

Olhou com ternura ...
Para sua amada...
Com dó no peito...
Para sua mãe idosa acamada...

"Até quando ela sofreria?"
Pensava...com grande pesar...
Resignado...
Ao que nada poderia mudar...

As duas mulheres que mais ele amava...
E por quais era muito amado...
Arrumou sua marmita...
Sem fazer barulho...
Com zeloso cuidado...
Tinha que ir ao trabalho...

Tanto frio...
Blusa esburacada...
Sozinho...
Naquela rua abandonada...

"Vai Geraldo...Vai trabalhar...
Nas sombras das sarjetas...Só os ratos a olhar..."

Vielas tortas, escuras...
Sujas...
Mas sem medo...
Em Deus confiava...

No ponto de ônibus...
Um cigarro ascendeu...
Esquentando a mão...
Afugentando a solidão...

Enquanto o ônibus não vinha...
Na fumaça que subia...
Para Deus orava...
E pedia...
Um término na tristeza de sua vida...

Condução chegou...
Como sempre lotada...
Viajando em pé...
Pernas já ficaram cansadas...

Era apenas uma lotação...
Tinha mais uma pela frente...
Pesaroso sabia...
Que adiante , mais e mais gente...

Enfim...
Chegou ao trabalho...
Pela manhã...
Já estava suado...

Por momentos esteve alegre...
Ouviu vários bom dia...
De seus amigos tantos ou mais como ele...
Desafortunados...

As mãos calejadas...
Fortes e grossas...
Eram leves...
Na pele de sua cabrocha...

Aquele dia...
Seria de grande alegria...
Poderia levar para casa...
Um pouco de carne moída...

Seria sustância para a mãe doente...
Para o filho que viria...

Sua amada saberia ...
Como preparar...
E naquela noite...
Já antevia muito amar...

Refez todo percurso de volta...
Esqueceu de todo cansaço...
Comprou o que desejava...
E ainda sobrou uns trocados...

Já era tarde...
Mas a rua estava cheia...
Fogueteiros de olho...
Comércio cheio...
Não estava a tudo alheio...

Então de repente...
De cores o se se fez...
Tiros...
Correrias...
Confusão...
Algazarra...

Uma bala perdida...
Encontrou alguém...
Que não merecia..

Naquela noite...
Não teve mais alegria...
A cabrocha chorou...
A mãe doente mais ficou...

E para a história terminar...
Só teve uma alegria...

Na sarjeta suja e fria...
A carne moída foi festa...
Para os ratos que ali estavam...
Desconheciam a triste sina...
De Geraldo...

Sandro Paschoal Nogueira

⁠#TÃO #ASSIM...

Um olhar tão profundo...
Querendo descobrir o mundo...
Um sorriso..
Uma atenção...
Alguém para alegrar...
O coração...
Na tristeza que vê...
Tanto a esconder...
Na luz que incendeia...
Torvelinho em cadeia...
Não consegue manter...
O sustento que deseja...
Tem medo que vejam...
A sua pena...
Foge e disfarça...
A sua graça...
Espelho da alma...
Ah quem dera...
Nesse olhar me entregar...
Me perder...
Me encontrar...
Diria eu...
Com alegria...
Que assim seria...
Tão feliz...
Em lhe amar...
Todos os meus dias...

Sandro Paschoal Nogueira

#UM ⁠#DIA #DE #GAROA

Lá fora...
O céu chora...
Se é de alegria ou de tristeza...
Não posso dizer...

Vejo o balanço das horas...
E o que me acontece...
O que agora...
Há de ser...

A bocejar...
Um sol em dia nublado...
Garoa...
Frio...
Aqui está...

Não estou tão sozinho...
Sim, eu vejo...
Em meu jardim...
Ali molhado...
Um anjo solitário...

Com um sorriso me convida para brincar...
Diz com seus olhos...
A vida é bela...
Vem comigo festejar...

Um retrato na parede...
Olha para mim...
Sorrindo diz:
- Vai sim...

Olho para o jardim de cá...
Breve brisa chega...
Minhas flores bailando...
Me convidam,também, para esse encanto...
Me chamam para com elas...
Também dançar...

Trinca-ferro, canarinhos, sábias...
Fazem festa no canteiro...
Doces trinados...
A orquestra...
O pardal é o maestro...

Minha rosa tão linda...
Me oferece seu perfume...
Até o meu cravo...
Esqueceu seu queixume...

A flor-de-liz me diz...
Que hoje é um único dia...
Já não mais repetirá...
Essa fantasia...

Dálias e hibiscus...
Entrelaçam seus galhos...
No balanço do vento...
Amam-se em compassos...

Lírios e jasmins...
Todos orvalhados...
Festejam a dança...
Do bem-te-vi...

Nem sempre os dias mais belos...
São aqueles de azul intenso...

Eu já amo...
Qualquer variedade no tempo...

E o anjo que continua a me sorrir...
Já me estende a mão...
Aceito seu convite...
Suas asas vão me cobrir...

A fonte, num sussurro...
Desvenda um segredo...
Diz que o amor é eterno...
Para quem tem o coração sincero...

Então, tal qual menino...
Pisando nos astros ...
Em firmamento...
Vou bailando...
Me entrego...

Ao sabor do vento...
Eternos momentos...

E o dia fica mais lindo...
Tudo mais belo....
Em minha casa...
Meu jardim...
Meu castelo...

Sandro Paschoal Nogueira

⁠#O #QUE #SINTO

Chegou sem mimos...
Sem falar de flores...
Nem de badalos de sinos...
Nem de amores...

De olhar flamante...
Invasor...
Resgatou algo em mim perdido...
Sem muito esforço...
Me conquistou...

Sabendo o que sinto...
De andar compassado...
Bem barbeado...
Vestido galante...
Sedutor...
Me tocou...

Mãos grandes e fortes...
Em um arrepio...
Vi minha sorte...

Ninguém ousaria...
Dizer ser tão desfrutável...
Aceitei seu olhar...

Eu seria...
Já queria...
Me entregar...

Não precisei beber...
Para coragem ter...
Não queria conversar...
Mas sim me envolver...
Àquele olhar...
Que tudo prometia...

Empunhando uma brandura dissimulada...
Ele já prenunciava..
Cordialmente aceitava...
Sua vitória...
Que eu concedia...

Não havia por que ter resistência...
Ninguém queria...
Sem tempo...

Não era hora...
De ilusões mentidas...
De jogos e conquistas...

Tão galante...
Bom amante...
E eu ali...
Tão perdido...

Homem volátil...
Por devoção...
De cheiro forte...
Sedução...

Sabe o que sinto...
Sabe o que quero...
Não se fez de rogado...
Levou-me a sério...

Óh... céus...
Que luxúria...
Com isso...
Não posso mais lutar...

Também não quero...
É mais que preciso...
Nem é bom tanto pensar..

Nem tudo tem por quê...
Mas o que estou eu a dizer?

Bradando contra esse vício...
Me rendo...
Só ele sabe...
O que agora sinto...

Rasgando minha esperança...
Me entrego na festança...
Dentre os braços que cerrados me tem...
Já não sou mais ninguém...

Já no leito...
Em tudo me toca...
Onde sua mão alcança...
Isso em nada ...
Me amansa...

Palavras desconchavadas...
Sandices ritmadas...
Seu corpo alinhando ao meu...
Levando-me ao apogeu...

Maciez torpe...
Onde tudo sinto...
Não controlo ...
Meus gemidos...

No leito que clama...
Quem me dá...
Também me tira...
Levando à loucura...
Tamanha tontura...

Rendido, quebrado...
Pelo seus gestos de amor...
Me dou por vencido...

Um olhar lânguido...
Muitos suspiros...

Rompendo férreas algemas...
Por completo...
Ele muito sabe...
O que sinto...

Derrotado e vitorioso...
Com o estranho...
E meu ninho...
Adormeço...
Esquecido...

Sandro Paschoal Nogueira

⁠#ORIXÁS

Em uma casa branca...
De telhados cinzentos...
Grande portão de madeira...
Eu me vi ali dentro...

Uma bandeira alva...
Bem no alto tremulava...
Silêncio respeitoso...
De yawôs que ali estavam...

Sobre a esteira - eni...
Um ancião sentado ali...

Sagrados objetos de Opon-Ifá...
Pude bem observar...
O jogo estava pronto...
Era hora de Orumilá falar...

Tinha já hora marcada...
Muito queria saber...
Tantas perguntas...
Para o babalawô responder...

Abanou-se com o irum-kerê...
E os okins foram jogados...
E maravilhado...
Pude ver...

Ifá começou a falar...
Odu manifestou...
Traçado singelo escrito...
Cheios de significados...
Se revelou...

Agora já era sabido...
Qual destino era meu...
O que eu tinha a fazer...
Que atitudes a tomar...

Me banhei de ervas frescas..
Alecrim e mangericão...
Arruda, guiné...
Erva tostão...

Então comecei...
Com minha grande jornada...
Em grande encruzilhada aberta...

Com farofa e aguardente...
Exu invoquei...
Pedi licença e segui adiante...
Para trás não mais olhei...

Seguindo caminhada...
Pela longa estrada...
Ogum gritei...

Que me desse bons caminhos...
Em minha jornada...
Se eu tivesse inimigos...
Que a vitória me fosse dada...

Na beira da mata...
Odé estava lá...
Se eu quisesse a fartura...
Ele poderia me dar...

Me aconselhou a ter persistência...
"- Tudo tem que ter paciência...
- Um bom caçador - avisou...
- Tem que ter prudência..."

Moedas e fumo de rolo...
Com Aroni pude barganhar...
Somente assim...
Ossãe poderia me ajudar...

A fronte no chão bati...
Paó ecoou...
A terra tremeu...
Na rachadura...
Omulu apareceu...

Em meus braços e tornozelos...
Amarrou palha da costa...
Força me seria dada...
Eu venceria...
Não conheceria a dor da derrota...

Também eu teria...
Saúde e paz...
Me prometeu o senhor da terra...
Que não me abandonaria jamais...

Então ao meu encontro veio...
Um poderoso rei...
De cabelos trançados...

Todo garboso...
Do trovão o poder...
Tamanha foi a visão...
Diante de sua autoridade...
Me prostei...

Sua voz poderosa...
Grande e forte brado...
Empunhando dois oxês...
Dois machados...

Usando esplêndida coroa...
Tirou de sua cabeça...
Colocando em minha mão...
Justiça sendo feita...
Com toda precisão...

Era Xangô...
Que ordenou a Oiá...
A todos os maus eguns...
Afastar...

Forte vento soprou...
Levantando muita poeira...
O céu relampejou...
De imensa beleza...

Iansã os chifres de búfalo me deu...
Toda vez que eu precisasse...
Era só por ela chamar...
"- Filho...Agora você também é meu..."

Me levou na cachoeira...
Onde a mãe do ouro se banhava...
Tão linda me encantou...
Oxum também me presenteou...

Pequeno seixo branco...
Tirada de seu adê...
" -Leve contigo esse seixo...
- Em hora certa saberá o que fazer..."

Mãe me alimentou...
Com a caça de Logun Edé...
Matou minha sede...
Me deixando ali ficar...
"- Durante o tempo que você quiser..."

Porém, não era essa minha intenção...
Por mais assim quisesse eu...
Carinhosamente me indicou...
Segui o rio abaixo...
Que era seu...

Ondes as águas eram mais bravas...
Obá eu encontrei....
Valorosa guerreira...
Disposta a me guiar...
Me levou para a lagoa de Ewá...

Em lago plácido entrei...
Para a menina deusa encontrar...
Com Oxumarê a donzela brincava...
Junto às águas sagradas...
Da lagoa encantada...

Flores rosas eu ganhei...
E a grande dã ofereceu...
Comigo cruzar o firmamento...
Às águas de Iemanjá...
Poderia me guiar..

A grande mãe já me esperava...
Em seu palácio submerso...
Feito de corais...
Montanhas de ouro...
Navios naufragados...
Eram seu tesouro...

Me mostrou todo o okum...
Nosso berço ancestral...
Aonde ela aprisionava...
Todo e qualquer mal...

Em barco de espuma naveguei...
Ao encontro da nossa origem...
Junto a mim...
Levando os presentes que ganhei...

Seria bem recebido pela grande senhora...
Dona da fatídica hora...

Conheceria a grande Nanã Buruquê...
Anciã de grande respeito...
Morava em casa de barro e estuque...
Já estava assim tão perto...
De tudo esclarecer...

A mais idosa...
Senhora do mistério...
Carinhosamente me recebeu...
Me indicando o caminho...

Antes me aconselhou...
Às Iamins não ignorar...
Sem a precisão delas...
Ninguém poderia me auxiliar...

Oxumarê que ainda...
Junto a mim estava...
Me guiou pela terra...
Das grandes águas paradas...

Então chegando ao cume...
De uma grande montanha...
Estava ali quem eu tanto procurava...
Dando fim a minha campanha...

Ajalá...
O grande orixá...
Moldador de todo ori...
A quem eu deveria...
Que de Oxum ganhei...
Entregar o okutá...

Olodumare então sorriu...
Olorum ficou em festa...

Todo o mundo tremeu...
Tal qual palmeira ao vento...

Ergui minhas mãos aos céus...
Fazendo meu agradecimento...
Pela dádiva recebida...
Reforçando meu comprometimento...

Agradeci a Ifá...
Agradeci a Orumilá...
Pedi a benção a Oxoguiã...
Beijei a mão de Oxalufã...

Me deitei aos pés de meu senhor...
Ododuwá...

Meu odum estava completo...
Meu destino se cumpriu...
Meu coração em paz...
Minha alma floriu...