André Anlub
Não se diz ganancioso, apenas não se contenta com pouco; só não percebeu que também não se contenta com muito.
O problema é que alguns transformam em idolatria a inveja que tem aos 'de cima'; enquanto que o egoísmo aos 'de baixo' – que deveria ser compaixão – é transformado em ódio.
O segredo é parar de bater o pé falando que o tempo voa e começar a bater as asas voando mais alto que ele.
Para mim não foi um ano velho e não há o novo – não começa pelo fato de não terminar; minha vida é um dia de cada vez, e cada dia uma nova jornada, novas ideias, perdas, vitórias, escritas, leituras... tudo dentro das lacunas entre as rotinas.
E caem as águas da chuva, agitando as folhas que parecem dizer “sim”; molham meu corpo e meus aforismos; molham as escritas: poesias e prosas... regam as rosas do jardim do viver.
Às vezes criam-se expectativas e ânimos, não só para ir atrás de tal coisa, mas também para fugir de outra.
A fruta no pé,
Pé descalço no chão;
Céu azul como outro dia,
Dia com a ‘cuca fria’,
Chá quente,
Cheiro de pão.
Nas manhãs o sol piegas me prega uma peça: se esconde atrás de uma nuvem e torna ainda mais glacial a água da cachoeira.
Que fatalidade: ao fechar seu zíper, Zappa perdeu seu Zippo; ficou com o fumo, mas sem consumo, sem fogo, sem fósforos; ficou famélico e – quem diria – com fisionomia de abstêmio, perfume de absinto e sorriso de feijão-fradinho.
Ir contra a maré, bater de frente com o sistema e criar seus próprios preceitos são atos revolucionários.
Fazer parte da paisagem, como miragem; ter esperança com segurança, brio e equilíbrio... é assim que se vive – meu alvitre; é isso que se deve solver – meu parecer. É e será assim do princípio ao fim.
Brincar com o sonhar é brindar com a vida; realizar-se é só uma deleitosa consequência. Existe a disposição natural à boêmia, basta escolher se a quer passiva ou ativa.
O Homônimo disse que o Sinônimo era redundante. Sinônimo respondeu:
Posso ser prolixo, pleonástico, tautológico... Mas não sou um cara de várias caras.
Pousando na realidade dos princípios, meios e fins, sem a presunção do perene; com a benção do meu cerne; voo novamente feliz e quando quero, dentro de absurdos devaneios, fora de obtusos horizontes, na serenidade que me confere. Não, não sou filósofo, nem profeta, minha linha não é nada reta; às vezes sou prólogo e prolixo, com muitas marcas e metas, enfrento, flerto e afago as cacholas abertas.
Não tenho heróis... nem deus, nem meu pai, mãe ou qualquer outro amigo ou membro da minha família! O bicho homem é passivo de traição, e costuma fazer bom uso desse "direito". Não espero, nem projeto nada em ninguém para não me decepcionar! Não acredito em Sassá Mutema!
O verde vivente evidente nunca está de 'saideira'; faz nuance nos raios dourados do sol, que surgem e somem ao bailar das folhas e no cair das sementes da jabuticabeira.
A Mentira de pernas curtas, médias, longas, maratonista ou lerda, um dia se enfastia e acaba sendo alcançada.