Acabar o Encanto
Assim, somos feitos de infinito aprisionado no finito, de absoluto fragmentado no relativo, de felicidade que chora na dor, da sabedoria que se tornou ignorância, de vida eterna despedaçada no ciclo das vidas e das mortes; somos verdadeiramente anjos decaídos. Então, para reencontrar o infinito, vamos acumulando insaciavelmente fragmentos de finito e tentamos aproximar-nos da imortalidade, agarrando-nos a esta vida breve e prolongando a sua recordação com grandes obras. (...) E prosseguimos, cimentando as pedras com lágrimas e sangue para refazer a nossa bela morada de conhecimento, de liberdade, e de bondade, donde saímos. (...) Queremos viver. A centelha divina originária do espírito, embora sufocada nas angústias da morte, não pode morrer. Sobreviverá a todas as lutas e a todas as dores, até que o organismo imperfeito, correndo em busca da perfeição, a torne a encontrar e tudo assim fique sanado, para poder reentrar no seio do grande organismo perfeito, o Tudo-Uno-Deus do qual derivou"
"PROCURA-SE: Jesus de Nazare, galileu, 33 anos, moreno, barba e cabelo ao estilo hippie, cicatrizes nas mãos e nos pés. Acompanhado por doze marginais, leprosos e um bando de mendigos, escandalizado as massas com frases tão revolucionárias como:
amai-vos uns aos outros e
perdoai a seus inimigos.
Quem encontrar siga seus passos.
Recompensa: a eternidade."
A Travessia
Minha travessia começou no teu olhar, meus medos tive que deixar, vou ter que me enfrentar, ainda faz frio, as lembranças me rodeiam, não posso parar.
Do outro lado vou chegar, meus passos se perdem, nessa estrada desconhecida minhas lutas travo, tenho a luz do teu olhar a me guiar, há um lugar.
Amor, desamor, travessia silenciosa entre a tristeza e a dor, um novo recomeçar, o amanhecer solitário do sonhador, a lágrima sentida de um amor.
Sigo sem olhar pra trás, o outro lado está ali a me esperar, nas cicatrizes, as lições a se guardar, o sol se põe, a noite perfuma o ar, a lua me convida pra dançar.
Sigo com o tempo a me levar, no rastro da ilusão perdida, escrevo minha história na contramão, sou estrela errante a vagar, do outro lado estou a chegar.
Minha travessia está chegando ao fim, larguei pedaços de mim pra mais cedo chegar, um outro eu acabou de aportar, no cais da vida, um amor está a me esperar.
Catador De Letrinhas
Dizem que sou poeta, mas acho que não, sou um catador de letrinhas, junto umas aqui, outras ali, também as que caíram no chão.
Nessa brincadeira, com elas todas juntinhas, vagueio entre os amores, as paixões, pinto sete, uno e separo corações.
Mergulho na alegria, me afogo na dor, no bailar das letrinhas, levo emoção, as vezes solidão, das lagrimas faço esperança, da tristeza canção.
Nessa magia louca, abro caminhos, fecho portas, escrevo por linhas tortas, sou catador de letrinhas, brincalhão, levo magia pra todos os lados, não esqueço do seu coração.
Seja lá onde for, sem elas, letrinhas danadas, nada faz sentido, é a menina sem laço de chita, o inverno sem cobertor, o poeta sem um amor.
Dizem que sou poeta, sou então, entre rimas, versos e prosas, deixo uma flor, no perfume, a paixão, no olhar da mulher amada, toda minha inspiração.
Autor
Ademir de O. Lima.
Amar Assim
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Te amar é pouco eu sei, mas é tudo que tenho pra te dar, me faça todo seu, guarde esse pouquinho no teu olhar, é meu, não deixe o tempo levar.
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Abri caminhos, teu coração toquei, semeei o melhor de mim, sem medo me entreguei, é pouco eu sei, pra sempre te amarei.
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A cada dia um pouco mais colherá, continuarei a semear, não posso parar, o que sinto por você, me faz mais e mais te amar.
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Vem a primavera, o verão daqui a pouco vai chegar, outono é promessa, no inverno te aquecerei com o pouco que te dei.
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Amar, amor, uma flor, é pouco eu sei, se preciso, minha vida te darei, é assim que aprendi amar, é assim o meu amor.
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Aos pouquinhos, sem perceber, cresceu, já não cabe mais em nós, não vou parar de semear, amor é tudo que tenho, guarde esse pouquinho no teu olhar.
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Autor
Ademir de O. Lima.
Renascer
No olhar a única verdade, foi lindo, abriu a porta, sorriu pra vida, dançou na chuva, colheu flores pelos caminhos, voou nos sonhos, acordou, seus braços se perderam no nada, acabou.
No peito, um profundo vazio, a noite trouxe o silêncio dos abismos, as lágrimas chegaram sem avisar, regaram sua dor, mostraram a outra face do amor, nem um adeus, se recolheu, o inverno chegou.
Buscou respostas, esperou, esperou, a vida, outros caminhos lhe mostrou, seguir era tudo que restou, insistiu, olhou pra trás, nada viu, elas voltaram, entre soluços, sua alma ferida lavou.
No renascer tão esperado, seu coração marcado, marcado pelas lembranças do passado, guarda as cicatrizes do desamor, quer apenas uma estrela lá do céu, o sorriso do sol e, um verdadeiro amor.
Voltará a dançar na chuva, colher flores pelos caminhos, voar nos sonhos e, a cada amanhecer renascer, ainda olhará pra trás, de mãos dadas, com as lembranças seguirá, o tempo nos ensina amar.
O seu querer, espera um coração aberto, um ninho pra lhe abrigar, caminhos com flores, chuva e aquela canção pra se dançar, no seu olhar, uma única verdade, o amor chegou pra lhe roubar.
Autor
Ademir De O. Lima