A Estrela Olavo Bilac
"A grande literatura de ficção mostra-nos como é a vida humana, mas não pode nos explicar o porquê. Para fazê-lo, teria de subir um grau na escala de abstração, tornando-se análise e teoria, abandonando portanto a contemplação da vida concreta, que é o seu terreno específico."
"'Instituições' são estruturas, formas estáticas. Democracia só pode existir no plano do tempo, da ação.
A apologia das 'instituições democráticas' só revela desconhecimento do que é democracia ou sério desejo de sufocá-la sob toneladas de louvores fingidos.
A democracia não está nas 'instituições', mas na existência de um efetivo controle popular sobre o funcionamento delas. Ou seja: só começou a haver um pinguinho de democracia no Brasil a partir de 2013, e as incelenças -- guardiãs das tais 'instituições democráticas' -- já acharam que foi excessivo."
Quando fui para a escola, tive imensa dificuldade em entender por que queriam que eu estivesse ali. No primeiro dia troquei porradas com um colega (que depois virou meu melhor amigo), e achei que fosse um lugar aonde nos mandavam só para testar nossa resistência. Às porradas resisti bem, mas o tédio quase me matou.
"Para o indivíduo, o sofrimento pode ser o princípio da sabedoria. Para a comunidade, é o motor da violência, que puxa o carro da história na direção da fornalha ardente em cuja beirada um cartaz anuncia: 'Justiça e Paz'."
"Aos trinta e poucos anos, minha inteligência recebeu um reforço inigualável com a leitura das 'investigações Lógicas' e da 'Crise das Ciências Européias' de Edmund Husserl. É preciso lê-los com lápis e papel ao alcance, como livros de matemática. O esforço pode levar meses ou anos, mas é imensamente recompensador. Ninguém jamais será um filósofo se não levou umas boas doses de Husserl na veia."
"A inteligência, com efeito, não é uma função, uma faculdade em particular: é a expressão da pessoa inteira enquanto sujeito do ato de conhecer. A inteligência não é um instrumento, um aspecto, um órgão do ser humano: ela é o ser humano mesmo, considerado no pleno exercício daquilo que nele há de mais essencialmente humano."
"Se você quer destruir a sua inteligência de uma vez por todas, só admita como verdade o que possa provar. Descartes criou a fórmula perfeita da imbecilização. De tudo o que sabemos por evidência imediata, só uma parcela infinitesimal pode ser retida na memória até transmutar-se em discurso e poder, em seguida, ser decomposta como prova."
"Se a verdade, como dizia Aristóteles, só existe no juízo, ela só se efetiva no ato de julgar, na presença do juízo à consciência individual vivente que o formula, no instante em que o formula. Foi por isso mesmo que Deus não se encarnou numa teoria, nem numa idéia, nem numa comunidade, mas em UM ser humano concreto. Por isso mesmo, toda discussão pretensamente filosófica entre 'correntes' e 'escolas' é vigarice do princípio ao fim."
Uma coisa óbvia, e cada vez mais desconhecida, é que de nenhuma descoberta científica, verdadeira ou falsa, se pode tirar alguma conclusão filosófica ou teológica válida.
"É absolutamente impossível provar cientificamente a veracidade de qualquer 'consenso científico'. Apela-se ao consenso justamente porque não se tem prova de nada. Prova só existe no ato de pensá-la, e só quem pensa é o indivíduo singular concreto. 'Coletividade' só tem existência metonímica, e desde quando um ser metonímico pode provar alguma coisa?"
A democracia não é como um pão, que cresce sem perder a homogeneidade: à medida que ela se expande, sua natureza vai mudando até converter-se no seu contrário.
A divinização do espaço na ideologia científica corresponde, na ideologia político-social, a divinização do tempo.
É evidente que reduzir o sentido da vida ao sentido da História é encerrá-lo na dimensão temporal voltando as costas para a eternidade.
As provas experimentais da ação divina no mundo são tão abundantes, que qualquer um que se meta a discutir a existência de Deus sem tê-las estudado deve ser considerado um charlatão incurável.
"Nas nações onde a caridade é de livre escolha, os EUA ocupam hoje, como sempre ocuparam, o primeiríssimo lugar: setenta e dois por cento dos americanos ajudam pessoas que nem conheciam. Meu irmão costumava dizer: 'Dos povos que conheci, só os americanos tinham um coração.' Ainda têm."