A Estrela Olavo Bilac
"Não sei se a evolução biológica aconteceu ou não. Ninguém sabe. O que sei com absoluta certeza é que como construção intelectual o evolucionismo é um dos produtos mais toscos e confusos que já emergiram de uma cabeça humana – ou animal."
"Não entendo por que os herdeiros intelectuais de Darwin odeiam tanto a idéia do design inteligente, já que foi o próprio Darwin quem a inventou, explícita e completa, nos parágrafos finais de A Origem das Espécies."
"Viver desde o coração é viver desde o centro da consciência, naquele 'fundo insubornável' de que falava Ortega y Gasset. Só isso pode assegurar que, na barbárie que nos cerca, o espírito não desaparecerá de todo e a civilização não se tornará a mera lembrança de um passado perdido e irrecuperável."
O semelhante não é igual nem diferente, é uma terceira coisa que mistura as duas. Mas ele também tem em si uma estrutura binária, pois não há semelhança sem dissemelhança.
"A dialética é uma lógica de base ternária, porque inclui, além da igualdade e da diferença, a semelhança. Mas a estrutura íntima do movimento dialético é sempre a lógica binária.
Só existe uma lógica: a lógica de identidade, ou lógica binária do certo e do errado. 'Lógicas difusas' são apenas técnicas de aplicá-la a questões cada vez mais incertas."
Uma das tarefas mais belas e nobres da filosofia é fazer e refazer constantemente as pontes entre a linguagem corrente — vulgar ou literária — e a linguagem das várias ciências. É um trabalho sem fim, mas sem ele a humanidade enlouquece.
SÓ a linguagem não-científica — vulgar ou literária — reflete de maneira adequada a variedade ilimitadamente mutável das aparências fenomênicas sem perder, por trás deles, a unidade substancial da coisa.
A variedade de aparências que uma mesma coisa mostra a diferentes observadores não é um argumento contra a objetividade do conhecimento. É a PROVA dele.
Uma contradição bem determinada tem uma forma, uma identidade portanto, a identidade de uma tensão. Fenômenos socioculturais inteiros definem-se, às vezes, mais pela contradição constitutiva que trazem em si do que pela sua identidade nominal.
"Você não CONHECE sua mãe, sua namorada, seu pai, seu irmão, seus amigos? Conhece. Agora diga: pode PENSÁ-LOS, abrangê-los mentalmente como abrange o conceito de triângulo e defini-los como se define uma palavra no dicionário? Não, não pode. Mutatis mutandis, isso se aplica mais ainda à REALIDADE. Você pode conhecê-la, mas não pensá-la. Por isso mesmo não pode reduzi-la a nada que se consiga 'pensar'. De tentar morreu um burro."
"A realidade nos transcende e abarca, contém tudo e não se reduzirá jamais a nada que possamos 'pensar'."
Para que servem os escritores? Os escritores são pessoas que servem para tornar dizível a experiência direta humana. É uma função da mais alta importância, é função salvadora, porque tudo aquilo que se passa na alma humana que o ser humano não consegue dizer adquire um poder fantasmagórico em cima dele. Na hora em que você domina aquilo e consegue exprimir pela palavra, você exterioriza aquilo e aquilo deixa de ter poder sobre você.
A imaginação é um instrumento que nós temos para chegar a compreender o outro. Mas a imaginação, como tudo que é humano, é um dom que você nasce com ela mas que tem que ser desenvolvido. E como desenvolver? Usando-a. Agora, usando-a como? Você vai inventar as histórias de todas as pessoas? Você não tem capacidade para isso, então é pra isso que existe a literatura de ficção: para complementar a sua imaginação e levá-lo a compreender pessoas que estão em situações e têm personalidades completamente diferentes da sua, e que você dificilmente vai ter a possibilidade de conhecer.
A vontade é uma força monstruosa, mas monstruosa mesmo. Você consegue virar o seu destino de uma maneira impensável. Mas desde que você queira mesmo. Querer mesmo não é uma coisa de intensidade, é uma coisa de constância. Se você quiser só um pouquinho, mas todo dia, eu digo: Ah, você vai fazer.
Nada nos impede, a nenhum momento, de mudar o nosso destino - a não ser a rede de imagens e palavras que nós mesmos construímos para nos dar segurança. Mas aquilo que lhe dá segurança é, ao mesmo tempo, aquilo que o aprisiona.
Iluminismo e liberalismo estão certos nos valores que afirmam e errados naqueles que negam. Leibniz já havia observado que isso acontece com muitas filosofias.
Quem se arrepende perante Deus é o topo do seu ser, a sua parte mais elevada e altiva, o núcleo mais luminoso da sua autoconsciência. Se não é daí que vem o arrependimento, não é arrependimento, é só vergonha de estar nu. O arrependimento verdadeiro não se refere a nenhum dos seus miseráveis pecadinhos cotidianos, grandes ou pequenos, mas à suprema e única tentação, da qual nascem todas as outras por reflexo longínquo: a tentação de sentir-se uma entidade espiritual autônoma, sem raiz no eterno.
Só aquele que se conhece, que domina o panorama da sua alma desde o topo da sua autoconsciência pode saber o que é o arrependimento verdadeiro, e esse arrependimento é total e instantâneo, é uma graça indescritível, que muitos só alcançam na hora da morte mas que às vezes, por uma espécie de graça em segunda potência, se torna acessível em vida.