Denis Diderot

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A superstição ofende mais a Deus do que o ateísmo.

Para se alcançar, quanto mais não seja, a fama do pai, é preciso ser-se mais hábil do que ele.

Os erros passam, a verdade fica.

Em qualquer país em que o talento e a virtude não produzam progresso, o dinheiro será a divindade nacional.

Cospe-se num bandido menor, mas não se pode recusar uma espécie de consideração a um grande criminoso.

Faça-se aquilo que se fizer, nunca se perde a honra quando se é rico.

Estou mais seguro da minha capacidade de julgar do que dos meus olhos.

Ignoro o que sejam princípios, a não ser que se tratem de regras que se prescrevem aos outros para nosso proveito.

O espírito diz coisas deveras belas, mas só faz banalidades.

Existem, hoje, cinquenta mil patifes que dizem o que lhes apetece a dezoito milhões de imbecis.

Engolimos de um sorvo a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga.

Se a razão é uma dádiva do céu, e se o mesmo se pode dizer quanto à fé, o céu deu-nos dois presentes incompatíveis e contraditórios.

Não se é sempre estúpido por havê-lo sido várias vezes.

O que é a virtude? É, seja qual o aspecto pela qual a encaremos, um sacrifício de nós próprios.

Saber conter-se é uma das primeiras coisas que deve aprender.

O primeiro passo para a filosofia é a incredulidade.

De todos os sentidos, a vista é o mais superficial. O ouvido, o mais orgulhoso. O olfato, o mais voluptuoso. O gosto, o mais inconstante. E o tato, o mais profundo.

Não se retém quase nada sem o auxílio das palavras, e as palavras quase nunca bastam para transmitir precisamente o que se sente.

Ser sensível é uma coisa e sensato é outra. Uma tem a ver com a alma, a outra com a razão.

Erra tanto o que suspeita demais, quanto o que demais confia.

O homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre.

Denis Diderot
Les Éleuthéromanes

Nota: Adaptação dos versos de Denis Diderot "E as suas mãos fariam das entranhas do padre uma trança / Na falta de uma corda, para estrangular reis". Trata-se de uma paráfrase de um poema de Jean Meslier, do livro "Extrait des sentiments".

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Todos querem ter amigos mas ninguém quer ser.

A natureza não criou amos nem escravos, eu não quero dar nem receber leis.

Da brevidade do tempo

Influência da brevidade do tempo sobre os trabalhos dos homens: supondo que um astrônomo demonstrasse geometricamente que daqui a mil anos um planeta no seu percurso cortará a órbita terrestre precisamente no momento e no ponto em que a terra ali se encontrar e que a destruição da terra será a consequência dessa enorme colisão; o langor irá então apoderar-se de todas as atividades; não haverá mais ambição, monumentos, poetas, historiadores e talvez tampouco guerreiros ou guerras. Cada um cultivará o seu jardim e plantará as suas couves. Sem desconfiarmos, caminhamos todos para a eternidade.

in "Elementos de Fisiologia"

Coisas das quais nunca se duvidou, jamais foram provadas.