Jeazi Pinheiro Souza
Amor Vencido
Vício desse amor? Requinte de ternura
teatral no seio da vida instável,
Gíria fulcral da ânsia inesgotável,
Infâmia surreal ou sensível loucura?
Energia astral da emoção aceitável
Na mente de desejos, abstrato puro
Da indulgência ou deleite inseguro
Da intuição humana ao inexplicável?
Nobreza plantada no palco da fantasia
Sedutora ou rica colheita da cortesia
Indivisível do ser ao adaptável?
Éteros mortais! O que dirão da antropia
se temem o Obscuro? Quem responderia
À sua dor: ─ A Morte Vence esse amor insaciável??
Eterna Aflição
De quem herdei o dom, de ser poeta?
Herdei dos meus caminhos arredios
Todo poema que da humanidade resta
Fragmentado em profundos versos vazios…
Herdei dos meus antepassados os arrepios!
Herdei das gerações dos deuses da guerra
Toda derrota e desgraça da face da Terra,
As ameaças obscuras e os cruéis calafrios…
Ó arte sublime do sentimento de amor,
Se és poesia, por que herdaste a dor,
Dissimulada no meu sereno sorriso??!!
Herdei da minha infância uma esperança!
Herdei do meu mundinho de criança
Um semblante de paz de um paraíso!!
Desamores
Li teu Diário de “Amores Delirantes”!
Também não fui para ti a felicidade...
Fui mais outro alívio às tuas dores angustiantes,
Furtivas sensações de um amor de verdade!
Fui paixão repetida de teus antigos amantes
Descendo correntezas requintadas de magias,
Águas passadas em leitos ofegantes
Regressadas em pulsões de nostalgias!
O nosso amor também acabou em fantasias
Transbordantes de efêmeras alegrias...
— sou resquício Dos teus sonhos infantis...
Dos teus traumas dilemáticos recalcados
Agora sou vontade e desejos insaciados!!
Sou página virada do teu Livro Infeliz!!
Mulheres
Esse amor de mulher! Seleção natural
Da cortesia feminina sem batom!
A singela melodia do bom som
Da voz que irradia todo dia como especial!
Mulher, não corra! Pra que andar depressa?
A sensualidade é desfilar, nesse dom,
De manter na memória o bom tom
Do caminhar, que esse charme interessa!
Sempre sorrindo, avante! Sem a gargalhada,
Dessa risada, que só deixa atrapalhada
A bela expressão de paz, extirpada pela dor…
Ah! Mulher! Resgata essa energia que agita
A postura desse oposto que ainda acredita
Nessa imaculada fantasia desse amor!
Situação de Rua II
Uma águia trocando o bico a garrido
Além da alta montanha o reclama,
Esperando sozinha, sem alarido,
Aquém seu instinto o proclama.
Alguém pedindo a outrem um ouvido
Sussurra sobre o ombro um problema,
Tentando sozinho, sem ter um abrigo,
Por um diálogo, para esquecer um dilema.
Como aliviar as dores na solicitude
Dos passos da vida, se em atitude,
Uma criança quer mais que um abraço??
Na escuridão de um rua sozinho,
Um andarilho, menino sem ninho,
Como a solidão de um grande pássaro!!
Situação de Rua
Um brilho no olhar reluz gemido
Que alguém conduz fazendo um pedido,
Tentando suprir os que a vida consomem
Na grande carência existente de um homem.
Andando e catando o próprio alimento,
Respirando odores do próprio excremento,
Criam escudos na pele ao relento
Depois das feridas saradas ao vento.
Nos horrores da sobrevivência humana,
São doutores da experiência insana
Insurgida aos preceitos da vida.
Na grande cidade, mais querida...
Na idade racial da humanidade...
Ser um mendigo é identidade!
Um Grito
Abdico-me de efêmeras paixões
Nesta vida belamente moderna!
De sorte, escrevo grandes emoções,
Aceitando a Morte, Naturalmente Eterna!
Sussurro poemas às minhas rainhas amantes
Aflorando em pequenas linhas minhas dores,
Dando aos meus mais majestosos amores,
Delírios em prantos serenos ofegantes!
Às minhas intensas e eternas paixões,
ainda que eu viva, que em mim, sobreviva,
numa estrofe, uma Grito de Eternidade!
Aos meus intensos e eternos amores,
Antes que eu morra, que em mim, socorra,
em um só verso, um Grito de Liberdade!
Eterna Despedida
Nunca, Jamais, estranho viajante,
Os monstros das aventuras milenares
Iguais a ti, os que partiram, aos milhares,
Voltaram a esta Terra deslumbrante!
Quilha de um imenso barco desejante!
A tua língua é o teu grandioso leme.
O teu cérebro, de tanto guiar-te, geme,
Na tua insaciável mente delirante!
Longe do cais, aos caos de rios e mares,
És mais um arredio nômade dos lugares,
Ancorado nos fragmentos dos teus outros Eus...
A tua vida é uma Nau que te conduz ao Fim...
Ó desorientado moribundo igual a mim...
Um dia, hás de dar ao mundo, teu Eterno Adeus...