Manuel Nhassengo
Um amor repentino que terminou antes de começar
Esse é um dos mistérios mais dolorosos e belos da vida: um amor que chega como um raio, intenso e inesperado, mas que parte antes de se enraizar. Fica aquele gosto de promessa não cumprida, como se o tempo tivesse falhado, como se o universo tivesse mostrado algo precioso — só para, em seguida, tirar.
Às vezes, esse tipo de amor deixa mais perguntas do que respostas. Era real? Foi só um reflexo do que queríamos ver? Por que apareceu, se não era para durar? Mas a verdade é que, mesmo breve, ele transforma. Desperta algo em nós que talvez estivesse adormecido. E isso já é eterno, de certa forma.
A Armadilha Emocional Disfarçada de Conexão
Nem toda presença que aquece é abrigo. Às vezes, o calor vem de uma fogueira que arde lentamente, consumindo-nos por dentro enquanto sorrimos por fora. Em tempos em que ansiamos por conexões autênticas, nos tornamos vulneráveis a laços que parecem verdadeiros, mas que, na essência, nos sugam em silêncio.
A armadilha emocional não se apresenta com correntes ou grilhões. Ela chega com palavras doces, mensagens constantes e o disfarce do "cuidado". Mas, pouco a pouco, revela-se como uma prisão disfarçada de companhia.
Somos ensinados a valorizar quem "se importa", mas nem sempre questionamos de que forma esse cuidado nos é oferecido — e a que custo.
A conexão verdadeira liberta. A armadilha emocional prende. E, entre esses dois extremos, há uma linha tênue que, muitas vezes, só enxergamos tarde demais. Ela começa com a sensação de ser visto — realmente visto. Como se, enfim, alguém conseguisse atravessar todas as camadas e tocar o que há de mais íntimo em nós. E é exatamente aí que mora o perigo: na ilusão de ser compreendido por completo.
As vezes quero desistir e sumir para tentar me descobrir
Esse sentimento é mais comum do que parece — às vezes, a rotina, a pressão ou até o peso de expectativas (nossas e dos outros) faz tudo parecer sufocante. Querer “desistir e sumir” pode ser o reflexo de uma alma cansada, que não quer desaparecer do mundo, mas sim dar um tempo para respirar, silenciar o ruído e reencontrar a si mesma.
Talvez o que você queira não seja sumir, mas se encontrar. E isso exige pausa, espaço e escuta interior — não fuga, mas reconexão.
Se puder, permita-se um momento só seu: desligue-se das exigências externas, escreva, caminhe, fale com alguém de confiança ou apenas fique em silêncio. Às vezes, é no recolhimento que a gente se fortalece.