Sandro kretus

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Expurgo


De mim foram tiradas as vísceras apodrecidas
Junto com as feridas de um mundo adoentado
Outrora envenenado pelos reis das províncias
E machucado pelos gigantes atormentados

Não há cura onde a real loucura predomina
O louco não consegue gritar quando a mente o domina
Restos são restos, e o que sobra para os insetos?
Que de longe chegam perto de nossa hegemonia

A insustentável razão de um ser humano incrédulo
Que com seu apego, apelo, apreço
Paga seu preço pela sua inevitável ignorância

Que desde a infância constrói seus castelos
E desenha sois amarelos
Desejando um dia ser feliz

As flores de tuas mãos

Ninguém pode ver-te
Ninguém pode sentir-te como eu sinto
Ninguém pode sentir o toque de tuas mãos, porque agora entre nós só existe a chuva
Ninguém pode tirar-te de mim, pois meu amor é forte e profundo
Mesmo que ceguem meus olhos, poderei ver-te
Mesmo que silenciem meus ouvidos, ouvirei tua voz, porque sei que Deus mandou-
me um anjo, e mesmo sem assas, voaremos juntos no céu
Veja aquelas flores que nascem, cada uma delas guarda um segredo, e nas pétalas de
cada uma está escrito o teu nome
Ouça o vento que suspira por ti, em cada sopro meu coração se eleva junto com as
folhas perdidas e esquecidas de amor
Agora sinta meu amor, e veja que sou as flores que estão em tuas mãos
Veja que sou o vento que suspira em teu corpo
Veja que sou o homem que espera por ti, sem mesmo saber se um dia irá chegar.

Inserida por santro

Princesa japonesa

Se eu pudesse alcançar o sol nascente com minhas mãos de amor carente, eu chegaria até seu coração, na clareza da tua alma, que diz que tu és o sol iluminado do oriente.
Acredito minha princesa, que assim como o Deus Ebiso, tu não te entregas tão fácil ao amor, mas ensinas a amar. Eu seria capaz, antes mesmo da cerimônia do Joya no kane, de tocar o sino cento e oito vezes todos os dias, até minha voz ser levada até tua essência, eu seria capaz de dançar até o sol nascer, meu Odori apaixonado, pois assim como o Budismo iluminou o Japão, iluminarei seu dia, assim como a filosofia de Confúcio, que quando chegou, filosofou para as estrelas japonesas, declamarei mil poemas de amor, e deixarei meu Tanka, gravado em seu coração. Minha bela, eu não sou um samurai, talvez eu seja um simples Ronin, apaixonado de amor sem fim, que
vive para te proteger com sua Katana, na qual é usada somente para cortar as flores mais belas para seu Ikebana, sei que teus olhos negros escondem duas perolas do amor, na qual um dia irei encontrar, lutarei e vencerei para chegar até ti, e te
conquistar, te entregarei meu amor com a mais pura certeza, que tu és minha amada, minha princesa japonesa.

O verme

Ao decompor-se, o corpo já apodrecido
Metamorfoseou-se em um liquido espesso, amarelado
E ao ser sugado, embrenhou-se ao estomago da mosca varejeira
Que lentamente o sugava

Após extraordinária transmutação
Produziu-se uma espantosa manifestação
Fazendo a mosca defecar o verme
Em meio a podridão

Submergido em um caldo azulado
Estava o verme
Em estado espantado
Tentando livrar-se daquela bolsa fecal

Ao colocar a cabeça para fora
Após romper a grossa membrana
O verme esforçou-se, conseguido tirar seu corpo
Lançando-se ao chão com um hibrido mergulho

Livre daquela prisão, rastejou suavemente
Deixando um rastro meloso no chão
E aos poucos as luzes foram acendendo
Fazendo o verme recuperar a visão

A sua frente, a surpresa
Estava o verme em frente a um jardim de violetas
E sem perder tempo, foi logo tratando de rastejar
Indo ao encontro das lesmas

Ao chegar, o verme foi expulso pelos molúsculos gastrópodes
Que lançaram-no um olhar de repulsa
-Vá ao encontro dos seus! Gritou uma das lesmas
-Estão ali! Ali no corpo decomposto

O verme emocionou-se ao ver uma nuvem de vermes
Fervilhando em uma carcaça apodrecida
E assim, juntou-se aos seus
Dando continuação a vida, que ali, lentamente se esvaia

Inserida por kreturiano

O teatro Van Tepes

Porto Alegre 1851

-Havia muito sangue nas cortinas?
Perguntou a governanta para sua sobrinha Carmem Lucia
-Desta vez até que não havia muito sangue- Respondeu-lhe
-Eram muitos? Quero dizer, estavam todos no palco?
Todos os 9 ? O menino também estava?
-Estavam todos, titia, todos eles
-Quantos foram mortos desta vez? Quantas pessoas?
-Não sei, creio que três ou quatro
-Oh! Meu Deus!
Meu Deus! Isto tem que parar
todos os dias essa carnificina
e nós vivendo debaixo do mesmo teto que eles
e o pior é que não podemos fazer nada
-Somos apenas os empregados, tia, estamos aqui para servi-los
-Não sei porque seu tio foi aceitar este emprego
não suporto mais trabalhar para estes monstros
antes ao menos, matavam somente animais
porque tinham de vir para capital
e comprar este maldito teatro?
Deveríamos ter ficado na fazenda
vou lhe dizer Carmem, já estão desconfiando
não vamos conseguir manter este segredo por muito tempo
depois do desaparecimento daquele padre
a coisa piorou, não deveriam ter feito aquilo
-É melhor ficarmos quietas, tia, vamos fingir que não sabemos de nada
e depois, não temos nada a reclamar, vivemos muito bem aqui
temos casa, comida e ainda ganhamos um bom dinheiro
-Mas já estão a fazer perguntas Carmem
os vizinhos estranham o fato de só aparecerem á noite
não há uma viva alma, que ao bater na porta, não estenda
a vista para especular, o carteiro, o padeiro..estou lhe dizendo
Carmem, estão a desconfiar
-A senhora não comentou nada com ninguém? Não é mesmo tia Dolores?
-Não, valei-me Deus! Mas vou confessar-te
ás vezes tenho vontade de ir até policia e contar tudo
é abominável o que fazem! Nossa senhora! Não gosto nem de pensar
estes demônios vieram de Roma para devastar esta cidade
-Eles não vieram de Roma, tia, vieram da Romênia
- Pra mim é tudo igual, não fica lá na Europa ?
Acho que nunca deveriam ter saído de lá!! Agora isso!
Comprar um teatro bem debaixo da catedral
admiro muito quem vendeu para eles
o que não fazem por dinheiro!!
-Eles ofereceram uma boa cifra pra prefeitura
-Mas e o bispo? Ele foi contra a construção do teatro
imagina! Um teatro debaixo da terra, bendita hora que aqueles padres
foram encontrar essa câmara subterrânea
-O salão foi construído muito antes da catedral, tia
o senhor Van Tepes dize, que seu antepassado
a construiu no século XV, na idade média.
-Mas porque aqui em Porto Alegre? Porque eles tinham de vir pra cá?
Estes dias já vi a policia rondando o casarão, tem muita gente desaparecida Carmem Lucia, eles vão acabar descobrindo, só queria saber aonde escondem os corpos
-E porque esconderiam os corpos, tia?
-Ora, Porque? Eles são assassinos, matam as pessoas cruelmente
esse teatro é só uma fachada, tu sabes muito bem disso, porque perguntas Carmem Lucia?
- Eles não matam as pessoas, tia Dolores
-Como que não, eu mesmo vi com meus próprios olhos, eles apunhalaram aquela mulher com uma adaga, depois sugaram todo seu sangue, por Deus, eu vi!!
-Na verdade ela não morreu
-Não! Aquilo não era encenação Carmem, foi a única vez que
fui aquele teatro, e vi coisas horríveis acontecerem lá, eles mataram aquele mulher assim como mataram centenas de pessoas
-Talvez eles só tenham morrido para esta vida
-O que estas dizendo Carmem? Como podes pensar assim?
-Acho que está na hora de saberes a verdade, tia Dolores
-Que verdade? O que esconderam de mim?
-Os Van Tepes não estão matando as pessoas, estão criando uma nova raça.. Todos que estão desaparecidos foram transformados....a senhora sabe no que
-Por Deus! O que estas dizendo Carmem Lucia? Seu tio sabe disso? Porque não me contaram?
-O senhor Van Tepes pediu para guardarmos segredo, a senhora é
leviana, tia, tem a língua muito solta, mas agora não tem mais como esconder
-Mas aonde estão? Aonde estão estes monstros?
-Como a senhora bem sabe, o teatro Van Tepes é uma fachada
o interior do teatro esconde uma passagem para uma cidade subterrânea
construída á milênios atrás, é lá que uma nova raça
aguarda sua hora, a hora de governar este mundo
-Por Deus! Estão criando demônios! Então é isto que estão fazendo?
Malditos! Vou embora desta casa agora, vou contar tudo a policia
temos de nos apressar, ainda é dia, eles ainda estão dormindo
vamos, vamos, arrume suas coisas, onde está a Dorotéia?
Vais chamar tua prima, vai, depressa!
-Ela não está em casa, tia Dolores
-Como assim? Ela não estava contigo ontem? Não foram juntas ao teatro?
-Ela não voltou........
-O que? Ah! Meu Deus! Meu Deus! O que fizeram a minha filha?
-Ela está dormindo agora
Porque Carmem? Porque fizeram isso?
-Era a única maneira de mantê-la aqui, tia, este segredo é muito precioso
a senhora é a governanta desta casa, eles precisam de nós, quem cuidará deles quando estiverem dormindo? Ser como eles, não é tão ruim quanto pensas, eles falaram que depois da Dorotéia, eu serei a próxima, mas para isso é preciso que a senhora continue nesta casa
-Não deveriam ter feito isto com minha filha
-Foi a única maneira de convencê-la, tia, não se preocupe, Dorotéia está bem
-Eu nunca mais vou ver minha filha, Carmem?
-Poderá vê-la todas as noites no teatro, ela começa hoje
o senhor Van Tepes deixou estas entradas para senhora, é do novo espetáculo, Hamlet, de Willam Shakespeare, aquele autor inglês que a senhora tanto gosta, ele reservou um camarote só para nós, já falei com o titio, ele está preparando uma carruagem, iremos com eles, agora mais do que nunca, fazemos parte desta família, não fique triste, tia, enxugue essas lágrimas, Dorotéia não vai gostar de ver-te assim, hoje é sua grande estréia no Van Tepes, a casa vai estar lotada................

Inserida por kreturiano

Sol negro

Fitei meus olhos no horizonte
Onde um sol negro despertava
Em minha memória veio a lembrança
Dos tempos de outrora
Onde a luz existia
Repleta de glória

Lembrei-me das aves que cruzavam os céus
Passeando na plenitude, pairando como algodões
Na leveza das nuvens

Lembrei-me do mar que banhava as praias com seu manto
Beijando com espumas de prata
Águas salgadas de pranto

E as arvores? Ah! Que saudade das arvores
Que verdejavam as florestas e os campos
E agora o que resta? Além de brasas e cinzas dispersas

Lembrei-me das pessoas
Os humanos antes tinham pele e cabelo
E também não eram tão tristes quanto hoje

A melancolia me atinge
E do meu rosto uma lágrima se lança ao desespero
Meus olhos sem cílios prantam em silêncio.

Ao ver de longe, o astro onipotente
Que antes era rei
E agora é apenas, uma estrela carente

Inserida por kreturiano

O gótico
Eu sou o poeta da escuridão
que semeia em frios jardins
flores mortas
com as pálidas mãos

Sou o ser escuro
que vigia a noite
com o olhar de vampiro
buscando encontrar a beleza
que se esconde em cada sombra

Meus olhos pintados de preto
vêem o que não pode
ser visto
pelos olhos mortais

Eu sou a bruma noturna
o ouvido dos
Gárgulas
nas catedrais

Eu vagueio nos céus escuros
onde os olhos dos
corvos
brilham
no mágico crepúsculo


Nas trevas
vejo a luz
que poucos ainda
produz
e na terra onde os seres
do dia
rastejam
plano suavemente com
minhas asas de
anjo negro

Minha solidão
devora as horas
esperando o dia terminar
até cair sobre mim
o manto da noite
onde sonho acordado
sem despertar

Meus versos escritos
com sangue
deslizam como uma chuva tépida
nos prédios abandonados
onde deixo o lamento de um mundo
doente
gravado


Doenças deixadas pelos seres
do dia
que destroem o mundo
com sua ímpia enfurecida
Quem são os estranhos?
Ou seriam os loucos?


Deixe-me só com minha tristeza
pois o que resta é chorar
afinal, alguém precisa chorar
então
que seja eu
o ser da escuridão
o Nosferatu

Deixe-me acender minha fogueira
na terra das almas mortas
quero deitar-me sobre as lapides frias e tortas
deixadas pelos seres
de outrora

Deixe-me cantar
nas entranhas escuras
Close to me
o mundo está doente
talvez não há mais cura
alguém precisa chorar
então que seja eu
o ser da noite escura

A mosca e a mortalha

Em puro mármore deitou-se suavemente
colocando suas mãos pálidas por entre a mortalha
se fez um radioso brilho exuberante em volta da rosa
luminosa e delicada, que escondida, brilhava mais
que a luz debaixo das rendas bordadas
o silêncio veio ao encontro da mosca
que o tempo todo a rodeava e naquela intensa e clara luz
flutuava, porem lentamente se apagava
ao apagar-se inteiramente, o radioso brilho ali presente
despediu-se, e a mosca com a visão ofuscada, adentrou
por debaixo das rendas bordadas, pousando na rosa desabrochada
desesperada, tentava encontrar aquela luz, que subitamente se dispersara
convencida de assim tê-la perdido, se pôs a chorar
deixando cair uma lágrima quadriculada
e na sinfonia póstuma que ali se anunciava, a pequena mosca então sorriu, ao ver as chamas das velas enfileiradas
e assim, deitada ao perfume da bela rosa
ambas adormeceram iluminadas.

Inserida por kreturiano

Marie Anne


Estava ela desesperada, correndo em um corredor infinito e sombrio
A sua frente um grito de terror anunciava a chegada de um vulto
ao olhar para o lado, Marie Anne avistou uma pequena janela
e ao olhar para fora, viu três fileiras de pessoas com as cabeças brancas
que a acenavam, pedindo-lhe para pular
Marie Anne colocou a metade de seu corpo para fora da janela e quando foi impulsionar-se para o salto, foi surpreendida por uma guerreira vestida com uma roupa prateada, que a puxou com extrema violência, a misteriosa mulher sacou uma espada de fogo, dizendo-lhe que estava ali para salva-la.
Marie Anne sentiu-se aliviada, mas ao olhar nos olhos da heroína, sentiu um aperto em seu coração, voltou então a correr no infinito corredor, a sua frente apenas a escuridão, der repente, um clarão se fez, e Marie Anne foi lançada a um labirinto luminoso, ao sair do labirinto, Marie Anne avistou um imenso jardim colorido, coberto de flores brilhantes, a sua frente, um leão sem dentes lhe sorria, Marie Anne então deitou-se no jardim e mergulhou, naquela intensa fantasia.

Inserida por kreturiano

Soneto do tempo


Penso no tempo que não volta mais
O tempo que voa com a eletricidade
Que castiga com seus temporais
Destruindo templos e cidades

O tempo que passa sem ser percebido
Pelos meros e pobres mortais
Que jaziam no limbo esquecido
E se vão como folhas nos vendavais

Ah! Tempo! Inimigo perpétuo
O que fazes tu no meu caminho?
Se pudesse andava sozinho

Sem pisar nas tuas armadilhas
Sem prender-me em tua prisão
Tempo, o que fazes tu na exatidão?

Inserida por kreturiano

Quintânes

O teu coração não me engana
Se eu fosse o Mario Quintana
você por mim passaria
ou passará, ou passarinha, sei lá
Um dia vou te encontrar
e no teu ninho escondido
na árvore de amor sortido
vou fazer você voar

Inserida por kreturiano

O tempo sem pressa

Não me pergunte que horas são
mas me diga, que oração devo fazer
para que o tempo passe mais devagar
para que a vida ande em câmera lenta
para que todos os bons momentos
passem bem devagarzinho
como um barquinho
deslizando lentamente no mar
Me diga que oração devo fazer
Para que meus olhos não ceguem
para que meu corpo não pare
para que as coisas melhorem
para que o tempo não passe
sem antes eu amar tudo que queira
sem antes eu sonhar tudo que deva
sem antes eu viver uma vida inteira
me diga que oração devo fazer
Para que eu consiga realizar tudo
que gostaria
para que eu consiga vencer
os obstáculos, as armadilhas
para que eu possa ver os filhos
dos filhos da minha filha
para que eu possa envelhecer
ao lado da minha mulher
e ainda poder dizer eu te amo
sem se importar com as rugas no rosto e
os cabelos brancos
A vida é passageira para quem tem pressa
Eu não tenho, quero que ela passe
bem devagarzinho
como um barquinho deslizando lentamente no mar
Então não me pergunte que horas são
me diga que oração devo fazer
para que o tempo passe bem devagar

Inserida por kreturiano

Oráculo dos tigres

As patas dos tigres sangraram
Impregnando de sangue a terra vermelha
Enquanto o vento soprava no sertão seco
E o sol rachava no meio da cabeça
Dei-me um pouco de água, tu que nunca choraste
Se a lágrima não fosse salgada eu bebia
Matava minha sede com a dor da minha agonia
Não tenho água pra beber!
Nem esperança para esperar
Desde criança meus pés fritam neste chão ardido
Minhas sementes não crescem
Minha cabra não dá leite
Fico aqui observando os urubus
Que esperam ansiosamente a hora de me devorar
No sertão não existe paraíso
No sertão só existe a dor
É como um templo sem igreja
E ovelhas sem pastor
Segui a sina nordestina
De morrer com os olhos secos de sol
Ou seriam de mar?
Depois de tanto chorar
Depois de tanto sofrer
Quero um pouco de água pra beber
Quero um pouco de vida pra viver

E mais um homem bom morreu na terra dos tigres
Depois de tanto sangrar..................

Inserida por kreturiano

A lei de Dom Casmurro

A dúvida me assombra
E a certeza me corrói
Não quero ver com os olhos vendados
O que está tão claro diante de nós
A incerteza de Dom Casmurro
É o que mais me dói
Seja ele um cego ou um mudo
Ama cegamente o que lhe destrói
Assim como eu neste amor profundo
Mergulho intensamente nesse mar de nós
É a tal beleza que nos fascina
Nos encanta, nos cega, e nos domina
É sentir o aperto de um coração que grita
Aceitamos as levezas da alma
Quem não ama aponto de aceitar?
Na pior das hipóteses é melhor ficar com a dúvida
A certeza é fulminante
Pois quem culpa, julga e tortura
Pelos simples capricho de não aceitar

Espelho das eras

Leões da Babilônia cercam os portões do paraíso
Enquanto Sodoma e Gomorra choram
E Alexandria distribui seus livros
Onde estão os profetas com seus pergaminhos?
E os espartanos com suas lanças de ouro?
Em cada árvore do Éden
Um pássaro faz seu ninho
Enquanto Atlântida desce
Nas profundezas de um mar revolto
E o Egito grita com a esfinge em seu ventre
Sangue e águas correntes
Á lacrimejar no Nilo
Elevam e ressuscitam as colunas de Atenas
Que choram no Egeu como lágrimas serenas
Enterrado na areia
Um cavalo de Tróia também chora
Ao lembrar dos olhos de Helena..........

Portas escritas

Minhas calças curtas
De travessuras, de caçadas
E aventuras, Monteiro Lobato
Minha filosofia Suassuna
E meus olhos cegos, Saramago
Nas minhas borboletas mortas, Baudelaire
Na minha angustia, Florbela Espanca
Uma rosa sem perfume
E em sua dor, Augusto dos anjos
Beija sem ciúmes
Um beijo tépido no silêncio
Mortes, chagas, visões, infernos de Dante
Minhas mãos Machadianas escrevem versos de Quintana
Em uma ensolarada tarde, e as horas passam, voam
Ninguém vê Virginia Woolf
E Drummond com cara de bom, olhando o céu ao lado de Bandeira
De bobeira, soltando pipas no ar, sentados na areia
Na Villa dos lobos, um Tom toca Vinícius
Eça de Queiroz iça seus anzóis com palavras de ternura
Usando toques de Neruda
Eu ando pela Baker street mas não encontro Conan Doyle
Nem Jô Soares, e na corrida do ouro, Allan Poe corre
Apressado com os corvos enquanto Mary Shelley tranca seu monstro no armário
No corredor, Crowley vê Levi, e Bram Stoker carrega um bebê vampiro nos braços
Fernando pessoa visita o salão filosófico de Platão
Enquanto meus olhos de Byron naufragam num mar revolto...............

Inserida por kreturiano

Nobres anzóis

Com os olhos vendados eu posso ver
Minha carne pendurada em arpões
Como anzóis que brilham no escuro
Cortejando bocas de dragões
É um sofrer que castiga e que dói
Rasgando lentamente o que se foi
Quero o colo de minha mãe para me deitar
Quero o abraço de meu pai para me abraçar
Já que não tenho teus lábios
Tua boca
Tua língua louca
Para me beijar
Talvez eu desça desses arpões
E volte a andar
O que me espera depois?
Talvez um novo amor
Para amar

Inserida por kreturiano

Canções de Navarone

Balas de canhões explodem nos céus
O barão de Münchhausen me mentiu
Quando disse que eram fogos de alegria
Como ter a liberdade
Sem antes sofrer na agonia?
Em todo clarão
Há um sorriso de Napoleão
Disse ele
Disse o barão
Não há céu sem estrelas
Não há terra sem chão
Não há silaba sem palavra
Não há pecado sem perdão
Na agonia o homem mata e morri
Cresce e se liberta
Julga, culpa, e implora piedade
Corações que sangram na escuridão
O pranto no silêncio da razão
E os maquiavélicos canhões
Á explodirem nos céus
Com balas lançadas
Pelas nossas próprias mãos

Inserida por kreturiano

Visionário cantador

Com sua guitarra estratosférica
E seu grito cantador
Zé Ramalho segui o verso e a rima
Do iluminado encantador
Avôhai, padinho Ciço, nosso senhor
Abençoai o visionário
Que traz em seu dicionário
Palavras de um poeta cantor
Em sua mente tudo brilha
Quando os cometas se alinham
Se agrupam no seu som
Com seus mistérios e segredos
Desafia sem medo
A filosofia de qualquer doutor
Enquanto o olho cego vagueia
Procurando o matador
Ele saca sua espingarda
De seu alforje de caçador
E no céu tudo se ilumina
Com as luzes de um grã-vizir
Quando o poeta escrevi sua poesia
Espalhando magia
Sobre o chão de giz
É a semente de um poeta
De um visionário cantador
Que semeia no ventre da querubinas
Felinas, o amor
Das mulheres sabe os mistérios
E conhece toda a dor
Delas faz frevo, banquete e flor
Entre a serpente e a estrela
Ali está o grande mistério
Da vida e do amor
Segue a viajar pelo espaço
Com teu som e com teu poetar
Apanha na vila do sucesso
Teu táxi lunar
Segue o verso e a rima
Do iluminado encantador
Pois essa é tua sina
É o que te fascina
O que te faz ser
O visionário cantador

Inserida por kreturiano

Um homem só da vida ao seu pensamento através de suas palavras.

Inserida por kreturiano

Não entendo, se o homem veio do macaco, então porque somente o homem, sendo ele um primata, se tornou carnívoro? Se a água que existe em abundancia em nosso planeta foi responsável por gerar a vida na terra, então porque não acreditar que o homem veio do golfinho. Acho que Darwin sabia disso, só escolheu o macaco, por este ser mais convincente.

Inserida por kreturiano

A maior recompensa por estar amando é ser amado.

Inserida por kreturiano

Quando a gente acha que tudo está perdido é porque já está na hora de se reencontrar.

Inserida por kreturiano

Se a vida é um barco, o amor é uma cachoeira de sete quedas.

Inserida por kreturiano

Um gênio é sempre um gênio, independentemente de sua loucura.

Inserida por kreturiano