Versos de Carlos Drummond de Andrade

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E pobre querendo ser rico, e rico querendo a felicidade do pobre.

E agora José?

Até a cor do arrependimento desbota com o tempo.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Há uma hora propícia ao arrependimento: a da morte, quando já não é possível nos arrependermos dele.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

A obra de arte é o resultado feliz de uma angústia contínua.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

O artista plástico violenta a realidade para melhor ou para pior; é um terrorista bem ou malsucedido.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

A metafísica do corpo se entremostra nas imagens. A alma do corpo modula em cada fragmento sua música de esferas e de essências além da simples carne e simples unhas. Em cada silêncio do corpo identifica-se a linha do sentido universal que à forma breve e transitiva imprime a solene marca dos deuses e do sonho.

Quero romper com meu corpo, quero enfrentá-lo, acusá-lo, por abolir minha essência, mas ele se quer me escuta e vai pelo rumo oposto. Já premido por seu pulso de inquebrantável rigor, não sou mais quem dantes era: com volúpia dirigida, saio a bailar com meu corpo.

Dizem que no Vinho está a Verdade.... Depende do Vinho !...

Às vezes sou tentado a me admirar, e isto me causa a maior admiração.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.
Inserida por AdagioseAforismos

Não é obrigatório ter motivo para estar alegre; o melhor é dispensá-lo.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.
Inserida por AdagioseAforismos

A ambição torna os homens audazes; a audácia sem ambição é privilégio de poucos.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.
Inserida por AdagioseAforismos

A superioridade do animal sobre o homem está, entre outras coisas, na discrição com que sofre.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.
Inserida por Filigranas

O animal de circo faz prodígios que o domador, se fosse animal, seria incapaz de executar.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.
Inserida por Filigranas

O anonimato combina o prazer da vilania com a virtude da discrição.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.
Inserida por Filigranas

O Brasil é um país novo que se imagina velho, e um país velho que se supõe novo.

Inserida por AdagioseAforismos

É cada vez mais difícil vender a alma ao Diabo, por excesso de oferta.

Inserida por AdagioseAforismos

Havia uma pedra no caminho, no caminho havia uma pedra.

Inserida por fatima_paim

Tudo é possível só eu impossível.

Inserida por marcio_souza_1

Ou talvez seja eu próprio que me despreze a seus olhos.

Carlos Drummond de Andrade
Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Nota: Trecho do poema O operário no mar.

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Inserida por LEONARDOPAIVA