John Keats
No mesmo templo do deleite / A velada Melancolia tem o seu santuário.
Se a poesia não surgir tão naturalmente como as folhas de uma árvore, é melhor que não surja mesmo.
O prazer visita-nos muitas vezes; mas a mágoa agarra-se cruelmente a nós.
Oh, se eu ao menos pudesse ter uma vida de sensações em vez de uma vida de pensamentos.
Toda a beleza é alegria que permanece.
O único meio de fortalecer o intelecto é não ter uma opinião rígida sobre nada – deixar a mente ser uma estrada aberta a todos os pensamentos.
Endymion
O que é belo há de ser eternamente 
Uma alegria, e há de seguir presente. 
Não morre; onde quer que a vida breve 
Nos leve, há de nos dar um sono leve, 
Cheio de sonhos e de calmo alento. 
Assim, cabe tecer cada momento 
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe
De nobres naturezas, das agruras, 
Das nossas tristes aflições escuras, 
Das duras dores. Sim, ainda que rara, 
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma. O sol e a lua estão 
Luzindo e há sempre uma árvore onde vão 
Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos
De uvas num mundo verde; riachos 
Que refrescam, e o bálsamo da aragem 
Que ameniza o calor; musgo, folhagem, 
Campos, aromas, flores, grãos, sementes, 
E a grandeza do fim que aos imponentes 
Mortos pensamos recobrir de glória,
E os contos encantados na memória: 
Fonte sem fim dessa imortal bebida 
Que vem do céus e alenta a nossa vida.
NO MAR
Ele sustém eternos murmúreos
Nas praias desoladas, e com soberbas cristas
Inunda vinte mil cavernas, até que o sortilégio
De Hécate as deixe com seu velho e assombroso som.
Muitas vezes se encontra tão tranqüilo,
Que até a menor das conchas permanece dias imóvel
Desde o desenlace dos ventos celestiais.
Vós, cujos olhos se enchem de tormento e tédio,
Regozijai-os com a imensidão do mar;
Vós, cujos ouvidos estão atordoados pelo rude ruído,
Ou enfastiados pela música melosa -
Sentai-vos na boca de uma velha caverna, e meditai
Até que escuteis, como se cantassem, as ninfas do mar!
Tudo o que é belo é uma alegria para sempre
O seu encontro cresce; e não cairá no nada.
Mas guardará continuamente para nós
Um sossegado abrigo, e um sonho todo cheio
De doces sonhos de saúde e calmo alento.
A poesia nos deve surpreender pelo seu delicado excesso e não porque é diferente. Deve tocar nosso irmão como se fosse suas próprias palavras, como se ele fosse se lembrasse de algo que, na noite dos tempos, já conhecia em seu coração. A beleza de um poema não está em deixar o leitor contente. É sempre uma surpresa capaz de nos tirar a respiração. Ela deve ser como o pôr do sol: milagroso e natural, ao mesmo tempo.
Não existe nada estável no mundo; tumulto é sua única melodia.
AS ESTAÇÕES HUMANAS
Quatro estações se sucedem no decurso do ano; 
quatro estações tem o homem na vida; 
tem ele sua Primavera ardente, quando a fantasia 
absorve toda a beleza com facilidade; 
tem seu Verão, quando voluptuosamente 
rumina os doces pensamentos juvenis da Primavera 
e, assim, sonhando alto, aproxima-se do céu; 
grutas quietas tem a alma em seu outono, 
quando as asas ele fecha, satisfeito em contemplar 
as brumas, indolente, deixando as coisas belas 
passarem imperturbadas como um riacho veloz. 
Tem também seu Inverno, desfigurado e pálido, 
sem o qual se veria privado de sua natureza mortal.
'Beleza é verdade, verdade é beleza' - isto é tudo
O que conheceis sobre a Terra, e é tudo o que precisais conhecer.
Meu amor é egoísta. Não posso respirar sem você.
O último dos teus beijos sempre foi o mais doce, o último sorriso o mais luminoso, o último gesto, o mais gracioso.
Você não vê o quão necessário é um mundo de dores e dificuldades para ensinar uma inteligência e torná-la uma alma?
Eu quase desejo que fôssemos borboletas e vivêssemos apenas três dias de verão. Três dias como estes eu poderia preencher com mais deleite do que cinquenta anos comuns poderiam conter.
"'Beleza é verdade, verdade é beleza' - isto é tudo o que conheceis sobre a Terra, e é tudo o que precisais conhecer."
Me dê livros, vinho francês, fruta, bom tempo e um pouco de música ao ar livre tocada por alguém que não eu conheço.
 
 
 
 
 
 
 
 
