Michel F.M.
Seu apelido era uma piada, sua cor era parda,
Mas Branca de Neve já estava acostumada,
Pois desde jovenzinha tinha sido discriminada.
Filha de uma mãe e vários pais,
Que tinham outros filhos em diversos cais,
A história se fazia, corrida diária,
Aquela sobrevida na zona portuária.
Foi adotada por uma bruxa,
Acorrentada no porão pela madrasta,
Era espancada, levou muita bucha,
Se viu acurralada e deu uma basta.
Fugiu numa noite gélida,
Logo caiu nas poções encantadas,
Não imaginou as ruas tão violentas,
Mais uma usuária viciada.
A sorte azarada estava lançada,
A Branca de Neve caiu num sono profundo,
À facção foi incorporada,
Regada a crack num antro imundo.
A pobre menina carente,
Viveria infeliz para sempre,
Se não fosse por um nobre alfaiate,
Que achara um sapato de cristal.
Entre o castelo e o mirante,
Um conto triste teve um desfecho brilhante.
Mesmo depois de tanta tristeza,
Ela encontrou um Príncipe que a chamou de Princesa.
E o velho retirante se coloca a caminhar,
Na busca por um fio do passado a restaurar,
Passado em que sentiu orgulho de viver,
Viveu e assumiu paixões no entardecer,
Sem medo do escuro dominar sua clareza,
Usou toda a artimanha era o rei da esperteza,
Não detinha um centavo, mas foi o mestre da nobreza.
Um dia eu ouvi meu Pai dizer:
Só morre de verdade quem não viver,
Porque quem vive e faz por merecer,
Jamais verá o eterno anoitecer.
Guiados pelo sorriso, a esperança e a compaixão, nosso objetivo é simples, só desejamos a liberdade e a revolução.
Gabelle
Traduzimos num olhar,
Tudo aquilo que um dia,
Talvez pudesse ser dito.
por diversas vezes será feio,
muito barulho e sujeira
por todos os lados.
e o sangue ?!
segue sempre correndo
na contramão das artérias,
desrespeita a gravidade,
pra alcançar o coração,
mas a velha bomba cardíaca resiste,
com tuas câmaras ocas
e tuas valvas guerreiras, resiste.
não permita que o mundo
lhe tome a sensibilidade,
ela é a maior arma que tens,
para defender-se de si mesma.