Fabíola Simões

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Já perdi amigos, me separei de pessoas insubstituíveis, sofri decepções absurdas, descobri que ninguém é perfeito. Fui feliz, me atirei de cabeça, confiei demais, me frustrei na mesma proporção, tive dúvidas, morri de arrependimento.
Fui podada pela vida, aparada em minhas arestas, corrigida em minhas estruturas. Descobri novos arranjos, me equilibrei com as perdas e decepções, formulei novos caminhos. Aprendi que continuamente sofremos um processo de renovação natural, como as plantas. Faz parte da vida, do processo de nos tornarmos melhores com o tempo, extraindo os ramos ruins e mantendo os bons…

Quantas vezes não sentimos raiva de nós mesmos por termos um coração tão bom com quem não merece, e nos arrependemos de nossa bondade, docilidade e generosidade para com aqueles que simplesmente não estão nem aí? Quantas vezes não sentimos que perdemos nosso tempo alimentando relações unilaterais, tentando ser gentis, atenciosos e amorosos com quem jamais se importou? Não se trata de endurecermos nosso coração, de deixarmos de lado a doçura e a delicadeza, mas sim de aprendermos a separar o joio do trigo. De começarmos a ser mais afetuosos com nós mesmos, e com isso aprendermos a distinguir o que deve ser valorizado do que tem a obrigação de ser ignorado.

Muitas vezes a gente se engana. Erra feio. Investe tempo e atenção em alguém “especial” na certeza de que em algum momento será retribuído. Fantasiamos desfechos dignos de contos de fadas e projetamos nossas ilusões em cima de pessoas tão diferentes de nós, romantizando atitudes e acreditando em inúmeras possibilidades irreais. Quando tudo corre conforme o planejado, ótimo. Porém, com alguma vivência e algumas “quedas do cavalo”, percebemos que a expectativa é prima-irmã da decepção. Mas ninguém está imune à desilusão; simplesmente porque amar, ainda que seja um risco, continua sendo o maior combustível da vida.

Inserida por Perspicaz

Não espere retribuição. Não espere reciprocidade. Não espere “pagamento” ou premiação por aquilo que você se dedicou de graça, porque quis. Faça o que quer fazer porque isso te faz bem, isso te torna uma pessoa melhor, isso acalma o seu coração ou te livra de remorsos. Porém, não crie expectativas nem espere ser reconhecido por sua bondade e generosidade. Tenha um coração bom porque isso será bom para você também, mas não porque deseja aplausos ou reconhecimento. Seja atencioso, cuidadoso e afetuoso, mas antes tome conta de você. O maior responsável por você é você mesmo, e por isso não se descuide de suas necessidades e vontades.

Nem todos preferem as rosas, nem todos desistem dos cactos, mas quando você descobre a sua melhor versão e se ama assim, você ensina aos outros como quer ser amada. E isso basta...

A Soma de Todos os Afetos

Somos instantes

Somos instantes... e as escolhas que temos à nossa disposição não estarão disponíveis para sempre.

Outro dia, navegando na internet, vi a imagem de um muro pichado com a frase: “Somos instantes”. A frase ficou na minha cabeça, e hoje, dias depois, conferindo as fotos no celular (com aquele efeito incrível de captar o momento em que a foto foi tirada acompanhada de som e movimento), me lembrei da frase no muro.

Somos instantes… e por mais que desejemos acreditar que a vida é uma jornada longa, onde sempre haverá tempo de amar mais, nos entregar mais, resolver nossas pendências, conceder aquele perdão… esse momento não existirá em nenhum outro lugar senão no agora.

Somos instantes… e as escolhas que temos à nossa disposição não estarão disponíveis para sempre. Por isso é primordial não deixar as oportunidades passarem, os sonhos arquivarem, os projetos desandarem. O tempo não pára, ele corre depressa sem esperar retardatários. O bilhete não pode ser remarcado, e seu lugar não pode ficar vago.

Somos instantes… e por isso há de se comemorar as datas especiais, soprar as velinhas nos dias festivos, encher de balões a sala de estar, cantar versos de Vinícius, dançar um tango emocionado, reunir a família em torno da mesa de jantar.

Somos instantes… e assim não pode haver economia de roupa de cama nova, taças brilhantes da cristaleira, lingerie especial, sapato lustroso e vestido colorido.

Somos instantes… e aquela viagem tem que deixar de ser um sonho para virar disposição de malas prontas e voo alto. Economize, pesquise, viabilize. Vá conhecer um novo lugar, se envolver com outras culturas, experimentar novos sabores. Torne real os planos de seu coração e experimente a concretização de sua emoção.

Somos instantes… e por isso não se pode deixar para depois qualquer pendência ligada ao coração. Decepções ocorrem a todo instante, e por mais difícil que pareça, é nos momentos difíceis que a gente aprende a se curar. Então abra a janela e refresque o ar. Borrife perfume nos seus pulsos e solte os cabelos sem medo de embaraçar. Lembre-se de que tudo muda a todo momento, e que as mágoas só permanecem se a gente deixar.

Somos instantes… e assim todo momento vivido é um momento de crescimento e aprimoramento. Que a gente aprenda com os erros e acertos, e que permaneça o que nos faz bem. Entendendo que a sabedoria é resultado do que passou, mas é no presente que ela mostra o que a gente já conquistou. Abrace a alegria, dê as mãos à sabedoria. Dance em ritmo acelerado com a fantasia e respeite a calmaria. Não tenha medo de arriscar desejos, desenvolver projetos e sonhar fora do ninho.

Somos amor, sonhos, conquistas. Somos medos, decepções, mágoas. Somos mistério, alegria, fantasia. Somos força e vulnerabilidade; solidão e multidão. Somos tudo e nada, grandiosidade e pequenez, busca e encontro.

Porém, acima de tudo, somos instantes…

Ela sabia que havia diferença entre os finais felizes e os finais necessários, mas ainda assim insistia em acreditar que, do seu jeito torto, devagar, e cheio de ilusões, era capaz de modificar a realidade e enxergar felicidade nas circunstancias miúdas, muitas vezes esquecidas e despercebidas. Ela apostava mais na doçura que na amargura, e tinha uma fé inabalável de que, mesmo que seu caminho estivesse mais nublado que ensolarado, Deus sussurrava em seu ouvido: “não desista, menina!”

Ela não fingia ser assim. Nem tampouco se esforçava. Tinha nascido poesia, e se encantava com pequenos galanteios, letras de música falando de saudade, versos de Caio Fernando Abreu num livro antigo e cheiro de café numa livraria charmosa. Não sabia guardar rancor, se esforçava para se desapegar daqueles que a rejeitavam e rascunhava sonhos num caderno doado.

Ela acostumou-se a ser poesia, a enxergar poemas, a extrair delicadezas, a desejar gentilezas. E acabou calculando errado. Na sua mente tão congestionada, permitiu que ele, tão frio e errado, ali fizesse morada. Dentro do seu coração generoso, não cabiam dúvidas e divagações. E por isso ela insistia em ver nele versos que ele nunca soube ler. Ela teimava em ouvir dele poemas que ele nunca quis recitar. Ela esperava dele danças que ele nunca ousou convida-la para dançar. Ela dançava sozinha, escutando em seu ouvido canções que ela jurava que ele havia composto para eles, mas era tudo fruto de sua imaginação, de seu encanto pela vida, de sua alma colecionadora de ilusões.

Um dia ela acordou e percebeu que talvez a felicidade também tivesse a ver com pontos finais. Que estava na hora de guardar seu amor por dentro e direcionar seu afeto para si mesma. Começou a entender que não era fácil desistir dele, porque, mais do que ama-lo, amava a sensação que ama-lo lhe provocava. Devagar descobriu que poderia fazer poesia do vazio e das esperas. E que, em algum lugar, não muito longe dali, haveria um menino poema como ela, capaz de lembra-la todos os dias que é preciso força e coragem para insistir na doçura num mundo cheio de amargura…

— Fabíola Simões

Existe um ciclo afetivo que determina um prazo até que estejamos prontos para nos relacionar novamente com aqueles que um dia amamos. Esse ciclo estabelece um período de tempo em que temos que nos curar e sermos capazes de direcionar nosso afeto, nosso carinho e nossas boas lembranças para um novo tipo de relação: a amizade.

Foi Domingos de Oliveira que disse: “Aqueles que se amaram muito um dia têm que permanecer amigos para sempre, senão o mundo fica cruel demais“. Não há crueldade maior que nunca mais trocar algumas palavras com aqueles que um dia amamos. Não há insensatez maior do que acreditar que não é possível olhar para trás com ternura e afeição, sem um pingo de má intenção. Não há incoerência maior que imaginar que o amor não possa se transformar numa amizade real e desprovida de recaídas.

Por alguma razão seguimos em frente por caminhos distintos, mas isso não significa que colocamos uma pedra em cima do que fomos ou do que vivemos. Carregamos em nós retalhos de nossas vivências e vestígios de nossas experiências afetivas.

Aqueles que um dia se amaram muito jamais poderão agir como meros desconhecidos. Depois que a poeira baixa e as feridas cicatrizam, ainda resta a possibilidade da amizade. Não como um prêmio de consolação, e sim com a certeza de que é possível usufruir desse vínculo de uma outra maneira, muitas vezes bem melhor.

Por mais doloroso que tenha sido o fim, um dia deixará de doer. E sentiremos falta da pessoa não como objeto da nossa paixão e sim como alguém que queríamos sempre por perto. Tornar possível a amizade com quem um dia amamos é um gesto de amor próprio.

A tristeza pelo fim de uma relação amorosa pode ser amenizada pela esperança de um dia nos tornarmos amigos. Pela possibilidade de um dia voltarmos a nos encontrar de uma forma mais suave, sem o medo de ser abandonado, sem a insegurança da paixão, sem as cobranças e exigências de uma relação. Talvez isso amenize a dor do fim. Talvez isso possa ser o combustível para termos paciência com o tempo e as demoras. Talvez isso nos permita ver a vida como um ciclo de finais e recomeços😊

Uma das maiores bençãos que se pode ter na vida é estar livre da necessidade de se explicar. É um privilégio conhecer pessoas que conseguem te enxergar além da superfície. Que dispensam explicações. Simplesmente sabem quem você é. Tudo bem se você tiver errado. Não precisa falar que você não é assim, porque elas sabem. Não precisa explicar que você precisa dividir o que te angustia, pois essas pessoas pegarão suas dores através de um abraço. São elas que vão ligar em uma terça-feira sem graça só para perguntar como você está. Ou sentir quando você não está nos seus melhores dias. Às vezes elas te abençoarão com palavras e outras vezes te ensinarão com o silêncio. Seus risos refletem nos lábios delas e suas lágrimas machucam a elas também. Conseguir que te entendam depois de você se explicar é ótimo, mas fazer isso sem palavras é uma dádiva. Não são muitas as pessoas que vão realmente saber quem você é durante a vida. Agradeça se elas chegarem a ocupar os cinco dedos de uma mão. E geralmente, pelo menos uma dessas pessoas será nossa mãe ou nosso pai. Mas sinta-se abençoado se você tem alguém que entende seu olhar. Que te ama mesmo quando você se esquece das próprias virtudes. Quando você tem alguém que dispensa saber suas explicações, tenha sempre por perto. Alguns chamam de amor, outros de amizade. Eu desisti de encontrar definição, porque esse encontro de almas vai muito além da razão...

As vezes a gente precisa perder a fé em alguém para adquirir uma fé enorme na gente mesmo.

Nos ensinaram a perdoar. Nos ensinaram a tolerar. Nos ensinaram a relevar. Nos ensinaram a ceder. Tudo isso é importante sim, mas faltou nos ensinarem a deixar ir. A abandonar o que nos faz mal. A partir de lugares que deixaram de existir. A nos amar em primeiro lugar...

Leva tempo até que a gente aprenda que nosso valor não está nos elogios que recebemos ou nas decepções que não causamos, mas sim naquilo que a gente é realmente, independente das opiniões a nosso respeito.
Viver querendo agradar, desejando nunca desapontar ninguém, aspirando a perfeição, buscando corresponder a todas as expectativas, almejando jamais ser criticado… tudo isso cansa e provoca um desgaste enorme, uma perda de energia e um desrespeito tremendo por nós mesmos.

Leva tempo até que a gente aprenda que nosso valor não está nos elogios que recebemos ou nas decepções que não causamos, mas sim naquilo que a gente é realmente, independente das opiniões a nosso respeito.

É claro que não podemos viver isolados em nossas bolhas, centrados no próprio umbigo, desprezando todo o resto, mas de vez em quando é necessária uma boa dose de autoconfiança para dar um dane-se a toda e qualquer exigência a nosso respeito e adquirirmos uma fé enorme em nosso jeito único de ser e de escolher, independente do que esperam de nós.

Certa vez li uma frase que dizia mais ou menos assim: “Autoestima não significa “eles vão gostar de mim”. Autoestima significa “tudo bem se eles não gostarem””. E é exatamente isso.
Às vezes, a gente foca tanto no desejo de agradar, na vontade de ser aceito, na expectativa de ser amado, que se afasta do mais importante: nós mesmos. Quando nosso desejo de ser amado pelo outro supera o respeito que temos por nós mesmos, perdemos a capacidade de impor limites, de dizer “não”, de nos resguardar, de nos reservar o direito de seguir nosso coração.

Viver preocupado com o que as pessoas pensam a meu respeito, com o que as pessoas esperam de mim, com o que as pessoas desejam que eu seja… é uma das formas mais cruéis de se viver e se posicionar na vida. As pessoas podem achar o que quiserem, podem me amar ou me odiar, isso não muda quem eu sou.

Zele por aqueles que ama, respeite os que o cercam, honre sua família. Mas não se afaste de si mesmo só pelo desejo de agradar ou por não suportar as críticas.
Viver querendo agradar nos torna marionetes na mão de quem se vale da boa vontade alheia para satisfazer os próprios caprichos. Frustrações fazem parte da vida, e vez ou outra você vai frustrar ou decepcionar alguém, mas isso não coloca por água abaixo todo o valor que você tem. Aprenda a suportar a ideia de que você não é infalível. Você também erra, também tem limites, também é imperfeito, e está tudo bem.

Faça o seu possível e peça a Deus que cuide do impossível. Você não controla tudo, não dá conta de tudo, não é infalível. Absolva seus erros, perdoe suas limitações, respeite seu tempo. Aprenda a dar limites, a dizer “não” àquela solicitação, à andar no seu ritmo. Você irá descobrir que aqueles que te amam e te respeitam não deixam de estar ao seu lado quando algo não sai conforme o combinado. Ame-se o bastante para entender que nem sempre será aceito como gostaria, e está tudo bem. E, finalmente, não se cobre tanto. Entenda que mais importante que fazer tudo certo é conseguir se perdoar quando algo dá errado.

Inserida por RivaAlmeida

⁠Fé é não saber, e mesmo assim crer. Crer na imprevisibilidade da vida, que tece um ponto aqui e arremata lá na frente; Crer no encontro, na inexplicável certeza de que alguns caminhos tinham que se cruzar - para o bem ou para nosso crescimento; Crer mesmo não enxergando... confiar e acreditar na estrada mesmo quando a neblina encobre todo o caminho. Crer que o fato de estar no lugar certo na hora exata pode ser chamado "sorte", mas não deixa de ser providência; Acreditar que coincidências podem ser eventos aleatórios que te conduzem a um propósito...

Inserida por lubaffa