Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues
O mundo está acabando e isso não é a pior parte; A pior parte é que estamos cientes disso e não fazemos nada para mudar o destino.
Cacique de Guaiviry
Foss’eu levar um adulto,
velho ou criança
me afamaria canibal,
se o homem branco é quem leva
sequer há condição
de julgá-lo cultural.
Foss’eu matar um presidente,
prefeito ou governador
gritariam por “justiça”,
se matam eu mesmo, um cacique
calam-se jornais, políticos:
os índios não rendem notícia.
Foss’eu matar um papa
pastor ou cardeal
enquadrariam os “ateus”,
se matam eu, a xamã
calam-se igrejas, fiéis:
os índios não servem a(pra) Deus.
Foss’eu escrever
neste momento covarde
que o branco me obriga a partir,
diria: sei que a luta
não se faz com o umbigo,
é coletiva e vai prosseguir
pois companheiros de causa,
mesmo que roubem meu corpo,
entendem:
a minha presença, meu grito de luta
desta, sofrida matéria,
transcendem:
“Guaiviry é Terra Indígena,
em frente,
meu povo,
enfrentem!”
Pra Clara
Não liguemos se cá,
entre nós no escuro do bar
a noite vara.
Liguemos se cá no escuro do bar
não estiver entre nós
aquela que é Clara.
Esta mercadoria
Arte escrava,
artista temporal
o que faz o mercado?
Prostitui a ele
pelo capital.
Ontem, hoje não
tocava João Gilberto.
Atingiram a meta
venderam violão
será que isso é certo?
Certo na cultura
que mata o vivo.
E se dá vida ao morto
é pra subitamente
matá-lo de novo.
Pois querem vender
a matéria, o corpo, aparência.
Suprime o espírito,
forja o “não é”,
pra que a essência?
Mas que incompatíveis
matar é pecado.
Matar duas vezes:
moda passageira,
a cultura em mercado.
Este próprio poema (paradoxo eterno),
mercadoria cultural.
Será seu refém
caso no mercado
gerar capital.
Alivia-me
Para Lívia Gonçalves
Naquelas manhãs
que eu ia com sono
mecanicamente jornalismo estudar,
alivia-me saber
que aprendia num sonho
o que é fato importante, somente ao te olhar.
Parada pro ir e vir
Os empresários (coitados)
provaram não ter culpa
já que encaram um direito
como algo do “mercado”:
Quanto mais usuários,
menor é a oferta,
aumenta-se o lucro
e o bilhete mais caro.
Mas se ficarmos calados
nós a maioria
aceitamos diminuírem
o ir e vir já limitado?
Estará tudo parado
se o governo não aprendeu
que um direito dito público
não se rende ao que é privado.
Pois sejamos indomados
se aqueles um por cento
decidirem contra nós
os rumos desse estado.
Pelo passe livre
Contra o aumento
Pelo ir e vir
i-limitado!
Soberania Humana
O Brasil adentra sem licença pedir
ao Haiti que não cabe recusar,
mas ao país cabe restringir
se o Haiti quiser aqui adentrar?
O Haiti vem em paz ao Brasil,
ao Brasil que vai com armas ao Haiti,
mas que humanitária, esta ajuda à sangue frio
se o que se limita é a paz que está aqui?
Pois se há cá, um lugar nesta terra
que a miséria, doença, degradação
antes de haitianos, humanos enterra;
não há pátria, Brasil, Haiti, migração.
Papo cabeça
Minha querida Andressa,
falastes coisas lindas
e se eles acharam feias,
não te esqueças:
o mundo andas às avessas.
Teu olhar me diz tanta coisa , que isso me da vontade de te amar profundamente cada vez mais e mais (...)
O teu abraço me aquece do frio , do medo , das coisas que me rodeiam , o teu sorriso me alegra , me satisfaz , me contagia...
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