Marquês de Maricá

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A razão, sem a memória, não teria materiais com que exercer a sua atividade.

A opinião pública é sempre respeitável, não pelo seu racionalismo, mas pela sua omnipotência muscular.

Nos nossos revezes, queremos antes passar por infelizes, do que por imprudentes, ou inábeis.

A razão também tiraniza algumas vezes, como as paixões.

Os moços de juízo honram-se em parecer velhos, mas os velhos sem juízo procuram figurar como moços.

Não invejemos os que sobem muito acima de nós: a sua queda será muito mais dolorosa do que a nossa.

A sinceridade imprudente é uma espécie de nudez que nos torna indecentes e desprezíveis.

Achar em tudo desordem é prova de supina ignorância; descobrir ordem e sistema em tudo é demonstração de profundo saber.

Muitas pessoas se prezam de firmes e constantes que não são mais que teimosas e impertinentes.

Quando os tiranos caem, os povos levantam-se.

Desperdiçamos o tempo, queixando-nos sempre de que a vida é breve.

O louvor não merecido embriaga como o vinho.

É mais fácil perdoar os danos do nosso interesse que os agravos do nosso amor-próprio.

Mudai os tempos, os lugares, as opiniões e circunstâncias, e os grandes heróis se tornarão pequenos e insignificantes homens.

A autoridade de poucos é e será sempre a razão e argumento de muitos.

Os velhos que se mostram muito saudosos da sua mocidade não dão uma ideia favorável da maturidade e progresso da sua inteligência.

O ódio e a guerra que declaramos aos outros gasta-nos e consome-nos a nós mesmos.

A familiaridade tira o disfarce e descobre os defeitos.

A preguiça dificulta, a atividade tudo facilita.

Há muita gente para quem o receio dos males futuros é mais tormentoso que o sofrimento dos males presentes.

Há mentiras que são enobrecidas e autorizadas pela civilidade.

É mais útil algumas vezes a extirpação de um erro que a descoberta de muitas verdades.

Os conselhos dos moços derivam das suas ilusões, os dos velhos, dos seus desenganos.

Quando defendemos os nossos amigos, justificamos a nossa amizade.

Os nossos inimigos contribuem mais do que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores dos nossos erros, vícios e imperfeições.