Andre Saut
Qual a cor do amor?
Verde é a cor do papagaio
Também é a cor das matas,
Onde vivem os animais.
Amarelo a cor do canário
Também a cor dos girassóis,
Que alimenta os passarinhos.
Marrom é a cor do sabiá
Também a cor da terra,
Onde plantam os girassóis.
Preto é a cor do corvo
Também a cor do infinito,
Onde o pensamento se confunde com as estrelas
Azul é a cor da gralha
Também é o cor do céu,
Onde todos os pássaros brincam de voar.
Branco é a cor das nuvens,
A cor da pomba
A cor da paz.
Já o amor, é de toda cor,
Da cor da terra, da cor do céu,
Da cor do mar.
Não há nada que arrepie mais do que um abraço de um amigo querido, que de tão carinhoso, abraça até a alma da gente.
Mariana das bonecas.
Mariana era uma menina bem pequenininha do tamanho das bonecas que brincava, mas com um coração gigante que se fosse medir por tamanho de abraço, seria um abraço tão grande que caberia todas as bonecas do mundo. A Mariana amava qualquer boneca, as branquinhas, marronzinhas, gordas, magricelas, grandes e as bem baixinhas. As que tinham cabelos compridos, as de cabelo curto e até as sem cabelos. Adorava as roupinhas de bonecas, algumas até cabiam nela. Ela dava nomes de acordo com a cara de cada uma, tinha as Marias, as Berenices, As Fátimas, as Betes e até uma com uma cara engraçada que ela colocou o nome de uma amiga dela que não vou contar. A Mari cantava para elas músicas de verdade e cozinhava comidas de faz de conta. Ela as ensinava a dançar enquanto aprendia a viver. Assim era a Mari das bonecas, uma menina bem pequenina no tamanho e enorme nos seus sonhos.
Descobri que sou um aprendiz da vida querendo ser um artesão de sonhos pois incessante não desisto daquilo que acredito. Sonhando bem acordado, trabalho em transformar o abstrato em concreto o impossível em provável e o incerto em certeza. Não acredito no “não dá”, mas em contornar a razão de quem achar que tem sem querer discuti-la, mas sem insistir que desista destas encravadas convicções, apenas acrescente à ela, outras e, perceba que não vai me ouvir dizer, vai me ver fazer! Mesmo que pareça irreal o mais difícil de alcançar não é o sonho, mas a capacidade de acordar e ver que a realidade acontece por que você a idealizou e, acreditou ou, por vezes com a ajuda do acaso, sem esforço, por motivação do aventureiro destino.
Quando somos presenteados com um sorriso e um abraço o momento se transforma num beija-flor e faz as asas da alegria baterem tão forte que o tempo parece parar.
Vou ensinar só uma vez e tenho certeza que não vais esquecer. É um laço que começa com uma mão que passa por cima do ombro de outra pessoa e por baixo ao contrário também do outro braço que passa por cima. Depois é só apertar não muito, mas o suficiente para sentir o compasso de dois corações. Este laço de braços, eu, particularmente chamo de abraço. Mas acho que me perdi no segundo laço. Tem alguém por aí que queira ensaiar comigo?
No princípio da aula de português, surgiu o A seguido do B,C e do D.
Depois em sequência chegaram o C,D e o E. de uma vez só, foram aparecendo o F,G,H, I,J que convidaram um tal de K, para se juntar com os que já se acomodavam no quadro negro que era verde, na minha sala de aula. Antes do recreio, uma turma enorme e entusiasmada com a reunião surgiram de entre-linhas, eram o L,M,M,O,P,Q,R,S,T U,V e para terminar chegaram os que para nós são os últimos mas, que para nos contrariar, alguns cientistas dizem que é o começo de tudo, os tais X,Y e Z, mas isto, já é ciências. Ah! quase esqueci daquele estrangeiro que ganhou asilo, o W.
Amanhã, entre um minuto e outro, entre uma hora e a próxima, entre um momento e uns instantes, não esqueça de deixar espaços vagos. Espaço na gaveta para uma meia nova, espaço na prateleira para aquele livro que sempre quis ler, espaço no dia para um café com amigos, espaço na agenda para um compromisso não agendado, espaço na noite para um sonho inesperado, espaço nas entrelinhas para observações malucas e não tão importantes mas sinceras, espaço no espaço para viajar numa ideia. E um espaço para algo especial que não precisa ter tamanho porque ele se acomoda, se contrai, se expande: aquele espaço para amar que sempre está do ladinho do espaço que a gente esquece de deixar na vida, o espaço para viver.
Escrevi este texto em 1977 quando estava na 7ª série, foi publicado em 2001.
Todo dia, quando ia para a escola, passava na casa de uma colega para irmos juntos.
Ela tinha os olhos grandes e tristes.
Até que um dia, notei que os olhos dela estavam mais tristes que normalmente.
Então pensei: Se eu der um beijo nela, será que ela ficará mais feliz?
Não hesitei; beijei-a no rosto!
Deu um clarão e eu nunca mais a vi.
Até que num dia chuvoso, quando passava por uma poça d’água, vi uma sapinha de calça jeans e tênis.
Dei dois passos e parei. Sapo não usa calça jeans. Muito menos tênis...
Voltei e olhei. Eram aqueles mesmos olhos grandes e tristes.
Pensei então: Será que é como um conto de Fadas?
De novo, não hesitei, me abaixei, peguei ela na mão para beijá-la...
Mas ela beijou primeiro.
E depois do clarão. te digo uma coisa: Aqueles olhos não são mais tristes
e acho o maior barato ficar coachando na beira das poças.
Mas não me acostumo a ficar pulando de lá pra cá e daqui pra lá o dia inteiro.
As vezes esqueço que o roteirista da minha vida sou eu e acabo não escrevendo um belo dia para viver.
A lua surgiu tão grande que não coube na janela, então coloquei a janela na lua. Olhando agora, deu para imaginar a terra. Azulzinho aqui, marronzinho ali, aqueles foguetes daquele lado estão comemorando alguma coisa, aqueles maiores do outro lado, certamente não. Aquelas nuvens branquinhas planando suavemente pelos céus bem diferentes daquelas cinzas meias sujinhas espalhadas por todos os lados. Os gelinhos nas pontas estão menores? O que é aquilo vermelho boiando no mar, uma baleia? mas não eram desta cor? E aquele buraco enorme, que eu lembro ali era bem verdinho. Vou fechar esta janela e só abrir quando o sol voltar a brilhar na manhã da consciência, no despertar da iniciativa.
Será que o céu não é só o pano do universo escondendo uma luz enorme atras e que de tão velho está cheio de furinhos que a gente chama de estrelas?
Num dia ou noite destas, uma bruxa bem pequeninha que falava mas não dizia, que ouvia mas não escutava e andava montada em uma perereca saltitante, resolveu invadir, com seus exércitos de más intenções, três estados, que num livro de ciências, descobriu que existiam. Primeiro tentou invadir o estado líquido e, por pouco não se afogou numa jarra de água. Molhou até as enormes calcinhas brancas de bolinhas rosas. Não conformada, invadiu o estado gasoso numa saúna e quase morreu sufocada no meio de um monte de gente peladona. Mas foi na invasão do estado sólido que bateu de nariz na porta do refrigerador e, pasmem dizem que foi ali que vendo a cor que ficou o narigão inchado, ela inventou o roxo, mas conseguiu um gelinho para aliviar a dor. Alguns dizem que é verdade que esta história é de mentira, outros dizem que é mentira que esta história é de verdade. Eu, só estou contando o que não ouvi.
De repente entre um instante e outro descobri feliz que estou vivendo dezenas de eternidades. Pois a eternidade que encontrei é o pedacinho de tempo que guardamos pra sempre quando ganhamos um sorriso do irmão, um abraço do amigo, um beijo meu amor, um oi do vizinho, um olhar carinhoso, uma música linda do cantor de rua, um doce na padaria, uma pipoca no cinema, um por de sol na beira do rio, um latido de bem-vindo do cachorro, um picolé gelado, um cobertor quentinho, um conselho do pai, um vai com Deus da mãe, um estou te esperando e outro que estou chegando. Eternidade é isto, um conjunto de vidas vivenciadas em segundos que duram para sempre.