Arde
A Memória Que Aquece e Dói
A memória tem o poder de aquecer e de machucar, como um fogo que arde suavemente, mas que também pode queimar. Ela revive momentos, rostos e sentimentos que pareciam adormecidos, trazendo à tona tanto o prazer da lembrança quanto a dor da perda. É como olhar para uma fotografia e sentir que, embora tudo tenha mudado, aquela imagem ainda mantém a mesma intensidade no coração.
Às vezes, a memória se apresenta de forma inesperada, com um cheiro, uma palavra, um gesto que nos transporta para um tempo que não volta mais. E é nesse instante que sentimos, com clareza, que a saudade é a alma da memória. Ela nos lembra do que foi belo, mas também do que ficou para trás.
Essa lembrança aquece, como o calor de um abraço perdido no tempo, mas também dói, porque nos faz perceber o quanto aquilo que amamos se foi. No entanto, é justamente essa mistura de sensações que faz a memória ser tão poderosa. Ela é a prova de que o que vivemos foi real, que tocou nossa vida de forma profunda e que, mesmo com o passar do tempo, sempre haverá um pedaço de nós guardado naquele momento.
A memória é uma companheira constante, que nos acompanha nas horas mais quietas, nos fazendo sorrir e, ao mesmo tempo, nos lembrando que, no fundo, tudo o que amamos nunca desaparece por completo. Ela nos aquece e dói, mas é, sem dúvida, uma das maiores provas de que o que vivemos permanece eternamente em nós.
Uma luz!
Por que isso arde?
De onde vem toda essa fumaça?
Por que não consigo respirar?
Foi então que me dei conta, tudo estava em chamas!
Não havia mais nada que pudesse ser feito.
O fogo foi destruindo as paredes, desmoronando as estruturas
acabando com todo alicerce
Ah se essa casa pudesse ser mais forte!
Quem dera se tivesse sido construída com o melhor material
Se tivesse sido apreciada, zelada... Descuido e desprezo, isso é
o que ela conhece.
O fogo está diminuindo!
Alguém o apagou? Não!
Ela queimou até não restar nada
Ardeu até virar cinzas
Já não há mais nada para se salvar.
Foi então que me dei conta
Eu era a casa!
O que é aquilo brilhando? A luz da esperança?
Era outra chama!
Eu fumo por que a vida me sufoca,
E o fogo que arde, me acalma a alma.
Cheiro de pecado, cheiro de tabaco,
Máscaras para esconder minha dor profunda.
Fumo para esquecer, para me perder,
No fogo que consome, minha alma cansada.
O pecado é o preço, o tabaco é o vício,
Minha escolha, minha cruz, minha sombra.
Em cada tragada, sinto meu fim,
O pecado me consome, o tabaco me mata.
Mas ainda assim, eu não paro,
Porque naquela fumaça, eu encontro um refúgio.
Um refúgio temporário, uma ilusão,
Que me deixa esquecer, por um instante,
A dor, a tristeza, a solidão,
E o vazio que me consome.
Mas quando o fogo se apaga,
E a fumaça se dissipa,
Eu me vejo novamente,
Sozinho, com meu pecado.
A esperança é uma febre que não queima, mas arde em silêncio, uma promessa que nunca foi feita, mas que insistimos em acreditar. É como deitar em um gramado úmido ao entardecer, sentir a terra fria contra as costas e a brisa carregando um cheiro de coisas esquecidas — da infância, talvez, ou de um sonho que nunca aconteceu.
E nesse momento, enquanto o vento invade os pulmões como se quisesse torná-los eternos, você percebe que a paz não é uma conquista, mas uma entrega. É um instante roubado do caos, um suspiro entre a tempestade.
As palavras para descrevê-la, se é que existem, são frágeis como fios de teia ao sol. Elas não dizem, mas insinuam. Porque a paz, quando vem, não se explica: apenas invade. Talvez seja isso que Clarice quis dizer tantas vezes — que há um mundo dentro de nós, maior do que qualquer compreensão. E nesse mundo, a esperança floresce como uma erva daninha teimosa, rachando até o concreto da nossa dureza.
ImpulsionaDOR
Há uma chama na mágoa contida,
Um sopro feroz, um grito guardado,
Que arde, transforma, renova a vida,
E faz do que dói um solo sagrado.
Não é lamento que prende os pés,
Nem muro que barra a caminhada,
É força que ergue, que refaz
A alma ferida e abandonada.
O corte profundo, o pranto silente,
São fontes de fogo, motor que consome,
E ao invés de prender, libertam a mente,
Dão voz ao coração que clama um nome.
Mágoa que ensina, que move montanhas,
Que faz do tropeço impulso ao cume,
É dor que molda, rasga as entranhas,
E deixa no peito um novo lume.
Não temo o peso de tê-la em mim,
Pois sei que me leva onde eu não iria,
Na mágoa que queima, há sempre um fim:
Transformar a dor em rebeldia.
Intensidade do Amor
Sou fogo que arde, chama que não cessa,
Um amor tão profundo, uma eterna promessa.
Cada emoção é um mar, ondas a quebrar,
Navego em teus olhos, não consigo parar.
Sinto tudo ao extremo, cada toque, cada olhar,
Meu coração é um tambor, pronto a pulsar.
Na intensidade do amor, me perco e me encontro,
Sou tempestade e calma, sou tudo, sou pronto.
Te amar é um vício, uma dança sem fim,
Uma explosão de sentimentos que brota de mim.
E mesmo na loucura, há beleza no sentir,
Pois ser intenso é viver, é amar sem medir.
Amor que Sustenta
Só o amor, por si, não é bastante,
É chama que arde, mas se desfaz,
Sem admiração, torna-se hesitante,
Um laço que o tempo desfaz.
O respeito é o chão onde pisa,
A cumplicidade, o elo constante,
Na lealdade, encontra a brisa
Que o torna forte, perseverante.
E o diálogo, suave canção,
Une os corações em perfeita união.
Só assim o amor é eternamente vibrante.
SimoneCruvinel
O Diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão atormentados dia e noite, para todo o sempre.
Meu Amor por Ti
Quando lhe vejo meu coração arde como fogo;
Tu és a luz que brilha na escuridão;
És tudo na minha vida;
Sem ti nada faria sentido;
Não consigo me imaginar sem ti;
Tu és a minha vida,
O ar que respiro;
Te amar, é um presente;
Meu amor por ti é maior que o infinito;
Ter lhe conhecido foi a melhor coisa;
Meu desejo é viver ao teu lado;
Sua dor é como uma espada, que fere o meu coração;
Mas seu sorriso é a luz que afasta toda a escuridão;
Estar com você é a certeza de viver;
Quanto mais me inflamas, mais arde em mim o desejo por ti. Provoca-me até que eu te deguste, te devore como um pecado irresistível.
Chama do amor.
No luar de uma noite, a chama arde,
Laços de desejos, preso em grade.
Paixão que ilumina, pura magia,
Corações dançam em frenesia.
Olhares profundos, ilusão tão densa,
Sussurros secretos em doce crença.
Fogo que queima, mas nunca se apaga,
No calor do instante, a vida se entrega.
Nos labirintos do amor, nos perdemos,
Em cada abraço, os mundos tecemos.
Vibrante e intensa, é o brilho da canção,
Em cada batida pulsa o coração.
Tenho os lábios secos...
Arde-me a cabeça...
Tenho febre...
Vejo o presente, e também o passado e o futuro...
E tudo me assusta...
Já nem sei mais o que digo...
Penso em deixar de pensar...
Trago perdido o que o espelho não mais retrata...
Sem o cortejo das estrelas...
Sem o que me enfeita...
Inocência...
Aonde deixei ficar?
Vens oh lua...
Espantas com o teu clarão as sombras que me perseguem...
Todos os lugares são o mesmo...
Com um coração que tem que pulsar...
Dizer a Verdade quem poderá?
E do esquecimento inviolável...
Nas trevas sondo, fixo e absorto...
Interrogo o intrépido destino...
Além das cousas transitórias...
Das paixões e das formas ilusórias...
Em meu refúgio...
Continuo sonhando...
Onde me perdi...
Também me encontrei...
E dos cálices de absinto que bebi...
Nessa Babel velha e corrupta...
Muitos outros sei...
Que ainda os beberei...
Sandro Paschoal Nogueira
Malditos sejam os deuses!
que nos deram só a febre —
e não o infinito para ardê-la!
aqueles que plantam a dor em nossos corpos
e a regam com o veneno da incerteza.
Deus — ou seja lá quem desenhou esse esboço de carne —
condenou-me a ser
um ser tão pequeno, tão estreitamente humano,
e ainda assim —
carregado de sonhos desmedidos,
maiores que os pulmões onde tento respirá-los,
maiores que o corpo onde tento suportá-los!
Pela janela da minha casa,
o céu me olha com indiferença —
infinito, azul, mudo.
Tão vasto quanto o desejo de nele desaparecer,
de me dissolver em nuvem, em vento,
em qualquer coisa que não saiba o que é ser eu.
Malditos sejam os deuses que,
no entanto, deixam a dor crescer em nós,
como uma árvore podre,
somente para se deliciar com o vento que a faz tombar.
Ode aos que sente demais.
Salve, ó homem de carne viva,
cuja alma arde em silêncio,
que sangra beleza por dentro
e entrega controle por fora.
Tu que, mesmo exausto,
sustenta o mundo com um sorriso —
não por força,
mas por medo de ser largado
se um dia fraquejar.
Saúdo o teu caos meticuloso,
teu sarcasmo afiado como espada,
tua doçura escondida entre vírgulas,
como se amar demais
fosse algo a ser temido,
e não vivido.
Tu és templo de um menino antigo,
ainda descalço no coração,
que acredita, ainda,
que alguém pode amar sem pedir
que ele se encolha.
Ode à tua sensibilidade crua,
essa flor nascida no concreto da sobrevivência,
que tu protege com armaduras de aço
e olhares que dizem:
"não se aproxime demais."
Mas és feito para o toque.
Para o mergulho.
Para o tipo de amor que desorganiza,
que atravessa a fachada e encontra —
o real.
O inteiro.
O indomado.
E ainda que temas ser visto,
deixa-me dizer:
és lindo no avesso.
Lindo quando falha.
Lindo quando confessa:
“tenho medo de não ser suficiente.”
Pois tu és mais que suficiente.
És raro.
És poesia bruta,
carregando o mundo com mãos gentis,
esperando — talvez em segredo —
que alguém venha
e diga:
“Pode descansar agora.
Eu vi tudo.
E mesmo assim,
fiquei.”
Versos de Revolta
Deixo meus versos
como rastros de fogo
num caminho que arde
pela culpa dos insensatos.
Minhas palavras ficam,
gravadas como cicatrizes
na pele da memória,
reação contra a hipocrisia
que escorre
das bocas ornadas
de tantos "intelectuais",
cuja erudição é verniz
sobre o vazio.
Não há o que temer!
Pois tudo já é temido!
O perigo não se manifesta
onde a covardia se veste
de autoridade,
onde a segurança se impõe
como jugo elegante,
um escudo frágil
contra a incerteza
que ruge no mundo.
Vivo em segurança?
Ou em confinamento?
Essa segurança sufoca,
nos molda em cúpulas
de certezas frágeis,
ergue muros invisíveis
que nos protegem
do caos lá fora,
mas nos exilam
dentro de nós mesmos.
Há de parar!
Ou então, pararemos nós!
Porque quem vive assim,
enjaulado em verdades prontas,
aprende a temer
até o próprio pensamento.
E se o medo crescer
maior que o desejo de liberdade,
é a alma que se condena
ao cárcere da resignação,
onde as palavras morrem
antes mesmo
de se tornarem grito.
Os versos que deixo
são insurgências contra o conformismo,
ecos de um coração inquieto
que se recusa a aceitar
a rotina disfarçada de escolha.
É urgente quebrar o silêncio
que nos encobre de poeira,
é preciso incendiar
as ideias moribundas
antes que a chama interna
se apague de vez.
