Mike Demian
Sempre me amei primeiro,amor,
seu cheiro vicia mais que Johnny Walker,
fiz esse verso no papel molhado,
alienado pela dor e pelo álcool,
Seus olhos castanhos me excitam e me afogam,
me afagam e me iludem,
me iluminam e me destroem,
como pode? como pôde?
dilacerar minha vil inocência,
inocente,meu coração se desfaz
pra que você venha novamente
como você sempre faz.
E eu permito,não minto.
Não! minto. me entrego,
sem freios, sem bloqueios,
eu sinto.e me afogo
de novo, e de novo
e de novo...
Carrego fielmente a escuridão nas costas;
Não pedi por ela,me foi entregue,me foi marcada!
Dolorida; "abolida", mas não esquecida.
Impregnada; antes com chicotes, hoje com balas.
Quero escrever!
Escrever não é solidão; é amor próprio
Quero escrever!
Escrever é afagar a alma, é se livrar
dos anseios,
Quero escrever!
O que os olhos tocam,o que as mãos veem
o que o coração sente,
Quero escrever!
Até meus dedos sangrarem, meus olhos cansarem,
Meu corpo doer;
Pois tudo o que me resta é escrever.
Certo dia acordei e
me perguntei o porquê;
e o porque me escapava,
por entre as tenras juntas
dos meus dedos pálidos.
Como lágrimas,como fonte,
e a fonte inesgotavel do meu ser,
esgotou-se em um súbito baque,
de realidade.
Tambem corre sangue nessas veias
Tambem pulsa esse coração, maldito.
Grito nessas linhas,
mas quem ouve senão
Os delírios sufocados
De um narciso incompreendido.
e chorei ,enfim, minha desinfancia.
e eu tambem senti,o que um dia
me recusei a acreditar;
e doía, e dói, e doerá .