Letícia da Silva

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Tardar

Acalma a alma pequena
E sente, vamos ver o mar.
Curtir a tarde serena
Os gostos e rostos do amar.

Feche os olhos e veja com o vento
O que transpassa o acariciar
Esqueça-se do tempo
Lembre-se do devagar.

Não pense no porquê de estar feliz
Apenas deixe-se acalantar
Ouça o que o gesto diz
E de jeito ponha-se a sonhar.

Inserida por letsti

O frio do teu calor

Como um vento sul, frio e vagaroso.
Tomou por antecedência
Arrepiando, o pesaroso.
Aqueceu sem procedência.

Deixou-me em calafrios
Sem ter o porquê de fugir
Perdurou mais que outros frios
Mas esquentou e teve de ir.

Por inverno eu imploro
Ao inverso eu quero gelar
E flocos de neve choro
Na janela a te esperar.

O frio do teu calor
Em uma época de toda errada
Chegou trazendo torpor
E se foi na madrugada.

Procuro na chuva e outros carnavais
O que o vento fez de amor
Talvez ande no sul ou em outros litorais
O frio leve e sereno que aqueceu o meu calor.

Inserida por letsti

Todas as pessoas
Todas as gerações
As crenças, a fé.
Todas as orações.

Todas as vidas
Todas as emoções
Todos os problemas
Todas as resoluções.

Todos os sorrisos
Todo o amor
Todos os abraços
Todo o calor.

Todas as noites
Todos os dias
Todas as alegrias.

Todos os choros
Todas as chuvas
Todos os coros
De adoração.

Todas as mãos
Todos os laços
Todos os traços.

Todos os todos...

Inserida por letsti

Entre tantos porquês

Dói lembrar-se do teu sorriso...
Dói sentir essa saudade...
Os porquês me corroem, fisgam-me a sanidade.
Delírios com teu beijo faz-se o paraíso.
Entre tantos
Tantos porquês
Como ainda não consegui expulsar-te do coração?
Talvez esse seja o que mais me distrai
Preciso para meus olhos outra direção.
Preciso que tenha vento para te dizer “ Vai...”.
Vai com o vento menina
Deixe-me aqui no meu sofá
Busque em outros mares a tua sina
Pois cravada em meu céu já está.

Inserida por letsti

Pequeno

Acalme-se pequeno... Venha ver o pôr do sol
Mesmo minha agitada alma
Ali se põe calma
Feito um girassol...

Deite na grama verde, feito teu olhar
E contraste-se com o vento
Do mundo temos todo o tempo
Quanto puder imaginar...

Enlace minha mão na tua
E ao fechar os olhos, deixe-se acariciar.
Convido-te a esperar a lua
E mais tarde, quem sabe a jantar...

Inserida por letsti

Arco-íris

O vento me toca, diz que vai chover.
A brisa se choca, medo de se perder.
Os pássaros correm, fogem pra não molhar.
A gente se espanta, a pressa faz não olhar.

A chuva nos tranca faz franca buscar abrigo
O cabelo molha e agora: “Se alguém me ver?”
A gente destranca, percebe não ter perigo.
Se molha e implora, dilúvio acontecer.

O sol vem surgindo, quase que deprimido.
A chuva estanca e ao vento os algodões.
As gotas e os raios trazem o colorido
Aplausos ao “íris” e suas emoções.

Inserida por letsti

Sentei-me no cordão e fiquei a observar as flores
Vez ou outra uma abelha vinha buscar um pouco de doce
De repente uma moça arranca uma flor
Bem me quer, mau me quer e ela logo está no chão.
As pessoas pisam em suas pétalas sem nem notar
Sequer percebem a beleza que está sob seus pés
Elas ficam tão mais bonitas sem serem arrancadas. – Pensei.
Caminhei até uma floricultura
Observei os apaixonados presenteando suas amadas
Margaridas, rosas, violetas...
Um dia elas murcharão e as pessoas sequer lembrarão
Mas talvez se alguém as plantasse em um quintal qualquer
Deixasse num canto para embelezar
Pra que eu parasse pra fotografar
Um dia ela sairia em uma revista
Milhões de pessoas se emocionariam.
Observei a floricultura uma última vez
Caminhei a largos passos e pensei:
Seriam tão mais bonitas se não fossem arrancadas!

Inserida por letsti

Eu conto piadas se quiser sorrir
Eu viro abrigo se a chuva cair
Eu molho os cabelos se quiser correr
E vivo contigo se quiser viver...

Eu planto uma árvore se quiser maçãs
Eu seguro o sol se quiser manhãs
Escrevo uma música se quiser dançar
Eu arrumo asas se quiser voar.

Inserida por letsti

Não me solta, fica aqui comigo, já te fiz de abrigo pro meu coração.
Não tem volta, tá aí o perigo, não sei se consigo perder tua paixão.
Eu te vejo, descendo a ladeira, saindo do banco que a gente sentou.
E me esqueço de olhar as estrelas pra te ver partindo pra onde ficou.
Me seguro nas flores inteiras e nas brincadeiras que a gente brincou
Me desabo na poça d’água, na foto rasgada que a gente tirou.
Só te peço, fica aqui comigo, pelo infinito ou até o fim.
Ou por pena, pra me ver serena, para me acalmar, fica perto de mim.
Não me esquece na tua penteadeira junto da revista que a gente posou
Me aquece naquela geleira que a solidão me transformou.
Não me solta, fica aqui comigo, já te fiz de abrigo pro meu coração.

Inserida por letsti

Senta, calma, eu vou contar uma história.
São flashes falhos que se estancam na memória
Uma menina que transbordava amor
E um amor que respirava solidão.
Um dia ambos se esbarraram no caminho
Devagarinho, os flagras de uma paixão.
Moraram juntos numa velha quitinete
Encontrada num jornal como manchete
Fruto de liquidação.
Viveram dias no torpor do paraíso
Nas madrugadas se livraram do juízo.
De transbordar o amor foi se evaporando
E os dois pararam de tentar se confortar
Um dia ela sussurrou considerando:
“Se a gente separa, com quem a arara, vai ficar?”
Então soltaram a arara aos quatro ventos
Se separaram e tornaram a caminhar.
E caminhando novamente sob a lua
Um esbarrão na chuva que molhara a rua
Foi transbordando novamente o coração
Daquela gente que vivia de paixão

Inserida por letsti

Destranca a tranca que tranca teu peito
Dá um jeito de se reorientar
Admita que nada é perfeito
E depois de tudo feito, comece a gargalhar.
Gargalhe pro tempo, pro vento e pra quem quiser mudar
O teu jeito de se apaixonar.
Pela vida, pela rua, pela chuva,
Pela gente que de repente vem urgente
Aqueles olhos que transpassam o instigante
Do faz de conta que se entende por viver.
A gente corre apressado pelo vento
E se esquece de olhar todo o passar
Passar de tempo, de rostos, de apresso.
A mudança de endereço, que isso tudo vai gerar.
Então, destranca a tranca e encosta.
Daqui a pouco a hora certa vai chegar.

Inserida por letsti

Às vezes eu acho que se eu não te ligasse você esqueceria que um dia liguei.
Às vezes eu acho que não devo te ligar mais.
Eu pego o telefone e observo a hora
É sempre tarde para qualquer coisa
Renato estava errado, não temos todo o tempo do mundo
E essa ligação, já durou tempo demais.
É hora de te deixar ocupar a linha.

Inserida por letsti

Ela gostava de desbravar
Era uma aventureira sem casa
Vivia esbarrando em gente, indo à lugares
Mas um dia percebeu
Que se esqueceu na última esquina.

Inserida por letsti

Eu me agarro na brisa da janela meio aberta
Me acalanto com o tanto de frescor que ela trás
Ah, se eu pudesse abrir a porta para o vento,
Ah, se eu tivesse tempo, para passear...
Tirar pedaço da nuvem que parece um algodão
Perder o traço do espaço que já está na minha mão
Embebedar-se com o orvalho que calmamente cai no chão
Pisar no chão que o carvalho forrou em transfiguração
E transformou em um colchão.
Que repousou o beija-flor em toda a sua inquietude
Que abrigou aquela flor para um romântico roubar
Que fez pisar aquela gente cheia de virtude
E fez sonhar aquele sonho que soube apaixonar
Ah, se eu pudesse deixar a brisa entrar e voar...

Inserida por letsti