Nelson Rodrigues

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Toda autocrítica tem a imodéstia de um necrológio redigido pelo próprio defunto.

A ideologia que "absolve e justifica os canalhas" é apenas o ópio dos intelectuais.

Supõe-se que todas as alegrias se parecem. Mas a verdade é que a alegria rubro-negra não se parece com nenhuma outra. Não sei se é funda, ou mais dilacerada, ou mais santa. Só sei que é diferente..

[comentário sobre Garrincha]
Deus escreve certo por pernas tortas.

O problema do tapa não é o tapa, é o barulho.

Resposta de Nélson Rodrigues para a pergunta:
Na Política, o que você é realmente?
Eu sou um anticomunista. Conhecíamos o canalha, o mentiroso, o vampiro de Düsseldorf. Todos os pulhas de todos os tempos e de todos os idiomas, mas, ainda assim homens. O comunismo inventou alguém que não é homem. Para o comunista, o qiue nós chamamos de dignidade é um preceito burguês. Para o comunista o pequeno burguês é um idiota absoluto justamente porque tem escrúpulos.

A maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são a maioria da humanidade.

Deus só freqüenta as igrejas vazias.

Só eu sei o trabalho que me dá empobrecer os meus diálogos...

Eu sou um anticomunista que se declara anticomunista. Geralmente, o anticomunista diz que não é. Mas eu sou e confesso. E por quê? Porque a experiência comunista inventou a antipessoa, o anti-homem. Conhecíamos o canalha, o mentiroso. Mas, todos os pulhas de todos os tempos e de todos os idiomas, ainda assim, homens. O comunismo, porém, inventou alguém que não é homem. Para o comunista, o que nós chamamos de dignidade é um preconceito burguês. Para o comunista, o pequeno burguês é um idiota absoluto justamente porque tem escrúpulos.
(Entrevista à VEJA em 1969)

Eu sou um pierrô romântico. Mas o romântico piegas. Não o romântico de grande estilo, não o wagneriano. E aí me veio essa vergonha de ser romântico e uma certa tendência para negar essa emotividade fácil e vagamente burlesca.

Como são parecidos os radicais da esquerda e da direita. Dirá alguém que as intenções são dessemelhantes. Não. Mil vezes não. Um canalha é exatamente igual a outro canalha.

“O Marx é uma besta”.

“O brasileiro é um feriado”.

“O Brasil é um elefante geográfico. Falta-lhe, porém, um rajá, isto é, um líder que o monte”.

“Sou a maior velhice da América Latina. Já me confessei uma múmia, com todos os achaques das múmias”.

“Toda oração é linda. Duas mãos postas são sempre tocantes, ainda que rezem pelo vampiro de Dusseldorf”.

“O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota”

“Na vida, o importante é fracassar”

“A Europa é uma burrice aparelhada de museus”.

“Hoje, a reportagem de polícia está mais árida do que uma paisagem lunar. O repórter mente pouco, mente cada vez menos”.

“Daqui a duzentos anos, os historiadores vão chamar este final de século de ”a mais cínica das épocas”.

"O cinismo escorre por toda parte, como a água das paredes infiltradas”.

“Sexo é para operário”.

“O socialismo ficará como um pesadelo humorístico da História”.

“Subdesenvolvimento não se improvisa. É obra de séculos”.

“As grandes convivências estão a um milímetro do tédio”.

“Todo tímido é candidato a um crime sexual”.

“Todas as vaias são boas, inclusive as más”.

“O presidente que deixa o poder passa a ser,
automaticamente, um chato”

“Não gosto de minha voz. Eu a tenho sob protesto. Há, entre mim e minha voz, uma incompatibilidade irreversível”.

“Sou um suburbano. Acho que a vida é mais profunda depois da praça Saenz Peña. O único lugar onde ainda há o suicídio por amor, onde ainda se morre e se mata por amor, é na Zona Norte”.

“O adulto não existe. O homem é um menino perene”.

"Não vou para o inferno, mas não tenho asas"

"O óbvio também é filho de Deus."

"O dinheiro compra até amor sincero"

O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais um vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota. Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos. Nunca vi um sujeito vir à boca de cena e anunciar, de testa erguida: - Senhoras e senhores, eu sou um canalha.

Não estarei insinuando nenhuma novidade se afirmar que nunca houve uma multidão inteligente.

Nelson Rodrigues
RODRIGUES, Sonia (org.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota.

Nelson Rodrigues
RODRIGUES, Sonia (org.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

E não me venha com pequenas restrições !... ( Nélson Rodrigues a Millôr Fernandes, no final da exibição de uma de suas peças, destacando para que visse o arrojo da realização e não pequenas imperfeições que podem ocorrer em qualquer criação artística humana)

Inserida por RITAMENINAFLOR

[Até o século XIX,] o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou tirar uma cadeira do lugar. Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os ‘melhores’ pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele. Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. Houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas.

(Nelson Rodrigeus, O reacionário [1], pág. 456)

A pior forma de solidão é a companhia de um paulista.

Torcer para o Fluminense é uma maneira de você olhar para o seu vizinho e dizer: "sou melhor que ele".

Não há ninguém mais bobo do que um esquerdista sincero. Ele não sabe nada. Apenas aceita o que meia dúzia de imbecis lhe dão para dizer.

A burrice é diferente da ignorância. A ignorância é o desconhecimento dos fatos e das possibilidades. A burrice é uma força da natureza.

Sou reacionário sim. Reajo contra tudo que não presta.

Nelson Rodrigues

Nota: Adaptação de Link

O que me importa são
os atos, e mais que os atos,
os sentimentos.
É a alma que está em questão.

Linda és tu.
És linda e doce, amorosa e triste.
Tens tudo que não presta.

Nelson Rodrigues
MAGALDI, Sábato. “Dorotéia” in Teatro completo de Nelson Rodrigues. Peças míticas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
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