Amor Textos de Luis Fernando Verissimo
Hemisférios
Meus hemisférios diferem entre si com muita clareza.
O norte é durão.
Odeia as convenções sociais, os bons modos e gentilezas.
Adora destruir o inimigo.
Golpeia com força para danificar o mais que pode.
O sul é doçura, é ingenuidade é amável em qualquer situação.
Tem bons modos é gentil. É prestativo, está sempre disponível.
É de uma ternura invejável.
O sul ama as pessoas.
O norte é possessivo, grosseiro.
É egocêntrico ao extremo.
É cheio de paranoias.
Estressado, violento e nublado.
O sul é humilde,
Relax, límpido e ensolarado.
Ah... O sul.
O sul é um amado.
Pedinte
Não. Não quero ver o dia amanhecer.
O amanhã será como hoje.
Talvez mude o clima,
A chuva,
O sol,
Mas amanhã e outros amanhãs
Serei o mesmo.
Incontestavelmente o mesmo.
Acho que é assim,
Nem bom,
Nem ruim,
Risco do meio.
Amanhã será escuro.
O pão,
Será seco,
A mesa - o beco,
A porta - a pedida.
Meu amanhã será teu hoje,
Pois vivo do que você sobra.
Ruído
Ao ouvir o ruído lacrimoso
Da desalegre chuva que chora
Senti-me beijado por todo o lodo
Da angústia que me invade agora.
Não sei como explico,
Só pra mim isso importa,
Neste momento solitário fico
E a chuva traz-me a vida morta.
Cada pingo é uma lágrima,
Cada lágrima uma lembrança,
Há, pudera outra vez criança.
Observante
Espio pela janela,
Coberta pela cortina telada
E vejo ao longe, pés enormes de figo.
Por entre eles desce uma
Pequena estrada em forma de meia lua.
À direita segue uma tira de mato
Como um satélite que se alonga.
Ah, antes que eu esqueça.
Acima. Muito acima.
Está o céu, parcialmente nublado.
Desocupados
Ocupam-se das noites,
Vagando vaga-lumes.
Tocando campainhas.
Quebrando lâmpadas.
Chutando papel.
Ocupam-se das noites,
Pichando muros.
Murando morais.
Ocupam-se das noites,
Nas praças periféricas e
Centrais.
Traficando, consumindo.
Rindo sem sorrir.
Ocupam-se das noites,
Na sarjeta fétida
Cheirando caviar.
Ocupam-se das noites
No presídio deserto
Que os torna mais incertos,
Que os torna mais desonestos.
Um minuto de loucura
Perdi a conta
De quantos sou.
Sem ter verdades
Os olhos cegam.
Carrego este tormento
Este esquecimento
Psique avançada.
Não sei das horas
Não sei das datas
Nem das tristezas
E das alegrias.
Perdi-me tudo.
Fiquei sem lar.
Caí no mar.
Naufraguei
Flutuando encontrei
O que nem sei
O que não sou.
Aviões dourados
Trens zunidores
Mosca atrevida
O sapo na lata
Pirâmide branca
Não vou tomar este comprimido.
Mulher
Quero uma mulher
Linda ou não.
Que me ame de montão.
Que me receba
Enrolada de banho.
Que corra ou fique,
Tudo depende.
E que me entende
Quando a noite
Chego atrasado.
Que de manhã,
Cabelos molhados
Manda-me embora
E depois chora.
Que seja assim:
Metade dela
Metade de mim.
Vazio
Andando sem destino,
Pela rua a vagar.
Sentindo os raios da noite
Começando a declinar.
Correndo passa um menino,
Sorridente a passear,
Tentando encontrar a menina
Que o fez apaixonar.
Eu ando... Sem rumo.
Nem sei onde quero chegar.
Mais feliz é o menino
Que tem a quem buscar.
Chuva
Caminhos,
Cheios de gente.
Indo e vindo.
E o menino dormindo.
A mosca zunindo.
O cão latindo.
O redemoinho fazendo zoeira.
Você evitando a poeira.
O mato tremendo.
Janelas batendo.
...A nuvem rompeu.
Em
Pouco
Tempo
Muita
Chuva
Desceu.
Chuá
Chuá
Chuáááá...
Como vai você?
Madrugada lenta,
Onde escondeste o dia que não chega?
Morto neste colchão,
Abraço o silêncio e a solidão.
Atrasado chega o dia, bocejante,
E pede que me levante.
O hotel se torna borbulhante.
Já sei que a rotina será maçante.
Sem escolhas vou adiante.
Bom dia. Como vai?
Olá. Tudo bem?
As pessoas bem dormidas,
Não sabem da minha vida.
Das esquinas descabidas.
Das péssimas investidas.
À tarde os importunos se multiplicam,
Ficam ainda mais pedantes.
Sem escolhas vou adiante.
Tentando não parecer arrogante.
Boa tarde. Como vai?
Olá. Tudo bem?
A noite outra vez me escolta,
Sábia e cheia de contra indicações.
Sigo cabisbaixo conduzindo minha revolta.
Ainda encontro uma multidão
Chata e sem emoção.
Boa noite. Como vai?
Olá. Tudo bem?
Em fim fico só comigo,
Empalideço a fisionomia.
Deito em meu jazido.
Meu corpo parece
Embalsamado pra aula de anatomia.
Entre paredes melancólicas deste mausoléu.
Refaço minhas angústias.
Minha consciência atrevida,
Pra infernizar ainda mais minha vida,
Pergunta destemida:
Olá. Tudo bem?
Como vai tua vida?
Ternura
Aos poucos vou percebendo que o mundo, a cada dia, distancia-se de mim.
Eu que sou meio a moda antiga. Não badalo adereços. Abro mão de usar brincos. Não acho graça nenhuma em piercing. Não penso em fazer nenhuma tatuagem.
Não falo: “tipo assim,” e nem uso outras gírias da moda. Não mostro as cuecas ao me vestir.
Não dirijo bêbado, não brigo em festas ou baladas, pra quem prefere assim.
Eu que beijo o rosto dos meus filhos homens, que abraço meus amigos. Que ainda cumprimento as pessoas na rua, me preocupo e gosto delas. Eu que valorizo mais o ser humano em detrimento de outros valores.
Escrevo louco com “uc” e não com “k”. Costumo pedir licença para entrar e dizer obrigado pelas gentilezas e favores.
Ouço músicas antigas pra por a saudade em dia.
Vejo fotos três por quatro de pessoas que, de alguma forma, passaram pela minha vida. Na memória e em meus álbuns, já amarelados, guardo vastas lembranças.
Eu que brigo com esta máquina chamada computador.
Estranho falar com este interlocutor sem reações, sem rosto, sem gestos, sem sorriso, sem cara fechada. Todas as fotos de redes sociais são de pessoas sorridentes.
Sinto uma ânsia de mostrar ternura, de olhar nos olhos, de ver o semblante das pessoas, de ficar mais doce e agradável com a conversação. De demonstrar simpatia. Mas me adapto e gosto de novidades.
Eu que tenho esta alma dominada e doentia em devaneios.
Que romantizo as relações. Vejo presságios de amor em todas as direções. Eu que costumo pedir perdão quando erro. Admito sentir saudades, pergunto se queres contar seus problemas. Eu que quero saber onde está seu sorriso e, se preciso, faço palhaçada para que ele volte ao seu rosto.
Vou à igreja, creio em Deus.
Amo a natureza e convivo bem com animais.
Mesmo assim, relaciono-me bem com diferentes gerações, com iguais e com desiguais, pois não é isso que uso como parâmetro para gostar de alguém.
Não furo filas. Não quero vantagens pessoais.
Fico fascinado com um sorriso sincero de uma criança. Emociono-me com aquele “abracinho” infantil tão terno e verdadeiro. Adoro escutar pessoas mais velhas e aprender com suas experiências de vida.
Eu que envelheci junto com este mundo que, hoje parece não ser o mesmo.
Quanta pressa. Quanta falta de educação no trânsito. Quanto desamor. Em fim, quanta dureza nos corações humanos.
No fundo, no fundo acho que se manteve o mundo eu é que amoleci.
O SEQUESTRO
Após o sequestro fui roubado.
Levaram-me a vontade de escrever.
As rimas.
Os versos.
O poema da poesia.
Dureza foi ver a inspiração
Sendo carregada sem dó.
Eu que a preservava tanto.
Mas eles, pra meu espanto.
Consumiram-lhe em uma vez só.
Meu último poema
Foi arrastado ainda inconcluso.
Puxaram-no pela perna.
Ainda estava tão frágil,
Tinha versos pela metade.
Sem título definitivo.
Não entendo tal maldade.
Um bebê em gestação.
Rodando pela cidade.
Que ato de crueldade!
Não existia motivo.
A maior atrocidade.
Nunca saberei a razão.
Despi-me de vaidades
Pra fazer o pedido de prisão.
Por favor, prendam estes bandidos.
Eles foram muito ousados.
Levaram um poema inacabado.
E mantiveram o poeta silenciado.
Pensando por outro lado,
Talvez nem sejam tão culpados.
Eu tenho sido descuidado,
Ando muito distraído
Melhor perdoar estes indivíduos.
NEM SEI
Construí imaginários sobrados,
Os mesmos antigos.
Enormes abrigos.
E fiz jardim
Ao fundo.
O mundo de branco,
Pintei.
E te encontrei
Entre cervejas
Que foram abraços.
Foram beijos e desejos.
E te paguei.
Quanto? Nem sei.
E agora,
Estou envergonhado.
Por ter comprado
O que não dei.
A SAUDADE
Seguro tua cabeça entre as mãos.
Olho fundo em seus olhos,
De infinitas verdades.
De inúmeras realidades,
E sinto tremer
O seu corpo.
Aquecer o sangue.
Encaixa-se em mim
E respira fundo.
Seu mundo
Nosso desejo.
E na mágica
O beijo.
Afago seus cabelos.
Afogo as palavras.
No chão silêncio de felicidade.
E no beijo de adeus
A saudade.
ANOS DE MIM
Aprendi a cantarolar
Pra deixar o tempo passar.
Aprendi a contra balançar.
Anos de mim tento administrar.
Aprendi a interiorizar
Tudo que quero analisar.
Anos de todos que conheci
Deram-me vontade de partir.
Aprendi a viver bem comigo,
A me aceitar resignado.
Aprendi a não ficar desanimado
Quando foge um carinho anunciado.
Aprendi a falar baixinho
Pra não me acordar assustado.
A caminhar bem devagarinho
Pra não despertar meu eu menininho.
Aprendi acordar bem cedo.
Para escutar os passarinhos
A abrir a porta das minhas mágoas
E deixá-las repousadas num pergaminho.
Aprendi a conviver com as picadas.
Admirar de tudo um pouquinho.
Não fazer terra arrasada.
Buscar só o bom caminho.
Noites Frias
Meus dias estão tristes sem você aqui Bate-me um desespero não dar pra sorrir
Fico imaginado onde tu estar
Eu errei por muito tempo vou chorar A sua ausência aflige minha alma
A saudade na porta bate palmas
O tempo vai abrir uma janela
Quero outra mulher Mais não sei viver sem ela
Noites frias Lembro cada momento
As alegrias Ficou no pensamento
E ao relento estar meu coração
Que hoje chora por não ter o seu perdão
No fracasso me acostumo A ânsia sai do prumo Já passei o pente fino
Sem ela vou seguindo meu destino
Noites frias Lembro cada momento
As alegrias Ficou no pensamento
E ao relento estar meu coração Que hoje chora por não ter o seu perdão
Poeta Antonio Luis
BICHO PELUDO
Ela tem o bicho peludo
o bicho peludo
o bicho peludo
Pega um gilete
E Vai rapar esse sovaco
Suvaco peludo
Suvaco peludo
Suvaco peludo
Quero sair com ela
Mais da disgosto
Ela tem pelo no suvaco
Tem pelo até no rosto
Ela tem o bicho peludo
o bicho peludo
o bicho peludo
Pega um gilete
E Vai rapar esse sovaco
Suvaco peludo
Suvaco peludo
Suvaco peludo
Já falei pra ela ta tudo avisado
Pra sair comigo tem que ta raspado
Porque se não tiver
Eu arrumo outra mulher
Ela tem o bicho peludo
o bicho peludo
o bicho peludo
Pega um gilete
E Vai rapar esse sovaco
Suvaco peludo
Suvaco peludo
Suvaco peludo
Poeta Antônio Luis
1:17 AM 3 de fevereiro de 2015
NÃO QUERO GUERRA
Não quero guerra
Eu quero é paz
Viver brigando
É ruim demais
Se você não mudar
Vai ficar sozinha
Vai ficar pra trás
O teu ciúme doentio
Me sufoca a alma
TO criando raiva
Até da sua fala
Não dar pra entender
Porque você mudou
Era tão real esse nosso amor
Mais com as brigas
Estar se acabando
São tantas mentiras
Você inventado
Não quero guerra
Eu quero é paz
Viver brigando
É ruim demais
Se você não mudar
Vai ficar sozinha
Vai ficar pra trás.
SEU CORAÇÃO
Quando você mexe os silhos
Em seus lábios transito
E o que é mais bonito
É seu coração
Feito com as Mao,
Por mais que eu fale
Palavras não cabe
No meu coração,
Porque te abrigo
Levo-te comigo
No peito e na mente,
ES minha guia
Porque sego sou
Não enxergo o amor
Que abita em teu ser
Em teu pensamento
Só sinto a energia
A química física
E pelo que vejo
Já sei o desfecho
É desejo é desejo,
Quando você mexe os silhos
Em seus lábios transito
E o que é mais bonito
É seu coração
Feito com as Mao,
Faz um coração quem ta apaixonado
Faz um coração
E aponta pra pessoa que esta do seu lado
E diz a ela você é especial
Você especial demais pra mim
Compositor Antonio Luis
ESQUEÇA-ME #11;#11;
To ligado na tua farça
#11;Me corrija se eu tiver errado#11;
Quando eu te queria#11;
Não me quis do seu lado#11;
Agora Ta se oferecendo#11;
E eu não to querendo.#11;#11;
Você tenta disfarçar#11;
Mais todo mundo ver#11;
Sei que Você me quer #11;
Mais tenta esconder.#11;
#11;
Me esqueça#11;
Me esqueça#11;
Você morreu pra mim#11;
Me esqueça#11;
Me esqueça#11;
Porque eu já te esqueci.#11;#11;
Fica de boteco em boteco #11;
Bebendo na solidão #11;
Você chama meu nome#11;
Eu não dou atenção.#11;#11;
Eu to na tua agenda #11;
Não saio da tua cabeça #11;
Quando estava comigo
não me deu valor #11;
Agora me esqueça.#11;#11;
Me esqueça#11;
Me esqueça#11;Você
morreu pra mim#11;
Me esqueça#11;
Me esqueça#11;
Porque eu já te esqueci.#11;#11;
Compositor Antonio Luís
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