André Anlub
É no embalo do calor humano, arte que grita no urbano. Salto das classes que falam aos ouvidos, destemidos artistas do azul infinito... É de sal e saudade, de real e sonho, esperança e destino.
Moqueca e bobó de camarão, vatapá, caruru, azeite de dendê, sururu, acarajé, pirão e um assado cação. Viver só é bom quando é mais, mas muito mais, que o bater de um coração.
Estava flertando com a Bahia, e comigo sempre a poesia num livro de Emily Dickinson e no vai e vem do mar que assistia.
Precisamos de dias mais longos, cheios de ar, aves. Árvores por todos os cantos, cantos açucarando os pesares.
Por aqui, por ali, o sol nasceu mais vivo. Vi você de repente, menos breve e arredio, arrepender-se contente.
Ouvi dos sinceros seus sins, som de detalhes. De talhes simplórios, felicidades, gemidos e corpos notórios.
Precisamos de larga boca e nada oca a mente. Mente aquele que no medo, em segredo, no paladar do azedo, expõe que não ama e não segue passo a frente.
Esvazie-me – preencha-me, conheça o verso e o avesso, rima após rima, sabe que deixo! E depois, ao acordar sozinha, vá viver se estou na esquina.
Estouram paixões sempre aludidas, cantam canções, danças nas chuvas. No certo e no cerco um céu de saídas, arte que inspira expurgando áureas turvas.
Renasce com o dia a serenidade que buliu com o ontem, fazendo o momento, esculpindo o hoje de um modo mais tenro, fundindo o amor e rejuvenescendo.
Nada disso, nada! Nem a cruz ou a espada, nem um milagre instantâneo, até viver litorâneo com belo cenário da sacada. Nada disso, nada! Nem amor perdido ou achado, tampouco o que ganhou no grito, nem um gemer sustenido que alavanca o ser amado. Nada disso, nada, se não houver, gente, meu café bem quente.
No meio do lago sossego meus remos, lanço a vara com a melhor das iscas. Espero o peixe, faço figa. Em tempo ameno mordeu a Tilápia. Depois do alvoroço num pensar parco devolvo-a pro lago. No meu lar tem almoço, já ganhei meu dia, vou puxar meu barco.
Conquistas dificilmente funcionam quando se vai muito além e extrapola o momento. Há de se ter bom senso e dar tempo ao amoldamento.
Era um sujeito de tão extrema incoerência que mesmo quando bateu as botas ressuscitou para se dizer ateu.
Não permita que a lamúria de ter ou não ter feito, isso ou aquilo, torne-se eco e volte a ser nuvem escura num futuro próximo!
E segredou o velho no seu leito de morte:
- a vida que já é curta foi-se célere; passei-a ambicionando coisas, quase sempre supérfluas, ao invés de ser feliz com o que já tinha. Hoje troco tudo que tenho por mais tempo, mas infelizmente o mesmo não está à venda.
Para quebrar a leitura acrescento essa coisa fútil, dispensável, absurda, cega, surda e muda, que é esse parágrafo inútil.
A alma quer plateia, zelo, nada de estar sozinha. Ela quer que outros olhos curtam seu curto vestido decotado, o sorriso do rosto com duas covinhas e todos, mas todos, os seus pelos eriçados.
De uma forma deveras palpável a grafia renasce no arcabouço, vindo de uma sensação mutável e tornando-se finalizada ante o esboço.
É logo ali o impossível; siga a avenida do livre-arbítrio, passe a rua do convencional e dobre à esquina do inconcebível.
O animal irracional à procura de humanos fareja os destroços; o bicho homem com sua loucura vitimiza o cão dócil.