Everton Medeiros

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O malfeito, se bem feito, é ao malfeitor um grande benfeito. Se mal feito o malfeito, bem feito para ele!

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Enquanto houver encanto a vida será um belo canto.

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Na dúvida, fique quieto e pense!

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DESUMANO HUMANO

É deprimente pensarmos na semelhança
entre a mente humana de agora
e a mitológica Caixa de Pandora (na verdade um jarro).
Na perseverança do homem
o jarro já se via derramado
e apenas a esperança
nele ainda contida
segurava-se em cada lado.
A boca do homem
é a boca do jarro
e delas saíram
todos os tipos de escarro.
A crítica humana
quase sempre anestesiada
é demasiada desumana.
Com pouco tato
destruímos a firmeza moral de um bom caráter
por um único ato.
A hombridade
que leva anos para formar-se e consolidar-se
desfaz-se de imediato
aos olhos do humano nato.
Temos o julgamento e a condenação prontos
antes mesmo do fato
e tampouco nos pautamos
pelo sensato.
Basta uma pequena e infeliz ação
para devolvermos em pesada e desproporcional reação.
Não foi assim que Newton
o gênio
não obstante humano
nos ensinou.

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PELA VIDA

caminhava pela via
mas não via o que passava
e passava muito tempo
que não via o que havia

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A CULPA

ah, a culpa humana
tão ferrenha quanto insana
a mais cruel das punições
a inviolável das prisões
assola o hospedeiro
e corrói o corpo inteiro
te leva ao fundo do teu poço
te afoga no raso, e arrasa teu fosso
sem remissão, a loucura é o vil destino
a absolvição existe, não é um desatino
mas não queremos aceitar a culpa
quando menos dolorosa é a desculpa
e assim vivemos
uma vida que não vemos
vazios de quaisquer culpas
num eterno cio por estúpidas desculpas

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SILÊNCIO DENSO

o silêncio é denso
quando não existe argumento
tão triste quanto tenso
ainda resiste um sentimento

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BESTA

A besta corre
O besta não pensa
A besta atira

Os bestas correm, não pensam ou atiram. Às vezes, fazem tudo ao mesmo tempo.

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MULHER

Em recônditos pensamentos,
tu, mulher, ocultas teu pranto.
Expressão sublime e perene,
teu ser esvai-se em momentos.
Encerrada no mais belo manto,
tu és única, tu és encanto

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LÁBIOS DE CARMIM

Tosco e demente, sou enrosco.
Fora da mente, um pobre indigente.
Sei que não sou ninguém,
talvez um alguém diferente.
Mas nada salva este grande desencanto,
nem mesmo o mais puro santo,
tampouco algum sacrossanto.
No entanto, quero seu encanto.
Desejo seu ser inteiro,
e ser inteiro só para você.
Mas sou e mais estou aos pedaços.
Não tenho como dar-lhe uns abraços.
Pela vida, esburacado como queijos,
nem mesmo esses posso tê-los.
Não tenho como dar-lhe belos beijos.
E de nada adianta esta reles esperança,
que maltrata, atormenta e nada alcança.
Entrego-me ao esperado e triste fim,
sem beijar seus doces lábios de carmim.

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MORTAS OUTRAS

o vento balança verdes folhas
que, vivas, mantêm-se atadas
ao lado
de mortas outras
próximas entre si
porém distantes

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THE UNFORGIVEN

a melodia é titânica e incinera
reverbera, pois é Metallica
e não importa a que ouvidos chegue
"o que eu senti, o que eu soube"
o que eu sei e saberei
não cabe em mim, nem nunca coube
foi profundo, atingiu e atinge fundo
eles dedicaram sua vidas
para conceber tal melodia
e agradar a todos, e a cada um
em cada noite, a cada dia
o que eu diria?
o imperdoável
é não apreciar
inquestionável melodia

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NEM TÃO INCOMUM

meu senso não é comum
pois o comum destoa
deste incomum que sou
dos incertos pensamentos
tal qual dos sentimentos
todavia
nem tão incomum eu sou
se assim eu fosse
seria o que queria
e escreveria
o mais belo soneto
a mais linda poesia
“a folha branca
pede-lhe a inspiração:
mas, frouxa e manca,
a pena não acode ao gesto seu”
assim bem disse, e quis
um espanto de Assis
não o santo, mas o poeta

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CONCRETO

sinto na pele
o toque
frio
tenaz
concreto
meu corpo sucumbe
mas não o coração, que sem noção insiste
tampouco a mente, que brava mente resiste
na sensação de um tempo estagnado
não mais suporto esta pressão
que só aumenta e atormenta
tempo, por que não passa?
venha logo e me leve deste inferno
por que esta eternidade?
será esta sua última maldade?
ah, não mais importa
pois agora eu realizo
meu iminente e certo fim
neste eminente instante
que, de agora em diante, será eterno, constante
minha mente inebria-se
e se entrega ao coração
que pulsa lentamente
e mantém a mente tão lenta quanto vazia
solto meu último suspiro
e, assim, não mais respiro
esmagado, morro sozinho
sob o peso do concreto
quisera eu não houvesse peso
quisera eu fosse abstrato

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(COM)FUSÃO DE POETAS

chutei uma pedra no meio do caminho
e senti a dor que deveras nunca senti
não sei se cato a pedra, fico e edifico
ou se vou-me embora pra Pasárgada
mas aceitarei a lama que me espera
pois minha solidão, amiga inseparável
será minha última quimera, a tal fera

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VERSOS DE FIDELIDADE

Atento, ao meu amor estarei presente
Agora e sempre, e assim, com todo zelo
Enquanto em face deste grande encanto
Que meu pensamento tanto se encante

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ONE SMALL STEP FOR MAN

uma bota e a notável marca
marca fundo a humanidade
pr'além deste pequeno mundo
pra outra realidade
pisa em solo macio cinzento
e aprofunda o conhecimento
no silêncio de tal momento
nasce um grande sentimento

ao vento que não existe
deixa sulcos na história
mas a glória é questionada
e faz do grande um grande nada
ao descrente da vitória
a conquista é ilusória
e a chegada daquele homem
é como história de lobisomem

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FEBRE

A febre é insana
esquenta e apoquenta
necessária e mundana
na pela vermelha
a febre é amarela
não é a primeira
tampouco a segunda
terçã talvez seja
mas de tanto sofrer
enfim me dou conta
no fim destas contas
que a febre tifóide

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UMA AUTOANÁLISE PSEUDOPOÉTICA

é de se concluir, pseudopoeta
que és um ignorante convincente
és iniciante numa arte em ti inexistente
o sonho diletante é de ti assim distante
no importante divagar, és inteiro devagar
e, de tanta divagação, vago sempre estás
não dominas a arte que te abomina
quando esvai por entre toscos dedos
os segredos da alma feminina

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MÃO

a mão que gentilmente afaga
é também aquela que esmaga
a que cura a triste chaga
a que o fraco embriaga
a que salva, se não naufraga
a que crava a afiada adaga
mas nunca aquela que apaga
pois, o que pela mão está feito
não há saga que desfaça, ou dê jeito

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PARA ALÉM

depois que nós morrermos
dizem pobres, ricos e enfermos
ainda viveremos
uma incrível eterna idade

para além da dor e da saudade
uma vida de longa amenidade
e se isso é a tal verdade
nunca nesta vida saberemos

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NÁUFRAGO
(Poema a 44 mãos)

Itinerante, percorro o mundo.
Mundo mundo vasto mundo. (Carlos Drummond)
Absorvido, dou-me ao trabalho,
contam comigo, não falho. (Millôr Fernandes)
Em breve, vou partir. Mas, neste momento,
de tudo ao meu amor serei atento. (Vinícius de Moraes)
A próxima e longa jornada está para acontecer.
Uma ânsia de estar e de temer. (José Saramago)
O avião decola. No Pacífico, cai de repente.
Inteiro se desata à minha frente. (Carlos Drummond)
Único sobrevivente, chego à praia de claras areias.
Com suas poucas palmeiras, (Castro Alves)
percebo-me só, nesta falsa miragem.
Meu Deus, me dê a coragem. (Clarice Lispector)
Não sei o que faço, se fico,
se desmorono ou se edifico. (Cecília Meireles)
Tudo parece um sonho, em demasia.
Passou-me essa fantasia. (Machado de Assis)
Tenho, ainda, na vida que mareia,
perguntas que insistiam na areia. (Pablo Neruda)
Sem ninguém para aqui amar,
tomarei banhos de mar. (Manuel Bandeira)
Quando tento o fogo, vem o corte, a dor.
Eu sou apenas um pobre amador. (Tom Jobim)
Na ira e na dor, enlouqueço e tudo sai voando.
Almas estão no peito trespassando. (Luís de Camões)
Agora calmo, pego a bola e penso: que assim seja,
a mão que afaga é a mesma que apedreja. (Augusto dos Anjos)
Preciso de um amigo a meu lado.
Não me basta saber que sou amado. (Olavo Bilac)
Penso na minha vida, na minha história,
porque a minha pátria é a minha memória. (Guimarães Rosa)
Escrevo em Wilson o que quero transcrito,
ou aquilo que quer ser escrito? (Sandra Boveto)
Perceba, meu amigo resiliente,
é solitário andar por entre a gente! (Luís de Camões)
Entre tantas dores, traz um sofrido dente
a dor que deveras sente. (Fernando Pessoa)
O tempo passa, e aprendo com muita sobra:
sofrer vai ser a minha última obra. (Paulo Leminski)
O presente é aqui, agora ao meu lado.
Nunca o presente é passado. (Machado de Assis)
Sozinho por anos, vivi bem, vivi são.
Tudo é vaidade neste mundo vão. (Florbela Espanca)
Mas chega. Quero voltar à minha vida
numa fuga para o ponto de partida. (José Saramago)
Pego a frágil jangada e sigo sem norte.
Tudo vem, tudo vai, do mundo é a sorte. (Alphonsus de Guimaraens)
Nas águas, Wilson cai e se vai na incerteza.
Uma névoa de sentimentos de tristeza. (Fernando Pessoa)
E penso: essa bola foi amiga inestimável,
foi tua companheira inseparável. (Augusto dos Anjos)
Ainda que não viva, o que não quero, deixei a masmorra.
Não permita Deus que eu morra, (Gonçalves Dias)
sem que volte para casa.

GIRASSÓIS

neste mar de girassóis
eu corro e rodopio
por este todo amarelo
tanto giro e tanto rodo
que de tanto tonto
caio e letargio
desmaio em arrepio

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ENFIM NÓS

neste pouco tempo
nesta pouca vida
agora a contemplo
agora me convida

aqui nos encontramos
meu obscuro pranto
neste escuro quarto
neste pobre canto

sobre o cobre leito
ela me descobre
e leva do meu peito
a vida de um pobre

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VENTO

eu vi um violento vento
que no último lamento
mostrou o seu tormento
destruiu neste momento
madeira, ferro e cimento
antes forte, agora lento
já não é mais turbulento
dissipou-se o forte vento
foi, e passou a ser alento

Inserida por EvertonThoughts