Lia Bock

Encontrados 2 pensamentos de Lia Bock

É impossível se despedir sem chorar. O caminhar em direção oposta de alguém com quem estamos habituados a dividir é sempre dolorido. Se é um caminhar seguro, rumo a outro continente, menos mal. Se é um caminhar amoroso, rumo a um futuro melhor, também. Mas nem sempre é assim. Há aquele caminhar vagaroso, de rumo ao incerto. Despedidas forçadas de quem não queria ir. Isso é um um tanto mais doloroso. Gente com quem dividimos a mesa, as gavetas, o café detestável, as lágrimas no banheiro e aquele almoço de sempre no quilo da esquina. Gente que muitas vezes entra em nossa vida sem ser chamado e promove uma verdadeira revolução. Gente que chega chegando e desperta um amor novo, fresco, que começa tímido de segunda à sexta e depois devora fins de semana, férias, drinques e afins.

A partida é dolorida e os dias pra quem fica, também. Todos sabemos que vai dar tudo certo, mas de momento, nos sentimos amputados, lá e cá. Estamos tristes, resignados. Trocamos receitas, sapatos, segredos. Dividimos o lanche, o telefone, as buchas, as gargalhadas e o coração. Por anos fomos quase um e nos vangloriamos disso. Fizemos inveja, porque, sim, era amor. É amor. E agora parte titubeante, num dia de chuva.

Inserida por mylena15

Aquele de conchinha e barba na nuca, que pode durar pra sempre ou só até amanhã. Aquele amor sem medo, sem freio que ama e pronto. Salve o amor que a gente dá e pega de volta outra hora, outro dia, com outra pessoa. Aquele aconchego facinho que não posa, não se esforça, não finge. Salve o amor-próprio que resolve a vida de muitos, o amor das amigas que aguenta, arrasta e levanta. Salve o amor na pista, que roça, se esfrega, se joga e vai embora. Um amor só pra hoje, sem pacote de presente, sem laço ou dedicatória. Salve o primeiro amor, que rasgou, perfurou, corroeu… ensinou. Salve o amor selvagem, o amor soltinho, o amor amarradinho. Salve o amor da madrugada, sincero enquanto dure e infinito, posto que é chama. Salve o amor nu, despido de inverdades e traquitanas eletrônicas. Salve o amor de dois a dez, um amor sem vergonha, sem legenda. Salve o amor eterno, preenchido de muitos ardores. Salve o amor gigante, mas sem palavras, o rotativo e o escrito, salve o amor rimado, cego, de quatro. Salve o amor safado, sincero e sincopado, o amor turrão e o encaixado.

Inserida por mirellanmeira