Camila Custodio

Contabilizar risos, perder o juízo, tomar coquetel químico corporal, beijar ideias; e se preciso uma pitada de sal lágrima suor para adocicar.

Era um vazio corrosivo, uma falta permanente, um buraco negro engolindo e partindo-a em pedacinhos de cristal ao chão.

Velho quadro inacabado + Parede vazia = Dúvida. A razão do coração tem a própria lógica, que reside nas entranhas da emoção.

A estrela dos meus olhos se apaga ao fechar das pálpebras; mas acende em outro lugar. Talvez nos meus sonhos, talvez nos 'eus', acenderá...

Depois, sinto que foi um arroubo pueril. Mas que culpa tenho eu, deste coração febril?

Confesso que sempre leio as palavras derradeiras. São combustível para a descrença que habita no desencanto; é o recesso do canto.

O vazio é pressuposto para o transbordar.

É só cansaço. É só tempo escasso e revirado à espera de reviravolta. É só aquele reencontro sagrado. É só meu coração que em paz dorme. Só.

A incoerência alheia, é um dardo certeiro nas certezas e vontades que carrego.

Consciente das árvores que sombreavam seu coração, às vezes se perdia na imensidão onipresente dos sentimentos; palavras fugiam dos dedos.

O que lê, é casca.
Minha polpa é profundamente multifacetada.

Virei atriz de cinema mudo. Revirei-me.

Se vem morno, raso, metade, fiques aí meu bem...
Eu me aqueço bem sozinha.

Texturas, cheiros, gostos, ânsias, cores...devorando cada novo pedaço desta vida dentro da vida, saboreando o melhor de se reiventar.

Um brinde à passividade e permissividade. O vácuo, para onde o sonho foi parar, agradece.

Engraçado. As pessoas vão se ressignificando em nossas vidas. Devemos dar adeus na partida? Saudações na chegada?

Um brinde! Aos insatifeitos. Aos que tem fome. Aos intensos que passam pela vida, mas não deixam a vida passar. A nós e aos nós!

É perigoso abrir certas portas. Às vezes, o vento intruso que entra, impregna a casa de saudades.

E quem sou eu, se sozinha estou na estrada para ver o melhor nascer do sol do meu coração? Se não há quem acredite na luz, e me dê a mão?

Algo respira tímido, mas com fôlego nos pulmões. E aquele velho adeus, está sempre quase pronto no aceno do sonho.

Que a fome nossa de cada dia sempre exista; que jamais sejamos apenas um nome jogado ao relento das oportunidades que se foram.

E qual a chave que abre o portal de todos os segredos ocultados por um misterioso advir de eternidade? E qual a chave da saudade?

Parece algo tão real e distante. É como primavera dos jardins coloridos de Monet.

E as certezas nossas de cada dia? Que permaneçam no infinito, finitas e passíveis a caírem e se levantarem. Enquanto há vida, há movimento!

Se eu pudesse pedir algo às estrelas, pediria que elas me enchessem de luz e não permitissem que meu coração escurecesse de incompreensão.