Mario Quintana

Mario Quintana

Poeta e tradutor brasileiro
251 - 275 do total de 675 pensamentos de Mario Quintana

Verbetes

Infância - A vida em tecnicolor.
Velhice - A vida em preto-e-branco.

Verbete

Nós - o pronome do rebanho.

Viajar é mudar o cenário da solidão.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Nunca me acertei bem com os padres, os críticos e com os canudinhos de refresco.

Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! Sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?

Conhecer a si mesmo e aos outros ...Ver o mal com mais clareza...ó triste e doloroso dom!
E sofrer mais que todos, no final sem o consolo de ter sido bom...

Arte de Fumar
Desconfia dos que não fumam:
esses não têm vida interior, não tem sentimentos.
O cigarro é uma maneira sutil, e disfarçada de suspirar.

A psicanálise? Uma das mais fascinantes modalidades do gênero policial, em que o detetive procura desvendar um crime que o próprio criminoso ignora.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Para aqueles que atrapalham meu caminho: eu passarinho, eles passarão.

Minha vida está nos meus poemas,
meus poemas são eu mesmo,
nunca escrevi uma vírgula
que não fosse uma confissão.

No retrato que me faço
- traço a traço -
Às vezes me pinto nuvem
Às vezes me pinto árvore...

Nós só amamos os amigos mortos
E só as amadas mortas amam eternamente...

Mario Quintana
Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Nota: Trecho do poema Sempre.

...Mais

Pequeno poema didático

O tempo é indivisível. Dize,
Qual o sentido do calendário?
Tombam as folhas e fica a árvore,
Contra o vento incerto e vário.

A vida é indivisível. Mesmo
A que se julga mais dispersa
E pertence a um eterno diálogo
A mais inconsequente conversa.

Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre...
Todas as horas são horas extremas…

E todos os encontros são adeuses!

Mario Quintana
Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Poema transitório

Eu que na Era da fumaça: - trenzinho
Vagaroso com vagarosas paradas
Em cada estaçãozinha pobre
Para comprar
Pastéis
Pés-de-moleque
Sonhos
- principalmente sonhos!
porque as moças da cidade vinham
olhar o trem passar:
eles suspirando maravilhosas viagens
e a gente com um desejo súbito
de ficar ali morando sempre...
Nisto, o apito da locomotiva
e o trem se afastando
e o trem arquejando
é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar...
Ah, como esta vida é urgente!
... no entanto
eu gostava era mesmo de partir...
e - até hoje – quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.

O maior chato é o chato perguntativo. Prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir pensando noutra coisa...

Diário de Viagem

O poeta foi visto por um rio,
por uma árvore,
por uma estrada...

Biografia

Entre o olhar suspeitoso da tia
E o olhar confiante do cão
O menino inventava a poesia...

Mario Quintana
Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Hai-Kai da Palavra Andorinha

A palavra andorinha
Freme devagarinho
E some em silêncio...

Hai-Kai da Cozinheira

A cozinheira preta preta
Preta e gorda
Com seu frescor sorriso de lua...

Outono

É uma borboleta amarela? Ou uma folha que se desprendeu e que não quer tombar?

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Germinal

Planta
Com emoção
Este verso em teu coração

Uma folha, ai,
melancolicamente
cai!

O Verso

O verso é um doido cantando sozinho.
Seu assunto é o caminho. E nada mais!
O caminho que ele próprio inventa..

Há uma cor que não vem nos dicionários. É essa indefinível cor que têm todos os retratos, os figurinos da última estação...a cor do tempo.

A lua quando fica velha, todo mundo sabe que vira nova.