Vestido
Na madrugada silente, só eu e a melancia,
Às 1 da manhã, na solidão da varanda.
Vestido em cueca, sob o céu de estrelas frias,
Escuto músicas tristes, minh'alma vazia.
Reflexões noturnas, pensamentos a vagar,
Lembranças e tristezas, no escuro a brilhar.
Minha vida, um livro, com páginas a escrever,
No silêncio da noite, deixo a mente correr.
A melancia doce, meu fiel confidente,
Enxuga as lágrimas, ameniza a mente.
Nesse instante, só eu e minha melancolia,
1 da manhã, na vida triste que ardia.
Vontade de ouvir minha música preferida num campo florido e rodar segurando as pontas do meu vestido, entrar em conexão comigo mesma e me encontrar.
Vamos parar de falar que tudo é tendência? Se não saí da moda não é tendência. Vestido preto, por exemplo, é um clássico e não uma tendência
O Cântico do Cadáver
Juvenil Gonçalves
Encontrei-te, cadáver, no leito de limo,
Vestido de folhas, coroado de espinhos.
Teu riso era vago — sem lábios, sem fim
E teus olhos comiam o céu sobre mim.
Cantavas com vermes um hino sem nota,
Com versos que o tempo em teu osso anota.
Cada costela — uma clave sombria,
Teu crânio — tambor da melancolia.
“Fui rei”, murmuravas, “de um reino de nada,
Tive amantes, palácios, medalha dourada.
Agora me escuto, em silêncio profundo,
Pois quem jaz conhece o real desse mundo.”
Teus dedos partidos apontam os vivos,
Caminham sonâmbulos — tolos, cativos.
Riem da morte, e por ela são ridos,
Brindam ao gozo — já estão esquecidos.
Afastei-me em pranto, mas levo teu canto:
A carne apodrece, o orgulho é espanto.
E toda verdade que o homem levanta
É pó que a minhoca, paciente, encanta.
Era melhor ter vestido os papéis que me ensinaram, mesmo que arranhassem minha pele. Melhor ter me aninhado na bolha protetora, na zona de conforto de um mundo redondo e raso, especialista em anestesiar dores e inflar egos da turma dos privilegiados.
Outro dia a vi… você estava linda, condenada a viver maravilhosa. Caminhava pela rua em um vestido de tom alegre, e então pensei: que mulher encantadora! A tua nobreza extravagante, devastadora, sensual e ao mesmo tempo meiga, educada, sincera e verdadeira, conquistou a felicidade deste homem forte.
Eu a vi… você estava linda, condenada a viver maravilhosa. Caminhava pela rua em um vestido de tom alegre e, então, pensei: que mulher encantadora! A tua nobreza extravagante, devastadora, sensual e, ao mesmo tempo, meiga, educada, sincera e verdadeira conquistou a felicidade deste homem forte.
Primavera é quando a natureza se despe do cinza e se exibe em seu vestido verde bordado de flores.
Benê Morais
A Elegância de um começo
Vestido branco de cetim, um rio de candura, envolto em mistério, em sublime tessitura.
Um singelo e clássico colar de pérolas a brilhar, a graciosidade do momento, a me encantar.
O espelho refletia a luz em seu lugar, eu sob o véu, pronta para amar.
Trazia na face à graça mais pura, envolta em um cheiro suave de ternura.
E em cada detalhe, a certeza que se via, era a benção do grande poder de Deus que ali fluía.
Um suspiro me escapou ao sentir a arte no ar, me senti em um sonho lindo, como se tivesse entrado em um quadro.
E o coração? Ah! Ele disparava.
A luz entrava, pintando o quarto, e o cheiro doce de baunilha me envolvia, acalentando a alma.
Eu sabia, a vida estava ali, pronta para começar, e eu estava pronta para vivê-la.
As sobrancelhas grossas emolduravam o meu olhar, esculpindo o meu rosto com belos traços que o tempo jamais poderia apagar.
Em minhas mãos, um buquê de delicadas flores brancas, simbolizando a pureza de um começo que nunca se apagará.
A cada instante, a cada passo eu sentia a elegância da alma a brilhar, a beleza que emerge, genuína a reinar.
A cada passo, um suspiro, a vida se revelava, no caminho do amor que se iniciava.
Uma postura deslumbrante, de rara nobreza, era a personificação da divina elegância e beleza.
Na barra do meu vestido
Quando te sentes , inseguro... incomodado com os problemas rotineiros do cotidiano. Na rotina da vida de um homem guerreiro, forte, determinado pelos seus desejos e sonhos... Então procuras a barra do meu vestido... E então encontras em meu colo a paz, a calma, a segurança... Me sinto lisonjeada ao vê-lo aos meus pés... Não por submissão mas por ter aquela deliciosa e terna sensação de ser um refrigério, a luz em meio a escuridão. Em saber que na barra do meu vestido encontras a paz e a esperança... O descanso que lhe trás força e motivação para continuar e não desistir dos seus propósitos e objetivos. Fico muito feliz em saber que na barra do meu vestido encontras o amor pra lutar e vencer.💕
Lasciva, bem mais que carne viva
Olho da vontade descabida
Rasgo do vestido vai até o canto da boca
Louca assumida, arrasa quando passa, cheiro de atrevida
Na pele registros, marcas, roxos, casca polida exibida
insegura se assegura dominante do vento levante
Amarga e formosa menina.
Nem toda princesa tem a coroa que você quer que ela tenha
nem toda princesa está de salto e vestido
as vezes a sua princesa usa tênis e alargador
e de vez enquando, esse nosso lado estranho chama a atenção de alguém..
Fábrica
O vento vestido e vago! Diz quem grita no vazio que produz orvalho solitário. Quem passara quem caiu, não deixou nada a funcionar. A máquina movimenta um pouco de vaidade e abandono, veste as baratas em suas festas, sei que nem mesmo a corrente de meu sangue tornou como energia, funcionava a palpitar e a pouco para parar a única que vivia a me lembrar de estar.
Como dizem! Passa a criança que não percebeu que aquele acaso levou sua inocência, sorrio, olhou a fumaça logo no teto do céu e não da fábrica e disse: morte ao abandono; saudade do movimento interno, lamentos por quem fez desistir quem nem havia sentido, choro por quem não recomendou por quem não se machucou para deixar ali um pouco de sangue, para saber a produção, de outro.
Carro entregara os últimos doces de um namorado apaixonado para a moça que desejara experimentar a fama daquela fabricação, há tempos aconteceu, há anos amarga, esquecera. Ambição foi-se antes de tudo, não recebia, dava sua graça como um ser que pena na rua. Deixou as idéias, apagou-se a propaganda que fazia seus olhos. Alguém lembre! Resta ao pobre apenas ferrugem que deseja a morte na renovação.
(Tiago Nogueira).
Seis meses depois ela bateu na minha porta com o mesmo vestido, mas sem a maquiagem se desfazendo no canto do olho, óculos de grau, sacola de compras na mão. "É pra janta", ela disse, enquanto ia tirando do saco plástico o arroz, o presunto, o pão francês - meio comido já. "É mania de criança, ia mastigando o pão quentinho a caminho de casa", ela riu e a covinha apareceu.
Me apaixonei de novo, era vida real.
-----------------------------------
Eu até poderia poetizar e dizer que é de nervoso que ele morde o lábio, mas é só quando o bigode incomoda. Ou talvez, uma vez ou outra, por impaciência. E quando abriu a porta aquele dia, seis meses depois, ele mordeu. Será que demorei demais? Mas logo depois ele riu, aquele sorriso aberto, e elogiou o vestido: tá colorida - será que ele lembrou?. Me abraçou por trás enquanto eu ia tirando tudo da sacola, me explicando, sei lá por que, falando coisas sem sentido, lembrando da infância. Ele riu de novo, dessa vez aquele riso de bobo, que eu adoro.
Me apaixonei de novo, era vida real.
Muitas vezes as palavras serviram-me como um vestido. Ela encantava-se com minhas palavras e eu escondia-me atrás delas. Há! Se ela tão somente soubesse apreciar o silêncio comigo. Descobririas quem sou, e verias o meu amor. Quando estiver comigo sirva-me algumas dozes do silêncio, chame-me para caminhar. Se eu pegar a tua mão, não tenha medo. Eu apenas começei a falar.
No homem, quando o pensamento tiver a cor de um vestido, é porque o consciente se revelou um perfeito raio x das formas encobertas... Almany - 22/04/2012
De que adianta se perder num mar de ilusões vestido um colete a tira colo escrito consciência? Às vezes temos de nos perder realmente sem medo pra encontrar nossos caminhos verdadeiros, temos de nos desgarrar do mesmo. Temos de abrir as asas e nos lançar em direção ao horizonte e desfrutar do novo, do diferente do improvável. Isso é que é viver. #fikadika
