George Orwell
Nada lhe pertencia, a não ser os poucos centímetros cúbicos no seu crânio.
-Acredita na existência do Inferno tal como crê na existência da Austrália?
-Sim, claro que sim.
-Hum, tudo isso é muito lógico, claro. Mas o que sempre me faz desconfiar de gente religiosa é que têm um diabólico sangue frio acerca de suas crenças. O menos que se pode dizer é que isso revela uma imaginação muito pobre. Aqui estou eu, um infiel e blasfemo, enterrado até o pescoço em pelo menos seis dos sete pecados mortais e obviamente condenado aos tormentos eternos. Ninguém sabe se dentro de uma hora não estarei virando churrasco no setor mais quente no inferno. E, no entanto, você pode estar aí sentada, falando-me tranquilamente, como se nada me passasse. Ora, se eu simplesmente fosse atacado de câncer ou de lepra ou de qualquer outra doença física, certamente você ficaria muito aflita e preocupada comigo... pelo menos lisonjeia-me pensar que seria assim. No entanto, a ideia de que vou ficar assando eternamente numa grelha parece não ter para você a menor importância.
O maior inimigo da linguagem clara é a falta de sinceridade.
No geral, os seres humanos querem ser bons, mas não bons demais e não o tempo todo.
Sem contato com o mundo externo e com o passado, o cidadão [...] é como um homem no espaço interestelar que não tem meios de saber que direção leva para baixo ou para cima
Houvera um tempo em que se considerava sinal de loucura acreditar que a Terra girava em torno do Sol. Hoje, o sinal de loucura era acreditar que o passado era inalterável.
Enquanto eles não se conscientizarem, não serão rebeldes autênticos e, enquanto não se rebelarem, não têm como se conscientizar.
A consciência de estar em guerra e por tanto em perigo, faz parecer natural a entrega de todo poder a uma pequena casta.
Quem está ganhando no momento sempre parece ser invencível.
Eles jamais se rebelarão se antes não se tornarem conscientes, e só poderão se tornar conscientes após terem se rebelado.
Se as pessoas não conseguem escrever bem, então não conseguem pensar bem. E, se não conseguem pensar bem, outras pessoas pensarão por elas.
Dizem que o tempo tudo cura,
Dizem que sempre se pode esquecer,
Mas os sorrisos e lágrimas, anos a fio,
Ainda fazem meu coração sofrer.
Não há nenhuma razão forte para pensar que alguma mudança realmente fundamental possa ser alcançada pacificamente.
Estar em minoria, mesmo em minoria de um, não era sintoma de loucura. Havia verdade e havia mentira, e não se está louco porque se insiste em se agarrar à verdade mesmo contra o mundo todo.
O progresso científico e técnico depende do hábito empírico do raciocínio, que não pode sobreviver numa sociedade estritamente regimentada.
Liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro, se isso for admitido o resto é decorrência
Houve um dia em que ser louco significava acreditar que a Terra girava em torno do sol; hoje, consistia em acreditar que o passado era inalterável.
Esse tipo de coisa é assustador para mim, porque muitas vezes me dá a sensação de que o próprio conceito de verdade objetiva está desaparecendo do mundo. (...) É um mundo de pesadelo no qual o Líder, ou alguma camarilha dominante, controla não apenas o futuro, mas o passado. Se o Líder disser a respeito de tal evento "Isso nunca aconteceu", bem, nunca aconteceu. Se ele disser que "Dois e dois são cinco", bem, dois e dois são cinco. Essa perspectiva me assusta muito mais do que bombas e, depois de nossas experiências dos últimos anos, essa não é uma declaração frívola.
Bastava-lhes levantarem-se e sacudir-se, como um cavalo sacode as moscas. Se o quisessem, poderiam demolir o partido no dia seguinte. Mais cedo ou mais tarde, isso lhes haveria de ocorrer
É assustador que pessoas tão ignorantes tenham tanta influência.
As massas nunca se revoltam por conta própria e nunca se revoltam apenas porque são oprimidas. De fato, desde que não lhes seja permitido ter padrões de comparação, elas nem sequer se tornam conscientes de que são oprimidas.
Quando como meu almoço, não o faço para maior glória de Deus, mas porque gosto de almoçar. O mundo está cheio de distrações e prazeres: livros, pinturas, viagens, amigos, vinho. Nunca encontrei um sentido em tudo isso, nem quero encontrar. Por que não aceita a vida tal como ela nos oferece?