Amor Textos de Luis Fernando Verissimo

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Caminho pelas estradas

a saudade é o destino,

Vou te amando pelo mais improvável

- caminho -

Encontramos o amor inefável,

e irrecusável,

Você me faz falta,

isso é inquestionável.



O mundo dá voltas,

e sei que sempre volta;

Estamos ligados

por nossa poesia,

- nossos versos -

Sempre, sempre, sempre,

você me fará toda a falta.



Pelas estradas da saudade,

a saudade é o desatino,

Escrevendo

com o mais improvável

- verso -

Encontramos o amor santo,

e também o doce pecado,

Você é cândido,

e isso é muito mais

do que romântico.



Sim, o mundo rodopia,

sabemos da nossa poesia,

Adoramos a nossa companhia,

Sempre, sempre, sempre,

trarás toda a delícia.



Caminho pelas estradas,

a saudade é um 'absurdo',

Encontrei o companheiro

mais improvável do mundo,

Quem escreve na companhia

da saudade,

é aquele que sempre crê;

Crê que o amor virá

de mãos dadas com a liberdade,

E repleto de você.

Inserida por anna_flavia_schmitt

É um elogio ao inverno

Encontrei o meu dono

Tenho o seu coração

Não sinto mais frio

Você me tem na sua mão

Faça o quê quiser comigo

Sou tua brisa perfumada

- e encantada...



É um elogio ao inverno

Encontrei o meu dono

Tenho o seu coração

Não corro mais perigo

Encontrei o meu abrigo

Tenho o seu coração

Morando nele

- estou protegida...



É um elogio ao inverno

Encontrei o meu dono

Tenho o seu coração

Ele nos aproxima

Sempre me manterei pequena

Para ser grande nos teus braços

A minh'alma nos serena

- nos determina ...



É um elogio ao inverno

Encontrei o meu dono

Tenho o seu coração

Eternamente enamorado

Ele nos encaixa,

e nos intensifica

Vou te provocando

com os meu versos de menina

Para sermos imensos

nos sentidos e delírios...



É um elogio ao inverno

Encontrei o meu dono

Tenho o seu coração

Guardo-o sob minha proteção

Perdoe-me por às vezes ser grande

E também por também muito insegura,

É o jeito que encontrei

de ser tua, e toda doçura...



É um elogio ao inverno

Encontrei o meu dono

Tenho o seu coração

Sob a guarda da paixão

Não sinto mais frio

Só sinto os carinhos

dos teus arrepios

Tenho a sua pulsação

- sou a dona do teu coração...



É um elogio ao inverno

Encontrei o meu dono

Tenho o seu coração, sou pura devoção

Vou te provocando silenciosamente com poesias

Sei com certeza que você sempre volta

Você pode me deixar falando sozinha

Mas nunca na condição de nunca

estar te amando sozinha.

Inserida por anna_flavia_schmitt

No pairar da noite te busco silente,

Procuro por teus olhos carentes,

Olhos tão secretos e diligentes;

Olhos tão repletos de silêncios,

Olhos tão carinhosos, presentes e experientes.





Respirei doçura na tua declaração,

Escolheste-me como a tua heroína,

Estou ouvindo a canção divina:

o meu coração está batendo

novamente e divinamente.





Imagino a tua malícia incontida,

Escolheste-me como Musa da Poesia,

Estou guardada por esses olhos ocultos;

o meu coração já imagina

os nossos segredos - desnudos.





Segredos hão de ser divididos

na mesma taça de vinho,

E serão por mútuas declarações

de amor desvendados,

Os nossos risos serão deleitados

por nossos suspiros,

e os nossos pensamentos

serão sincronicidades e intensidades.





A poesia uniu espetacularmente

as nossas polaridades,

Enquanto o amor não vem,

vivemos só de doces vontades,

Imaginar a tua masculinidade,

já me sinto em companhia,

Abuso da minha feminilidade,

sou toda poesia,

Buscamos viver o nosso amor

de verdade e em sintonia.

Inserida por anna_flavia_schmitt

Nossas vontades ávidas

por malemolências

Inquietudes apaziguadas

pelo feminino

Virtudes atiçadas

pelo masculino

Exalando os nossos

instintos

Aguçando as saliências

- doces sutilezas



Sutilezas intensas

dos destinos

Serenando os nossos

instintos

São as nossas

bem querências

- e evidências



Desejos de revirar

as consciências

Assim são as nossas

bem querências

Quando os corações

batem verdadeiramente

Não preveem consequências

- só doces cadências



Delícias de quem

respira prosa

Alegrando quem

escreve poesia

Sorrisos de amores

cor-de-rosa

- e estrelados



Estamos vivendo o quê é

próprio de quem ama

Quem ama vive o Universo,

é pura chama

Sincronização de quem ama,

mesmo sem se conhecer

Sabe-se quem tem

coração nessa vida

- não se engana



Suspiros de quem

aprecia versos

Açucarando as almas

que têm calma

Coragem de quem não

teme reversos

- e sempre supera



Aguardamos a noite

amanhecer,

e o sol nos encontrar

A vida que é uma

moça bonita

nos pregou uma peça

Estamos agora

os dois aguardando

o amor que virá

Nascemos para nos viver

- e também para nos amar.

Inserida por anna_flavia_schmitt

Os meus pensamentos em ti

Vão além das quatro estações

Estou cá nesta estação saudade

A mais poética das emoções





Os meus pensamentos em ti

Vão além da saudade

Estou cá nessa espera de amor

Leal como a terra é para com a semente

Respirando um amor lindo e envolvente





Os meus pensamentos em ti

Vão além daquilo que é material

Estou cá nesta estação espiritual

Sempre há tempo para viver mais em ti





Os meus pensamentos em ti

Vão além das emoções

A saudade faz versos

E faz também lindas canções

São todas só amor e suas reverberações





Os meus pensamentos em ti

Nos faz namorados e almas amantes

Vão além dos suspiros provocantes

Eles são meus e todos teus, faiscantes





Os meus pensamentos em ti

Vão além do despertar do amor

Estou cá nessa estação saudade

Embalando os nossos significados

Pensamentos doces e apaixonados





Os meus pensamentos em ti

Vão além do corpo-poesia, doce magia

Estou cá alma-verso, doce alegria

Embalando coração-prosa, doce carícia

Conjugação da nossa paixão que amacia.

Inserida por anna_flavia_schmitt

Em noite de lua namorada,

Vamos namorar dentro do mar,

No balanço de amar,

Vamos mais do que nos amar...



Em noite de lua prateada,

De mãos dadas,

No ritmo do coração,

Vamos tremer de alegria cativada...



Em noite de lua namorada,

Caminharemos sob a luz prateada,

Vestidos do nosso balanço,

Vamos de mãos dadas...



Em noite de lua prateada,

De mãos enlaçadas,

A lua platinando os nossos beijos,

E as nossas almas apaixonadas

- extasiadas -

E um tanto enamoradas...



Experimentando o teu corpo,

A mais doce das especiarias,

Que não se encontra nas Índias,

A lua acentuando o meu corpo,

Que agora é todo seu...,

Serei um véu cintilante - extasiante...



Vertendo nos olhos a luz da lua prateada,

Serei a tua amante, a tua namorada,

Refletindo no corpo a cintilante lua enamorada,

E me derramando na paz desse amor irial

- lirial -

E inteiramente celestial...

Inserida por anna_flavia_schmitt

O peito se agita,

Estou assim

Por causa da

tua breve ausência,

Ele se agita

Por uma vontade

amorosamente vadia,

É uma vontade

imperiosa de reunir

As tuas saudades

com as minhas,

Escrever para nós

dois é uma ode

à bem querência

longe de ser vazia.



O peito não

sabe como mensurar

Essa doce

alegria de penar,

Ele se agita

por uma vontade amorosa

De mergulhar

no teu corpo,

É uma vontade imperiosa

De reunir o teu

sabor com o meu,

Escrever para nós dois

é uma ode à liberdade

- longe de não nos libertar.



O peito não sabe

como mensurar

O tamanho da graciosidade

versada sobre nós,

Ele se agita

por uma vontade amorosa

E vagarosa por cada

pedacinho teu,

Essa vontade imperiosa

De reunir o teu

amor com o meu,

Escrever para nós dois

é uma ode à descomplicação

- longe de não desejar

desatar os nós.



O peito se agita,

estou assim por causa

da tua breve ausência,

Ele se agita por uma vontade

amorosa de ser tua,

É uma vontade imperiosa de faiscar

com os arrepios da tua alma,

Escrever para nós

dois é uma ode à paz

que há de te trazer

de volta - e desejoso

da minha calma.

Inserida por anna_flavia_schmitt

A EMPATIA ENFERMA.
Há quem diga que alguns seres se comprazem em cultivar a estima da pobreza, como se nela repousasse um símbolo de virtude ou redenção. Tais observações, lançadas com a frieza das conveniências humanas, soam muitas vezes como sentenças ditas sem alma e, quando atingem o ouvido de quem sente, doem profundamente.
A dor que nasce desse julgamento não é apenas pessoal: é o reflexo da incompreensão coletiva diante das almas que sofrem em silêncio. Enquanto uns observam de longe, outros carregam, nos ombros invisíveis, o peso de mundos interiores dores que não se exibem, mas que educam.
É então que se faz clara a urgência de criarmos núcleos de esclarecimento, não sobre a miséria material, mas sobre o amor ignorado. Esse amor que ainda não aprendeu a ver o outro sem medir-lhe o valor; que não sabe servir sem exigir aplausos; que ainda confunde compaixão com piedade.
Cultuar o amor ignorado é erguer templos de consciência onde antes havia indiferença. É ensinar o coração a compreender antes de julgar, a servir antes de censurar. É abrir, no deserto moral da humanidade, o oásis do entendimento.
Porque o verdadeiro amor aquele que transcende a forma e a posse não necessita de palmas, nem de discursos. Ele apenas é, e em sendo, ilumina.
E talvez seja essa a maior riqueza que possamos distribuir: a de transformar o sofrimento em escola, a crítica em semente, e o silêncio em voz do bem.

Inserida por marcelo_monteiro_4

O Grupo de Estudos Espíritas Frederico Figner e Seus Trabalhadores

Agradecemos a Deus, fonte de toda sabedoria e luz, a Allan Kardec e aos Espíritos amigos que, com benevolência e zelo, se comprazem em nos assistir. Pelo amparo que nos oferecem, temos podido conduzir com serenidade, disciplina e sincero propósito de aprendizado as atividades do Departamento de Estudos do Livro dos Espíritos, realizadas todos os domingos, às 17h50.

Nessas reuniões, buscamos compreender, com respeito e dedicação, as propostas elevadas que o Espiritismo nos apresenta, enriquecidas pelas valiosas contribuições e reflexões dos participantes, em ambiente de paz e fraternidade.

Inserida por marcelo_monteiro_4

Narrativa Inspirada no Conto Sufi.
Fragmentos do Infinito.

Conta um antigo conto da tradição sufi, atribuído a diversas escolas do Oriente Médio, que a Verdade em sua pureza integral desceu à Terra e os homens não puderam contemplá-la em sua totalidade. Para que não se perdesse por completo, Deus partiu a Verdade como se fosse um espelho, e lançou seus estilhaços ao mundo.

Desde então, cada ser humano carrega em si um pequeno fragmento desse espelho divino, refletindo uma porção da Verdade, mas jamais o seu todo. Aqueles que tentam impor seu pedaço como sendo a totalidade do espelho, sem reconhecer os fragmentos que os outros portam, caem na ilusão do orgulho e da cegueira espiritual.

Inserida por marcelo_monteiro_4

MARIA AO PÉ DA CRUZ.
Do livro: Nas Sandálias do Nazareno.
Capítulo 10, 15 de dezembro - ano 2000..
Autor: Escritor:Marcelo Caetano Monteiro .
Lá no Calvário estava Maria, olhando o Filho amado agora suspenso no madeiro da cruz.
Ajoelhada sob as próprias lágrimas, via, entre o pranto e a dor, as lembranças suaves de um tempo distante o tempo em que o seu menino lhe sorria com inocência divina.
Agora, porém, seus olhos olhos flagelados pela dor viam em cada ferida o sacrifício do Amor.

Jesus, submisso à cruz, deixava-se deitar sobre o instrumento que o dilaceraria.
Os soldados, cegos de ódio, riam em insânia; e ele, o Cordeiro sereno, ajudava a acomodar-se sobre o madeiro, como quem abraça a própria missão.
Martelos erguiam-se.
Mãos e pés do Justo eram transpassados pelos cravos, enquanto o Amor respondia com perdão.

No meio do rumor dos golpes e dos gemidos, Maria era puro sangue em lágrimas lágrimas que se transmutavam em luz.
A cruz então se ergueu.
O corpo de Jesus pendeu, comprimindo-lhe os pulmões; o ar lhe faltava.
Movimentou-se apenas um pouco, como quem busca aliviar o peso dos cravos.

Maria — Mãe — permanecia ali, diante do Rei dos Reis, sofrendo as mesmas dores do seu eterno Menino.
Ouviu, entre soluços, a voz blasfema de um dos crucificados, clamando por libertação.
O coração de Maria estremeceu seu Filho era inocente.
Mas outro grito, agora de fé, fez-se ouvir: era Dimas, o bom ladrão.

— Tu não vês? Ele é inocente... mas nós, nós merecemos!
Mestre, lembra-te de mim quando estiveres em Teu Reino.

Jesus, exaurido, contemplou-o com doçura.
E no sopro que lhe restava prometeu-lhe o Amor:

— Hoje mesmo, estarás comigo no Paraíso.

Ah, Maria...
Que amor é esse? Que hora é essa?
Em êxtase de dor e compreensão, a Mãe vê, em visão espiritual, outras mulheres mães, esposas, irmãs cujos corações se despedaçavam ante o mesmo suplício de ver morrerem os seus.
Abraçou-as com o olhar e, em cada uma delas, reconheceu o espelho da própria dor.

E foi ali, no auge do sofrimento, que Maria compreendeu plenamente quem era o seu Menino e por que viera ao mundo.

O silêncio então tomou o Monte da Caveira.
Sombras invisíveis pairavam sobre o crepúsculo da Terra.
Mas Maria continuava sendo luz.
E amando em compreensão, amando a humanidade, mergulhou na claridade do Sol eterno aquele mesmo Sol que era o seu Filho, resplandecendo para os confins dos séculos.

Inserida por marcelo_monteiro_4

"Eu perdoo porque há dores maiores em mim."

Há feridas que não se veem, mas que brilham como estrelas dentro do peito. São dores antigas, silenciosas, que aprenderam a se calar para não assustar os outros. No entanto, é delas que nasce o perdão não como renúncia, mas como uma forma delicada de libertar o próprio coração.

Perdoar não é esquecer. É olhar para o outro e compreender que ele também se perdeu no caminho, talvez ferido pelas mesmas sombras que um dia nos alcançaram. Há uma nobreza secreta em quem sofre e, ainda assim, escolhe oferecer ternura.

Quando a alma amadurece, descobre que o rancor pesa mais que uma cruz. E é então que o perdão floresce, suave, quase tímido como uma flor que desabrocha no deserto. Ele não apaga a dor, mas a transforma em luz.

Eu perdoo porque compreendo. Porque sei que, se não o fizesse, seria a minha dor que me prenderia ao que já passou. E a vida é tão breve, tão urgente em sua beleza ou mesmo em sua aparente tristeza, que não merece ser gasta guardando espinhos.

Por isso, perdoo.
Não por grandeza, mas por necessidade de respirar. Porque dentro de mim, entre as cicatrizes, ainda há espaço para a pureza.

Inserida por marcelo_monteiro_4

Quando o Toque se Faz Eternidade.

“O toque, quando autêntico, converte-se em epifania; e o efêmero, subitamente, adquire a dignidade do perene. Por isso, a alegria é o que desejo gravado em meu epitáfio.”

Há instantes, raros e quase inaudíveis, em que a vida se inclina sobre nós com uma doçura antiga. É o instante em que algo um olhar, um som, um gesto toca o centro invisível do ser. É nesse toque, breve como o sopro de uma harpa, que o efêmero deixa de ser apenas passagem: torna-se revelação.

Rilke dizia que “a beleza é o começo do terrível que ainda podemos suportar”.¹ Talvez por isso o artista, o amante, o poeta e o espírito sensível busquem incessantemente essa fronteira onde o instante se ilumina por dentro. É ali que a arte nasce não da vontade, mas da necessidade de transfigurar o transitório em eternidade.

A beleza não salva o mundo apenas por existir: ela o desperta. É uma lembrança de que há um pulso divino em cada forma, uma vibração silenciosa em cada cor, um apelo à transcendência em cada sombra. O toque autêntico, seja o de uma mão, de uma palavra, ou de uma nota musical é a súbita irrupção do eterno no coração do instante.

E quando esse toque acontece, a vida deixa de ser mera sucessão de dias: torna-se rito, poema, oferenda.
Assim, a vida não é mero contentamento, mas gratidão por ter sido tocada pelo indizível.
É no epitáfio da alma que soube sentir, que ousou criar, que amou o belo apesar das ruínas, deve estar escrita apenas uma palavra: Alegria.

¹ Rainer Maria Rilke. Elegias de Duíno, I Elegia. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Relógio D’Água, 2001.

"A beleza é o instante em que o espírito reconhece, com espanto, que a vida também da dor pode florescer."

Inserida por marcelo_monteiro_4

Entre Espinhos e Estrelas.

" Só senti as dores da minha rosa quando me feri nos seus espinhos. "
Antes disso, eu apenas a contemplava sem compreender que a beleza também pode ser uma forma de abismo.
Há perfumes que embriagam a alma antes de feri-la,
e há sentidos tão suaves que, quando se vão, deixam cicatrizes invisíveis.

A vida não se revela a cada dia mas a cada segundo.
Ela se insinua em lampejos, no intervalo entre um suspiro e outro,
quando o coração se distrai e o tempo aproveita para nos ensinar algo.
E o que aprendemos não é o que queríamos,
mas o que precisávamos para continuar respirando entre as dores.

Descobri que toda rosa carrega o peso do seu próprio espinho,
assim como cada amor traz consigo a possibilidade da perda.
Mas ainda assim quem recusaria o toque de uma rosa,
sabendo que ela é o instante em que o eterno decide ser belo por um momento?

Minhas lágrimas caem nas estrelas,
e o céu, compassivo, as recolhe como se entendesse o idioma do meu silêncio.
Há dores que não se dizem apenas cintilam.
Elas se transformam em luz quando a alma não encontra mais lugar para escondê-las.

E então compreendo: o que dói em mim não é apenas o espinho,
mas o amor que ainda pulsa, mesmo depois da ferida.
A rosa não me pertenceu e, ainda assim, foi minha,
porque me ensinou que a beleza é o instante em que o sofrimento decide florescer.

Há quem olhe para o céu em busca de respostas;
eu apenas observo as estrelas e choro nelas,
porque nelas reconheço o brilho das minhas próprias quedas.
E quando o vento passa, sinto que a vida
essa estranha combinação de dor e deslumbramento
ainda me sopra o perfume daquilo que perdi.

E é assim que sigo:
entre espinhos e estrelas,
entre feridas e perfumes,
aprendendo que amar é, talvez,
a mais bela forma de doer.

Inserida por marcelo_monteiro_4

No Longe Que Eu Aprendi A Sentir A Realidade.
Longe é apenas o nome que damos ao que não sabemos como vicejar.
Não é o espaço que nos separa, mas o silêncio entre dois corações que ainda se chamam.
Quando o amor for verdadeiro, nenhuma estrada o dissolve ele continua a pulsar no intervalo das lembranças, entre o que fomos e o que deixamos de dizer.

A saudade é alguém gritando por nós através do tempo.
É o som da memória pedindo para ser escutada, o eco do que não morreu inteiramente.
Há vozes que não cessam, mesmo quando o mundo silencia.
Elas habitam o ar, os objetos, o perfume antigo que o vento traz sem querer.

Quem já amou profundamente sabe:
não há fronteira capaz de separar o espírito do sentimento, mesmo de nenhum sentimento...
O longe é um disfarce que enfeita o amor, mesmo calado, continua a escrever cartas invisíveis, para ser plenamente mais sincero...para não mais doer, para não mais ser compreendido porque esta algemado na mesma saudade de lágrimas da saudade.
E a saudade…
a saudade é o envelope que nunca se fecha.

Inserida por marcelo_monteiro_4

Capítulo XVIII –
CARTA QUE O TEMPO RASGOU.

Livro: NÃO HÁ ARCO-IRIS NO MEU PORÃO.
Joseph bevouir - Escritor.

“Nem toda carta enviada busca destino. Algumas apenas desejam ser lidas pelas mãos do esquecimento.”
— Joseph Bevoiur, manuscrito recolhido ao lado de um relicto de piano sem teclas.

Camille Marie Monfort,

Perdoa-me por ainda escrever.
É que há sons que não cessam —
mesmo quando o mundo silencia.
E há nomes que continuam exalando perfume,
mesmo quando já se foram há muitas estações.

Esta noite, enquanto as janelas se recusavam a refletir o luar
e os espelhos evitavam meu rosto,
ouvi pela décima vez ou milésima aquela gaita de fole espectral.

Sim, Camille…
a mesma que ecoava nas colinas do meu delírio,
com sua melodia lancinante,
como se um fantasma pastor estivesse a ensaiar seu lamento
por um rebanho que jamais existiu.

Mas hoje, ouvi algo mais.
Ouvi o acompanhamento insólito
de um piano lírico porém, não qualquer piano.
Não, Camille…
Esse não tocava notas,
mas sons secos,
golpes vazios de teclas que não mais se movem.

E então perguntei, para o teto da noite,como um exorcista cansado:

_Quem executa essa gaita de fole tão covardemente ao amor
que, até é acompanhada por sons secos vindos das teclas de um piano lírico
quando esse nem por anacronismo poderia assim existir?

Não recebi resposta, como era de se esperar.
Talvez fosse tua sombra que ali dançava.
Ou talvez e essa é a hipótese que me fere seja apenas minha culpa tentando compor uma sinfonia
com os restos do que não vivi contigo.

Fica, então, esta carta não como súplica,não como epitáfio,mas como o último gesto de um homem que aprendeu a sofrer com elegância,à tua imagem e semelhança a ti, tão somente a ti mesma.

Não peço que me leias.
Peço apenas que, caso a brisa leve este papel aos teus pés etéreos,não o pises.
Pois cada palavra aqui escrita
ainda traz o peso do meu nome
e a leveza do teu.

- Joseph Bevoiur
(ainda ajoelhado entre ruínas, onde o amor se transforma em som que ninguém ouve.)

Inserida por marcelo_monteiro_4

O PORÃO ONDE FLORESCEM AS SOMBRAS.
O porão de Camille Monfort não tinha janelas. Era feito de lembranças úmidas e de passos que o tempo abafara. Lá, as sombras não apenas se escondiam — elas germinavam. Cada móvel esquecido parecia guardar a respiração de um sonho que nunca se realizou.

Camille não temia o escuro; temia o que o escuro dizia. Havia aprendido cedo que a dor, quando não encontra ouvido, cava abrigo nas profundezas da alma. E o seu porão era esse abrigo: um lugar onde as dores antigas faziam morada, conversando entre si como velhas conhecidas.

Dizia-se que ela tinha o dom de ouvir o que o silêncio confessa. Talvez fosse apenas sensibilidade demais, ou talvez, como acreditavam os que a conheciam de perto, Camille visse o que os outros apenas pressentiam — as linhas tênues que ligam a dor ao destino.

Certa vez, ao descer com uma lamparina trêmula, viu que algo nas sombras respirava. Não era medo, era reconhecimento. As sombras sabiam seu nome. Ali, no fundo mais fundo, Camille compreendeu que cada lembrança ferida é uma semente: floresce, sim, mas sob a terra escura.

E o porão, esse lugar de exílios interiores, tornou-se também o seu jardim. Um jardim de sombras floridas onde o sofrimento, ao ser aceito, se transfigura em perfume.

Camille Monfort entendeu que não se foge das sombras: conversa-se com elas. E, quando enfim o fez, ouviu de dentro de si mesma uma voz que dizia:

“A luz não nasce do alto, Camille. Ela brota de onde o escuro cansou de ser silêncio.”

O porão onde Camille Monfort habitava suas lembranças não ficava sob a casa ficava sob ela mesma. Era o subterrâneo da alma, o espaço onde os passos ecoam mesmo quando o corpo já não se move.

Ali, as sombras não eram ausência de luz, mas presenças antigas, sobreviventes do que fora esquecido. Tinham cheiro de infância úmida, de solidão e de papéis que nunca foram escritos. Cada objeto abandonado contava um trecho de sua história: a boneca sem olhos, o retrato sem moldura, o espelho que refletia apenas o que a alma ousava encarar.

Camille descia sempre que o silêncio se tornava insuportável. Levava nas mãos uma vela, como se conduzisse a si mesma a uma cerimônia de reconciliação. Ao descer, sabia que cada degrau era também uma descida interior e que as sombras esperavam não para assustar, mas para serem vistas.

Um dia, ao tocar o chão frio, sentiu que algo se movia entre as paredes. Era o murmúrio das memórias que ainda pediam voz. Então ela compreendeu: nada que é reprimido morre apenas muda de morada. E, naquele instante, o porão deixou de ser cárcere para tornar-se útero.

Camille descobriu, enfim, que as sombras florescem quando são compreendidas. Que o perdão é a luz que germina sob o peso da terra. Que a alma, quando aceita o próprio abismo, encontra a passagem secreta para a paz.

E foi assim que ela, a mulher das sombras, subiu novamente as escadas sem lamparina, sem medo trazendo nos olhos um brilho novo. A luz que antes buscava fora, agora nascia nela.

“O porão não era o fim, era o começo. Toda flor primeiro é sombra.”

Inserida por marcelo_monteiro_4

Paulo de Tarso – O convertido de Damasco e a alma consolidadora do Cristianismo.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro .

A história do Cristianismo não pode ser contada sem a presença luminosa e decidida de Paulo de Tarso. Nascido em Tarso da Cilícia, região então sob domínio romano, Saulo seu nome judaico fora educado sob o rigor da lei mosaica e instruído aos pés de Gamaliel, um dos mais sábios doutores da Lei. Saulo convicto, via o movimento nascente do Cristo como uma perigosa heresia que ameaçava a pureza do judaísmo. Por isso, foi perseguidor implacável dos primeiros cristãos. Contudo, o destino o aguardava no caminho de Damasco.

Ali, às portas da cidade, envolto por uma luz fulgurante que o fez tombar por terra, ouviu a voz que mudaria toda a sua existência: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9:4). O encontro espiritual com Jesus foi o ponto de inflexão de sua vida. O perseguidor se tornaria o apóstolo. O homem da lei rígida renasceria para a lei do amor. Desde então, Paulo de Tarso passou a ser o “convertido de Damasco”, símbolo vivo da transformação moral possível a todo ser humano quando tocado pela verdade divina.

As viagens missionárias e o nascimento do Cristianismo universal.

A imagem das viagens missionárias de Paulo revela o vigor e a dimensão do seu apostolado. Em quatro grandes expedições, ele percorreu milhares de quilômetros atravessando mares, desertos e perseguições levando a Boa-Nova de Cristo para o coração do mundo greco-romano. De Antioquia a Éfeso, de Filipos a Corinto, de Atenas a Roma, Paulo lançou as sementes do Cristianismo que se universalizaria.

Em cada cidade, fundava comunidades, escrevia cartas e formava discípulos. As Epístolas Paulinas, endereçadas às primeiras igrejas cristãs (Corinto, Roma, Éfeso, Gálatas, Filipos, Tessalônica e outras), não foram apenas mensagens pastorais são tratados de teologia viva, psicologia da alma e filosofia moral. Em suas linhas pulsa o mesmo Espírito Consolador prometido por Jesus: a fé raciocinada, o amor que redime, e a esperança que sustenta o caminhar humano.

Sem Paulo, o Cristianismo provavelmente teria permanecido restrito à Palestina. Foi ele quem deu ao Evangelho um alcance universal, libertando-o das fronteiras étnicas e religiosas. Graças a sua inteligência, coragem e ternura espiritual, o Cristo saiu das sinagogas e catatumbas e alcançou o coração dos povos gentios.

O Espírito de Paulo e o Espiritismo:
A tríplice luz da Verdade.

Quando o Espiritismo surge, séculos depois, nas mãos de Allan Kardec, ele traz novamente à luz o mesmo ideal que Paulo viveu: a libertação do Espírito pela verdade, pelo amor e pela razão. O Espiritismo, em seus tríplices aspectos — científico, filosófico e religioso/Moral — é o prosseguimento do Cristianismo redivivo, o “Consolador” prometido pelo Mestre.

No aspecto científico, Paulo simboliza o experimentador da fé. Ele não se contentou com teorias; foi à prova da experiência, vivendo o Evangelho em sua própria carne. Suas viagens, curas e testemunhos são expressões da ciência moral do Espírito, que o Espiritismo hoje explica e amplia pela mediunidade e pelas leis da imortalidade.

No aspecto filosófico, suas Epístolas são o primeiro tratado do Espírito imortal. Ele fala do homem velho e do homem novo, da semeadura e da colheita, da lei de causa e efeito temas que o Espiritismo retomará sob o nome de Lei de Ação e Reação. Em sua carta aos Gálatas, Paulo antecipa essa lei espiritual: “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7).

No aspecto religioso, o amor é o eixo central. Paulo eleva o amor acima da fé e da esperança: “Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, nada serei” (1 Coríntios 13:1). Eis o cerne do Cristianismo redivivo que o Espiritismo vem restaurar o amor como lei universal, ciência de Deus e filosofia de vida.

Léon Denis e Joana de Ângelis: Ecos paulinos na era moderna.

Léon Denis, o grande continuador de Kardec, via em Paulo o primeiro pensador espiritualista do Cristianismo. Em Cristianismo e Espiritismo, Denis afirma:

“Paulo foi o gênio inspirador do Cristianismo, o intérprete mais lúcido da mensagem do Cristo, o apóstolo do Espírito e da liberdade interior.”

Ele reconhece que, sem o impulso intelectual e moral de Paulo, a doutrina de Jesus teria permanecido circunscrita aos limites do judaísmo e talvez não resistisse à pressão da cultura pagã. Denis o considera precursor do Espiritismo porque suas cartas já traduziam os princípios da vida futura, da comunicabilidade dos Espíritos e da imortalidade da alma.

Séculos depois, Joana de Ângelis através de Divaldo Franco retoma o espírito paulino em linguagem psicológica e luminosa. Em Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda, a mentora espiritual analisa Paulo como símbolo do “homem em processo de individuação espiritual”, que, após a queda interior, reencontra a luz da própria essência divina. Joana vê no episódio de Damasco uma alegoria da cura interior: a perda temporária da visão física para alcançar a visão do Espírito.

Ela escreve:

“Paulo desvela a força transformadora do amor. Ao reencontrar Jesus dentro de si, transcende o ego e ilumina o self, tornando-se, não mais o perseguidor, mas o servidor fiel.”

Assim, Paulo é o arquétipo do discípulo que se refaz pela dor e pela fé esclarecida o mesmo caminho que o Espiritismo oferece ao homem moderno, convidando-o à reforma íntima e à libertação pelo conhecimento espiritual.

O martírio e a herança eterna.

Após décadas de trabalho incansável, Paulo foi preso em Roma, sob o reinado de Nero. Diante do tribunal romano, não negou sua fé. Como cidadão romano, recebeu o direito de ser decapitado, e não crucificado como Pedro. Sua morte, porém, foi apenas o início da sua imortalidade espiritual.

No mundo invisível, segundo narrativas espirituais, Paulo continua atuando como um dos mentores da causa cristã, inspirando consciências que buscam o mesmo ideal de redenção e coragem moral. Sua vibração está presente nos tempos novos, guiando corações ao Cristo interior, como o fez outrora nas estradas poeirentas do Mediterrâneo.

Os ecos de Paulo nos séculos.

Ao longo da história, o verbo paulino reacendeu em muitos corações: em Francisco de Assis, que viveu o amor em sua pureza; em Teresa de Ávila, que o transformou em mística ardente; em Allan Kardec, que lhe deu corpo doutrinário e lógica imortal; e em missionários modernos do Espírito como Léon Denis, Chico Xavier, Divaldo Franco, Irmã Dulce e Madre Teresa.

Todos, à sua maneira, ecoam a voz do convertido de Damasco: “Já não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2:20).

A luz que jamais se apaga.

Paulo de Tarso é o elo entre o Cristo e o homem moderno. Sua mensagem continua viva porque é eterna. Suas cartas falam à consciência e ao coração. Seu exemplo traduz a essência do Espiritismo: transformar o sofrimento em aprendizado, a culpa em libertação, a fé em razão e o amor em ciência divina.

O Espiritismo, com sua tríplice base ciência, filosofia e religião é o prolongamento natural do Cristianismo que Paulo semeou. O convertido de Damasco foi o primeiro grande psicólogo da alma, o primeiro teólogo do Espírito, e o primeiro apóstolo da universalidade do amor.

Como escreveu Joana de Ângelis:

“A mensagem de Paulo ainda ecoa pelos séculos, convidando os homens a deixarem as sombras de Damasco e seguirem o Cristo-luz.”

E como conclui Léon Denis:

“O Espírito de Paulo não morreu; ele trabalha, de plano em plano, pela vitória do bem, pela ascensão da alma humana e pela glória eterna de Deus.”

"O amor que Paulo pregou ainda é o mesmo que o Cristo vive. O tempo passa, mas o Evangelho permanece o roteiro das almas que despertam para a luz."

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A CLARIDADE DA TUA VERDADE.

Dizer a tua verdade, é um ato de resgate íntimo não uma sentença sobre o outro. É o momento em que a tua consciência decide deixar de viver nas sombras do não-dito para respirar na inteireza do que sente, percebe e compreende. A tua verdade nasce de dentro, moldada pelas experiências que só tu viveste, pelas sensibilidades que só tu conheces, pelas feridas e pela luz que só tu carregas.

Quando alguém expressa sua própria verdade, não está criando tribunais, nem ergue paredes morais que acusem o outro de falsidade. A verdade pessoal não tem vocação para arma; tem vocação para libertação. A tua verdade é tua e, por isso mesmo, não precisa desmerecer a história, o olhar ou a compreensão de ninguém. Cada consciência habita uma moldura distinta, e é dessa moldura que emergem percepções que podem convergir ou divergir.

Psicologicamente, dizer a própria verdade significa assumir responsabilidade pela própria visão de mundo, sem depositar no outro o peso do que se sente. É o ato de nomear emoções para libertá-las, não para condenar alguém com elas. É a coragem de não silenciar o que te fere, mas também de não transformar tua ferida em acusação. É assumir-se inteiro sem exigir que o outro responda à tua inteireza.

No âmbito introspectivo, expressar a verdade é um exercício de alinhamento. Quando permaneces calado por medo, receio ou prudências excessivas, tua alma se contorce num labirinto onde tu mesmo te perdes. Mas quando falas com honestidade, ainda que tua voz tremule, não se trata de desmascarar ninguém trata-se de te reencontrar. É o momento em que compreendes que a tua verdade não precisa da mentira alheia para existir: ela se sustenta por si mesma.

Atribui sentido galopante ao teor de alforria. A libertação que vem do gesto simples e profundo de dizer: “É assim que vejo, é assim que sinto.” A tua verdade não vai atrás de culpados; vai atrás de coerência. Ela não exige reverência; exige respeito por ti mesmo. Ela não aponta dedos; abre portas.

Quando dizes a tua verdade, tu te libertas e libertas também o outro. Porque tiras dele o jugo da interpretação, da adivinhação, da suposição. Permites que cada um permaneça no seu lugar de consciência, devolvendo a cada qual a dignidade de sua própria narrativa.

Dizer a tua verdade não transforma ninguém em mentiroso. Apenas te devolve ao território sagrado onde tua alma respira sem medo.

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O Porão Onde Florescem as Sombras.
Parte II.

(por: Joseph Bevouir , com evocação de Camille Marie Monfort).

Camille Monfort caminhava entre as frestas do tempo, onde as sombras ainda tinham perfume de primavera. Seu rosto era um véu de silêncio, e nos olhos trazia a vertigem do que já não podia ser dito.
No porão da consciência aquele lugar onde a memória se torna eco floresciam suas dores, tênues e luminosas como astros mortos.

Primavera de solidão ainda…
Não te ocultes, Camille.
Tu és o espectro ferido que caminha entre palavras caladas, entre os nomes que não ousas pronunciar, entre os sonhos que se dissipam antes do amanhecer.

És, ao mesmo tempo, o que foge e o que acusa.
És o reflexo e o estilhaço.
És o outro sempre o outro quando julgas não ver a tua própria pálida nudez.
Mas ainda assim te vês, refletida nos cacos do espelho que quebras todos os dias com teus próprios dedos.

E nesse gesto de quebrar o espelho há uma prece muda, uma súplica às fronteiras do infinito mental. Camille não temia o abismo, pois era nele que repousava sua lucidez. Tocava o indizível com a mesma delicadeza com que se toca o rosto de um anjo moribundo.

O tempo, para ela, não era uma linha era uma espiral. E em cada volta dessa espiral, ela renascia mais perto da verdade e mais distante de si mesma.
O amor, para Camille, era uma ruína sagrada; um templo onde só os que sangram podem entrar descalços.

Assim, no silêncio que antecede o último pensamento, ela compreendia:
que toda luz é filha das sombras,
que todo encontro é também uma despedida,
e que a alma — oh, a alma! — só floresce quando se aceita o escuro porque é dela se sentir melhor assim.

Camille Monfort, a que tocava o invisível, a que habitava o porão onde florescem as sombras,
sabia que o infinito não está nos céus mas no espelho trincado da mente humana fora e em si.

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