Mujica
No meu jardim, há décadas não cultivo o ódio. Aprendi uma dura lição que a vida me impôs. O ódio acaba deixando as pessoas estúpidas.
Triunfar na vida não é ganhar, é se levantar e começar de novo cada vez que cai.
O Estado é como uma caixa de ferramentas, não tem consciência. Aqueles que falham são os humanos que governam o Estado.
A democracia é o melhor sistema que inventamos até agora, mas é uma porcaria, porque nos promete legalmente algo que está longe de se concretizar.
O problema mais grave é que os robôs podem substituir o homem oferecendo vantagem em muitos aspectos, mas os robôs não consomem, e vão trabalhar para o dono dos robôs. E aqueles que não são donos de robôs, vão viver de quê?
Os jovens têm que aprender que precisam se unir àqueles que pensam parecido, e lutar, lutar com grandeza e dar à vida uma razão para vivê-la.
O amor chega e muda: é vulcânico quando somos jovens, e, na minha idade, o definiria como um doce hábito; como um acostumar-se com coisas cotidianas que parecem não ter importância, mas que, no fim, são as únicas que importam.
Talvez você não possa mudar o mundo, mas pode aprender a caminhar dentro do mundo sem se deixar levar pela correnteza.
Mas no mundo se aprende muito mais com as derrotas do que com os sucessos, desde que as derrotas não o destruam, e isso depende de você.
A felicidade não equivale ao prazer, a felicidade equivale ao equilíbrio de sentir que se está cumprindo com alegria e vontade aquilo com que se comprometeu.
A democracia significa, e precisa significar, uma distribuição do poder de decisão entre a população. Toda autoridade tem algo de opressora, o desafio é saber se somos capazes de criar uma civilização sem opressão, ou seja, se nós, seres humanos, somos capazes de nos governar sem ofender outras pessoas.
Com frequência, o que chamam de educação nada mais é do que um adestramento para que a gente ocupe determinadas funções.
O povo decide muito pouco, e reduzir a democracia ao voto a cada quatro ou cinco anos é ridículo; chamar isso de democracia é absolutamente ridículo.
Estar vivo é um milagre, é o maior milagre que aconteceu a cada um de nós. Mas você pode viver simplesmente porque nasceu, como um vegetal, ou depois de ter nascido pode dar sentido à vida. Esse é o luxo que a consciência nos oferece e que nos permite criar a civilização: viver tendo uma causa.
A felicidade não está na riqueza. Ou você alcança a felicidade com pouco ou não a alcança com nada.
Se a humanidade não começar a apaziguar a guerra e lutar para reverter a mudança climática, estaremos perdidos. Afinal, isso não será feito pelos governos, a não ser que os jovens ocupem as ruas e os obriguem.
Havia 40 milhões de probabilidades de nascer outro e foi você. Esse é o único milagre que existe lá em cima. Provavelmente viemos do nada e vamos para o nada. É preciso se comprometer com a vida.
Não progredimos moralmente em nada. Pelo contrário, regredimos. Mas temos muito mais carros, telefones, conforto. Mas moralmente? Como sociedade? Estamos piores do que antes.
Humanos, embora não saibamos disso, quando vivemos em uma atmosfera de perigo em que a liberdade e a vida estão em jogo a cada passo, nós nos apegamos ao amor porque a natureza biológica nos impõe isso.
Não seria quem sou se não fosse a solidão da cela. Seria mais fútil, mais frívolo, mais superficial.
O problema é que o mundo é dirigido por pessoas velhas que se esquecem de como eram quando jovens.
A sobriedade é uma forma de viver, uma luta para manter a liberdade. Se deixo que as necessidades se multipliquem ao infinito, tenho que viver para cobrir as necessidades e não sobra tempo para fazer o que me motiva. Pobre é quem precisa muito.
Não viemos ao mundo para desenvolver a economia, mas para sermos felizes.