Arthur Schopenhauer

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Se na infância dedicado-nos com muita seriedade à primeira compreensão intuitiva das coisas, a educação esforça-se para nos transmitir CONCEITOS. Mas os conceitos não nos fornecem a verdadeira essência das coisas; esta, ou seja, o conteúdo profundo e autêntico de tudo o nosso conhecimento, reside antes na concepção INTUITIVA do mundo. Tal concepção, no entanto, só pode ser adquirida por nós, e de maneira alguma nos poderia ser ENSINADA. Donde resulta que o nosso valor, seja ele moral ou intelectual, não nos chega de fora, mas procede da profundeza do nosso ser, e nenhuma das artes pedagógicas pode transformar um simplório de nascimento num pensando: nunca! Simplório ao nascer, simplório ao morrer.

Inserida por leofraden

Se a marca da primeira metade da vida é o anseio insatisfeito pela felicidade, o da segunda é o receio da desgraça, pois, a essa altura, reconhece-se mais ou menos nitidamente que toda felicidade é quimérica, enquanto o sofrimento ao contrário é real.

Por que na juventude miramos a vida como imensuravelmente longa? Porque temos de encontrar lugar para as esperanças sem limites, com as quais a povoamos e para cuja realização Matusalém teria morrido jovem; em seguida, porque todomamos como medida da vida os poucos anos que já temos atrás de nós, cuja lembrança é sempre rica em material, portanto longa, já que a novidade faz todos os eventos parecerem significativos.

Inserida por leofraden

Na juventude rege a intuição, na velhice, a reflexão. Dessa forma, aquela é a idade para a poesia, esta mais para a filosofia. Também em termos práticos somos determinados na juventude pelo que foi induzido e por sua respectiva impressão, na velhice apenas pelo que foi pensado. Em parte, isso se deve ao fato de que s[o na velhice ha casos intuitivos em numero suficiente para serem subsumidos a conceitos, ganhando, assim, plena importância, conteúdo e credito; ao mesmo tempo, ha moderação, pelo hábito, da impressão do que foi intuído. Por outro lado, na juventude, a impressão das intuições portanto também do aspecto exterior das coisas especialmente quando se trata de cabeças vivazes e fantasiosas, é tão preponderante, que o mundo é visto como uma pintura. Desse modo, preocupam-se sobretudo em saber como figurarão e se apresentarão nesse mundo, bem mais do que a respeito da própria disposição interna. Isso se mostra ja na vaidade pessoal e no exagero em cuidar da aparência, característicos dos jovens.

Inserida por leofraden

Apenas de que o auge da capacidade intelectual se dá por volta dos 35 anos, a velhice tem suas compensações. É apenas nesse momento que a experiência e a erudição se tornam de fato ricas: teve-se tempo e oportunidade para considerar e refletir as coisas sob todos os aspectos, comparando-as entre si e descobrindo os seus ponto de contato e membros conectivos; por conseguinte, apenas nesse momento as compreendemos bem em toda a sua concatenação. Tudo foi esclarecido; por isso, conhece-se mais profundamente até mesmo aquilo que já sabíamos na juventude, visto que há muito mais provas para cada conceito. Aquilo que nos anos de juventude só acreditávamos saber, sabe-se de fato na velhice, e muito mais, porque possuímos conhecimentos meditados em todas as direções e, portanto, inteiramente coerentes, enquanto na juventude nosso conhecimento é sempre lacunar e fragmentário. Apenas quem envelhece adquirir uma ideia completa e pertinente da vida, pois tem uma visão geral do seu conjunto e do seu curso natural, e sem especial, porque não a ve como os outros, ou seja, apenas a partir do ponto de entrada, mas tamb[em a partir do ponto de saída, reconhecendo, assim, toda a sua nulidade, enquanto os outros sempre se encontram na ilusão de que o que é realmente bom ainda ocorrerá.

A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir.

Bastar-se a si mesmo; ser tudo em tudo para si, e poder dizer trago todas as minhas posses comigo, é decerto a qualidade mais favorável para a nossa felicidade.

Inserida por Nonsense

Pode ainda considerar-se a nossa vida como um episódio que perturba inutilmente a beatitude e o repouso do nada.

Inserida por Nonsense

E, assim, como do ponto de vista físico, o andar não é mais do que uma queda sempre evitada, da mesma maneira a vida do corpo é a morte sempre suspensa, uma morte adiada, e a atividade do nosso espírito, um tédio sempre combatido…

⁠As pessoas que passam suas vidas lendo e tiram sua sabedoria dos livros são semelhantes àquelas que, a partir de muitas descrições de viagens, têm informações precisas a respeito de um país. Elas podem fornecer muitos detalhes sobre o lugar, mas no fundo não dispõem de nenhum conhecimento coerente, claro e profundo das características daquele país. Em compensação, os homens que dedicaram sua vida ao pensamento são como aqueles que estiveram em pessoa no país: só eles sabem propriamente do que falam, conhecem as coisas de lá em seu contexto e sentem-se em casa naquele lugar.

Inserida por gilhei

⁠A fé é como o amor. Não pode ser forçada.

À verdade é permitida apenas uma celebração breve da vitória, a saber, entre os dois longos períodos em que é condenada como paradoxal e desprezada como trivial.

Arthur Schopenhauer
Die Welt als Wille und Vorstellung, 1819.

⁠Há alguma sabedoria naquele que, com um olhar sombrio, considera este mundo como uma espécie de inferno.

⁠Se as crianças fossem trazidas ao mundo apenas por um ato de pura razão, a raça humana continuaria a existir? Um homem preferiria ter tanta simpatia pela geração vindoura, a ponto de poupá-la do fardo da existência? Ou, de qualquer forma, não se encarregaria de impor esse fardo a sangue frio.

Inserida por tocantins

Em presença de um acontecimento desgraçado já ocorrido, no qual, por conseguinte, não se pode mudar nada, não devemos nos abandonar à ideia de que poderia ser de outra maneira; menos ainda refletir sobre o que poderia ter sido feito para que fosse diferente. Porque isso simplesmente intensifica a dor até o ponto em que se torna insuportável, e assim nos tornamos "aquele que atormenta a si próprio". Pelo contrário, devemos estalar os dedos e nunca mais pensar nisso. Aquele que não é bastante leve de intelecto para conduzir-se dessa maneira deve refugiar-se no fatalismo e convencer-se da verdade de que tudo que ocorre, ocorre necessariamente e, portanto, inevitavelmente.
Não obstante, essa regra só tem valor em um sentido. Em um caso de infortúnio, é útil para nos proporcionar alívio e consolo imediatos; porém, quando, como acontece muitas vezes, a culpa é de nossa própria negligência ou irreflexão, então a meditação repetida e dolorosa dos meios que poderiam ter impedido o acontecimento é uma autodisciplina saudável que nos serve como lição e aprendizado, isto é, para o futuro. Não devemos tentar desculpar, atenuar ou diminuir as faltas de que somos evidentemente responsáveis, mas confessá-las e trazê-las claramente ante nossos olhos em toda a sua extensão a fim de tomar a firme decisão de evitá-las futuramente. Temos, é verdade, de nos infligir o doloroso sentimento do descontentamento de si mesmos; entretanto, o homem não castigado, não aprende.

Arthur Schopenhauer
Aforismos para a sabedoria de vida. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2002.
Inserida por MarcioAAC

⁠Casar significa fazer todo o possível para se tornar objeto de repulsa para o outro.

Inserida por Ketteiteki

⁠Não há nenhum erro maior que acreditar que a última palavra dita é sempre a mais correta, que algo escrito mais recentemente constitui um aprimoramento do que foi escrito antes, que toda a mudança é um progresso.

Arthur Schopenhauer
A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM, 2013.

⁠O jovem deve, desde muito cedo, ser capaz de ficar sozinho; isso é uma fonte de felicidade e paz de espírito.

Arthur Schopenhauer
Collected Essays of Arthur Schopenhauer (2012).

⁠A solidão é o destino de todos os espíritos proeminentes.

Arthur Schopenhauer
Collected Essays of Arthur Schopenhauer (2012).
Inserida por Ketteiteki

⁠É com grande verdade que Aristóteles diz que "Ser feliz é ser autossuficiente". Já que todas as fontes externas de felicidade e prazer são, por sua natureza, altamente incertas, precárias, efêmeras e sujeitas a mudanças.

Arthur Schopenhauer
The Essays Of Arthur Schopenhauer: The Wisdom of Life (2004).
Inserida por Ketteiteki

⁠⁠Só quando a verdade for adquirida por seu próprio pensamento, através dos esforços de seu intelecto, ela se torna membro de seu próprio corpo, e só essa verdade realmente nos pertence.

Arthur Schopenhauer
Collected Essays of Arthur Schopenhauer (2012).

⁠A mais eficaz consolação em toda desgraça, em todo sofrimento, é voltar os olhos para aqueles que são ainda mais desgraçados do que nós: esse remédio encontra-se ao alcance de todos.

Arthur Schopenhauer
As dores do mundo. São Paulo: Edipro, 2019.
Inserida por PensamentosRS

⁠Só notamos os dias felizes da nossa vida passada depois de darem lugar aos dias de tristeza.

Arthur Schopenhauer
As dores do mundo. Lebooks Editora, 2020.

⁠Todo tolo miserável que não tem absolutamente nada de que possa se orgulhar, adota como último recurso o orgulho da nação a que pertence; ele está pronto e feliz para defender todas as suas faltas e loucuras com unhas e dentes, reembolsando-se assim por sua própria inferioridade.

Arthur Schopenhauer
Parerga and Paralipomena: A Collection of Philosophical Essays (2007).
Inserida por Ketteiteki

⁠Deve-se usar palavras comuns para dizer coisas incomuns.

Arthur Schopenhauer
Essays of Schopenhauer (2004).

Nota: Trecho do artigo On Authorship and Style (Sobre autoria e estilo, em tradução literal).

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Inserida por Ketteiteki